[80] Heat

Atualização dupla 🥰

Boa leitura:

Assim que chegaram no edifício do governo, Jungwon seguiu na frente tendo conhecimento que o gabinete de Roberto Carlos ficava no andar superior. Seu alfa e o cunhado subiram as escadas logo atrás.

Conceição, a secretária, estava preparada para impedir a entrada de pessoas não autorizadas naquele escritório. Entretanto, não havia nada que ela pudesse fazer caso aqueles piratas decidissem invadir aquele gabinete mais uma vez.

Para a sorte da secretária, essa não era a intenção de Jungwon. Embora o ômega estivesse mais impaciente que o habitual devido a chegada de seu heat, ele esperou Conceição informar a Roberto Carlos que ele havia retornado.

— Guarda isso com você — Jay entregou ao caçula uma pistola. — Caso a conversa fuja do controle.

Taesung olhou para a arma e aceitou sem questionar. Ele tinha a escolha de não participar dos ataques feitos a navios mercantes ou demais atividades que requerem violência, mas aquilo era necessário para se defender.

— Podem ir — Conceição deixou a porta aberta. — Eles estão esperando.

Dessa vez, Jungwon entrou no escritório sem precisar dar um chute na porta. A fechadura ainda estava quebrada quando ele e os alfas adentram no recinto.

— Foi ele que estava discutindo com Brunão! — Ferreira apontou para Taesung assim que o viu. — Eu sabia que não estava enganado!

Os que também estavam na sala compararam os irmãos visualmente. Agora era possível compreender porque os oficiais confundiram os dois. Eles eram um pouco parecidos, embora Jay tenha puxado mais as características de Scott, e o mais novo as de Sungjae.

— Você está envolvido na morte de Brunão? — Roberto Carlos estava sentado atrás de sua mesa.

O médico olhou para seu Capitão antes de responder. Jungwon o encorajou a falar a  verdade, com um aceno de cabeça.

— Sim. Eu o matei. — Taesung confirmou. — Ele mexeu com o ômega errado.

— É bem a cara dele — Arnaldo balançou a cabeça em negação.

— Em todo o caso, assassinato é um crime grave — disse Roberto, ainda sentado. — Estão aqui para entregá-lo em troca de clemência?

— Nem sequer pense nisso — Jay deu um passo à frente e parou ao lado do irmão. — Estamos aqui pra evitar um conflito desnecessário.

— Você fala isso depois que o rapaz assassinou o nosso estimado Brunão.

— Se tivesse mantido sua cadelinha bem presa na coleira, isso não teria acontecido. — Jungwon tomou a fala. Seu corpo estava quente. Taesung estava mais próximo a ele e podia sentir.

Na realidade, de todos que estavam presentes naquele gabinete, por ser um médico, ele era o que estava mais atento às manifestações que o ômega estava apresentando. Apesar de que o aroma ainda não estava tão evidente, Jungwon estava agitado, febril e mais protetor.

— Jay… — Taesung sussurrou para o irmão, que estava do seu outro lado.

— O quê? — Sussurrou de volta.

Os demais continuavam conversando em busca de uma solução, enquanto o médico alertava seu irmão sobre o que havia notado.

— O Jungwon… — Taesung parou de falar quando Roberto ficou de pé.

— Tudo bem. Podem ir.

— Diga a seus lacaios que não se metam com a minha tripulação!

Arnaldo e Ferreira fitaram seu líder com olhares indignados, mas Roberto Carlos ignorou suas demandas até que os piratas deixassem o edifício.

Depois que viu os três saindo por uma das entradas que fica logo abaixo de sua janela, Roberto virou-se para os seus adeptos.

— Isso não tá certo — comentou Arnaldo.

— Brunão só queria se divertir. — Ferreira concordou. — Ele não merecia morrer.

— Acalmem-se. Eu acho melhor esperar o Toralápis voltar. Recebi uma correspondência informando sobre seu retorno.

Ferreira e Arnaldo sorriram satisfeitos.

— Digam a Valdomiro que deixe a mansão do Toralápis impecável.

— Sim senhor. — Os dois assentiram e deixaram o gabinete juntos.

