[58] Prelúdios
O ano atual é de 1728 (Black Swan teve início em 1708)
A data de nascimento dos personagens mais recentes e seus respectivos aromas são:
Lian: 1706 - Sândalo
Jungwon: 1709 - Chocolate
Jay: 1711 - Amêndoas
Taesung e Lis: 1714 - Avelã (Lis é Beta e não possui aroma)
Sarah e Hyun: 1718 - Hortelã e Morango
Eunji e Zoe: 1719 - Lírio e Framboesa
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Era noite quando as luzes do Black Swan foram acesas. O céu estava completamente estrelado, Taehyung e Hyun estavam deitados na proa, um ao lado do outro, observando as constelações. Perto deles havia uma lamparina, uma luneta e duas garrafas, uma contendo rum e a outra apenas suco.
— A gente pode se orientar sem uma bússola seguindo a Polaris, a estrela do Norte. Ela é a mais brilhante da constelação da Ursa Menor. — O navegador explicou mostrando no céu. — Pode ser encontrada na cauda do urso.
— Oh… — o menino admirou encarando o céu noturno. Em seguida, lamentou:— Não estou vendo!
— Talvez não seja fácil detectar, mas pode usar outras constelações para encontrar. — Taehyung fez uma pausa, buscando no céu. — Como a Ursa Maior.
— Essa é fácil!
— Você pode traçar uma linha imaginária através delas, assim você encontra a Ursa Menor e a partir disso a Polaris.
Hyun seguiu as orientações do navegador.
— Estou vendo — disse, encarando um ponto fixo no céu. — Mas e se eu quiser me localizar durante o dia?
— Então você pode utilizar o Sol. A direção em que ele nasce todos os dias chama-se Leste, a que ele desaparece chamamos Oeste. Se você esticar o braço direito na direção Leste, pode encontrar o Norte à sua frente e o Sul logo atrás.
O Ômega fechou os olhos e se imaginou parado com os braços esticados. Ele sorriu, enxergando todos os pontos cardeais literalmente desenhados ao seu redor. Quando abriu os olhos havia um rosto bloqueando sua visão para o céu, e um par de olhos verdes encarando-o curioso.
— Você tá atrapalhando! — o Ômega riu, movendo os braços para que Taesung saísse da frente.
O Alfa estava em pé, deu alguns passos para o lado e sentou próximo ao navegador.
— O que vocês estão fazendo?
— Nos orientando através das constelações. — Hyun respondeu.
— Parece interessante.
— Imagine que você está perdido sob um céu como este — Taehyung ergueu o corpo sentando-se no pavimento —, como você encontraria o caminho de volta?
Taesung olhou para o alto e observou as estrelas. O fato de não haver nenhuma nuvem naquela noite, deixou o firmamento ainda mais bonito, com seus milhares de pontinhos luminosos. No entanto, a respeito da pergunta, para o Alfa, tudo parecia um enorme labirinto.
— Eu continuaria perdido. — Foi sincero, e encarou o Beta: — Por isso eu ando sempre com a bússola que o tio Sven me deu. Não que eu vá me perder dentro do Black Swan… nunca se sabe.
— Não sabia que Sven era tão sentimental. — Taehyung analisou a bússola e o entregou de volta. — É um bom equipamento.
— Ele também deu uma faca pro Jay.
— Que adorável esse Sven…
Os piratas estavam quase todos aguardando no convés, proseando enquanto a refeição não ficava pronta. O chamado no qual todos estavam aguardando saiu um pouco mais tarde naquele dia. O atraso no jantar foi devido a Jared ter conseguido a proeza de queimar o caldo de carne.
A cozinha estava com um ligeiro cheiro de queimado, que chegava até o compartimento em que os piratas faziam suas refeições. Parte do caldo queimado foi reaproveitado, o que deixou a comida com um leve sabor amargo. Porém, a atenção dos bucaneiros voltou-se para um comunicado feito pelo Capitão Jeon:
— Chegou a hora de voltar a Arbolgreen e continuarmos com a construção do esconderijo. Eu irei com os Alfas e Betas, com o Black Swan. Jimin ficará em Nabuco com seus Ômegas.
— O Forte foi erguido — Jimin comunicou. — Há muitas tripulações aqui, não deixaremos a Marinha tomar nossa República.
