[41] Guiando O Navio

Boa noite ❤ peço desculpas pelo meu sumiço, se preocupei ou deixei alguém esperando... Eu não estive bem esse tempo.

Eu recebi uma grande homenagem de alguns leitores e foi lindo demais, eu chorei muito pq realmente não esperava e ao mesmo foi tão abrasador que me ajudou a retornar a realidade. Obg por tanto carinho 💜

Só um aviso antes do capítulo: não existe nenhum interesse romântico entre as crianças atualmente. Pelo menos durante a infância delas.

Boa leitura:

Bath ainda gemia em meio às dores que percorriam por cada centímetro do seu corpo, enquanto Taehyung terminava de anotar suas revelações. Chanyeol apenas aguardava no recinto, completamente apático à situação do aprisionado.

— Acho que é isso… — Taehyung guardou suas anotações, reparou no preso e depois olhou para o ex caçador. — Vai deixar ele assim? 

Apesar de o interrogatório ter chegado ao fim, as dores do pirata continuavam lá com o tormento de ter seu corpo mutilado. O Beta sentiu compaixão e desejo de pôr fim àquele sofrimento.

Chanyeol deu de ombros, seu trabalho era apenas interrogar. Após isso, era preciso receber novas ordens do Capitão Jeon.

— Será que pode matar? 

— Por favor, faça isso!? — Bath implorou. — Quando Barba-Negra souber da minha traição, vai fazer muito pior.

— Vou perguntar pro Capitão. — Taehyung avisou. 

O Beta subiu até o convés, onde encontrou seu líder discutindo com Jimin algo sobre onde o novo passageiro iria dormir. 

— Com licença — o Beta ficou entre ambos. — O que devemos fazer com o prisioneiro? 

— Já conseguiram as informações? — Jungkook perguntou, o navegador confirmou com a cabeça. — Jogue-o no mar.

— Jogar quem no mar? — Jimin encarou os dois. 

— O comandante navegador do Adventure. — Taehyung respondeu. — Ele está todo… bom, o Chanyeol cuidou dele.

— Céus… — O Ômega virou-se para Jungkook. — No estado em que esse infeliz deve se encontrar, seria crueldade jogar ele no mar ainda vivo.

— E o que eu tenho a ver com isso? — Jungkook perguntou demonstrando o quanto não se importava com Bath Heins, ou qualquer outro.

Jimin piscou algumas vezes sem reação. Depois, mudou sua atenção para o navegador:

— Diz pro Chanyeol que mate ele antes de jogar no mar. 

Taehyung ignorou a ordem do Capitão Jeon, achando mais piedoso o que Jimin indicou. Ele assentiu e retornou para o local em que aconteceu o interrogatório.

— Às vezes você é muito cruel, sabia? — Jimin afirmou indo para a cabine, o Alfa seguiu logo atrás.

Não foi ouvido um único disparo de arma de fogo. Como todo caçador, Chanyeol prezava levar a morte aos seus adversários através da lâmina de uma katana. Com um único movimento, ele cortou a garganta de Heins Bath dando um fim ao seu sofrimento.

Taehyung deixou o Alfa lidar com o corpo de Bath e juntou-se em seguida com os capitães e seus respectivos contramestres na cabine, levando consigo as tão famosas rotas do lendário Barba-Negra.

— Ele tá em todo lugar — o Beta disse, mostrando no mapa. — Aqui, aqui, aqui também e ali principalmente. Em todos esses lugares há uma tripulação que pertence a ele.

— É por isso que ele sabe de tudo o tempo todo. — Namjoon avaliou. 

— Não apenas isso, Barba-Negra é realmente o líder do Submundo. — Taehyung revelou. — O que não é nenhuma surpresa para nós.

— Essas tripulações… e se cada uma delas for o dono de uma parte do Submundo? — Jisung ponderou. — Jimin, você e Baek mataram Signora. Ela era a dona do leilão.

— Então se a gente matar todos eles… 

— Calma aí… — Namjoon interrompeu o raciocínio de Jimin. —  Você não está pensando em simplesmente sair por aí matando tripulações piratas, certo? Isso é trabalho dos corsários. 

