Imersão sensorial

Hey, angel!

Já ouviu falar sobre imersão sensorial? Pois é, até pouco tempo eu nem sabia o que era isso, mas praticava, como muitos por aqui, de forma instintiva.

Se antes não tinha um nome, agora tem e vou te explicar direitinho sobre o que é, e como colocar na sua estória.

Pegue a caneta e o papel que vamos começar, junta com a Joy!

Procurei uma frase que exemplifique bem o que é imersão sensorial e acho que a mais teórica é: fazer o leitor se sentir dentro do livro.

Literalmente isso.

Então, o que você precisa fazer é submergir seu leitor para dentro da história, o fazer sentir o que seu protagonista sente a ponto dele não notar a hora passando.

Simples, não acha? É, eu sei que há pessoas que acham essa parte super difícil e é por isso que estou aqui.

A imersão sensorial não é apenas um ponto que você deve seguir, angel, é mais que isso. Nele vem a construção dos personagens, a construção das cenas e os diálogos - coisas que eu já falei em outros capítulos. Então, se você já treinou ficará mais fácil ainda.

Separei os pontos principais que você precisa ter em mente na hora de escrever, e são eles:

O lugar;

• Como a pessoa vê o mundo e narra para o leitor;

• Quais sãos seus sentimentos por estar onde está;

• Os 5 sentidos - visão, audição, paladar, olfato e tato (não é uma obrigação, mas é bom ter pelo menos uns três.);

• Se ele está sozinho ou não, quem é essa pessoa, como ela é fisicamente e como age.

O leitor precisa ter empatia, se lembrar de coisas que vive ou viveu em sua própria vida, como cheiro, lugares, sentimentos e por ai vai. Lembre sempre que é importante colocar o porquê de estar ali, se ele gosta ou não, o que ele sente dentro de si e fora e como é o cenário.

Sobre o tamanho não precisa se prender a isso, é uma coisa que depende muito do que você escreve, seu estilo, gênero, a estória em si e afins. Seja você mesmo e treine bastante.

Tem um Instagram muito interessante que toda semana manda exercícios de imersão sensorial e vários outros de escrita. Ele publica exercícios como: "Escreva em três linhas um boneco ganhando vida".

O legal do exercício é ser criativo e não se prender às três linhas. Se seu texto é mais profundo então tudo bem escrever um, dois ou quantos parágrafos precisar.

Também temos os casos de livros de terror, por exemplo. Existem várias tenções e o escritor, por trás do narrador, precisa descrever isso; uma luz piscando no fim do corredor, madeira rangendo, uivos e barulhos esquisitos no meio de um silêncio mórbido e mais mil coisas que vierem em sua imaginação.

Seja criativo, use sua imaginação, pegue inspiração e arrase! Se na hora de escrever e revisar seu texto você conseguir se sentir lá dentro junto com todas as emoções, pode ter certeza que está no caminho certo, angel.

Agora vamos focar numa cena específica, ok? Vamos construir juntos de forma que fique mais fácil de ser entendido.

Gosto de começar pensando na minha personagem, de como ela é, como ela vê o mundo e como foi parar ali.

Calma, não vou escrever um capítulo inteiro sobre isso, a imersão não precisa ser um texto enorme, pode e deve estar em todo o livro ou pelo menos em alguns parágrafos específicos; mas isso não quer dizer que você precise de três páginas para descrever um cenário e como sua personagem está se sentindo.

Com isso, vou inventar uma cena simplezinha e anotar tudo o que sei da protagonista e narradora.

Larissa. Adolescente. É intensa e expressiva. Está passando o verão no sítio dos avós por obrigação - ela queria estar na praia com os amigos.

Aqui estão as coisas que eu julgo serem as principais para esse momento - lembrando que estou focando apenas em uma cena aleatória e quando for escrever seu livro você precisa saber de mais coisas.

Agora preciso saber onde ela está, como e o porquê de ter ido ali. Se vierem mais ideias durante a escrita é super bem vindo também.

Larissa, apesar de não querer estar lá, gosta do lugar e resolve acordar mais cedo para ver o nascer do sol no alto da colina da fazenda.

Ok, tendo essas informações posso partir daí para a cena. O meu objetivo é mostrar para o leitor o que ela sente de dentro para fora, desde a vontade de estar com os amigos até a dificuldade em subir a colina.

Você pode aproveitar e escrever aqui nos comentários também, se quiser. Vou tentar escrever um texto grande e outro pequeno, mas ele pode ter o tamanho que você achar necessário quando for fazer o seu.

