[35] Novo Membro

Alguns dias se passaram desde a definitiva conversa, onde Bob e seus companheiros deixaram de utilizar adjetivos maldosos para se referir ao médico Ômega da tripulação. Mesmo quando estavam apenas entre si, os piratas deixaram o costume de chamá-lo de prostituto.

- Obrigado, Jimin. Eu ignorava a maioria das vezes, mas irritava o jeito que eles me tratavam - Sungjar disse. - Como se eles fossem melhores do que eu.

- Você conversou com seus filhos sobre isso? - Jisung quis saber.

Os Ômegas estavam juntos na proa, absorvendo os primeiros raios de sol daquela manhã. Alguns marujos já trabalhavam pelo convés, um pouco distante.

- Não. Scott acha que não devo e eu concordo. Isso ocorreu antes de eu ter um caso com o Capitão, nossa, faz anos...

- Oh, céus! - Jimin se desequilibrou, só não caiu no chão porque usou as mãos para se apoiar em uma das caixas.

- Você está bem? - Jisung precipitou-se com as mãos cobrindo a barriga.

- Estou bem, não se preocupem - o lúpus ergueu as mãos. Sungjae o ajudou, Jimin o encarou. - Às vezes eu esqueço que você e o Jungkook já...

Sungjae sentiu o sangue de seu corpo concentrar-se no rosto. Ele olhou para os outros Ômegas, depois para Jimin novamente.

- Se você quer saber, o Scott é bem melhor. - Ele deu de ombros, fazendo o clima voltar ao normal.

- Ah, eu duvido muito. - Jimin riu.

- Gente - Jisung chamou -, vocês estão constrangendo o Arata.

O Ômega em questão desviou o olhar fingindo não prestar atenção na conversa, mas suas bochechas ruborizadas indicavam o contrário. Com isso, eles mudaram o assunto e continuaram conversando até Jimin ser chamado na cabine, pelo Capitão Jeon.

Um mapa estava aberto sobre a mesa, e presentes no cômodo estavam os dois capitães, o contramestre e o navegador. Haviam alguns pontos marcados em vermelho no mapa e outros em amarelo.

Jimin observou que os lugares em evidência costumavam ser a rota de alguns galeões coreanos, tanto na época em que viajava com seu pai, quanto nos anos em que atuou na pirataria.

- Saques? - O Ômega supôs. - Achei que a gente ia pra Cabuga atrás da Gama.

- Ela já não existe mais, Jimin - Jungkook informou. - Jackson disse que a matou quando eu dei a entender em uma conversa que veríamos ela novamente.

Jimin acertou a testa com a mão, frustrado. Ele relaxou quando o Beta lhe envolveu os ombros com o braço dele.

- Não se preocupe, Jiminie. Existem muitas Gamas por aí.

- A questão é, por aí aonde?

- Por aí... pelo mundo afora - Taehyung deu de ombros. - Só não vamos encontrar nenhuma, parados aqui em Nabuco.

- Por isso que nós vamos aqui... - Jungkook mostrou um lugar no mapa. - Quero encher os porões do Black Swan. Imaginem criar o próximo Imperium.

- Oh... - os olhos de Namjoon brilharam.

- Imaginem superar o tesouro de Francis Bonny... - Jimin pensou em voz alta.

Todos os olhares se dirigiram a ele. A fortuna do famigerado pirata jamais foi ultrapassada. A quantidade de ouro era tamanha, que levaram vários anos para que finalmente toda quantia fosse usada pela tripulação do Black Swan, sendo uma parte ainda roubada pela Marinha chinesa.

- Impossível não é... - Taehyung articulou. - Mas precisamos de um bom lugar pra começar a guardar. Isto é, um excelente esconderijo.

- Lugares não faltam - Namjoon estudou o mapa, em seguida encarou Jungkook. - Mas, ainda não temos um tesouro para esconder.

- Prepare o itinerário. - O Capitão ordenou.

Taehyung colocou sua bússola dourada sobre a mesa e abriu mais dois mapas menores, com mais detalhes sobre a pequena região demarcada no atlas maior. Com uma pena e um tinteiro a disposição, o navegador passou para o livro provisório as novas rotas estabelecidas.

Namjoon deixou a cabine para reunir a tripulação e contar sobre a decisão do Capitão. O próximo passo era abastecer o estoque de água potável e comida, para o tempo em que estivessem em alto mar. Junbuu e seus ajudantes ficaram responsáveis por tal tarefa.

- Vocês dois passam bastante tempo conversando, hm? - Jared cutucou Arata com o cotovelo.

Os dois andavam lado a lado pelo mercado, Junbuu estava um pouco atrás com uma prancheta, controlando o que estavam comprando.

