[6] Furto
Algumas pessoas não entenderam uma passagem no capítulo anterior, mais precisamente na parte que o Jungkook está negociando as cargas e a vendedora quer ficar com o valor de 90%, eu vou explicar:
Naquela época, os piratas não lidavam com o comprador diretamente. Eles precisavam de um vendedor para que este encontrasse alguém para comprar o contrabando. É como um corretor de imóveis, vc quer vender sua casa, então contrata alguém para que o faça por você, em troca ele recebe uma parte de seus ganhos.
Boa leitura:
Assim que deixou a escuridão do subsolo de Nabuco, Jungwon pôde sentir a claridade do dia através de suas pálpebras. Ele abriu os olhos e sorriu para o pai quando se viu longe daquele lugar horrível.
De volta ao ferreiro, Jungwon explicou ao mesmo como gostaria de ter suas runas incrustadas no cabo das armas, em seguida, foi levado por Jungkook para comprar alguns doces. No caminho, o Ômega lembrou do coelho.
— Você não está esquecendo de algo, pai? — Jungkook o olhou sem entender. O pequeno deu mais detalhes: — Você disse que na volta compraria o coelhinho.
— Não me lembro — mas é claro que ele lembrava. — Fica para uma próxima.
Jungwon ergueu as sobrancelhas, chocado. Não era possível que seu pai tivesse esquecido. Parecia mais como uma desculpa e com isso ele ficou um pouco magoado.
— O papai vai ficar muito bravo se souber onde eu estava…
Jungkook parou de andar no mesmo instante e olhou para o filho. O Ômega permaneceu calmo quando o encarou de volta.
— Vai querer seu coelho de qual cor?
Em questão de minutos, Jungwon caminhava muito feliz com seu coelho na caixinha, ao lado do pai. O animal era todo branco com uma mancha preta ao redor dos olhos, ao qual deu o nome carinhoso de Puffy.
O Black Swan iria permanecer na ilha por mais alguns dias. Quartos foram disponibilizados para que a tripulação se acomodasse durante este período. Alguns piratas iriam permanecer no navio, revezando para guardar o mesmo.
Na taberna, Jungwon subiu as escadas correndo na frente, muito ansioso para mostrar o coelho ao seu pai Ômega. Jimin estava no quarto sentado próximo a janela, enquanto descascava uma laranja com uma faca.
— Olha o que meu pai comprou pra mim! — Jungwon colocou a caixa no chão e ergueu o coelho com as duas mãos.
— Ele é muito fofinho. Um mascote improvável para um navio pirata — Jimin olhou para o Alfa. Jungkook estava de costas, fingindo que estava mexendo em algo. O Ômega voltou a atenção para o filho: — Vai lavar as mãos para comer essa laranja.
O pequeno ergueu as mangas da camisa e correu para o lavabo que ficava interligado ao cômodo. Além dele, também havia um outro quarto ligado ao que Jungkook e Jimin ficariam, com móveis menores e próprios para uma criança.
Jimin entregou a laranja ao filho, e este sentou no chão para dividir a fruta com o coelho. O Ômega mais velho pegou outra para si mesmo e começou a retirar as cascas. Enquanto assistia o filho conversando com o coelho, ele notou uma marca no braço do menino.
— O que foi isso no seu braço, Jungwon?
O pequeno lúpus trocou olhares com seu pai Alfa. Jungkook negou com a cabeça. O menino então mudou de assunto:
— Papai, o ferreiro vai colocar runas no cabo das minhas armas.
— Que interessante. Ficará muito lindo. Onde conseguiram as runas?
— No mercado. — Jungkook respondeu.
— Assim tão fácil?
— É uma mercadoria como outra qualquer.
— Não, não é. É algo muito raro que você só encontra em um lugar como-... — de repente Jimin perdeu a fala. Lembranças terríveis se formaram em sua mente. Aos poucos, ele desviou sua atenção para o filho e perguntou outra vez: — O que foi isso no braço do Jungwon?
— Eu posso eu explicar...
— Explicar o que, Jungkook? — Jimin se levantou devagar caminhando até o Alfa.
Jungkook se afastou dando a volta na mesa. O Alfa desceu o olhar para a faca nas mãos de Jimin e depois subiu para o rosto dele.
— Você não acha melhor colocar essa faca na mesa, coração? Alguém pode se machucar…
— Que sangue é esse nas suas mãos? — Jimin apontou com a faca.
O mais velho olhou as próprias mãos, que ainda estavam um pouco sujas com o sangue seco do Alfa que havia matado. Ele retirou uma cadeira que estava no caminho, para continuar se afastando enquanto circulava a mesa se afastando do Ômega.
— Tivemos um pequeno incidente… — o Alfa começou. — No submundo de Nabuco…
A laranja foi jogada contra ele, mas o Capitão desviou abaixando a cabeça, e ela bateu contra a parede logo atrás dele.