— E ainda tem o Kraken — Jungkook concluiu olhando para o filho. Jungwon sorriu nervoso. — Ou seja, qualquer galeão que tenha intenção de invadir Nabuco, será destruído. Seja pelos canhões do Forte ou por ele.
— Eu queria ficar com você em Nabuco… — Jay cochichou perto do ouvido de Jungwon, enquanto os piratas discutiam e davam suas opiniões sobre o comunicado. — Você parece tenso.
— Então… depois a gente conversa sobre isso. E não se preocupe, você ficará comigo em Nabuco.
— Mas seu pai disse que os Alfas irão com ele para Arbolgreen.
— Você quer ir? — O Alfa negou balançando a cabeça. — Então relaxe e deixe comigo.
— Estamos todos de acordo, então? — Namjoon perguntou, após todas as dúvidas serem esclarecidas. Os piratas concordaram. — Partiremos amanhã.
Ao fim da refeição, alguns deles seguiram conversando naquele recinto, tomando alguma bebida quente para se aquecer naquela noite fria. Os Capitães subiram para a cabine com seus respectivos contramestres, e também o navegador.
As crianças foram brincar no convés. Hyun passou a ficar mais à vontade com as Alfas, visto que toda cobrança em cima dele se foi, podendo então ficar mais à vontade com sua maneira de agir e interagir com o mundo.
Taesung estava sentado lendo as informações da época sobre os ossos do corpo humano. Às vezes, os piratas podiam ter bastante tempo livre enquanto estavam ancorados, isso os fazia observar melhor as coisas ao seu redor, e como consequência disso, tomar conta da vida alheia.
— Vai fazer catorze em breve né, Taesung? — Lourival sentou ao lado dele.
— Uhum.
— E os namoradinhos? — Fritz sentou do outro. — Nenhum Ômega do seu interesse? Ou quem sabe uma Beta.
— Hmm… não… — o mais novo sequer prestava atenção na conversa, estava concentrado na leitura. Ele ergueu o rosto para encarar Seokjin, que estava sentado na cadeira à frente dele: — É estranho que as crianças tenham mais ossos que os adultos.
— Menino, você tá ouvindo o que a gente tá falando? — Fritz o chamou.
— O quê? — Taesung olhou para ela.
— Você sabe que tá cada vez mais perto de ter seu primeiro rut, certo?
— Óbvio. Por que?
— A gente pode te ajudar com isso…
— Você é médica e eu não estou sabendo? — Seokjin perguntou. — Porque o jeito mais seguro de inibir o rut é com artifícios medicinais.
— Pff! Pra quê inibir se tem Folsom!?
— A gente pede pro Capitão e passa em Folsom antes de Arbolgreen. — Lourival disse ansioso. — Vai ser divertido, Taetae.
— Não estou interessado. Preciso estudar se quero ser um médico como o meu pai.
— Ah. Claro, como seu pai... Eu não estou incluído nisso — Seokjin dramatizou, magoado. — Já passei da validade.
— É que você ensinou a ele tudo o que sabe. Claro que eu gostaria muito de me tornar um médico como ele. Mas você… — ele fez uma pausa, lembrando da conversa que ouviu na proa. — Você é como a estrela Polaris da medicina. É o nosso Norte.
O Beta ficou um tempo sem saber o que dizer. Ele tinha conhecimento sobre a estrela que era bastante utilizada pelos navegadores ao Norte, pelo fato de a mesma permanecer fixa no céu. Era através dela que os navegantes se orientavam.
— Isso foi muito fofo, vem aqui — Seokjin tirou Fritz do caminho e abraçou o mais novo. — Meu pupilo protegido. Eu sou capaz de arrancar o coração de quem te fizer mal.
— Isso não foi um pouco exagerado?
— Quieto.
O Alfa riu, retribuindo o abraço. Seokjin sabia que ele o admirava, tanto quanto seu pai. Porém, Sungjae era o maior exemplo do mais novo, era seu herói. O Beta entendia isso, só queria fazer um pouco de drama.
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— … então ele desapareceu e foi embora. — Jungwon explicou para que Jay entendesse o motivo do Ômega ter ficado tenso quando o Capitão Jeon mencionou o Kraken. — E agora o Seboso também sabe disso.
— Ele não pode fazer nada. Sem falar que o Kraken não é uma arma. A gente dá conta da Marinha, e todas as tripulações que estão na Ilha também. Seu pai consertou o Forte. Vai ficar tudo bem.
