CHAPTER THREE - SORTING HAT

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CASSIE SE PERGUNTAVA O QUANTO AINDA IRIA DEMORAR PARA CHEGAR EM HOGWARTS, já não aguentava mais Draco falando sobre o quão errado foi ter usado magia fora da escola e que havia dado sorte por não ter acertado ninguém. Ela estava com a cabeça encostada na janela da cabine dos gêmeos e Lino, seus olhos estavam focados no céu que tomava cada vez mais um tom azul escuro.

— Você ao menos está me escutando? Como pode ser tão imprudente usando magia? – Draco reclamava diante da porta, sem se importar com a presença dos demais ocupantes da cabine. Ele não fazia ideia de como era o feitiço que ela havia usado.

— Qual é, Draco. – ela respondeu depois de um longo suspiro, seu olhar finalmente se voltou ao irmão. – Eu nunca coloquei os pés em Hogwarts e não estou mais em Ilvermorny, acho que essa regra não se aplica a mim ainda. Mas de qualquer forma, por que você está me dando sermão?

— De qualquer forma, Cassiopéia? Severus ficará furioso por causa disso e poderá até descontar pontos da sonserina, tudo isso porque você queria se mostrar para essa gentinha. – o garoto praticamente cuspiu as palavras com desdém.

— Fale direito das pessoas, idiota. O que te garante que eu vá para Sonserina? – ela exclamou, se levantando e andando até Draco.

— Cassie, nossa família está há séculos na Sonserina. Por que isso mudaria? – Draco enfim baixou seu tom de voz, olhando atentamente a gêmea a sua frente. Ele achava que esse assunto sobre Cassie não ir para a sonserina já estivesse mais do que claro.

— Pare de falar isso Draco, mas que saco… Você não entende que ter sangue-puro não significa nada? Nem tudo se resume apenas em status. – exclamou a garota, os olhos enchendo de lágrimas, ela odiava ter que estar ali, odiava a imagem que sempre criavam dela. – Você acha que eu fui para Ilvermorny, por qual motivo?

— Eu não sei, para conhecer coisas novas? Cultura e gastronomia, sei lá. – ele deu de ombros, não se atentando a mágoa nos olhos de Cassie.

— Isso é óbvio. – ela revirou os olhos, rindo sem humor. Esse foi o principal motivo, apenas quando estava em outro continente ela entendeu como era a sensação de poder ser ela mesma que tanto ansiava. – Mas também, porque eu sabia que lá ninguém me reconheceria e que ser uma "Malfoy" não faria diferença. – Cassie fez aspas com os dedos. – Você não sabe como é sufocante ter que fingir ser alguém que não é, né? Eu só queria ser invisível, sabe? E não ter que ser pressionada para ir para a porcaria da casa das cobras. Agora se já acabou, já pode ir embora.

Cassie não esperou uma resposta, apenas fechou a porta da cabine e baixou a cortina em seguida. Ela voltou a tomar o lugar em que estava e sem se importar com a presença de Fred, George e Lino, escondeu o rosto entre as mãos e respirou fundo enquanto limpava uma das lágrimas que escorriam por seu rosto.

Cassie não queria ter a sensação de carregar um fardo tão grande. Às vezes Cassie não queria ser uma Malfoy.

— Olha, não é por nada não. Mas o quê acabou de acontecer aqui? – Lino se pronunciou depois de um tempo, fazendo a garota lembrar que não estava sozinha.

— Você é uma Malfoy? – perguntou George, usando um tom meio incerto que a fez questionar se era uma acusação ou não.

Ótimo, agora ela não teria mais por perto as primeiras pessoas que foram gentis com ela.

— Olha, me desculpem por tudo que meu irmão e meu pai já disseram à família de vocês. Eu sinto muitíssimo mesmo. – ela respondeu especialmente para Fred e George, sabendo que eles eram os mais afetados pelas palavras de sua família. – Vocês são pessoas incríveis, realmente incríveis.

