VII. Simbiose Perfeita
─ [...] Ele não tinha as mãos mais macias quando tocava na parte lateral de cada uma das minhas coxas, pelo contrário, eram ásperas. Podia sentir como a ponta dos dedos deslizam com rudeza e subiam até chegar no elástico da minha peça íntima. Antes de a puxar para baixo, deixou um beijo ali no meu centro, mesmo por cima do tecido, e meu corpo se contorceu envolto em chamas desconcertante.
«Caro ouvinte, aquela foi a primeira vez que molhei uma calcinha. Acredite ou não, na maioria das vezes não lubrifico o suficiente e mesmo quando consigo ficar molhada, a penetração nunca é satisfatória. Porém, naquela vez muito antes de qualquer outra coisa e ainda enquanto sentia a minha calcinha de renda ser baixada com certa brusquidão, meu coração não batia mais em cima, no peito. Batia em baixo, no meu centro feminino.
Você sabe que vai ser bom, quando tem noção do quanto é errado e mesmo assim pode sentir sua intimidade se contrair a meio do doce latejar. Minha calcinha foi ao chão, eu aguardava de lábios secos e peito acelerado. Os segundos pareciam uma eternidade porque estava tão perto quanto longe.
Minhas pernas apertavam a cabeça que estava no meio delas, eu me arqueava e me oferecia de encontro a boca dele. Eu queria sentir, precisava de confirmar que daquela vez seria diferente. Havia em mim o início de um fogo que começava a crescer.
Nada.
Percebe a minha aflição?
Apenas as mãos fortes passeavam pela pele de minhas coxas, subiam e desciam lentamente. Causando arrepios quase fatais. O que ele queria para seguir em frente logo de uma vez? Por que me maltratava daquele jeito?»
Dark viu como Ruby pestanejou ao perceber que estava imersa naquela narração, uma mão pequena estava junto ao peito e de vez em quando, quase subtilmente, esfregava a parte interior das coxas uma na outra. Sabia bem o que aquilo queria dizer e como muito o afectava. Quando soube que ela pretendia revelar um Desejo, não imaginou que fosse ser algo que o desconcertasse de antemão, afinal, se pelo que dizia que era uma mulher frígida então aquele era o seu momento de ardor.
─ [...] Ele era diferente. ─ Ela continuou, tinha segurado a taça em suas mãos e de vez em quando parava para molhar a garganta que cada vez ficava mais seca. ─ Eu era muito nova e por isso demorei para perceber qual era a sua real intenção para além daquela tortura picante. A ponta do seu nariz estava gelada e passeava para perto do meu sexo apenas para fazer o caminho inverso.
«O que era aquilo? E por que se prolongava mesmo eu estando ali exposta e de pernas completamente abertas. Sem seguir ou sair.
Fiz menção de descer, dolorida da minha própria vontade e completamente confusa de tanta ansiedade. Mas as mãos grandes e fortes me seguraram no lugar, me impedindo de ir ao ser notavelmente desafiado, foi então que colocou os lábios masculinos junto da minha intimidade.
Era um jogo.
Pelo que entendia, era ele quem ditava as regras. O homem sem nome, mas que quando passou a língua intumescida pela minha entrada completamente molhada, fez com que soltasse um grito alto de paixão.
Você acredita que várias vezes tento reproduzir aquele som que escapou de minha boca naquela noite? Não é possível sequer. Foi único, profundo e quase doentio. Pela primeira vez eu sentia como era ser lambida, mas pela última vez pude ter a noção do quanto era bom. A língua subia lentamente, passava pelo clítoris e descia para a minha entrada.
Uma, duas, seis, oito, quinze... Perdi a contagem quando me chupou, como se acabasse de descobrir o seu paladar favorito. Seu rosto se perdia em minhas pernas, sua boca sugava como se de um fruto se tratasse. Devorava meus líquidos com gosto, introduzia sua língua em mim de um jeito único.
A Simbiose Perfeita.
E eu?