— Gosto quando você é confiante assim… — Jungwon apoiou as mãos nos ombros dele, o beijou no queixo e depois na boca. Jay o envolveu mais firmemente, mas o barulho que alguns desocupados estavam fazendo na doca o distraiu de aprofundar aquele contato. — Que desagradável.
— Você quer voltar pro navio?
— Não, eu… — o Ômega parou observando os quatro Alfas que estavam fazendo toda aquela baderna. — Por que você não vai lá e diz a eles que estão incomodando?
— Eu?
— É. Vai lá e faz eles irem embora.
Jay olhou para os Alfas bêbados, eles pareciam mais três trogloditas das cavernas, com punhos semelhantes a martelos gigantes. Ele olhou de volta para o Ômega, observando as armas que ele empunhava.
— Eu acho que eles vão sentir mais medo de você.
— Você quer que eu vá falar com aqueles Alfas!? — Ergueu as sobrancelhas com espanto. — Eu, Jay?!
— Tem razão. Eu que devo fazer isso… — Ele olhou para os quatro Alfas novamente, respirou fundo e sorriu para o menor: — Eu já volto.
Jungwon sorriu de volta e observou o mais novo seguir até os bêbados baderneiros. Os Alfas sequer prestaram atenção quando Jay falou com eles pela primeira vez. Estavam rindo alto das baboseiras que falavam um para o outro.
— Com licença! — Jay aumentou o tom da voz. Os Alfas fizeram silêncio e olharam para ele. — Será que não podem fazer essa bagunça toda em outro lugar?
Os baderneiros trocaram olhares confusos, Jungwon se aproximou sem ser notado e parou atrás do Alfa mais novo, enquanto os bêbados ainda compreendiam o que estava acontecendo.
— Você tá dizendo que a gente deve ir embora? — Um deles perguntou.
— É isso mesmo, Lavapança. Esse cretino tá expulsando a gente.
— Hahahahah — o maior de todos se levantou, na tentativa de intimidá-lo. — Escuta aqui seu merdinha-... — ele notou um par de olhos prateados que o observava atrás do rapaz Alfa.
Jungwon o encarava de modo destemido e feroz, e uma fisionomia que transmitia uma gritante ameaça. O Alfa baderneiro deu um passo atrás e se afastou, ele olhou para Jay e depois para os outros que estavam com ele.
— Vamos embora — por fim, disse. Os outros entreolharam-se sem compreender, porém, seguiram-no.
— É isso mesmo! — Jay afirmou enquanto eles se retiravam. — Tá pensando que aqui é brincadeira?!
Jungwon sorriu, os olhos voltando à coloração natural. O Alfa virou-se de frente para ele, que já possuía o olhar mais inocente deste mundo, com seus olhos escuros, redondinhos e amáveis.
— Você viu? — O mais novo se exibiu. — Mostrei a eles quem manda aqui.
— Vi… — ele o beijou no pescoço. — Você foi incrível.
Jay sorriu à medida que o Ômega subia até a boca dele, deixando uma suave mordida no lábio inferior e o beijando logo em seguida. Estavam apoiados em um dos suportes que iluminava o cais.
Não havia ninguém além deles, os navios que estavam ancorados já haviam apagado suas luzes, incluindo do Black Swan. A maioria dos piratas foram descansar mais cedo, visto que no dia seguinte teriam de voltar à Arbolgreen.
— Nem acredito que isso tá acontecendo. — Jay afirmou, observando o olhar do menor franzir confuso.
— Do que está falando?
— Essa paz. A gente cresceu em meio a uma guerra. Sei lá… as pessoas andam por Nabuco sem temer um ataque. Talvez eu seja patético por pensar assim…
— Não, não é. Você tem o coração gentil — ele acariciou a face do mais novo. — E eu também gosto de como as coisas estão.
Jay sorriu para ele e o beijou carinhosamente na testa. Era bom poder ser ele mesmo. Ainda que tentasse esconder, seria uma tarefa impossível. Jungwon tinha a facilidade de enxergá-lo em sua profundidade.
— Tá ficando muito tarde. — O Alfa ponderou. — Melhor a gente voltar pro navio.
Jungwon concordou, embora quisesse passar o resto da noite e madrugada com o mais novo. Os dois retornaram para o Black Swan, onde encontraram Taehyung, Sarah, Eunji e Hyun no convés.