Quando se viu sozinho, Roberto Carlos voltou a sentar diante da mesa, acendeu um cachimbo e refletiu consigo mesmo:

— São tantas emoções…

🏴‍☠️

Apesar de que a situação tenha se resolvido pacificamente, assim como Jay queria, Jungwon ainda acreditava que o assunto não tinha terminado ali.

Os três encontraram Lian e Hyun esperando do outro lado da rua. Assim que se encontraram, o ômega acompanhou Taesung na ida até o monte, enquanto os demais retornaram ao navio para deixar o Capitão Jimin ciente de que Jay estava bem.

Quando chegaram no lugar onde estavam ancorados, foram surpreendidos ao se depararem com 4 enormes embarcações chegando no porto. Não eram piratas, tampouco navios mercantes. Quem estava desembarcando no Brasil eram nobres da mais alta classe.

— Quem é essa gente toda aqui? — Perguntou Jay, entre alguns curiosos.

Jungwon, Lian e ele não eram os únicos piratas que estavam por perto. Os locais também se juntaram à multidão de curiosos que assistiam o desembarque.

Para aqueles que viviam naquela região há anos, aquela cena não era inédita. Muitos sabiam o motivo daqueles nobres estarem chegando no Brasil, e alguns até gostariam de participar do “evento”, mas não tinham recursos financeiros suficientes.

— Tenho que falar com meus pais sobre isso. — Os olhos do ômega brilharam cheios de um entusiasmo característico.

— Vou com você. — Jay se adiantou.

— Não. Fique com o Lian e vejam para onde esses nobres vão. — Jungwon o deteve, mas explicou logo em seguida: — Alguma coisa me diz que essas pessoas estão aqui para algo grande.

Os dois assentiram sem questionar, e permaneceram no cais à espera das carruagens que posteriormente levariam os nobres para as estalagens da cidade.

Jungwon mal chegou no Black Swan e já encontrou seus pais próximos ao grande mastro, observando os quatro navios ancorados no porto. Ele parou entre os dois e apoiou os braços nos ombros de cada um.

— Estão pensando no mesmo que eu?

— Gente rica vindo de lugares prósperos? — Perguntou o Capitão Jeon.

— Também… mas vocês não acham que tem algo a mais?

— Seja o que for, não me interessa.

Com a negativa do alfa, Jungwon voltou-se para o ômega:

— E você, pai, o que acha?

Antes de se manifestar, Jimin observou os nobres entrando nas diversas carruagens e refletiu. Havia algo intimamente particular naquela cena, pois assemelhava-se a muitas que ele presenciou enquanto conviveu com seu pai e seu irmão.

— Eles estão aqui para fazer política ou comprar os filhos de alguém para casamentos arranjados.

— Mas foram quatro navios…

— Então significa que será um grande evento, como muitos que fui obrigado a comparecer ao lado se seu tio.

— Então vocês compartilham da mesma opinião. — Jungwon resumiu.

— É um fato. Por isso esse lugar é rico. — Jungkook explicou. — Seu pai está certo. É o que eles fazem. O que nós fazemos está lá… — Ele apontou em direção ao oceano e concluiu: — Seguiremos para o Norte, de onde eles vieram.

Jimin assentiu, concordando. Mas não era um pensamento que Jungwon compartilhava, e ele deixou seus pais cientes quando declarou:

— Eu não vou.

— Por que você quer ficar? — Jimin indagou.

— Não estamos falando de reinos vizinhos. Eles vieram de muito longe.

— Mas…

— Coração… — Jungkook virou seu ômega para si gentilmente. — Nosso filho é Capitão de um navio e essa é a decisão dele.

— Eu sei. Não estou questionando. Eu só queria entender…

— Quero saber porque eles estão aqui. — Jungwon explicou. — Acredito que não seja apenas jantares e eu vou descobrir. Seja lá o que eles estejam escondendo, será meu.

— Se é o que acha, então é aqui que nos separamos. — Disse Jungkook, com um pequeno sorriso quando acrescentou: — Boa sorte encontrando… o que quer que seja.

— Você quer apostar comigo? — Jungwon também sorriu desafiador.

Enquanto os dois provocavam e desafiavam um ao outro, Jimin manteve-se ponderando em silêncio. A decisão de Jungwon significava que eles ficariam meses sem ver seus filhos.