— Ele tem razão, Jimin — o Ômega mais novo opinou. — Já temos inimigos suficientes. Dar uma de corsários só vai conceder à Marinha vantagem sobre nós. 

— É como estar entre a cruz e a espada… — Taehyung suspirou. 

— Não posso voltar atrás — Jimin pensou em voz alta, olhando o mapa em cima da mesa. — Eu prometi que faria de Nabuco um lugar seguro para os Ômegas. 

— Ainda podemos fazer isso — Jisung tocou em seu ombro. — Assim como fizemos com a Ordem. Destruir o lugar e matar o líder. 

— Destruir o Submundo, você diz fisicamente? — Namjoon perguntou.

— Sim. — Jisung lhe deu atenção. — De acordo com relatos do Jimin e Baek, tenho uma ideia do que pode ser feito. O lugar é úmido e há poças de água pelo chão. Água do mar que mina das paredes, provavelmente. Sabem o que isso significa?

— Que podemos inundar o Submundo de Nabuco e invalidar seu mercado para sempre. — Taehyung respondeu e concluiu com um sorriso. — Sei de um Alfa que ama explodir coisas. 

— Ótimo — Namjoon concordou. — Mas não podemos esquecer do quanto o lugar é vigiado, e como é difícil circular lá dentro sem chamar atenção. Imaginem implantar explosivos. Sem falar que depois do que o Jimin fez, com certeza nossa tripulação não é bem vinda no Submundo. 

— Uma coisa é certa, Edward Teach está com os dias contados. — Jungkook afirmou, todos olharam para ele. O Alfa estava encostado em uma coluna, com os braços cruzados. — Ninguém tenta matar meu Ômega e sai ileso. 

— Já passou da hora dele ir visitar o irmão no inferno. — Jimin sorriu para ele. — Eu quero muito fazer isso. 

Jungkook suspirou profundamente, admirando o Ômega dos pés à cabeça. Era estranhamente sexy para ele ver seu Jimin ameaçando matar alguém. 

— Então… — Taehyung iniciou devagar. — Sobre o itinerário, já podemos descartar a Ilha em que encontramos um dos fragmentos para esconder nosso tesouro, é uma das rotas de Barba-Negra. 

— Veja um lugar mais oculto. Um que fique longe das rotas dele — Jungkook decidiu. — Enquanto isso, vamos continuar com os saques e depois seguiremos para Nabuco, para negociar.

Taehyung assentiu e se ocupou em guardar os mapas. Jisung e Namjoon deixaram a cabine juntos, ainda conversando mais sobre a ideia de inundar o Submundo utilizando as profundas águas do mar. 

— Sobre o menino da Marinha… 

— O nome dele é Lian, Jungkook. — Jimin corrigiu. 

— Que seja — o Alfa rolou os olhos. — Ele não vai ficar no mesmo dormitório que o Jungwon. 

— Eu já decidi.

— Mas não vai mesmo! Jimin, presta atenção, esse menino é mais velho, logo tem a mente mais trabalhada…

— Trabalhada em que? — O Ômega cruzou os braços. Taehyung fingia estar mexendo nos mapas para continuar ouvindo. — Você quer que ele durma onde, afinal?

— Você quer mesmo que eu responda? 

— Tae — Jimin o chamou.

— Eu? — O navegador girou para eles.

— Diga a ele o quanto está sendo ridículo. — Jimin cruzou os braços, esperando apoio.

Taehyung encarou o Capitão Jeon, que ao mesmo tempo o olhava desafiando a falar. 

 — Eu, hm… — o Beta foi salvo por batidas na porta. 

Seokjin entrou.

— Que história é essa de continuar com os saques? — O médico foi diretamente para o irmão. Ele cortou a visão que Jungkook tinha do navegador, logo o Beta aproveitou a distração e se retirou. — Então vamos ficar sei lá quanto tempo no mar, com um Ômega grávido? 

— Quê que tem? 

— Jisung está cada vez mais próximo de dar à luz. Dependendo do tempo que vamos continuar com os saques, seu sobrinho pode nascer em meio a um ataque. 