- Ele é muito gentil. - Arata disse.

- E você também costuma servir mais carne pra ele - O Alfa comentou baixo para que o cozinheiro não ouvisse. - Eu percebi. Quer ganhar o Sven pela carne.

- Jared! - Arata tentou repreendê-lo em um cochicho. - Não é bem assim...

O Alfa sorriu malicioso. Estava prestes a fazer um novo comentário, quando Junbuu de repente indicou ao Ômega:

- Dá uma olhada naquelas cenouras, se estiverem boas o bastante para uma temporada no mar, compre uma caixa. - Ele lhe entregou algumas moedas.

Arata se afastou na direção da quitanda, onde ficou estudando a situação dos legumes. Junbuu aproveitou o momento a sós com o Alfa.

- Jared, fica de olho nesse Sven.

- Por que?

- Porque eu estou mandando.

- Ownt, o velho Junbuu está com ciúmes... - O Beta acertou com a prancheta na cabeça de Jared. - Ai!

- Deixe de conversa fiada. Eu só não quero que esse Alfa sem vergonha atrapalhe o serviço do menino na cozinha. Apenas isso.

Jared franziu o cenho. Conhecia Junbuu o suficiente para entender que ele estava preocupado, o que era algo muito raro. Comumente, o cozinheiro não se importava com o que a tripulação fazia ou deixava de fazer. O próprio Jared era prova de que o Beta não ligava para o que seu ajudante fazia fora da cozinha. Se Junbuu o tinha como um filho, parecia que Arata estava se tornando o mesmo para ele.

No caso do Ômega, havia um cuidado em particular que ele prontamente compreendeu. Jared era um Alfa, logo sabia o quão degenerados poderiam ser, todavia, ele confiava em Sven.

- Comprei as cenouras, Junbuu - O Ômega retornou sem fazer ideia da conversa que eles tiveram em sua ausência. - Pedi que levassem a caixa pro deque.

- Viu, Jared? É assim que se faz. Aprenda com ele.

Assim que o Beta seguiu para a próxima quitanda, Jared rolou os olhos e Arata segurou o riso. No momento em que Junbuu se deu por satisfeito com a quantidade de alimento adquirido, os três retornaram para o Black Swan.

Alguns Alfas ajudaram a levar as cargas compradas para o porão. Com o estoque de comida e água potável abastecido, cada pirata ocupou-se em um serviço para levar o Black Swan de volta aos mares, assim que o navegador mostrou o novo itinerário para Chaerin.

🏴‍☠️

Algumas horas após zarpar da Ilha de Nabuco, o navio estava seguindo rumo ao norte, abaixo da costa japonesa. Fazia muito tempo desde que o Black Swan navegou tão próximo da Coréia, mas a tripulação esperava que os galeões que costumam conduzir tesouros naquela região, continuassem seguindo aquelas mesmas rotas.

Depois do trabalho duro, o cansaço aliou-se à fome e os piratas se reuniram no convés, para esperar a próxima refeição enquanto discutiam sobre o próximo saque.

Na cozinha, Junbuu já liderava os serviços para alimentar a tripulação faminta. Arata estava cuidando da grande panela de arroz enquanto o Beta adicionava alguns condimentos. A mando do cozinheiro, Jared foi em busca das batatas para que pudessem preparar a comida preferida dos bucaneiros, carne de porco assada, com batatas.

O Alfa não reclamou. Sabia que alguns ratos às vezes circulavam pelo estoque e Arata tinha muito medo deles. Os roedores costumam entrar nas embarcações escondidos dentro das cargas, e se reproduzem tão rapidamente que se torna impossível sua total extinção do navio.

Jared cantava alguma música com a garganta quando chegou na dispensa. Ele colocou uma pequena cesta ao lado, para adicionar algumas batatas dentro. Assim que abriu a caixa que guardava os tubérculos, o Alfa se assustou ao ver algo escondido lá dentro. Não era um rato, mas sim, um Ômega macho.

O Ômega segurava firme uma pequena faca, e parecia disposto a utilizá-la. Jared, por sua vez, puxou uma pistola e apontou para ele, fazendo com que o desconhecido descartasse qualquer possibilidade de ataque.

- Quem diabos é você? - O Alfa inquiriu. O Ômega não respondeu, permanecendo imóvel. - Junbuu, vem aqui rápido.

O Beta se aproximou, junto com ele estava um curioso Arata. Ele olhou com grande espanto para o Ômega, logo em seguida para dentro da caixa onde o mesmo estava.

- Onde estão minhas batatas?

- Batatas? - Jared soou mais surpreso ainda. - Você não está vendo que tem um Ômega bem aqui?!

