Capítulo 2
"Tudo bem diário, as coisas na noite anterior não aconteceu como eu imaginava que aconteceria. Emma não voltou pra casa e todos mundo pensou que ela tinha morrido... Não, espera, foi exatamente como eu pensei que iria acontecer.
Mamãe quase teve um filho pela vagina não usada dela.
Papai quase teve um filho pela bunda murcha dele.
E meu irmão quase fez um buraco no chão de tanto que andou de um lado para o outro.
Foi um pouco engraçado, na verdade foi muito engraçado. Eu realmente sou um ser humano ruim que não gosta dos outros seres humanos desse planeta, mas o que eu posso fazer? Gente, ser humano, pessoa e qualquer outra definição não é agradável ao meu ver.
Eles passaram a noite inteira acordados, e acredita que eles não me deixaram dormir? Sim, eu tive que ficar fazendo sala para a loucura dos três enquanto a minha cuinhadinha ficava me olhando com cara de nojinho.
Eu mandei ela chupar canavial de rola. (O que não foi muito legal, já que meu irmão quase me espancou).
Na manhã seguinte, que no caso foi hoje, Emma chegou em casa na hora do café com a maior cara lavada. Minha mãe que já estava com o filho no meio das pernas deixou a criança sair de uma vez e deu um abraço de urso na minha irmã.
Meu pai teve caganeira e ficou a maioria do tempo no banheiro. Se eu ri? Eu me matei.
Emma ainda chegou na cara de pau dizendo que tinha me dito que ia dormir na casa da amiga dela, mas eu me fiz de desentendido e fiz a Katia sonsa, disse que ela não tinha falado comigo, por que nós dois nem nos vemos na escola.
Minha mãe gritou com ela e Emma está de castigo...
Foi o melhor dia da minha vida. (Dizendo isso de uma maneira um tanto quanto psicopata).
Claro que passou quando eu levei uma surra do namorado da minha irmã... Ele me deixou com um olho roxo e quase fiquei banguelo, mas mesmo eu estando na merda, ainda consegui dar um chute tão forte no saco dele que as pessoas que estavam gritando "briga, briga, briga" ficaram em silêncio.
Eu me levantei como a Beyoncé depois de cair daquela escada no palco, como se nada tivesse acontecido e continuei batendo cabelo, não, na verdade eu não bati cabelo, apenas levantei meu nariz (mesmo com ele sangrando) e fui embora.
Dignidade nesse mundo é tudo pessoal.
Bom, diário meu dia foi só isso mesmo. Teve momentos bons e momentos ruins, mesmo com a cara inchada, posso dizer que foram mais bons do que ruins.
Um beijo amado para você, amanhã estou de volta."
***
Eu fechei o meu diário e segurei a bolsa de gelo no meu rosto.
Tranquei a porta do meu quarto e peguei a pequena caixa de madeira que tinha em baixo da minha cama, a abri e vi os meus companheiros de foça... Os meus doces.
Peguei vários e coloquei em cima da cama, ainda pensei se devia fazer aquilo mesmo... Mas eu estava com vontade de comer, os doces me acalmam e para não engordar depois a unica coisa que eu posso fazer é "conversar com a Mia".
E foi o que eu fiz, comi todos os doces que estavam na caixa e depois fui correndo para o banheiro. Ultimamente eu nem precisava fazer muita força, era só comer de mais que eu já tinha vontade de vomitar, e as tonturas também estavam constante. Estava com medo, medo de descobrirem o que eu faço e depois arrumarem mais motivos para rirem de mim.
Mas não vou dar motivos para isso.
Depois de tomar um banho e escovar meus dentes eu me joguei na cama e fiquei pensando na vida, o que não é muita coisa, mas pelo menos assim eu durmo rápido.
***
E mais uma vez eu acordei no susto por causa da minha música de despertador. Fiz o mesmo ritual. Fui me arrastando até meu celular, fiquei alguns minutos no chão até tomar coragem de me levantar e ir tomar um banho.
Depois de um banho tomado, cabelo penteado e vestidinho com o uniforme da escola eu peguei minha mochila e sai do meu quarto, mas não antes de me olhar no espelho e ver que eu estava parecendo uma pintura abstrata.
Quando cheguei na cozinha, estava apenas a Emma, o que foi bom, não teria que lidar com os meus pais logo de manhã.
— Bom dinha irmãzinha...
— Gostei da cara... Vejo que meu amor fez um belo serviço em você!
— E ele fez mesmo, quando eu me olhei no espelho hoje de manhã eu quase fiz uma vídeo de blogueira no Youtube: Tudo bom mininas, hoje eu vou ensinar vocês como ter uma cor roxa boa para o seu olho. A minha é um pouco clara, com tons mais para o escuro. Boa para noite.
Emma ficou me olhando e revirou os olhos.
— Você é ridículo.
— Não esqueça que eu também fiz um bom trabalho, não quero ficar de fora quando receber o mérito. Soube que o chute que eu dei nele foi tão forte que ele não vai poder jogar no jogo de hoje...