— Veremos quem terá o porão mais cheio quando nos encontrarmos novamente. — O alfa aceitou o desafio.

— O porão do Luna é muito maior.

— Tá com medo de não conseguir? — Jungkook cruzou os braços.

Jungwon ergueu as sobrancelhas e depois riu antes de provocar:

— Eu só não quero te humilhar com a quantidade.

— Aceito o seu desafio — Jungkook ofereceu a mão. — Quem vencer, fica com as cargas um do outro.

— De acordo. — O ômega apertou a mão de seu pai.

Jungwon desceu para encontrar seus alfas que haviam ficado de saber onde os nobres seriam alojados.

Apesar de não ter expressado nada verbalmente, Jungkook sabia o que seu ômega estava sentindo. Não somente por causa da marca. Ele conhecia bem o ômega com quem compartilhou anos de sua vida.

— Não os criamos para que ficassem toda a vida embaixo de nossas asas. — Jungkook o abraçou de lado, deixando um beijo em sua cabeça.

— Eunji só tem catorze anos.

— A mesma idade que eu, quando fui trabalhar em navios mercantes. Ela não vai querer deixar o irmão.

— Eu sei.

— Mas se você quiser, podemos fazer mais Jungwons e Enjis… — Disse, beijando o pescoço do ômega provocantemente.

— Você é impossível! — Jimin riu.

Nenhum outro filho poderia substituir os que eles já tinham, Jungkook sabia disso. Essa não era sua intenção. O que ele realmente queria era animar um pouco o seu ômega, e funcionou. Jimin até o provocou:

— Você vai perder a aposta que fez com ele…

— Eu sei. — Jungkook foi sincero, retribuindo o sorriso que recebeu de seu ômega e piscando para o mesmo. — Precisamos nos preparar.

Seguindo o combinado, Jimin partiu com Jared e Arata em busca das provisões necessárias para a viagem, visto que Junbuu, com seus 75 anos, não tinha mais mobilidade para acompanhá-los. Enquanto isso, Jungkook, Namjoon e Hoseok cuidaram das munições.

Quando soube que as tripulações tomariam caminhos diferentes, Jackson procurou Jungwon a fim de fazer um pedido que o ômega já esperava, visto que teve quase a mesma conversa com o tio um pouco antes.

— Eu vou cuidar muito bem deles, Jack. Quando você os encontrar novamente, ficará impressionado.

— Eu sei do que são capazes, afinal, eles são meus filhos.

— Você não muda nunca — Jungwon riu da autoestima do alfa. Jackson deu de ombros com uma expressão convencida. — Você precisa de mais alguma coisa? Eu tenho que ver alguns incidentes na cozinha do Luna com a Corty…

De início, Jackson não respondeu , ao invés, ele removeu um suporte que estava em suas costas, e que se revelou ser uma espada ainda embainhada. Pelo cabo, Jungwon sabia qual arma era aquela.

Ainda sem dizer nada, Jackson o entregou e esperou enquanto o ômega analisava a arma com bastante atenção. Jungwon segurou na bainha e moveu a outra mão sobre sua extensão, até chegar na extremidade. Ele passou os dedos suavemente por cima das runas, depois segurou o cabo com força e removeu a espada, deixando-a completamente visível.

— Você continua tão afiada… — Sorriu, encarando a lâmina da espada. Ele a embainhou novamente e depois encarou o alfa: — Por que a trouxe aqui?

— Quero que você entregue ao Hyun, quando ele estiver pronto.

O Ômega sorriu, assentindo. Como antigo dono daquela arma, saber que Jackson a entregaria para Hyun deixou seu lobo em uma espécie de satisfação considerável.

🏴‍☠️

Alguns dias após a partida do Black Swan, Eunji experimentou aquilo que acomete todos os alfas a partir de seus 14 anos. Após a manifestação de seu primeiro rut, ela foi instruída por Taesung, e revelou a Jungwon que as informações que recebeu de seu pai alfa não estavam exatamente de acordo com as do médico do Luna.