Caro ouvinte, eu gemia como jamais pensei que fosse ser possível. Havia várias coisas que se espalhavam em mim, não sabia sequer onde colocar as mãos e se abria ou fechava as pernas. Era uma sensação difícil de explicar, como ter a certeza de amar voar pelo céu sem asas. E ele não se cansava, sua língua firme explorava o meu interior em círculos, era cálida e vigorosa, causava um fogo infinito em mim porque entrava e saía repetidas vezes.
Eu sentia o prazer queimar em minhas veias, me esfregava mais de encontro àquela boca alucinante, queria me espalhar em pequenas partículas e libertar a excitação que não cabia em mim.
Quer saber se ele me deixou gozar?
A resposta é não.
O estranho era bravio, não seria tão fácil assim.»
Darkse inquietou na cadeira, percebeu que a própria respiração tinha sedescompassado só por imaginar aquela cena narrada na perfeição. Sabia muito bem não poder se aproximar dela, mas a vontade de poder medir a temperatura daquele corpo pequeno com as próprias mãos era quase inevitável. O vestido branco que não só marcava a roupa íntima que ela vestia, também começava a exibir os mamilos bicudos que se salientavam na medida em que continuava a ler. Era tão bonita, com a pele escura e os cabelos cheios de cachos rebeldes como sua dona.
─ Quero que fique confortável. ─ Dark quebrou a leitura, talvez até tivesse perdido uma parte dela quando estava mergulhado nos próprios pensamentos. Dali podia controlar o ritmo cardíaco dela exibido num ecrã junto a sua poltrona. Estava calma, mas oscilava.
─ Conforrtável? ─ Ruby imitou o seu sotaque carregando no R apenas para o provocar. Sorriu de um jeito tímido sem compreender direito o que aquilo queria dizer. Talvez fosse o que mais gostava nela, podia ser tão atrevida como inocente ao mesmo tempo.
─ Auszieht! ─ Quando falava em alemão, especialmente gostava da cara de confusão que ela fazia. Arqueava a sobrancelha para o alto, estreitava os olhos e os girava em todas direcções como se o pudesse confrontar. ─ Despe.
─ Despir? ─ A cabeça foi a primeira a mexer em gestos negativos e seus cabelos baloiçaram com perfeição. Eram lindos, como seria enterrar os dedos neles? ─ Não vejo como ficar confortável com isso.
Apertou o cabo da bengala com alguma força. Aquele simples objecto datado de séculos atrás, lhe dava um poder não só financeiro, mas como uma linhagem quase nobre e por isso o estimava tanto.
─ Tem algo que não gosta em seu corpo? ─ Dark perguntou, um quanto ansioso mesmo que na maioria das vezes soasse normal. Era o melhor em tudo e, talvez, aquela mulher fosse sua única fraqueza.
─ É você quem vive se escondendo no escuro. ─ Ela rematou com a sua habilidade rápida de pensar que tanto prezava. Bebeu mais do vinho, sem saber que tinha sido retirado de uma adega especial directamente para os seus lábios.
Dark teve que rir mais uma vez. Suas gargalhadas pausadas e guturais ecoaram por toda Sala Escura, sem contar que adorava como a pele dela se arrepiava por inteiro. Era de um jeito estranho e único, pois conseguia ver um misto de curiosidade e medo.
─ Eu estou aqui para ajudá-la. ─ Quis deixar claro, só não disse como precisava de ser forte para não cruzar a linha de fogo.
─ Me diga se é alguma espécie de Voyeur? Sente prazer em ver os outros a...
─ Eu sinto prazer a foder, Ruby. De preferência com força. ─ Cortou-lhe com uma brusquidão que a apanhou de surpresa.
Toc.
Silêncio entre os dois. As velas queimavam e Ruby tinha os olhos abertos enquanto o procurava. Era uma pena que nunca o iria ver.
─ Está me preparando para depois me...
Ele riu mais uma vez, fazendo-a fechar os lábios pintados de vermelho de forma irritada. O clima era bastante intenso e propício, assim como o conto que tinha parado em uma parte deveras interessante. Entretanto, tanto um como outro podia apalpar a situação que crescia.
─ Não pretendo quebrar o contracto. ─ Tratou de dizer e prendeu um certo suspiro pragmático. ─ Acredite que fazer me daria muito mais prazer do que apenas ver e ouvir.
─ Então por que não faz?