— Que estão fazendo ainda acordados? — Jungwon perguntou em relação às crianças.
— O Tae vai mostrar uma coisa bem legal que vai acontecer no céu, daqui a pouco — O Ômega mais novo explicou.
— O Hyun chamou a gente, nossos pais deixaram — Eunji completou.
— Podem se juntar a nós, se quiserem. — Taehyung disse.
Jungwon e Jay trocaram olhares, pensando na mesma coisa: se Hyun estava no convés, isso significava que o quarto dos Ômegas estava livre para eles dois ficarem juntos.
— Eu tô muito cansado… — Jungwon fingiu um bocejo. — Talvez na próxima.
— Amanhã o dia vai ser longo… — Jay articulou. — Preciso descansar.
— Sei — Taehyung olhou de um para o outro, sorrindo desconfiado.
Jay ficou tentando disfarçar, enquanto Jungwon simplesmente girou e desceu os degraus que levam às cobertas inferiores. À vista disso, ele correu para alcançar o Ômega, o que aumentou ainda mais a suspeita do Beta.
— O meu pai já consertou a janela do seu quarto? — Eunji perguntou a Hyun.
— Ele ainda está tentando. — O menino respondeu, em seguida, voltaram a observar o céu ouvindo as histórias do navegador.
Ao longo do corredor dos dormitórios, assim que o alcançou, Jay abraçou o Ômega pela cintura e seguiu com ele na direção do quarto do mesmo. Jungwon se empolgou e soltou um gritinho um pouco mais alto.
— Shh — o Alfa sussurrou. — Vai acordar os demais.
— Eles dormem feito pedras. Não tem ninguém acordado a essa hora… — assim que abriu a porta, os dois viram o Capitão Jeon dentro do quarto, de costas, encaixando uma haste para manter a pequena janela redonda fixa.
Jungkook girou a cabeça devagar, assim que notou a presença deles. Ele observou as mãos do mais novo firmemente ao redor da cintura do Ômega, depois olhou fixamente nos olhos dele. Jay automaticamente tirou suas mãozinhas dali, e as deixou atrás das costas.
— O que os dois estão fazendo aqui? — Ele virou-se completamente de frente para ambos.
— Este é o meu quarto…?
— E você, está perdido? — Jungkook moveu a atenção para o mais novo. — Quer ajuda pra encontrar o caminho do seu quadro?
— Não, senhor! Eu só… eu só vim acompanhar o Jungwon e desejar uma ótima noite para ele. — O Alfa inclinou-se desajeitado, na intenção de beijar o Ômega. Foi em direção a boca, depois mudou de ideia e desviou para a bochecha. Ele olhou para o Capitão que ainda o encarava severamente. — Então, é… boa noite.
— Boa noite. — Jungwon sorriu para ele, e o viu seguir pelo corredor até o próprio quarto, onde dividia com Taesung. Prontamente, ele virou para o pai assim que ficaram a sós: — Que está fazendo aqui?
— Estava quebrada — Jungkook bateu na janela de vidro.
— Hmm, estou vendo… você fez um ótimo trabalho, pai. Agora já pode ir. Boa noite e durma bem.
— Por que a pressa?
— Eu quero dormir, já está tarde. — O mais novo deitou na cama e pegou o cobertor.
— Não vai nem tirar as botas?
— Ah, eu esqueci… é que eu estou com muito sono… — Jungwon sentou-se na cama para removê-las.
O Alfa permaneceu parado, observando o filho se desfazer dos calçados. Diversos pensamentos invadiram sua mente, e todos eles levavam ao fato de que ele não queria ser avô nem tão cedo.
Em função disso, Jungkook decidiu que seria uma boa ideia ter uma conversa séria e instrutiva, de pai para filho. Ele sentou na cama ao lado do mais novo, e ficou olhando para o mesmo, até que o Ômega, sem entender, o encarou de volta.
— Algum problema, pai?
— Precisamos conversar.
Pelo olhar do Alfa, Jungwon já podia imaginar sobre o quê ele queria falar.