— Calma…
— Você levou ele para aquele lugar imundo?! — Jimin agarrou o cabo da faca com força, aumentando a velocidade para alcançar o Alfa. — Onde eu quase fui vendido?!!
— Guarda essa faca, Jimin — o Capitão tentou soar firme, correndo em volta da mesa. — Calma, vamos conversar…
— Vamos! — Jimin rosnou entredentes. — Chega aqui perto meu amor, pra gente conversar…
Jungkook poderia usar sua voz de comando, e fazer o Ômega ficar manso, mas então iria assinar sua sentença de morte. A situação já não estava ao seu favor.
— Não aconteceu nada demais... Ele só quase foi sequestrado, mas eu matei o Alfa que fez isso. — Jungkook tentou mostrar que estava protegendo bem o Ômega, mas aquilo soou diferente aos ouvidos de Jimin.
Se para um Ômega de dezenove anos aquela situação foi tão traumática, ao ponto de faze-lo tremer apenas de lembrar, Jimin imaginou o que seria para uma criança de oito anos. O que seria do pequeno Jungwon se Jungkook não tivesse encontrado ele? Um destino terrível o aguardava.
Seu peito doeu apenas com a possibilidade de não ver seu filho nunca mais. Só de imaginar aqueles Alfas nojentos colocando suas mãos imundas nele, causava-lhe a pior repulsa que já sentiu na vida. O medo foi se transformando em raiva, e os olhos de Jimin já estavam completamente prateados.
Alguém bateu na porta e o Capitão imaginou que seria salvo, quando concedeu que a mesma fosse aberta.
Jimin viu que aquela perseguição não daria em nada. Ele então agarrou um um cinzeiro que estava em cima de uma cômoda e lançou contra o Alfa. Jungkook desviou. A porta foi aberta por Hoseok, quando viu um objeto vindo em sua direção ele fechou a porta e no último instante, o cinzeiro quebrou contra a madeira.
— Está tudo bem aí? — O atirador perguntou chocado.
— Está! — Jimin que respondeu.
— Uh… A tripulação quer saber se podemos festejar no navio.
Jimin estava perto da porta que dava para o corredor, bloqueando a tentativa de fuga do Alfa. Ele mantinha os olhos muito atentos a cada movimento do Capitão. Jungkook olhou ao seu redor em busca de opções, a úncia saída era o quarto interligado, de Jungwon.
Jungkook puxou uma almofada que estava apoiada no braço de uma poltrona e jogou contra o rosto de Jimin. Com a distração, ele correu até o cômodo menor e se trancou dentro.
— Capitão? — Hoseok o chamou.
— Podem! — Jungkook gritou. Estava mais preocupado com um Ômega furioso tentando derrubar a porta.
— Abre isso, Jungkook!
— Acalme-se primeiro.
— Você levou Jungwon para aquele lugar terrível! Ele quase foi tirado de mim!
— Mas não foi… Coração, eu jamais deixaria que algo o acontecesse.
Jimin se afastou da porta, e ficou em silêncio. Jungkook esperou um pouco, para então abrir uma pequena brecha e espiar o quarto maior. O Ômega estava olhando para o filho, enquanto o mesmo se divertia com o coelho na cama de casal.
Jungkook abriu a porta um pouco mais, se aproximando com cautela. Ele dividiu a atenção entre a mão do Ômega que ainda segurava a faca e o rosto dele. Com cuidado, ele conseguiu desarmá-lo enquanto Jimin ainda encarava o filho na cama.
— Ele está bem… — Jungkook disse suavemente.
— Como aconteceu?
— Eu estava comprando as runas, quando tive um pequeno desentendimento com o vendedor. Um Alfa tomou proveito e o levou. — Jimin o estapeou, o Alfa se defendeu com os braços. — Eu o encontrei rápido! Não fizeram nada com ele, matei o maldito!
Jimin parou com a agressão.
— Ensine ele a se defender — por fim, ele pediu. — Deixe-o pronto para rasgar a garganta de qualquer ser desprezível que tentar fazer mal a ele.
— Farei isto, coração… — Jungkook o abraçou.
Jimin demorou um pouco, mas retribuiu.
🏴☠️
A
lguns barris de rum e tequila foram colocados no convés. Os piratas enchiam suas canecas na pequena torneira um após o outro. A banda tocava alegremente enquanto eles conversavam sobre assuntos diversos.
Até os piratas que não precisavam ficar de guarda no navio, voltaram para o Black Swan, só para poderem participar da farra.
— Ora, vamos lá — um pirata bateu em um engradado com a mão. — Tragam logo esse porco, estou sentindo o cheiro daqui!
— Ainda não está pronto — Jared afirmou. — Junbuu disse que precisa assar bem.
— Já deve estar bom, Jared — um outro pediu. — Desça até a cozinha e faça o favor de trazer a porra do porco para nós.
— Vocês são uns bastardos mesmo — o pirata reclamou. — Vão comer o porco cru?