— Seria emocionante, na verdade. Uma boa história pra contar. 

— Jimin, dá um tiro nesse Alfa.

— Eu estou muito tentado a fazer isso, Jin. 

O Capitão franziu as sobrancelhas. 

— Mas o que eu fiz?!

— Mesmo que tenha se passado tantos anos, eu tenho certeza que você não esqueceu do sofrimento que seu Ômega passou ao sentir desprezo pelo próprio filho. É o mesmo que deseja ao seu cunhado? 

— Jisung não merece passar por isso… — Jimin lamentou. 

— Quanto tempo pra ele descansar? 

— Cerca de dois meses — Seokjin esclareceu. — Mas não se esqueça que Jungwon nasceu antes do tempo, devido ao estresse que Jimin passou. Foi um milagre que nada tenha acontecido aos dois. 

— Vamos ancorar. — Jimin decidiu encarando o Alfa. — Ficaremos quietos e em segurança até que Jisung descanse.

— Tudo bem. — Jungkook concordou, o abraçando de lado.

— Ótimo, vou avisar ao Sungjae. — O médico deixou a cabine. 

— Seu irmão terá aquilo que não pude dar a você. — Jungkook afirmou. — Segurança e estabilidade. 

— Não foi sua culpa — Jimin se apressou em dizer. — Eu que insisti que fosse libertar aqueles Ômegas da Fortaleza. Se tem alguém culpado é aquele maldito Almirante Zhang…

— Esse menino é filho dele. Desistiu de matar? 

— Não. — com a resposta, o Alfa ergueu as sobrancelhas. Jimin virou de frente para ele e explicou: — Entendo o choque, talvez em outros tempos eu não mataria mesmo. Não vou atrás dele, mas se cruzar nosso caminho novamente… 

O Ômega parou de falar quando a porta foi aberta. Jungwon era o único que entrava sem bater, e dessa vez não estava sozinho. Ele ignorou o olhar incomodado de Jungkook, indo direto para um baú. 

Os três Alfas que o acompanhavam ficaram juntos e próximos da porta, o coelho pulou acompanhando o Ômega, e ficou ao lado dele enquanto Jungwon procurava algo.

— Papai, você viu o mapa do Imperium por aí? Eu o perdi… Quero mostrar pro Lian.

— Sim, eu vi — Jimin caminhou até uma a mesa, abriu uma gaveta e retirou o mapa enrolado como um pergaminho. 

— Onde estava? — O menino correu feliz para receber, mas o mais velho cruzou os braços com uma expressão séria.

— Entre os livros que deixou espalhados pela popa. Quando vai aprender a organizar suas coisas? 

— Eu ia guardar… — Ele mexeu inquieto nos dedos, disfarçando. — Mas eu esqueci… 

Jungwon tentou pegar o mapa, mas Jimin tirou de seu alcance.

— Guarde seus livros primeiro.

— Tá bom… — com os ombros curvados, o pequeno Ômega saiu da cabine, sendo seguido pelos outros meninos e Puffy.

Jungwon costumava passar boa parte do seu tempo entretido com livros. Sempre que estava lendo um, ele encontrava algo que lhe chamava a atenção, e só continha uma explicação mais detalhada em outro exemplar. 

Era justamente por esse motivo que havia tantos livros espalhados pela popa. Alguns empilhados no canto, entre caixas, outros em cima delas. 

Puffy tentou roer um que falava sobre criaturas marinhas, mas foi impedido por Lian. Ele o pegou do chão e o acariciou à medida que observava os outros recolhendo os livros. Se ele deixasse suas coisas assim, o Almirante Zhang não seria tão complacente quanto Jimin.

— Abordar navios mercantes, invadir, pilhar, tomar o que é nosso… — Jungwon cantava enquanto empilhava alguns livros.

— Que música é essa?! — Lian perguntou perplexo. 

— Ouvi Jared e Billy cantando. — O Ômega respondeu. 

— Chanyeol enche o porão de sangue, e eu que tenho que limpar! — Um pirata resmungou descendo com balde e esfregão.