— Talvez seja porque o Taesung não é um lúpus… — Disse a menina, ainda tentando encontrar algum motivo para defender o pai. — Ele é um alfa comum, então…

— Ele é médico. Sabe o que está dizendo muito mais do que o nosso pai. Sei onde você quer chegar mas, cá entre nós, o nosso pai não é muito responsável quando se diz respeito a algumas coisas…

— Você tem razão. — Eunji sorriu.

— Você me lembra tanto o papai. — Jungwon estava se referindo ao sorriso. Ele segurou na mão da irmã, quando afirmou: — Estou feliz que esteja comigo.

— Eu sempre vou estar. — Dessa vez, a alfa estava mais séria.

Com efeito, Eunji o apoia e admira desde criança. Ela sempre viu no irmão um grande exemplo para seguir. Seja pelos saquinhos de moedas que a mesma e seus primos deixavam para consertar o Luna ou o firme aperto de mão que acabara de lhe dar, cada pequeno detalhe tornava a relação entre ambos mais forte que as raízes mais profundas.

Neste momento, Jay abriu a porta e a fechou logo após entrar no cômodo. Ele acenou para a cunhada e em posteriormente comunicou a Jungwon:

— Toralápis tá lá fora querendo conversar com você.

— Hmm… — Jungwon ponderou.

— Se não quiser falar com ele é só me dizer.

— Não. Diga a ele que pode entrar.

— Eu vou lá pra fora... — Eunji entendeu que seu irmão precisava de privacidade para receber o tal sujeito.

Jay assistiu a alfa deixar a cabine, depois voltou sua atenção novamente para o ômega:

— Tem certeza disso?

— Relaxe… o que ele poderia fazer aqui? Torar os meus lápis? — Jungwon riu.

— Eu tô falando sério. Ele deve ter vindo pra tomar satisfação sobre a morte daquele Brunão.

— Você fica uma delicinha quando tá preocupado… — o ômega segurou no ombro dele com força e inalou seu aroma. Jay franziu o cenho, sabendo que o heat dele estava prestes a se manifestar. Após um momento de silêncio, onde Jungwon desfrutou brevemente do calor de seu alfa, este prosseguiu: — Ele não tá aqui pra isso. Ele tá pouco se importando se um dos seus lacaios morreu. O que ele quer é garantir que não somos uma ameaça para os negócios dele.

—  E quais são? — Jay se referiu aos negócios.

— Não sei. — Jungwon sorriu após a resposta sincera.

— Certo… direi para que entre.

— Obrigado, amor. — Caminhou com tranquilidade até sentar-se em sua cadeira.

Quando Jay abriu a porta, Toralápis encontrou o jovem alfa novamente, com sua postura visivelmente sólida e um semblante austero, transmitindo-lhe uma silenciosa advertência apenas com o olhar.

Mas a maior ameaça para o mais velho ocupava a cadeira de capitão, sentado com as pernas cruzadas e observando atentamente a aproximação do alfa.

Toralápis ficou sabendo através dos seus que o Capitão do Luna é um ômega, só não estava ciente de que era um moço tão bonito. Ele demorou um tempo admirando a beleza do ômega, até que o mesmo indicou a cadeira à frente para que se sentasse.

O alfa, portanto, ocupou o espaço designado, sendo atentamente vigiado pelo contramestre. Ainda que houvesse uma pistola sobre o colo do ômega, Jay não deixaria aquele sujeito tão à vontade.

Toralápis possuía o cabelo cacheado na altura dos ombros, suas sobrancelhas eram fartas, bem como o enorme bigode que cobria seus lábios.

— Márcio Toralápis — ele se apresentou.

— Jeon Jungwon. — O ômega fez o mesmo, sem deixar seu alfa de fora. — Este é Jongseong Bennington.

— E ele vai ficar aqui?

— Pretende sair, Jay? — Jungwon sabia que não, mas perguntou. A chegada do seu heat o tornava mais instigado a provocar seus alfas.

— Não. — O mais novo respondeu imediatamente.

— Hmm… — Toralápis murmurou incomodado.

— Por que veio? — Jungwon perguntou.

Toralápis mudou seu olhar do outro alfa para o capitão, e então respondeu:

— Um querido amigo foi assassinado por um membro de sua tripulação. Você deve saber que esse não é o tipo de coisa que se esquece tão facilmente.