— Não precisa se desculpar, Cassie. – respondeu Fred com um sorriso, colocando  a mão em seu ombro e apertando levemente. – A maldade não está no sobrenome…

— E sim nas ações. – continuou George.– Não se preocupe, loirinha, você pode contar com a gente.

Em poucos minutos depois Cassie já estava mais calma, conseguiu deixar de lado toda a confusão com Draco e prestava atenção nos planos que os três garotos para o ano letivo. Eles contavam sobre suas pegadinhas anteriores e até algumas fofocas sobre os outros alunos, ela não fazia ideia de quem eram, mas ouvia tudo com curiosidade.

Cassie havia abandonado a cabine pouco tempo antes do trem realmente chegar em Hogwarts, estava em busca do carrinho de doces para poder comprar algumas guloseimas e abastecer seu estoque pessoal de doces.

— Vai querer alguma coisa querida? – perguntou gentilmente a senhora do carrinho de doces.

– Eu gostaria de uma tortinha de maçã, por favor. – disse enquanto olhava as diferentes coisas do carrinho – E quinze sapos de chocolate, por favor. – respondeu com um sorriso sem graça, enquanto entregava alguns galeões para a mesma.

Cassie já estava a caminho da cabine, quando viu que o irmão vinha na mesma direção. Ela prontamente deu as costas e saiu andando, com o objetivo de se enfiar na primeira cabine que achasse, ficaria por lá até que Draco fosse embora.

— Cass! Por favor, espera. – disse o mesmo, ao ver que a irmã tinha mudado de direção, apressando seus passos para alcançá-la.

— O que foi Draco, veio dizer que vai contar tudo para o papai? – ela perguntou com a voz carregada de deboche, mas mudou a expressão ao ver o irmão baixar a cabeça.

— Eu vim te pedir desculpas, não sabia que você se sentia assim. – respondeu baixo, como se precisasse fazer um grande esforço para dizer essas palavras.

– Tudo bem, não se preocupe. Não tinha como você saber mesmo. – Cassie falou, usando o tom mais sincero que tinha. Ela odiava ficar brigada com seu irmão.

— Olha Cassie, não importa para onde você vá, sempre será minha irmã mais velha de dois minutos. O sangue que corre em suas veias, também corre nas minhas. Independente de tudo. – Draco disse sendo sincero, fazendo a irmã sorrir e o abraçar forte.

Não havia nada que pudesse mudar a relação que os gêmeos Malfoy tinham entre si, era o amor mais puro que tinham um com o outro.

— É por isso que eu te amo. – disse ela ainda envolvida no abraço.

— Eu também te amo. – respondeu soltando um suspiro aliviado, ele temia que Cassie o odiasse para sempre. – Ah e por favor, não faça mais magia. – ele disse com um tom brincalhão após se afastar.

— Não prometo nada, Etoile.

Cassie terminou de se trocar no momento em que haviam chegado na estação de Hogsmead e se apressou para encontrar os garotos antes que descessem. Ela havia detestado o novo uniforme, parecia muito escuro e nada colorido, nenhum pouco parecido com o de Ilvermorny. Diferente de Hogwarts, a parte debaixo dos uniformes – um tipo de saia evasê para as meninas e calça social para os meninos – eram na cor azul, camisa social branca, coletes pretos e ao invés de gravatas usavam uma fita de veludo vermelha presa num laço por um broche de nó górdio; a capa era de forro duplo na cor azul e vermelha, podendo ser usada dos dois lados. Quanto mais ela tentava esquecer a antiga escola, mais coisas a lembravam.

Caminhava entre George e Lino, Fred gargalhava a sua frente após ela ter contado que no ano anterior havia trocado o shampoo da sua amiga por tinta de cabelo rosa. Eles haviam iniciado uma competição de quem pregava mais peças, Cassie havia ficado em último lugar.