Lian parou e observou por um minuto o ambiente ao redor. Os marujos trabalhando pelo convés, não parecia muito diferente de marinheiros em um galeão da Marinha. Os piratas não eram tão bárbaros quanto ele imaginava, havia sim certa disciplina entre eles. 

Contudo, ainda eram piratas. Isso quer dizer, criminosos de alto risco. Ouvir a palavra "sangue" não foi um bom sinal para Lian. Claro, aquilo poderia ser de algum animal… se não fosse o fato de que estava a bordo de um navio pirata, onde um dos líderes era o terrível Capitão Jeon Jungkook.

Mas ele tinha um filho, certo? Com certeza o Alfa não iria expor o pequeno Jungwon a atividades tão sanguinárias. Pelo menos foi o que ele tentou conservar em mente.

— Não sabia que vocês levavam animais vivos em suas viagens, para abater em alto mar. — Lian comentou. — Na Marinha, costumamos levar carne defumada. 

— Do que está falando? — Jungwon franziu o cenho. Seu olhar preocupado desceu até o coelho e rapidamente o manteve por perto. 

— Aquele Beta disse que havia sangue no porão… imagino que seja de algum… — O próprio Lian parou de falar ao perceber os olhares confusos entre os três mais novos.  

— Um inimigo foi executado e jogado no mar. — O Ômega afirmou. — Parece que ele tinha informações importantes que meu pai precisava, mas não queria ajudar. 

Jungwon, Jay e até mesmo Taesung sabiam que um Alfa havia se machucado no porão, mas não exatamente como. Aquela era a realidade no qual eles foram criados, e com o tempo entenderiam mais detalhadamente como as coisas funcionavam. Mesmo assim, foi um pouco chocante para Lian ver o quanto os três levavam aquilo com tanta naturalidade, sendo tão mais novos.

Os meninos levaram alguns dos livros até a cabine, quanto ao restante eles devolveram ao proprietário, o navegador. Na volta para o convés, o olhar de Lian sobre a timoneira não passou despercebido por Jungwon, e ele se lembrou do quanto o Alfa tinha desejo em conduzir uma embarcação.

— Vem comigo — ele segurou na mão de Lian e o carregou consigo até o convés superior. 

Jay ficou parado observando a cena. Mesmo que Lian também seja seu amigo, ele se sentiu desconfortável. Em seus pensamentos, talvez a sua idade estivesse atrapalhando os dois mais velhos de fazerem coisas mais interessantes. Ele suspirou entristecido e voltou para as camadas baixas. 

— Chaerin… — Jungwon a chamou com o tom de voz de quem queria pedir alguma coisa. 

A Alfa moveu apenas os olhos para baixo, encarando cada um dos meninos com um semblante sério. Lian engoliu em seco, ela parecia muito intimidante. Por outro lado, ela era a timoneira do Black Swan, aquela que fazia uma frota inteira da Marinha passarem por meros idiotas, com suas esquivas brilhantes.

— Sim? 

— Você está ótima… — o Ômega elogiou, com as mãos juntas e inquietas atrás das costas.

A expressão dela foi se tornando mais amena, e um pequeno sorriso foi se abrindo pois sabia que Jungwon estava prestes a lhe pedir algo. O menino é igualzinho ao pai Ômega quando era mais jovem. 

— Obrigada. — Ela olhou para o Alfa, depois para Jungwon novamente. — O que estão tramando?

Jungwon ergueu as sobrancelhas, parecendo chocado. 

— Nada… — Ele suspirou, olhando ao redor. — Só queria apresentar meu amigo a nossa timoneira. Sabe, ele admira você.

— Sério? — Ela olhou para Lian.

— Sim, senhora. — O Alfa respondeu. — Meu pai a odeia, mas os comentários que escuto me deixaram fascinado. Pena que ele nunca me deixará guiar um navio. 

— O fato do seu pai não gostar de mim, é um grande elogio. — Ela sorriu. — Por que ele não permite? Ele é o Almirante, certo? Essa merda deve servir de alguma coisa.

— Ele acha que é inferior demais pra mim...

— Então ele deve ser muito incompetente, pra ser passado para trás por alguém tão inferior quanto eu. — Lian e Jungwon trocaram olhares rindo. — Vem aqui.