— Mas ele não está cru. O cheiro dele está invadindo todo o navio.
— Melhor você ir logo, Jared — Yoongi aconselhou. — Você sabe como eles são.
Jared revirou os olhos e se levantou.
— Depois não venha reclamar no meu ouvido que o porco estava horrível — Ele tomou o último gole da bebida e chamou outro bucaneiro. — Billy, vamos comigo.
Billy encheu sua caneca novamente e o acompanhou para as cobertas inferiores.
— Onde está o Taehyung? — Hoseok indagou. Ele estava sentado ao lado do espadachim, com uma perna no colo dele. — O rum vai acabar e ele não volta.
O Beta estava na cabine limpando um de seus mapas que um pirata acidentalmente derramou bebida em cima, tentando salvar o máximo que conseguia. Seria preciso colocar no sol na manhã seguinte, mas ainda tinha salvação.
Quando se deu por satisfeito, ele voltou para o convés, onde encheu sua caneca de rum e sentou de frente a Yoongi e Hoseok.
A conversa seguia animada. Alguns minutos depois Billy e Jared apareceram com o porco devidamente assado. Os piratas reclamaram da demora, mas os dois alegaram que estavam dando os últimos retoques necessários para que a carne ficasse deliciosa.
Naquele dia, o contramestre havia esquecido de anotar as informações sobre as vendas da carga no diário de bordo. Ele voltou para o navio, para não ter o trabalho de fazer no dia seguinte, já que teria muito para fazer com as compras de novas armas.
Namjoon viu os piratas festejando a toa no convés e pensou em se juntar a eles quando terminasse as anotações. Ele entrou na cabine e buscou pelo livro de registros atuais, que o Capitão guardava dentro de uma das gavetas da mesa. Mas não estava lá.
Procurou em todas as outras gavetas, nas estantes, cômodas e baús. Um diário de bordo registra informações de um período de dez anos, todos os outros diários estavam na cabine, exceto o atual, onde continham informações desde o sequestro de Jimin.
Namjoon abriu a porta e correu até o convés, onde ordenou que a banda parasse de tocar e a festa acabasse.
— O diário de bordo foi roubado!
— Como isso aconteceu? — Um pirata se levantou alarmado.
— Diga-me você, seu idiota! Estavam aqui para guardar o navio e nossas cargas.
— Ninguém entrou no navio, Namjoon. Estávamos todos aqui. Procure-o direito que você vai encontrar.
— Eu tenho certeza que ele não está na cabine.
— Ei… — um Alfa pensou em voz alta. — O último a entrar na cabine foi o navegador.
Todos os olhos voltaram-se para Taehyung.
— Eu só fui guardar meus mapas — o Beta explicou. — Não me demorei muito.
— Não demorou muito? — um pirata se levantou caminhando ameaçadoramente até ele. — O meu ovo! Você roubou o diário!
O pirata parou imediatamente, no momento em que sentiu um objeto gelado encostar em sua garganta, e algo úmido deslizando sobre a pele. Era um fio de sangue, causado pela katana que Yoongi pressionou contra o pescoço dele.
— Mais um passo e eu rasgo sua garganta — o espadachim avisou com voz calma.
Outro pirata puxou a espada e tentou se aproximar de Yoongi por trás, mas parou ao entrar na mira de uma pistola de Hoseok. Outros Alfas e Betas se armaram, todos gritavam uns com os outros de uma só vez, com ameaças e acusações.
— Calados! — Namjoon rugiu por cima de todos. — Está faltando alguém?
Os piratas se entreolharam em busca de algum Alfa ou Beta que tivesse desaparecido após o furto, mas todos que participavam da festa estavam alí. Quando os ânimos ficaram calmos, os piratas guardaram suas armas.
— Taehyung estava na cabine e depois saiu — Namjoon avaliou. — Quero saber onde os demais estavam.
— Billy e eu descemos para a cozinha.
— E o que estavam fazendo lá?
Jared e Billy entreolharam-se desconfiados. Não desceram até a cozinha apenas para assar o porco, mas era um álibi aceitável.
— Assando o porco.
— Continuem.
— Nós pegamos alguns barris e trouxemos para o convés...
Os piratas explicaram os passos de cada um até o momento em que o contramestre apareceu avisando sobre o roubo. Como havia de se esperar, não foi ninguém. Todos eram inocentes – lê-se com sarcasmo.
— O diário deve ter criado asas e saiu voando por aí — o contramestre disse. — Quando o Capitão ficar sabendo, cabeças irão rolar.
Os piratas trocaram olhares assustados. Não era apenas medo da fúria do Capitão Jeon, mas aquele diário continha os registros mais importantes que se passaram com aquela tripulação. Informações onde o tesouro foi escondido, itinerários e pontos fracos do Black Swan.
Continua...
Uma pessoa me deu a ideia de usar uma # pra gente interagir no twitter. Eu pensei em alguma mas não encontrei uma legal, não tenho criatividade para essas coisas 😔
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top