— Eu não acredito que você fez isso. – disse Lino, após Cassie ter contado como havia trocado o conteúdo do frasco de shampoo por tinta sem que fosse descoberta. – Ela ficou três dias com o cabelo rosa?

— Uhum, ela ficou uma fera. – Cassie respondeu rindo, se lembrando de quantos xingamentos ouviu naquele dia. – Mas me desculpou e hoje é uma das minhas melhores amigas.

— ALUNOS DO PRIMEIRO ANO, POR AQUI. – Cassie viu um homem muito alto, com longos cabelos e barba, ambos tão desgrenhados que ela não sabia exatamente distinguir qual era qual.

A carta que havia recebido de Dumbledore informava que ela deveria se apresentar ao guarda-caças de Hogwarts, ele iria guiá-la junto com os alunos do primeiro ano que também fariam a seleção. Ela suspirou meio contra gosto e acenou para os garotos.

— Até daqui a pouco, rapazes. – disse enquanto cruzava os braços e se aproximava do homem. – Olá... Hagrid?

– Exatamente, você deve ser a Cassiopéia. Bom, você virá comigo e os alunos do primeiro ano! – ele falou muito rápido e antes que ela pudesse questionar, ele saiu andando.

— É Cassie.  – ela resmungou enquanto tentava acompanhar seus passos.

Ela não sabia qual primeira impressão estaria causando naqueles que já sabiam quem ela era, talvez esses fossem um pouco mais complicados de mostrar como ela realmente era sem que fosse julgada por seu sobrenome.

Cassie caminhou entre as outras crianças, sabia que teria que atravessar o lago negro e isso lhe dava um pouco de frio na barriga ao imaginar sua profundidade. Os alunos avançaram por um caminho sombrio até uma pequena frota de barquinhos, onde foram divididos em grupos de quatro em cada.

O frio na barriga da Malfoy desapareceu no momento em que seus olhos avistaram o grande castelo, completamente maravilhada com as luzes que refletiam no grande lago negro, a garota relaxou e deixou com que sua mão pairasse sobre a água.

Conforme subiam o grande gramado até as escadarias para o castelo, Cassie observava a estrutura de Hogwarts. Era um tanto diferente de tudo o que ela já havia visto e até que havia gostado de sua aparência, por mais que no fundo achasse que o local estava um tanto mal acabado e precisasse de uma reforma.

A Malfoy acabou pisando nos calcanhares de uma garota à sua frente quando a mesma parou subitamente, fazendo com que batesse seu corpo no dela. Não teve tempo de se desculpar, sua boca se fechou rapidamente ao ouvir uma voz um tanto rígida preencher todo o ambiente.

— Boa noite, alunos. Sou a professora McGonagall. – disse a bruxa alta e de expressão severa. Houve um coro de respostas enquanto a loira engoliu em seco. – Sejam bem-vindos a Hogwarts. Durante um ano, aqui será seu lar. Quando entrarem no salão principal, iriam ser selecionados para suas casas Grifinória, Lufa-Lufa, Sonserina e Corvinal. Seus triunfos vão requerer pontos, mas também poderão perdê-los, caso façam algo errado.

Cassie conseguia observar por cima de um mar de cabeças, diante de alunos do primeiro ano. A professora falava didaticamente com uma facilidade que parecia uma das mais estranhas melodias já ouvida pela garota, ela achou a mulher um tanto intrigante.

— Senhorita Malfoy? – perguntou McGonagall, seus olhos focados na garota entre os outros alunos. – Me acompanhe, por favor.

Cassie concordou rapidamente passando desajeitadamente entre os alunos, sussurrando pedidos de desculpas a cada pisão em seus pés. Acompanhou a professora até alguns metros de distância de onde estava.

— Ficamos sabendo do incidente no trem. – disse a professora de forma direta, seus olhos fixados na garota. – Após a seleção, Dumbledore deseja falar com você.

— Sim senhora. – Cassie respondeu educadamente, acenando com a cabeça. Ao menos ela não seria expulsa sem antes nem começar.