— Ah, não…
— Escute, há um momento na vida do Ômega em que ele… — Jungkook iniciou. A cada palavra dita, a expressão de constrangimento no rosto do mais novo tornava-se mais evidente. — O que eu quero dizer é… bom, os Alfas, eles… os Alfas… hm… — A boca dele se movia, mas não conseguia expressar exatamente o que gostaria de dizer. Ficou em silêncio por alguns segundos, encarando um canto qualquer do quarto, mas logo em seguida desistiu: — Boa noite.
Jungwon o viu se levantar da cama e deixar o quarto, como se nada tivesse acontecido. Apesar dele ter quase 19 anos, ter aquela conversa com o Ômega era bastante desconcertante, afinal, Jungwon ainda era apenas o seu garotinho.
Quando se viu só, o Ômega largou o corpo na cama e encarou as vigas de madeira que faziam o teto.
— Bem que eu poderia ter o meu próprio navio… — ele fechou os olhos e suspirou, imaginando ficar sozinho com Jay em algum momento.
“Para de ficar pensando nessas coisas e vai dormir.” — Disse o Kraken, na mente dele.
— Aaahh! Sai da minha cabeça! — Ele jogou o travesseiro contra o teto, a força da gravidade o lançou de volta em seu rosto.
Enquanto isso, assim que ouviu o Capitão passando pelo corredor em direção ao convés, em seu quarto, Jay voltou a respirar normalmente. Estava com os ouvidos colados à porta.
— Ufa, ele já foi. — Jay sentou na cama ao lado da do irmão. — Nossa… achei que eu fosse morrer.
— Vocês já ficam o dia inteiro grudados um no outro — o mais novo comentou sem mover os olhos do livro. — Vocês não cansam, não?
— Não tá muito tarde pra você tá estudando?
— Só mais um capítulo e eu prometo que vou dormir… — as últimas palavras saíram como um sussurro, à medida que Taesung adormecia, com o livro quase escorregando de suas mãos.
Jay o observou e negou com a cabeça. Seu irmão estava de tal modo focado, que às vezes mal dormia. Já estava ficando com olheiras e mais devagar, quando realizava outras atividades.
Taesung despertou ao sentir o livro ser puxado de suas mãos. Quando viu que estava com o mais velho, levantou-se para buscar no mesmo instante. No entanto, Jay sendo mais alto, ergueu o livro tirando-o imediatamente de seu alcance.
— Isso não tem graça!
— Não é pra ser engraçado, você tá cansado. Vai dormir.
— Não dá. Tenho que estudar. Você por acaso sabe o tanto de doenças que existem no mundo? É muita coisa pra decorar! E ainda tem tratamentos e-...
— Ei! — O mais velho interrompeu. — Vai com calma. O futuro não vai sair correndo, você ainda tem muito tempo pra concluir seus objetivos.
— Você que pensa. Num piscar de olhos ele está logo aí.
— Não vai estar, se continuar fazendo isso consigo mesmo. Está esgotado. — Não tinha como refutar. Ele sabia que Jay estava certo, então ficou calado. — Precisa descansar, e também se distrair um pouco, fazendo algo divertido.
— Tipo o quê?
— Hmmm… — Jay ponderou por algum tempo. — Já sei! Jungwon e eu vamos te ensinar a usar uma pistola.
— Não parece muito divertido.
— Amanhã você me diz… agora, direto pra cama.
Taesung fez como ele indicou. Estava tão cansado que logo adormeceu assim que fechou os olhos.
O frio não foi um incômodo, visto que Jay encaixou o cobertor em seu corpo, de modo que ficasse bastante confortável. Ele guardou o livro do irmão em cima da mesa de cabeceira, apagou a luz da lamparina e também deitou-se para dormir.
Na cabine dos Capitães, Jimin estava sentado diante da cômoda com espelho, com cuidados especiais para garantir sua beleza ao acordar. Ele viu quando seu Alfa entrou no cômodo, mas a princípio apenas ignorou, aquilo não era nenhuma novidade.
Contudo, através do reflexo do espelho, ele notou como Jungkook estava agitado. O Alfa xingou quando derrubou uma cadeira ao esbarrar nela sem querer.
— Você está bem? — Jimin estava sentado de costas para ele, mas o observava pelo espelho.
— Estou — ele olhou para trás conforme erguia a cadeira novamente. — Consertei a vigia no quarto dos garotos.
— Que bom.
— Encontrei o Jay tentando entrar no quarto do Jungwon. Eu não permiti, é claro. Você definitivamente precisa ter uma conversa com nosso filho. — Contou, enquanto removia o casaco, a camisa e as botas.