Lian olhou confuso para o Ômega. Jungwon o incentivou, gesticulando com a cabeça. Com passos incertos, o Alfa foi guiado pela timoneira. Chaerin indicou onde ele deveria segurar, o menino estava diante do leme, segurando com tanta firmeza que os nós dos dedos estavam evidenciados.

— Não precisa segurar tão forte — a Alfa sorriu. — O leme não vai sair correndo por aí. 

— Sim, senhora. Desculpa!

— Relaxe… Respire fundo. — Chaerin indicou. 

Lian fechou os olhos e fez como ela disse. Ele puxou uma grande quantidade de oxigênio, em seguida, liberou aos poucos. As mãos relaxaram em torno da madeira. O vento soprava forte quando ele abriu os olhos devagar.

Chaerin ainda se manteve atrás dele, segurando na volta mais alta do timão.

— Eu vou soltar… — ela avisou. Lian a olhou um pouco hesitante, mas assentiu. — Tranquilo. Mantenha o curso.

Chaerin liberou o timão, Lian sentiu a mudança assim que se viu sozinho. Ele estava guiando o navio, a princípio pareceu um pouco assustador. O Alfa podia sentir o aparelho vibrar a cada onda mais forte que acertava o casco do Black Swan.

O mar estava ligeiramente tranquilo, e o corpo de Lian inteiramente travado. Pés firmes no chão e os braços esticados, segurando o leme com a firmeza de quem sentia medo de perder o controle.

— Continue, você está indo muito bem — Chaerin afirmou. — Apenas aprecie a vista.

O menino assentiu e olhou à sua volta, ficando sem palavras com a visão que teve. À sua frente estava todo o corpo da tripulação trabalhando ou seguindo caminho pelo convés, até a proa, cada um desempenhando sua função. 

As velas escuras continham o vento forte, que levava a embarcação velozmente em uma única direção. Naquele instante, Lian sentiu-se no controle de tudo, e entendeu a grande responsabilidade do timoneiro de um navio.

— Nossa… — ele suspirou.

— Incrível, não é? — Chaerin se abaixou ao lado dele. 

— Sim… — eles ficaram em silêncio, observando o Black Swan percorrer sozinho a imensidão azul. — Parece até que tenho o mundo nas mãos.

Lian sentiu como se estivesse voando sobre o oceano. O nome daquele navio nunca fez tanto sentido, para ele, como naquele momento. 

— Pelas barbas de Netuno! — Fritz exclamou quando viu o menino guiando sozinho a embarcação. — Onde está a timoneira?! 

Lian ficou tenso, mas não largou o leme. Ele sabia que o navio poderia perder o curso se soltasse o aparelho tão de repente. Jungwon franziu o cenho, incomodado com o tom utilizado pela Alfa.

— O que você quer? — Chaerin se levantou. Ela apoiou a mão no ombro de Lian e manteve o contato. Com isso, ele ficou menos tenso.

Fritz encarou a outra Alfa de forma intensa, com a intenção de intimidá-la. Chaerin manteve o olhar. 

— Deixando uma criança guiar o nosso navio?

— O que você tem a ver com isso?

— Você não deve fazer esse tipo de coisa. Está nos colocando em risco!

— A timoneira do Black Swan sou eu, não você. Sei o que estou fazendo.

— Parece que não… Ainda bem que eu vi essa palhaçada. Se qualquer merda acontecer eu faço você se arrepender.

Chaerin avançou alguns passos, até ficar a poucos centímetros da Alfa. Fritz esperou por algo vindo da timoneira, mas Chaerin apenas a encarou intensamente, defendendo sua posição. 

— Não me ameace… — ela advertiu pausadamente. 

Fritz sorriu com deboche, desviando o olhar até o menino que ainda guiava a embarcação. Ela cruzou os braços e negou com a cabeça.

— O Capitão não vai ficar satisfeito quando souber que um membro da Marinha está guiando o Black Swan. 

— E o que está esperando? Vai contar. — Jungwon enunciou tranquilamente. — Acha que alguém aqui tem medo de você?

