💀 Capítulo 5 - Four cannibals 💀

Quando o xeriff atirou os dedos em seu rosto, Charlotte acabou ficando petrificada tanto pelo nojo quanto pelo pavor que sentira no momento. A sensação dos dígitos frios e cobertos de sangue caindo em sua face, fora o suficiente para mantê-la por mais alguns segundos no chão, sem conseguir esboçar uma reação, porém, no momento em que conseguiu despertar e mover-se novamente, a primeira coisa que a jovem fez, foi levantar-se o mais rápido possível e dirigir-se até onde a corrente permitia para pegar um guardanapo estendido na pia e molhá-lo imediatamente com a água da torneira, o passando freneticamente pelo rosto tentando ao máximo retirar o sangue que insistia em continuar no mesmo lugar.

Ainda com o coração acelerado pelo que acabara de acontecer, a bela dama tentou controlar a respiração, inspirando e expirando vagarosamente por alguns instantes. Após o horrível episódio com os membros decepados, a pequena mulher olhou em volta para ver se possuía alguma possibilidade de fugir daquele ambiente pavoroso, mesmo que, no fundo essa fé fosse se extinguindo a cada momento e como esperava, Thomas permanecia no mesmo lugar e ao encará-lo o mesmo se aproximou, a derrubando novamente, forçando o rosto da mulher ao encontro do chão, ocasionando com que a mesma batesse o nariz com força no piso de madeira enquanto o mesmo apontava para os dedos que jaziam espalhados pelo chão ao mesmo tempo, para que a mais nova percebesse o que ele estava querendo sinalizar.

Depois de ter batido o nariz da jovem, o corpulento homem seguiu forçando gradualmente o rosto da moça mais contra o piso até parecer cansar-se e a soltar como se nada tivesse acontecido, voltando tão silenciosamente para a cadeira que estava anteriormente quanto havia chegado até a pequena mulher. Esta desorientada e com uma dor latejante no nariz, concentrou-se em não chorar, uma vez que percebera que o seu choro servia de combustível aos seus agressores, os quais desfrutavam mesmo no silêncio das mesmas, além de não entender do porque da ação do outro indivíduo presente na sala, simplesmente não havia um motivo.

A jovem segurando as lágrimas, alcançou o mesmo guardanapo que havia utilizado a pouco para limpar o rosto para então tentar discretamente estancar o pequeno filete de sangue que escorria das suas narinas machucadas, se abaixando e recolhendo em seguida com o pano, os dedos espalhados, os colocando de volta na tigela para desse modo colocá-los no balcão da cozinha. Nisso, a mais nova ouviu um barulho incomum, o qual parecia ser o das pesadas trancas da porta da frente sendo abertas, as mesmas barreiras que esta havia conseguido abrir quando tentara se libertar anteriormente.

— Tommy, chegamos! Cadê o bebê da mamãe? — Ouviu-se uma voz feminina e um tanto quebrada ecoando pela casa seguida do som de uma roda movendo-se pelo chão.

— Aberração, trouxemos o jantar. Será que não dá para vir aqui? — Exclamou uma segunda voz, mas dessa vez masculina.

Thomas nesse instante levantou-se prontamente da cadeira mediana de ferro, mas voltou o olhar à moça que estava de costas para a bancada, percebendo que não poderia a deixar sozinha. Com rapidez, o mesmo foi até ela, se abaixou e retirou a corrente da argola, pegando a mulher de ponta cabeça e a levando com ele até a sala. Ao chegarem, os olhares se voltaram para os mesmos. Charlotte tinha certeza que não experimentara o verdadeiro medo até aquele instante.

Parados a uma certa distância já no interior da sala, havia uma senhora baixinha de cabelos brancos amarrados em um coque baixo e um vestido simples com pequenas flores que aparentava ter seus bons anos e um ancião de cadeira de rodas o qual estava mais afastado mexendo em alguma coisa no chão que devido ao ângulo não se podia observar com exatidão do que se tratava. Entretanto, com a aproximação do grande homem que carregava a pequena mulher, a mesma conseguiu perceber que ali encontravam-se dois homens amarrados e que pareciam estar em um estado pior senão igual que o da jovem. Para completar toda a situação maquiavélica, Charlotte reconheceu quase que na hora o velho homem que se encontrava na cadeira de locomoção. Era o mesmo que a tinha repugnado completamente quando entrou em um posto de gasolina durante uma parada com a sua família, a qual já não sabia se havia fugido ou se tinha sido massacrada pelos assassinos que andavam a espreita.

— Mas eu acho que já vi essa belezura em algum lugar — Declarou o cadeirante enquanto usava as mãos para mover as rodas da cadeira e consequentemente, se aproximar.

Chegando perto o suficiente, o senhor levantou a face da jovem para que pudesse vê-la o que fez com que um meio sorriso começasse a se formar no arrepiante idoso sendo possível observar durante o ato, um pouco dos dentes podres do mesmo.

— Docinho! Eu disse que o Monty voltava, não disse? — Exclamou o velho enquanto a olhava do mesmo modo lascivo de antes, causando um desconforto horrível na mulher que devagar tentava virar o rosto para o lado, conseguindo se esquivar do toque do mesmo.

Thomas percebendo, agarrou os cabelos da jovem que em resposta manteve-se estática, esperando que não passasse desse puxão.

— Ela ainda não aprendeu que nós somos quem mandamos, não? — Indagou Monty ao sobrinho que em reposta acenou confirmando a dúvida do mais velho.

— Mas logo ela se ajeita — Completou o mesmo enquanto dava um leve tapinha na cabeça da pequena dama e seguia em direção a cozinha sem esperar por algum tipo de resposta.