Jimin se levantou de onde estava sentado, para logo em seguida deitar em seu lado da cama.
— Apaga as velas quando terminar aí? — O Ômega pediu.
— Não vai dizer nada?
— O que você quer que eu diga? — Indagou confuso.
— Sei lá! Falei que eu impedi o Jay de entrar no quarto do nosso filho.
— Eu ouvi. Você já resolveu. Eles estão dormindo agora, certo?
— Sim. Eu acho… vou ver.
Estava prestes a vestir uma roupa novamente para deixar o quarto, quando foi impedido pelo mais novo:
— Vem aqui. — Jimin bateu a palma da mão no colchão.
Jungkook retornou para a cama, onde subiu no colchão e ocupou o espaço ao lado do Ômega. Jimin sorriu para ele, acariciou a bochecha e depois o cabelo.
— Você não teve essa cautela toda quando eu tinha dezenove anos também.
— É justamente por isso que eu estou preocupado. Sei muito bem como essas coisas funcionam.
— Jungwon é mais esperto do que você e eu juntos, e se ele quiser fazer algo, vai acontecer bem debaixo do seu nariz.
— Isso era pra me deixar mais tranquilo? Porque não funcionou.
Jimin riu.
— Já tive algumas conversas com ele sobre isso, se te deixa mais seguro. E o Jay não é nenhum vagabundo. Ele é um menino muito bom.
— Eu sei.
— Então não seja bobo. — Jimin tocou na face dele e ficou bastante próximo. Ele admirou o rosto do Alfa, conforme continuava: — Nosso filho está descobrindo o amor. E se depois de tantos anos, ele olhar pro Alfa dele como estou olhando em seus olhos, e ainda sentir o mesmo amor… então ele será o Ômega mais feliz desse mundo.
O Alfa entendia o que ele estava dizendo. No rosto de Jimin ele podia ver alguns sinais do tempo, mas o amor que sentia por ele era atemporal. Pela marca, ele sabia que o sentimento era mútuo.
Jungkook encaixou a mão na nuca dele e acariciou, aproximando-se para então beijá-lo suavemente nos lábios.
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Logo na manhã seguinte, Alfas e Betas se espalharam pelo convés à medida que preparavam o navio para zarpar. Arata ajudou Jared e Junbuu com as provisões de água e alimento, depois auxiliou Hoseok com a revisão dos canhões e morteiros.
Todos estavam colaborando, deste modo, o navio ficou pronto em questão de poucos minutos. Jimin levou seus Ômegas para uma pousada dentro da Fortaleza, onde ficariam hospedados durante a ausência do Black Swan.
Ainda na embarcação, Jungwon foi ter com seu pai, na intenção de convencê-lo a permitir que Jay permanecesse em Nabuco com os Ômegas da tripulação.
— Ele é um Alfa e assim como os demais seguirá para Arbolgreen. — Jungkook decidiu.
— Mas vai ser muito entediante sem ele aqui.
— Você vai sobreviver. — O Alfa ironizou.
Jungkook estava determinado a não atender àquele pedido. Porém, Jungwon era filho de Jeon Jimin, logo, sabia exatamente como reverter a situação. Ademais, ele possuía um lobo que era naturalmente astuto.
A solução não estava em conseguir convencer o Capitão Jeon, mas fazê-lo acreditar que a ideia de deixar o Alfa ficar em Nabuco fosse dele.
— Tudo bem… você tem razão, eu vou sobreviver. Aliás, você lembra do Lian, certo?
— Lian…? — O nome lhe era familiar, mas não estava lembrado exatamente.
— Uhum… aquele garoto aprendiz da Marinha. Na verdade, ele não é mais um aprendiz. Ele cresceu e agora é um oficial.
— Ele está na ilha?
— Oh, sim. E ele sabe exatamente como se divertir — Jungwon suspirou empolgado. — Mal posso esperar… vamos aprontar muito aqui em Nabuco!
Capitão Jeon manteve-se estático, observando o filho deixar a cabine. Pelo que estava lembrando, o garotinho da Marinha possuía um olhar forte e determinado. Imagina agora que já era um Alfa adulto, manipulado pela Marinha.
