SEIS



Não demora muito para chegarmos ao nosso destino. Um grande prédio feito de tijolos vermelhos se estende a nossa frente e logo estranho sobre onde estamos. Olhando para as roupas do meu companheiro de viagem temporário, acabei confundindo-o com um soldado ou algo do tipo. Mas, pelo local aonde estamos indo, começo a duvidar seriamente disto.

- Para onde estamos indo?

- Só agora quer saber? - Comenta irônico. - Não perguntou antes de se jogar no dentro do carro e tentar me seduzir.

Ignoro sua provocação e aguardo em silêncio, esperando sua real resposta.

- Restabelecimento. - É tudo o que diz.

- Restabelecimento? - Estou confusa.

- Sim, garota. Tem certeza que você é desse país?

Não. Não tenho mais certeza de nada.

- Onde se localiza a sede? Onde estamos?

- Acha mesmo que vou te dizer? - Zomba e de repente o tanque para. - Desça. Vamos falar com o chefe. Talvez ele possa te ajudar.

Praticamente corro para fora do automóvel e espero até ele sair. O rapaz, que não se apresentou, me arrasta para dentro do prédio pelo braço. Isso me incomoda.

- Pode parar com isso? - Digo tentando me soltar, entretanto o aperto se torna quase esmagador.

- Não, não aqui dentro. Está em meu território. Minhas regras.

Ele relaxa um pouco a medida que vamos nos aprofundando nos corredores frios e cinzentos do Restabelecimento. Aqui dentro é fresco, diferente do ar carregado lá fora.

Subimos de elevador até o quarto andar e adentramos em uma sala adjacente. Ela é enorme, porém simples. Não há nada interessante.

No fim dela, perto das janelas, há uma mesa e um homem sentado atrás dela. Negro, ralos cabelos castanhos e olhos negros escondidos por trás das lentes grossas de óculos com armação preta. Seu semblante é sério quando se levanta.

- Damien. - Cumprimenta o rapaz ao meu lado, que inclina o queixo em saudação. - Algum problema?

Baixo os olhos quando paramos de frente para sua mesa, totalmente intimidada. Queria poder fugir, mas não é uma possibilidade agora.

- Não. A garota precisa de ajuda. Pensei que poderia dar um norte para ela.

O homem levanta as sobrancelhas surpreso e me estende a mão, se apresentando.

- Brenton.

- Amalila. - Falo e aperto sua mão.

- Qual o problema? - Sua pergunta é dirigida a mim, mas é Damien que responde.

- Levaram o irmão dela.

- Os caras das trombetas? - Fico confusa. Quem?

- Acho que sim. - Para mim diz: - Nos referimos ao grupo que está sequestrando as crianças. Sempre tocam trombetas quando estão por perto.

Assinto, ainda confusa.

- Certo. - Diz Brenton e se senta. - Sabe que não faço ideia de onde estão, certo?

- Sei. Mas sei também que se você quiser pode descobrir.

Os dois homens se encaram fixamente por um longo momento. Contudo, logo Brenton desvia o olhar e pega algo do bolso. Um aparelho retangular e pequeno.

- Vou fazer o que posso.

Damien assente e me puxa pelo braço. Começamos a caminhar para fora, mas então percebo que não consegui o que vim obter.

- Espere. - Me solto e viro para encarar Brenton. - Não vai ajudar?

- Vou. Mas isso leva tempo.

- Não tenho tempo. - Retruco.

- Estou fazendo o que posso, Amalila. Não é fácil. - Sua expressão é pura seriedade.

Aceno consternada e faço uma última pergunta:

- O que faço enquanto espero?

Um sorriso azedo nasce em seus lábios enquanto leva o aparelho até o ouvido e diz:

- Que tal nos ajudar?

(554 palavras)

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