— Qual era o nome dele?

— O quê?

— O seu “amigo querido”. Como ele se chamava?

Antes de xingar o ômega mentalmente, Toralápis amaldiçoou a si mesmo por não ter visto tal informação antes de procurar o Capitão do Luna. A verdade é que ele pouco se importava se mais um fulano morreu, por tanto que não prejudicasse seus negócios.

— Você me pegou. — Toralápis riu sozinho.

— Não desperdice o meu tempo. — De repente, o humor do ômega reduziu a nada, quando ele sentiu que seu heat havia chegado efetivamente. Estava usando toda sua força para ocultar. — Vá direto ao assunto!

— Faz cinco anos que não vejo piratas ancorando no Brasil. Da última vez, eles causaram um tanto de problemas.

— E?

— Estou me certificando que não aconteça novamente.

— Desde que cheguei a este lugar, os únicos que causaram problemas foram vocês.

— Você tem um ponto. Mas não acontecerá novamente, porque eu estou aqui. Somos bastante receptivos, por isso nosso reino é o destino de muitos.

— Percebi… — Jungwon passou a mão na curva entre o pescoço e o ombro, massageando o local com os fechados.

O cheiro de chocolate tornava-se cada vez mais forte e espalhava-se com mais facilidade, à medida que o heat de Jungwon se manifestava. O aroma considerado afrodisíaco, quase invadiu a mente de Toralápis, mas ele sentiu um aperto forte em seu ombro e despertou da ligeira distração.

— Vou acompanhá-lo até a saída. — A área verde dos olhos de Jay tornaram-se amarelas, e o instinto primitivo de proteger o que era seu e de Lian ficou mais perceptível. Toralápis não ficou ciente apenas do aroma do ômega, mas também o de amêndoas.

Jay acompanhou o alfa, certificando-se que ele realmente deixou o Luna e seguiu para longe do navio. Posteriormente, ele desceu até a enfermaria em busca do remédio que pode conter aqueles sintomas que o ômega estava manifestando.

Recebeu das mãos do próprio médico o efetivo inibidor e deixou o local rapidamente, sem trocar mais do que duas palavras com o irmão. Ele encontrou Lian do lado de fora. O mais velho também estava lá pelo mesmo motivo.

Jungwon esperou tempo demais para tomar aquele chá. Mas se o Capitão Jeon também não tinha tanta preocupação com aquele fato, o fruto não cairia tão longe da árvore. Filho de peixe, peixinho é. Contudo, se o rut de um alfa lupus era conhecido por sua intensidade elevada, é certo que o de um ômega não seria muito diferente.

Quando Jay e Lian abriram a porta e entraram na cabine, não encontraram o ômega sentado na cadeira, mas em cima da mesa. O que apenas cobria seu corpo era a camisa, que estava com todos os botões abertos. As armas depositadas bem ao lado. Era como se Jungwon estivesse esperando por eles.

Jay ainda caminhou até ele levando a caneca, enquanto Lian adiantou-se fechando a porta. O ômega recebeu o chá e fez menção de que realmente iria beber, mas ele sorriu quando afastou o copo de sua boca e girou a mão devagar, despejando todo o conteúdo no chão. O lúpus evidente através de seus olhos prateados, já havia tomado controle daquele heat.

A atenção do alfa desceu para observar quando o ômega descruzou as pernas para deixá-las abertas. Foi pego de surpresa quando Jungwon o puxou pelo lenço de cor branca, que envolvia seu pescoço. Seu corpo foi levado para frente até bater contra o do lúpus. Automaticamente, Jay levou as mãos até os quadris dele quando o mesmo o prendeu com as pernas.

— Jungwon… o seu chá… — Sua voz não saiu tão firme quanto o aperto de seus dedos no quadril do ômega.

— Tire suas roupas. — Jungwon foi direto ao ponto. Seus olhos moveram-se para o lado e ele sorriu.

Jay franziu o cenho e olhou na mesma direção. Lian já estava sem camisa e removendo o cinto. Não havia força de vontade que faria o mais novo resistir àquilo. Ele respirou fundo pelo nariz e tentou se afastar um pouco para fazer aquilo em que foi indicado, mas Jungwon o manteve preso entre suas pernas. O ômega não queria perder o contato físico entre seus órgãos, diante disso, agarrou-se nos ombros do alfa quando este deu um passo para trás.