Fritz ergueu as sobrancelhas e olhou para baixo, mirando o Ômega. Jungwon a encarava diretamente nos olhos. Era curioso como aquela criança tão fofa, às vezes parecia tão ameaçadora. Jungwon é um lúpus, mas ainda uma criança. Porém, o lobo dele era poderoso e isso transparecia no olhar do pequeno.

— Eu estava falando com a Chaerin. — Fritz relaxou, regressando alguns passos. 

— E eu estou falando com você. — Jungwon respondeu. — Vá e conte aos meus pais. Se quer saber, eles estão na cabine.

A Alfa engoliu um rosnado e voltou a encarar a timoneira. Seria humilhante ignorar aquilo, ainda mais vindo de uma criança. Fritz deu meia volta e desceu as escadas, seguindo na direção indicada.

— Eu acho melhor você assumir o controle — Lian deu caminho a Alfa. 

Dentro de alguns minutos, Jimin surgiu subindo as escadas, Fritz o seguia logo atrás. Ela chamou o Capitão Jeon, entretanto, o mesmo se encontrava arquitetando um mapa com Taehyung, e pediu para que seu Ômega resolvesse o impasse com a timoneira. 

Jungkook estava tão concentrado em criar um mapa capaz de confundir qualquer um que tentasse descobrir onde sua riqueza estivesse guardada, que ignorou completamente a informação sobre o garoto aprendiz da Marinha.

— Qual o impasse? — Jimin perguntou. 

— Esse menino estava guiando o navio — Fritz apontou para Lian. — Nos colocando em perigo.

— Sério? Estou impressionado. Não senti qualquer mudança na viagem. — O Capitão expressou. — Quando meu irmão experimentou o leme pela primeira vez, foi um desastre.

— Aquilo foi terrível. — Chaerin riu, lembrando-se. — Minha alma quase deixou meu corpo.

— Ah, vamos lá… Dê um crédito a ele. Estávamos em um mar turbulento.

— Com licença — Fritz chamou. — O que vai fazer a respeito?

— Já pode ir. — Jimin afirmou sem dar atenção a ela.

— Mas-... — Fritz parou quando o lúpus girou a cabeça para encará-la.

— Eu disse que já pode ir. — Fritz hesitou, pois queria ver a timoneira ser punida. Jimin viu o contramestre de seu Alfa circulando pelo convés quando teve uma ideia. — Namjoon, a Fritz está procurando pelo que fazer, talvez você possa ajudar...

— Fritz? — O Alfa olhou para cima. — Ótimo, tem muito trabalho a ser feito.

Jimin suspirou satisfeito, voltando a encarar a referida. Fritz manteve a pose, descendo até o contramestre para receber ordens.

— Obrigado, papai. Essa Fritz é uma chata.

O Ômega mais velho sorriu para ele, alisando seu cabelo. Em seguida, ele olhou para Chaerin.

— Não há problema algum em deixá-los guiar o navio um pouquinho. Só continue tomando muito cuidado para que eles não se machuquem, ou que não causem nenhuma catástrofe.

— Claro, Jimin. Pode deixar. 

— Catástrofe? — Jungwon cruzou os braços. — Não acha que está exagerando?

— Eu conheço bem o filho que tenho.

— Ele certamente tem a quem puxar. — Eles ouviram a voz de Jungkook logo atrás.

Jimin ergueu as duas sobrancelhas e girou o corpo devagar. O Alfa obviamente estava falando dele e de sua incomparável capacidade de se meter em grandes confusões. 

— Está dizendo que sou mau exemplo? — Jimin apoiou as mãos no quadril e observou o Alfa dos pés à cabeça.

Jungkook tentou não rir com a cena. Era muito evidente quando seu Ômega tentava reverter a situação. 

— Sabe que isso não é verdade. — Ele estendeu a mão. — Venha comigo, preciso da sua opinião sobre o que estamos decidindo.

— Depois venha para fazer suas lições — Jimin beijou o filho no rosto. — Traga Jay e o Taesung também.

— Tá bom, papai. — Jungwon assentiu vendo o Ômega se afastar. — O Jay! — Ele buscou ao redor, Lian também fez o mesmo.  — Onde ele está?!