Cassie retornou ao restante do grupo e juntos caminharam até as enormes portas de onde ela deduziu ser o Salão Principal, onde geralmente aconteciam as refeições. A primeira coisa que viu foi o teto enfeitiçado, que ela achou bem legal, as quatro grandes mesas de cada casa estavam dispostas no centro do salão e por último, no final havia a mesa dos professores, onde ela reconheceu Hagrid, Dumbledore e Severus.

Na frente da grande mesa do corpo docente estava centralizado um banquinho de três pernas e sob ele, um chapéu maltrapilho e acabado. Draco havia lhe contado sobre o Chapéu Seletor e o quanto de cabeças ele havia sido colocado. Seu nariz se torceu em uma careta e ela rezou profundamente que o chapéu não precisasse tocar sua cabeça para selecionar sua casa, igual aconteceu com seu irmão. Ela não queria correr o risco de pegar algum piolho.

— Quando eu chamar seus nomes, vocês irão sentar nesse banquinho e serão selecionados para sua casa. – McGonagall disse assim que se aproximou do banco, desenrolando um pergaminho e começando a chamar os nomes dos primeiranistas em ordem alfabética.

Cassie já esperava ser a última por ser uma transferida e à medida que os alunos novos iam diminuindo, mais ela se destacava entre eles. Estava mais uma vez sendo o foco das atenções, ela odiava isso. Os cochichos sobre ela preenchiam todo o salão, fazendo com que ela quisesse se esconder embaixo de uma das mesas.


"Ela é a garota do trem."

"Foi ela que fez magia?"

"Ela não parece ser do primeiro ano."

“Soube que ela é irmã do Draco Malfoy.”

– Por último, temos uma aluna para terceiro ano, transferida de Ilvermorny a Escola de Magia e Bruxaria de Massachusetts. – disse McGonagall, com uma feição séria. – Espero que a tratem bem, Cassiopéia Malfoy.

O que antes eram apenas cochichos, se tornou um alto falatório e isso a deixou mais nervosa por não conseguir distinguir o que falavam a seu respeito. Caminhou vagarosamente até o banquinho, se concentrando em não tropeçar nos próprios pés. Cassie olhou de relance para a mesa da Grifinória, avistando Fred, George e Lino fazerem gestos cordiais a ela. Quando direcionou o olhar à mesa da Sonserina, pode ver claramente seu irmão sussurrando um "vai ficar tudo bem!".

Cassie sentou-se no banquinho, sentindo seu coração acelerar à medida que o chapéu era colocado sob seus cabelos, ela queria ter resmungando algo, mas acabou se assustando quando o chapéu cobriu seus olhos e sua voz começou a se manifestar em sua cabeça.

"Olha só o que temos aqui.. Uma outra Malfoy. Pelo o que posso perceber, seus ideais vão além de todos os outros que compartilham o mesmo sangue que você e que já passaram por aqui. Até diria que você é uma Malfoy diferente, mas onde vou colocá-la?
    Vejo em você um grande nível de inteligência e é dona de uma personalidade única, se destacaria demasiadamente bem na Corvinal.
    Porém é muito claro como a lealdade que exala em seu coração e faz você ter uma opinião inalterável, você é dedicada e um tanto honesta e por isso a Lufa-Lufa seria a casa ideal para seu desenvolvimento.
    Mas vejo em sua mente, uma pessoa muito ambiciosa e como você busca pela grandeza, sempre se dedicando para alcançar suas metas com êxito, seria estupenda na Sonserina. Acho que já sei qual escolher, melhor que sej- não! Espera, espera um minuto.
     Só agora ficou claro para mim como existem características que se sobressaem entre as outras, você é uma pessoa extremamente altruísta e de enorme coração, lhe falta um pouco de coragem para saber quem é e por isso essa é a casa ideal para te ajudar nessa trajetória. Está decidido!"

— GRIFINÓRIA!

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