"Solto um bocejo forte assim que piso para fora do quarto de visitas. Isso poderia me denunciar, mas não consegui me conter. Apesar de querer, quatro e meia da manhã não é um horário que eu acordo. Geralmente estou indo dormir nesse horário para acordar às dez e ir para a escola ao meio dia.

Ando no corredor na ponta dos pés, mal ligando para o frio que sobe pelas minhas pernas e me fazem arrepiar. Me arrependo de não ter vestido uma calça ou uma meia, mas agora é tarde.

Vovó disse que aos sábados de manhã o nascer do sol é o mais bonito do mundo aqui na fazenda, e justo hoje estou precisando de uma coisa assim para me fazer esquecer dos problemas. Ok, não é o fim do mundo, eu sei, mas tampouco posso deixar que saibam que eu gosto de estar aqui.

Eu gosto da fazenda, dos animais, do campo e dos meus avós, mas eu, finalmente, fiz dezessete anos e posso sair até tarde e tudo o que eu queria era passar o verão com meus amigos, na praia. Mas meus pais resolveram viajar para uma segunda lua de mel e me deixaram com meus avós como se eu fosse uma criança de sete anos.

Abro a porta da cozinha bem devagar e tenho a impressão que foi a pior escolha que fiz; certamente abrir rápido poderia ter evitado o ranger da madeira e da dobradiça enferrujada.

O ar frio me atinge de imediato com o vento forte, me fazendo tremer e me perguntar como uma hora dessas venta desse jeito. Fecho a porta e piso na terra batida e úmida do sereno, tentando ao máximo ignorar o frio e gelado que me envolve por inteiro.

Enquanto caminho rapidamente na direção da grama faço uma nota mental de nunca mais sair de vestido no meio da madrugada. É verão de dia, mas a noite esqueceu desse fato e resolveu por conta própria que é inverno.

A grama parece estar encharcada de água, de tão escorregadia e molhada, mas já não ligo tanto assim para isso. Ando rápido e o frio vai embora aos poucos, ou talvez meu corpo esteja se acostumando com ele.

Pulo a cerca de madeira e subo a colina devagar, focada na minha respiração e no meu equilíbrio. Ela é um pouco inclinada em certo ponto, então preciso pensar rápido e afundar minhas mãos na grama e na terra, para evitar uma queda e prováveis ossos quebrados.

O cheiro de terra molhada me invade assim que chego perto do chão, se misturando com o cheiro da grama. Aos poucos vou sentindo as flores e sei que estou chegando, mesmo com pouca luz para ter certeza.

Mais um pouco de esforço e meu corpo está quente e um fio de suor começa a se formar em minha testa. Ao mesmo tempo chego no topo e vejo o amplo campo de flores, se movendo de um lado para o outro com a leve brisa. Respiro fundo, levando o ar gelado para meus pulmões e recobrando meu fôlego.

Sorrio, me viro e lá está. Cheguei bem a tempo de ver o primeiro raio de sol pintar o céu de vermelho, rosa e lilás. Me sento entre as flores e deixo que rocem em meus braços e pernas, só me importando com o melhor nascer do sol do mundo."

Agora o pequeno:

"A colina é um pouco inclinada em certo ponto, então afundo minhas mãos na grama, para evitar uma queda e prováveis ossos quebrados. O cheiro de terra molhada me invade assim que chego perto do chão, se misturando com o cheiro da grama. Aos poucos vou sentindo as flores também e sei que estou chegando, mesmo com pouca luz para ter certeza.

Mais um pouco de esforço e meu corpo está quente, cansado e com um fio de suor começando a se formar em minha testa. Ao mesmo tempo chego no topo e vejo o amplo campo de flores, se movendo com a leve brisa.

Respiro fundo, levando o ar gelado para meus pulmões e recobrando meu fôlego. Sorrio, me viro e lá está o primeiro raio de sol pintando o céu de vermelho, rosa e lilás. Me sento entre as flores e deixo que rocem em meus braços e pernas, só me importando com o melhor nascer do sol do mundo."

Então, angel, o que achou? Não sei se escrevi perfeitamente, mas tentei passar o que eu sei e os pontos que sempre sigo quando vou escrever as cenas.

Qualquer dúvida estou aqui! Pode mandar mensagem nos comentários e na DM, fique à vontade!!!

Para o exercício da semana, escreva em cinco linhas como se sente quando lê seu livro preferido.

Sei que você consegue, angel!

Bjxxx

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