Agora que estavam distantes da mesa, Jungwon sentiu o corpo do outro alfa sendo pressionado contra suas costas. As mãos de Lian envolveram o torso dele enquanto os lábios buscavam provar de sua pele aquecida. Ele mordeu seu pescoço fazendo o ômega quase perder o fôlego. Suas pernas cederam momentaneamente e Jay conseguiu se libertar.

Jungwon sentiu o controle dos membros inferiores retornar assim que seus pés tocaram o chão. Ele se virou rapidamente, encarando Lian, e o fez recuar caminhando de costas enquanto avançava em direção a cama. O alfa caiu sentado no colchão quando foi empurrado. Jungwon subiu logo atrás, um joelho de cada vez, até se sentar sobre os quadris do alfa. Ele ainda segurou o lenço preto que estava amarrado no pescoço do mais velho e o puxou para si, conforme também inclinava o corpo para frente.

— Caralho… — Lian murmurou, antes de ter seus lábios tomados pelos do ômega.

O alfa sentia o fluido dele enquanto Jungwon movia-se, esfregando o local entre suas pernas sobre sua ereção. Ainda não havia penetrado, mas, definitivamente, ambos precisavam daquilo com muita urgência.

Apesar de serem dois alfas, quem estava no comando da situação era o ômega lupus. Em seu íntimo, ele sabia exatamente o que queria. Não pretendia unir-se a eles apenas de corpo, mas também de alma.

Esse era o verdadeiro sentido para que o heat e rut acontecessem. Alfas e ômegas necessitavam encontrar parceiros para firmar um compromisso único para o resto de sua existência. Assim era, desde os primórdios. Assim seria, através das vidas que viriam posteriormente.

O beijo foi interrompido quando Jungwon mordeu e sugou o lábio inferior do alfa. Ele continuou mordendo enquanto descia até enterrar o rosto no pescoço dele. Ainda que estivesse envolvido pelos braços de Lian e seu aroma de sândalo, ele continuava ciente do outro que também estava por perto.

Como o bom alfa obediente que era, Jay removeu suas roupas. Ele testemunhou quando Jungwon moveu o quadril vagarosamente, recebendo cada parte da rigidez do mais velho. Assim que sentou-se por completo, arqueou as costas jogando a cabeça para trás. Manteve seus olhos fechados à medida que se acostumava ao tamanho dele, ainda segurando o tecido preto que ornamentava o pescoço de Lian.

Lian o segurou na altura das costelas e acariciou, subindo e descendo as mãos naquela região. Seus toques não eram exatamente gentis, bem como os do ômega. Ele agarrou os ombros do alfa de tal maneira que o deixou com as marcas das unhas.

Jungwon mordeu seu lábio e mexeu o corpo vagarosamente. Um grunhido escapou de sua garganta e, quando abriu os olhos, viu que o alfa logo abaixo de si estava admirando-o em silêncio. Cada parte dele era provocante. Jungwon sabia disso, por este motivo, sorriu e passou a língua sobre os lábios, movimentando o corpo mais uma vez.

O corpo de Lian tornou-se mais rígido, e o sangue circulou em maior quantidade em sua região íntima. Respirou fundo quando abraçou a cintura do ômega e mudou suas posições, com cuidado para não deixar seu corpo. Jungwon soltou o lenço preto e largou os braços sobre a cama, permitindo que o alfa ficasse um pouco no controle da situação.

Lian era um alfa que sabia exatamente o que seus parceiros queriam. Cada um de seus toques acendia uma febre demasiada e irreprimível. Mas ele não era o único. Jay também tinha conhecimento das necessidades de ambos.

O ômega estava deitado, recebendo as investidas firmes do mais velho, até que seus olhos se desviaram por um instante para o outro alfa. Através daqueles olhos prateados, Jay conseguiu captar o que ele pretendia. Jungwon soltou um longo suspiro sentindo as mãos de Lian passando pelo seu corpo, o alfa se inclinou para frente e o beijou na boca. O contato foi interrompido por suas respirações e gemidos conforme o ritmo aumentava.