— Eu te odeio.
— Tudo bem, tudo bem, mas entra na fila. Ela está realmente grande.
Eu disse pegando a minha mochila e saindo de casa sem tomar café. Emma com toda certeza me fez perder o apetite com aquela cara de songa monga dela. Como pode um ser ter uma cara como aquela?
Menina do Diabo.
***
Enquanto estava escolhendo alguma mesa para me sentar na hora do intervalo eu acabei escorregando em alguma coisa que estava no chão, com certeza tinha sido uma casca de banana. Com esse tombo, acho que já tinham sido 6 desde o começo da semana.
O ruim é que eu estava segurando a minha bandeja e nessa bandeja estava um mingau de aveia que mais parecia... Deixa pra lá. O fato é que quando eu cai, acabei me sujando todo e isso rendeu risadas.
Muitas risadas.
Muitas mesmo.
Tipo todo mundo.
Eu me levantei e comecei a passar a mão em meu rosto e limpar minha roupa, olhei em volta e vi que todos estavam sorrindo e me apontando o dedo. Eu estava até de boa, não era a primeira vez que aquilo me acontecia e com toda certeza não ai ser a ultima.
Mas o que me chamou atenção foi a Emma rindo com suas amigas. Eu ainda me lembro que ela disse que era filho da empregada, e aquela lembrança foi o suficiente para me fazer ter uns cinco pras quatro.
— Me segura Berenice — eu disse sussurrando e fui andando lentamente até ela que parou de rir e ficou me olhando.
— O que foi garoto? — ela perguntou se levantando.
— Você é minha irmã... Como pode rir disso?
— Diego... Eu não quero ter esse tipo de conversa com você... Não aqui na frente de todo mundo.
— Tudo bem...
Eu respirei fundo e me virei. Quando estava me afastando eu a ouvi me chamando de obeso ridículo. Tudo bem, eu sou um obeso ridículo, mas só eu posso admitir isso. Outra pessoa? Está pedindo para morrer.
Eu me virei para ela que estava rindo com suas amigas.
— Me chamou do que? Feto mal desenvolvido!
Ela parou de rir na hora.
— Eu vou te mostrar quem é o obeso ridículo.
Peguei a primeira vasilha que estava por perto e joguei nela que se sujou toda de mingau. A vasilha também acertou sua cabeça... Que coisa. Depois disso me lembro que eu avancei nela e ficamos rolando que nem dois doidos no meio do patio.
Claro que eu estava batendo com gosto e ela apanhando.
Fui puxado com violência de cima dela e vi que quem me puxou foi seu namorado.
— Quer outro chute? — sem nem deixar o mesmo responder eu lhe dei um chute no meio das penas e ele caiu no chão com a mão nas partes.
Subi em cima da mesa e gritei para todo mundo ouvir.
— EU VOU DIZER ISSO SÓ UMA VEZ, ENTÃO ESPERO QUE TODOS ENTENDEM TUDINHO. EU NÃO SOU SEU PALHAÇO DE CIRCO, NÃO SOU SEU SACO DE PANCADAS E MUITO MENOS SEU OBJETO DE DIVERSÃO. NÃO ESTOU DISPOSTO A TER QUE LIDAR COM VOCÊS ADOLESCENTES, CRIATURAS QUE TENDEM A SER LEVEMENTE RETARDADOS E IMATUROS, ENTÃO SE MAIS ALGUÉM ACHAR QUE VAI SE DAR BEM AS MINHAS CUSTAS, QUE VAI BATER ME MIM SÓ POR DIVERSÃO OU VAI ME BATER PARA SE SENTIR SUPERIOR, ESTÃO MUITO ENGANADOS. PODEM TENTAR, MAS SAIBAM QUE EU VOU MATAR UM POR UM, EU SOU LOUCO, EU MATO MESMO. TOMO REMÉDIO E FAÇO TERAPIA, ENTÃO NÃO SEREI PRESO.
Todos ficaram me olhando em silêncio e eu suspirei com um sorriso no rosto. Pulei da mesa e comecei a andar lentamente.
— Vida longa ao rei... Rainha... Rainha vermelha da porra toda — eu disse andando. — Sai da minha frente rato de saia.
Eu empurrei a amiga da minha irmã e sai do refeitório.
Quando estava passando pela sala dos professores, um professor de historia veio falar comigo.
— Diego? Está tudo bem?
— Melhor impossível.
— É por que você está todo sujo.
— Não tem problema.
— Está tudo bem mesmo?
Eu abri um enorme sorriso.
— Não poderia estar melhor. Posso dizer que agora eu posso ser eu mesmo sem ter muito medo da sociedade. O verdadeiro capeta que minha mãe tanto teme — ele me olhou com os olhos arreglados. — Não poderia estar melhor...
E foi assim que eu renasci.
______________
Tudo bom Paçoquinhas?
Que bom, só queria saber como vocês estavam mesmo!
Beijinhos nos corações.
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