─ Quem lhe disse que não faço? ─ Retorquiu sempre atento em cada expressão no rosto curioso. ─ A questão seria por que não com você?
Dark sabia que estava a ser mais comunicativo do que costumava, porém era preciso deixá-la à vontade para o que tinha preparado para as próximas sessões. Queria vê-la em plenitude e sem receios, porque era assim que a pretendia guardar em sua memória.
─ É preconceituoso? ─ Ela abriu os olhos no tamanho de dois balões cheios de ar. ─ Uma negra para as suas fantasias profundas, mas que não irá tocar para não macular o seu sangue puro alemão?
Dark se retesou um pouco surpreendido ao ouvir as acusações desagradáveis que escaparam dos lábios dela. Estava ofendida.
─ Se eu dissesse que pretendo tocá-la profundamente ficaria ofendida porque não é nenhuma vadia, se digo o contrário então sou um porco racista Nazi. ─ O sotaque se intensificou porque também ficou impaciente e se levantou da poltrona em toda sua estatura. Estendeu a mão para clicar em dois botões e um ar frio varreu a sala por inteiro e apagou as velas os deixando numa escuridão total.
Ouviu quando Ruby soltou um esgar, assustado, e se contorceu na Long Chaise. Dark tinha o sobrolho unido quando começou a caminhar sem hesitar. Sua bengala da nobreza estava apoiada na sua mão esquerda, mesmo a saber o quanto estava errado, sua pequena raiva interior tinha crescido de forma desconexa em seu peito.
Toc. Toc. Toc. Seus passos eram compassados, outra mão estava no bolso das calças de pano cinzentas formais, o seu perfume lutava, mas facilmente perdia para o dela. Não se via nada, nem um palmo a frente, mas ele estava habituado a andar pelo escuro, assim como o próprio nome usado sugeria. Sua mente funcionava com rapidez, era capaz de decorar qualquer coisa em segundos.
Um homem de uma mente brilhante, mas que possuía uma falha.
─ Afaste-se dela, Mr. Dark! ─ A porta blindada se abriu por completo quando Dark estava a um passo de chegar perto de Ruby. ─ Agora.
Tom estava parado com as mãos escondidas dentro do grande casaco preto. Estava afoito e pela primeira vez parecia ter perdido a calma habitual. O volume do coração da escritora que batia com tanta força, se tornou audível por toda Sala Escura, mas as risadas frívolas de Dark em nada se comparava.
─ Ainda não terminamos a sessão. ─ Parecia tenso quando respondeu para Tom. Apertava o cabo incrustado de joias, com tanta força e tinha o maxilar retesado.
─ Vou repetir para que regresse a área segura em dez segundos porque irei acender as luzes. ─ Tom falou a sério, seu timbre de voz estava completamente neutro, sem nunca demonstrar realmente como se sentia.
─ Scheiße! ─ Dark praguejou e os dois imediatamente embrenharam numa discussão bastante calma por sinal, em completo alemão rápido e complicado, deixando Ruby mais ainda no escuro do que estava.
Ela tinha a respiração acelerada, podia senti-lo ali tão perto e num acto de loucura saltou do lugar e apertou a primeira parte dele que encontrou. Dark se calou de imediato ao sentir a mão pequena em seu pulso, podia senti-la tão perto assim como a respiração acelerada. Era pequena demais ao seu lado, o tufo de cachos ficava bem abaixo de seu ombro o que o fez sorrir. Um sorriso que nunca chegou aos próprios olhos.
Ruby não sentiu quando ele se desfez de sua mão com uma rapidez digna dos filmes de acção, sequer o sentiu se afastar e só se deu conta que não estava a segurar mais nada quando as luzes se acenderam e se viu sozinha na parte iluminada da sala.
Como um passe de mágica.
─ Venha comigo, senhorita Angel. ─ Pela forma como Tom proferiu aquelas palavras, não deixou claro se era um pedido ou uma ordem.
Ela engoliu em seco, o coração ainda dançava descontrolado e fazia malabarismos no peito. Cheia de adrenalina queria ir e ficar ao mesmo tempo. Dark conseguia sentir isso emanar de cada poro dela. Como um animal que sente as emoções de sua presa, mas ele era ainda mais faminto. Uma besta.