De repente, ambos foram tomados por uma onda de tremor que percorreu todo o corpo. Um calor subiu entre as pernas do ômega mesmo quando Lian deixou seu corpo, para deitar bem ao lado. Ao invés de permanecer deitado com o alfa, Jungwon sentou na cama olhando fixamente nos olhos de Jay.

Não era como se Jungwon estivesse insatisfeito, mas aquele período era propício para aquilo. Seu heat o preparou para este momento. Depois de tanto tempo sentindo o aroma, calor, o toque, dentre outras coisas, o seu corpo se adaptou aos dois, pois seu lobo necessitava de ambos. E não somente uma vez só.

Lian ergueu as sobrancelhas quando viu o ômega ficar de pé na cama. Em seguida, ele abraçou o alfa mais novo pelo pescoço e o beijou. É óbvio que Jay o recebeu, apoiando as mãos em sua cintura. Em um único movimento, ele o ergueu e posteriormente o colocou sentado em cima da mesa.

Embora apreciasse o modo quase sempre calmo e gentil do alfa, Jungwon derretia-se quando ele de repente se tornava mais audacioso. Da mesma forma, adorava os momentos em que Lian era fofo. Mesmo com personalidades diferentes, situações como essa demonstravam que ambos eram mais parecidos do que se pensava.

As mãos do alfa desceram suavemente, porém firmes, até chegar nas coxas dele, onde apertou. Jungwon suspirou movimentando a cabeça para o lado, estudando a extensão da mesa. Além dele, estavam naquela superfície o diário de bordo, um castiçal cujas velas não estavam acesas, papéis e outros objetos que ele utilizava como Capitão.

Jay se aproveitou daquela abertura para explorar a região entre o ombro e o pescoço. Jungwon não estava exalando apenas o aroma do intenso chocolate, mas o sândalo também estava evidente em seu corpo. O ômega podia sentir a respiração quente dele bater suave em sua pele, assim como beijos molhados, que fizeram arrepiar cada parte que tocava.

— Jay… — ele sussurrou.

Ouvir aquela voz tão suave e provocante perto de seu ouvido, fez uma onda de calor atravessar o corpo do mais novo. Enquanto tocava e beijava cada centímetro dos ombros do ômega, o mesmo transferiu todos os objetos que estavam sob a mesa para o chão. Jungwon estudou sua extensão, agora vazia, depois olhou para o alfa que o encarava com curiosidade e desejo.

— Você quer que eu…?

Jungwon apenas assentiu, balançando a cabeça. Sim. Ele queria que Jay o pegasse em cima da mesa. Lian estava observando-os, da cama. O ômega desceu e em seguida curvou o corpo para frente, inclinando-se vagarosamente. Conforme o fazia, ele virou o rosto para o lado e sorriu para o mais velho, que retribuiu no mesmo instante.

Era possível sentir a ereção do alfa logo atrás, quando este pressionou o corpo contra o dele. Jungwon fechou os olhos e percorreu as mãos sobre a mesa, buscando algo para se apoiar. Ele puxou o ar com um suspiro ansioso, sentindo o outro mover a ponta dos dedos descendo por suas costas, e então levando até a cintura do ômega. Segurando-o com firmeza, ele inseriu seu órgão vagarosamente até preenchê-lo por completo.

O alfa inclinou-se para frente e murmurou algo em seu ouvido, para então mover-se devagar, observando as reações do mais velho. Jungwon estava completamente entregue, com os olhos fechados e os lábios entreabertos. As mãos estavam espalhadas sobre a mesa, que movia-se conforme Jay investia os quadris contra o ômega.

Havia uma fina camada de suor na pele dele quando o alfa passou a mão em sua face voltada para cima. Jungwon agarrou a mão dele e a guiou até a boca, onde a beijou na palma antes de cruzar os dedos com os dele. As firmes investidas do mais novo os levaram ao orgasmo. Marcas do que fizeram ficaram sobre a mesa, mas aquele não foi o único local que testemunhou a união do ômega com seus alfas.

A cabine, ainda que grande, tornou-se pequena para conter aquele fervor. Era incontrolável, magnífico, consideravelmente intenso… e aquele era apenas o primeiro dia.

Continua…

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