— Vi quando ele desceu pela escotilha quando vocês subiram até aqui. — Chaerin informou. 

— Ah, não… Por que ele não nos seguiu? — Jungwon perguntou, Lian deu de ombros. 

O Ômega ficou pensativo por um tempo, em seguida, moveu-se na direção em que Jay havia seguido, Lian o acompanhou.

No corredor dos dormitórios, eles passaram por alguns marujos, que falavam sobre o fim que teve Heins Bath. Lian se lembrou de algo que o incomodou, ele tocou no braço de Jungwon, o incentivando a parar também.

— Você sabe o que é um execução?

Jungwon franziu o cenho pela pergunta repentina. Mas permaneceu impassível quando respondeu:

— É o processo que leva o condenado à morte. 

— Eu sei, mas… você sabe como acontece?

— Depende… Aqui se dá pela prancha… O condenado caminha sobre uma viga de madeira até a outra extremidade — Jungwon simulou dando alguns passos firmes à frente. — E bum! — O Ômega deu um pulo. — Ele cai no mar. 

— Por Deus… você já presenciou?

— Algumas. 

Jungwon esperou por mais algum questionamento, tendo Lian permanecido em silêncio, ele continuou seu caminho. Com isso, o Alfa também marchou na mesma direção.

O Almirante Zhang já havia forçado seu filho a presenciar execuções na praça, algumas foram tão violentas que lhe tiraram o sono quando era mais novo. Lian sentiu medo por Jungwon. Medo que o menino se tornasse um daqueles piratas dementes, por ter presenciado tamanha selvageria desde tão novo.

Em algum momento mais apropriado, quando tivessem alguma privacidade, ele tentaria convencer o Ômega a ir consigo quando a Marinha os encontrasse. Para que Jungwon pudesse crescer em uma sociedade, em sua opinião, mais civilizada.

Jungwon abriu vagarosamente a porta do quarto que dividia com Jay, Taesung e Puffy. O pequeno Alfa estava sentado no cantinho do chão, no local em que as paredes se encontravam. O coelho estava deitado ao lado, sendo acariciado por ele.

— Jay... — O Ômega chamou suavemente enquanto se aproximava. — Por que está aqui sozinho?

— Não estou sozinho. Estou com o Puffy.

Jungwon sentou no chão, de frente para o Alfa. 

— O que há com você? Está diferente…

— Nada… — Jay deu de ombros. — Achei que estivesse ocupado com o Lian, então eu vim pra cá. Não queria atrapalhar vocês.

— E quem disse que você atrapalha alguma coisa? — Jungwon indagou chocado. Ele olhou para Lian, o Alfa estava igualmente confuso. — Jay, olhe para mim — o mais novo fez como indicado —, você é essencial em qualquer momento. Nunca mais repita isso.

— Então você não se cansou de mim?

— Claro que não, mas que Alfa bobo! — Jungwon puxou as mãos dele e as manteve entre as suas. — Você continua sendo a minha pessoa favorita em todo o mundo, e nada vai mudar isso. Nada e nem ninguém! Está me ouvindo?

— Sim.

— Ótimo. — O Ômega sorriu. — Vou te dar uns cascudos se voltar a dizer essas coisas. 

— Não, não! — Jay encolheu os ombros e protegeu a cabeça com as mãos. — Não voltarei a dizer essas coisas, eu prometo!

O Ômega se levantou do chão, o mais novo fez o mesmo.

— Pensei que fosse querer uma revanche — Lian falou com Jay. — Eu te venci na minha casa.

— Verdade… Como eu não lembrei disso!? — Jay refletiu. Ele sorriu quando completou: — Eu venho treinando com o Capitão Jeon. 

— Então é melhor eu tomar muito cuidado. — Lian tentou falar sério, os outros dois riram.

— E se dessa vez a gente usar armas de verdade…? — O Ômega sugeriu. Jay e Lian o encararam ao mesmo tempo, perplexos. — Estou brincando...

Jungwon rumou para fora do quarto, em busca de seu tio e sendo seguido pelos dois Alfas.

Continua...

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top