Jay era obediente, responsável, possuía os pés no chão e o mais importante: Jungkook confiava nele de olhos fechados. Por mais que não gostasse da ideia de deixá-los sozinhos por muito tempo, por outro lado, seria burrice mantê-lo afastado nessas circunstâncias.
Assim que Jungwon deixou a cabine para encontrar os Ômegas na Fortaleza, Jungkook procurou o Alfa quando repentinamente mudou de ideia quanto a ida do jovem para Arbolgreen.
— Jay, escute bem o que vou dizer… — ele se aproximou do mais novo, que mostrou-lhe toda atenção: — Você ficará em Nabuco, com os Ômegas do Capitão Jimin.
— Ainda bem! — A comemoração foi espontânea, mas logo ele voltou à postura de antes: — Quer dizer… sim, Capitão Jeon. O senhor quem manda.
— O Jungwon é… espirituoso.
— Não se preocupe. Cuidarei bem dele. Pode confiar.
O Capitão confiava, do contrário, eles não estariam tendo essa conversa. Entretanto, um último aviso não seria totalmente indispensável:
— Comporte-se.
O mais novo assentiu. Ele tentou conter a empolgação conforme deixava o navio para se encontrar com os Ômegas, temendo que Jungkook mudasse de ideia. Mas este já estava lidando com outra situação:
— Capitão, o navio está pronto para zarpar. — Namjoon avisou. — Podemos subir a âncora?
— Ainda não. Dahyun ainda não voltou do estaleiro com a peça da fechadura.
A mecânica havia encomendado um dispositivo, a mando dos Capitães, que seria usado para destrancar a câmara cujo tesouro do Black Swan estaria escondido. O objeto possuía o formato de um cisne cravejado de runas negras, em todo revestimento.
Eunji e Sarah acompanharam a mecânica até o estaleiro. Enquanto Dahyun lidava com a aquisição, as garotas circulavam pelo local, onde encontraram Lis, a filha mais velha do Representante.
— Olá. — A Beta chegou sorridente. Suas roupas estavam com marca de piche e óleo.
— Lis! — Eunji sorriu para a mesma, assim que a viu. — Que faz aqui?
— Gosto de ajudar o meu pai com os negócios. Costumo ficar mais tempo no estaleiro, auxiliando os mecânicos.
— Seu pai é dono da ilha toda?!
— Não. — A Beta riu. — Ele gerencia todos os negócios de Nabuco. Desde o estaleiro.
— A Zoe não vem com você?
— Ela fica mais em casa com nossa mãe. — Com o canto dos olhos ela viu Sarah observando uma fornalha com atenção. — Cuidado, está muito quente. Ela é usada para fundir coisas.
— Não me diga… você sabe como funciona?
— Sim, precisa de um molde e metal líquido.
— Meu avô era bom consertando navios.
— Jura, espertinha? — Lis brincou quando parou ao lado de uma bigorna. — O que é isso aqui?
Sarah olhou para a ferramenta sem fazer ideia do que era aquilo, depois encarou a Beta, sem paciência.
— Eu disse que meu avô era, não eu.
— Ai.
— Nossa, Sarinha… — Eunji tentou não rir.
— E a culpa é minha se ela faz perguntas estúpidas? — Ela deu de ombros, e seguiu observando o lugar.
— Não leva pro lado pessoal… — Eunji minimizou. — Ela é assim mesmo, um pouco…
— Rude? — Lis completou. — É, eu percebi.
A menina seguiu olhando para cada canto do estaleiro. Nunca esteve ali dentro antes, embora muitas vezes tenha passado pelo cais, enquanto o Black Swan estava ancorado. Sarah não sabia, mas aquele estaleiro era intimamente especial, pois pertenceu a Yejun Bonny, pai de Francis, seu avô.
— Vamos, meninas? — Dahyun chamou-as da porta.
Sarah seguiu seu chamado, e Eunji também. Antes de deixar a sala, ela olhou para trás, um pouco receosa.
— Há algo errado, Eunji? — Lis se aproximou.
— Não… quando ver a Zoe, pode dizer a ela que…
— Sim?
— Hm… deixa pra lá. — Ela dirigiu um sorriso gentil a Beta, antes de deixar o estaleiro.
Lis olhou pela janela e viu quando as três embarcaram no Black Swan. Poucos minutos depois, o navio zarpou do Porto de Nabuco, em direção a Ilha de Arbolgreen.
Continua…
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