A escritora finalmente pareceu voltar a si, apanhou sua bolsa e o caminho em direcção a Tom se iluminou de cada vez que o transcorria. Sentiu quando Tom a segurou pelo braço, olhou por cima do ombro antes de a retirar para fora dali.
A porta bateu.
Dark tinha ficado levemente excitado com tudo aquilo, voltou a andar até a luz e apanhou o caderno antes de se sentar na Long Chaise. Levou a taça até perto dos seus próprios lábios, como se assim a pudesse beijar e percorreu com a ponta dos dedos pelas letras arredondadas que preenchiam as páginas. Não que aquele conto fosse alguma novidade para si, mas sim a forma como Ruby o lia, o ambiente intenso que se apoderava dela e a Simbiose Perfeita que casava naquela narrativa real.
Ele se deitou e leu o restante, sem muitas surpresas, mas queria saber pelo ponto de vista dela o restante daquele encontro repleto de uma química perfeita. Iria guarda-lo para que ela terminasse de ler depois, num futuro próximo e de preferência a gemer com as lembranças.
Tom a tinha evitado durante toda viagem de regresso, mas quando abriu a porta do carro cor de vinho, em frente ao prédio de Malcom, respirou fundo ao ver como a baixinha quase saltou para o esganar.
─ O que foi aquilo? ─ Ela repetia aquela pergunta pela centésima vez. Respirava com dificuldade. ─ Como... Como soube que...?
─ Então teria de explicar como funciona todo o engenho d' A Sala Escura, coisa que não irei fazer. ─ Foi rude até porque não sabia ser diferente. Segurou nos braços dela que até então insistiam em desferir bofetadas inofensivas contra seu peito largo e firme.
─ Ele é algum tipo de psicopata? Iria me magoar? ─ Inquiriu de olhos bem abertos como se acabasse de descobrir o maior segredo do mundo. Estava até um pouco despenteada, coisa que lhe conferia um certo charme engraçado.
─ Não é nada disso, não iria compreender.
─ Então me explica! Ele estava perto de mim e... ─ Olhou para as próprias mãos quando se soltou de Tom. Ainda podia sentir o calor do pulso em que tinha apertado.
─ Senhorita Angel, apenas se lembre para que está ali. Não se deixe desgovernar pelas emoções. O meu cliente tem uma queda especial por desafios, então lhe digo para não o tentar. Nunca. Entendeu? ─ Tom falava entre dentes e estava de cenho unido, criando vincos no centro da testa.
─ Ele não é apenas seu cliente. Vejo preocupação em seus olhos! ─ Afirmou e viu como Tom se retesou e se afastou.
─ Faça apenas como lhe digo. ─ Apertou os lábios e fechou a porta de trás do carro. ─ Siga as regras do contracto, não queira mais do que pode ter. ─ Procurou as palavras certas para poder falar sem clarificar. ─ Poderá se magoar sim, Ruby. O pior é que não seria fisicamente.
─ Tem alguma coisa que eu perdi? ─ Indagou.
─ Só não perca o pouco juízo que lhe resta. ─ Tom completou, fez uma leve vénia em forma de despedida, embora seus olhos frios a intimidassem com tenacidade. ─ Até breve.
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Olá, Dilaceradas! Para as novas leitoras sejam bem-vindas a nossa Sala Escura. Uhauhauahau.
Quero agradecer a todas que acompanham e deixam votos e comentários incríveis. Estou muito grata e ansiosa pelo desenrolar desta história.
Já viram que Dark é atrevido. Será mesmo que vai ficar sem pegar nela?
Uhauhauahuaha.
Quem aqui está com saudades do Dr. Axmann? Ele deve aparecer no próximo capítulo, assim como personagens novas. Salta alegre.
Só eu que tou doida para voltar para a Sala Escura? Ah. O conto de Simbiose terá o seu desfecho mais para frente, numa parte importante da história. Uhauhaua. Sou dessas.
Próximo tema da Sala Escura, o que querem que eu aborde?
Beijos de amor.
**Pequeno-Glossário
Auszieht – Despe.
Scheiße – Merda!
a
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