— Charles! — Gritou a outra mulher presente no cômodo assim que ficou sozinha enquanto encarava os dois homens amarrados em seus pés.

— Porra, ninguém pode ficar tranquilo nessa merda? — Seguiu mal-humorado como sempre o xeriff enquanto descia para o primeiro andar, parando na metade do trajeto ao perceber quem o chamava.

— Luda mae, pensei que vocês chegavam só amanhã de manhã — Completou Hoyt enquanto se recuperava da leve surpresa e seguia descendo os degraus da escada.

— Mas olha, não é que a vadia segue viva... terminou tudo? — Charlotte que até o momento permanecia quieta ficou com receio de revelar a verdade uma vez que fora retirada da cozinha antes de terminar a tarefa.

— Eu mandei responder — Bradou dessa vez enquanto se aproximava o suficiente para agarrar o pescoço da jovem o qual encontrava-se roxo pelo episódio anterior, o apertando mesmo assim.

— Não — Cochichou a moça em resposta enquanto puxava a cabeça em busca de livrar-se do doído aperto.

— Eu não ouvi, será que pode falar mais alto? — Brincou o xerife no tempo em que apertava um pouco mais a pele sensível do pescoço da mesma.

— Chega disso Charles, temos outros problemas para lidar agora — Exclamou Luda enquanto apontava com a cabeça para os dois jovens que encontravam-se com as lágrimas já secas nos rostos.

O xerife sem perder tempo ao ver a carne nova, seguiu direto até os mesmos soltando o seu aperto da jovem que imediatamente inspirou o máximo possível que conseguia de ar, o que fez com que  um leve sorriso se formasse por debaixo da máscara de Thomas o qual ainda a segurava no mesmo lugar, sem mudar a sua postura séria e atenta.

— Tommy querido, pode ir colocando a nossa convidada na cozinha? Mamãe só vai colocar umas pantufas e já encontra vocês — Disse a senhora docemente ao seu filho enquanto olhava fixamente para a mulher nos ombros do mesmo com um olhar indecifrável.

Em resposta, o mascarado apenas assentiu com a cabeça enquanto virava-se de costas para a mãe e voltava para a cozinha. Monty, estava de costas extremamente próximo à bancada da peça, no entanto, virou o seu dorso subitamente no momento em que ouviu os passos, revelando que este comia um dos dedos que estavam na vasilha.

Completamente diferente de Charlotte que estava aguentando-se ao máximo para não vomitar, Thomas prosseguiu o seu caminho tranquilamente, a colocando sem delicadeza no chão ao mesmo tempo, em que segurava uma das pernas da mesma e amarrava a corrente na firme argola de debaixo da pia. Como sempre, não dando a possibilidade da jovem elaborar uma ideia de algum tipo de fuga.

— Boneca, você está tão magrinha, não quer um pouco? — Ofereceu o envelhecido homem um dos dedos à moça o estendendo na direção da mesma, que não aguentando mais a delicada circunstância, acabou vomitando um pouco da bile, uma vez que não lembrava-se nem da última vez que se alimentara.

— Isso não foi nada bonito docinho, tem ideia do quanto isso é desagradável? — inquiriu o mais velho com a boca cheia enquanto esboçava um sorriso cheio de falsa doçura e atirava um pano na jovem, que o usou para limpar um pouco a boca e, ao mesmo tempo tentava concentrar-se em algo que não fosse o mastigar incessante do ancião, além de se permitir respirar um pouco ao notar que Thomas estava quase que do lado de fora da cozinha, tão centrado que para o alívio da pequena dama, não percebera o vômito.

Nesta hora, Luda Mae desceu novamente para o andar primário da casa, despertando a atenção do filho que a esperou no mesmo lugar até os dois ficarem próximos, dirigindo-se ao cômodo onde exerciam a preparação dos alimentos. A mais velha não pode deixar de notar a substância que encontrava-se no piso onde suspirando, olhou para o seu amado parente, indicando com o olhar que o mesmo não fizesse nada. Caminhando em passos curtos, a idosa levantou o braço direito até o imundo armário suspenso, retirando um pequeno saco de chá do mesmo.

— Não queremos que fique doente logo agora criança. Você precisa ficar forte e engordar até decidirmos o que fazer, então é bom você tomar tudinho e principalmente comer — Discursou a matriarca ao mover-se pelo lugar, desviando do vômito da mais nova e pegando um pedaço velho de pão de cima da geladeira, o qual possuía inclusive uma fina camada de poeira.

A senhora então voltou ao armário retirando dessa vez uma chaleira esverdeada e duas xícaras, enchendo o utensílio doméstico de água e ligando o fogão com maestria parando por alguns segundos para jogar na direção da sua "hóspede" o pedaço de pão o qual rolou até parar no canto da coxa de Charlotte. No mesmo momento em que esperava a água ferver, Luda se esgueirou até a mesa do cômodo, sentando-se ao lado do filho na outra cadeira de mesmo material que começava a descascar-se pelo tempo. O silêncio prevalecia a não ser pelo leve assobio da chaleira e dos gritos que começaram a ser ouvidos por toda a casa, gritos sôfregos que exalavam o mais alto teor de desespero.

— Charles sempre foi egoísta, até nos deixou de fora da diversão — Disse o senhor presente no cômodo olhando emburrado para o pote cheio de dedos, pegando mais um no processo o que foi acompanhado de um leve riso um tanto malévolo da mais velha que olhava para a jovem que esfregava o vomito do chão.

— Você não acha essa uma linda melodia querida? — perguntou Luda enquanto levantava e servia a água quente na xícara, seguida do chá e os colocava sorrindo na frente da mais nova.

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