- Isso eu já vi! O que não estou vendo são as minhas batatas. - O velho apontou o facão na direção do Ômega. - Onde elas estão?

- Desculpe, eu retirei as batatas pra me esconder aqui. - O Ômega confessou.

- Jared, pode atirar nele.

- Ficou maluco? Quem decide isso é o Jimin, eu acho. Ou o Capitão... é isso o que vamos ver. - Jared indicou para que o Ômega saísse de dentro da caixa. - Devagar. Primeiro uma perna, depois a outra.

O Ômega fez como indicado. Jared manteve a pistola apontada na direção dele o tempo todo.

- Agora larga essa faca no chão, com cuidado - O Alfa continuou instruindo. - Muito bem. Arata, vê se ele ainda está armado.

Arata deixou a panela de arroz e fez como Jared disse. Ele apalpou todo corpo do outro Ômega até ter absoluta certeza de que ele não possuía nenhuma arte que colocasse em risco a vida de qualquer marujo.

- Vem comigo - O Alfa indicou. - Vai na frente. Mãos onde eu possa ver.

O Ômega ergueu as mãos como lhe foi ordenado e seguiu devagar, sem fazer movimentos bruscos. Jared apanhou a faca do chão, e seguiu praticamente colado a ele, subindo as escadas até chegar no convés, diante da porta da cabine dos capitães. Ele bateu na porta sendo recebido por Jungkook, segundos após.

- Quem é esse? - Capitão Jeon o olhou confuso.

- Não sei. Eu encontrei ele dentro da caixa das batatas.

- Jimin. - O lúpus chamou, ainda obstruindo a passagem. - Vem aqui.

Demorou alguns segundos para o Ômega loiro surgir na porta, ao lado do Capitão Jeon. Buscou reconhecer no Ômega algum traço conhecido, mas nunca o tinha visto antes. Ele encarou Jungkook cheio de incerteza, depois olhou para Jared, esperando o mais velho explicar quem era aquela pessoa a qual mantinha sob a mira de uma pistola.

- Encontrei ele escondido dentro de uma caixa de batatas. Estava com essa faca. - Jared entregou objeto a Jungkook.

Jimin olhou para seu Alfa novamente, o moreno fez o mesmo.

- O que vai fazer? - Jungkook perguntou. Ele mesmo já tinha uma ideia do que faria com aquele Ômega.

- Pode nos dar licença?

Jungkook hesitou.

- Ele não está armado - Jared esclareceu. - Já me certifiquei disso.

Com o informado, só então o Alfa lúpus deixou a porta da cabine. Jimin indicou para que o Ômega entrasse na frente, ele o fez de cabeça baixa, evitando os olhos atentos de Jungkook que se mantiveram sobre ele até o momento em que Jimin fechou a porta.

Dentro da cabine, Jimin caminhou até uma das cadeiras próximas da mesa e girou o assento na direção dele. O Ômega entendeu que era para ele sentar-se ali, se aproximou devagar e ocupou o lugar concedido a ele, de costas para o loiro.

Jimin contornou a cadeira até ficar diante dele. Como os braços cruzados, a visão que o outro Ômega tinha de si era bastante ameaçadora. Naquele momento, Jimin não esboçava seu natural semblante doce e amigável. Estava com um olhar desconfiado, porém, atento. As duas pistolas visivelmente exibidas em seu coldre fizeram o que estava sentado permanecer calado.

- Sou Jimin - o Ômega iniciou. - E você, quem é?

- Eu me chamo Eddie.

- O que pretende?

- Senhor? - O Ômega fez-se confuso. Jimin permaneceu calado, esperando ele responder. Ele limpou a garganta antes de continuar: - Quero entrar pra tripulação.

- Quer que eu acredite nisso? - Jimin apoiou as duas mãos em ambos os braços da cadeira, e inclinou o rosto até ficar mais próximo do Ômega. - Eu quero a verdade, Eddie.

- Estou falando a verdade, por favor, acredite em mim! Eu pretendia falar com você, mas tinham muitos Alfas no deque, fiquei com medo. Achei mais seguro entrar escondido. Vi um Ômega na cozinha mas sempre tinha um Beta ou um Alfa com ele. Esperei que ficasse sozinho para que assim eu pudesse pedir para que ele me levasse até você. Mas o Alfa me encontrou primeiro.

- Por que a faca?

- Para me defender.

Jimin se afastou e encostou-se na mesa. Ele suspirou relaxando o corpo enquanto ponderava. A atitude do Ômega foi suspeita, mas entendia que o medo às vezes leva as pessoas a cometer atos estranhos, para se obter algum resultado.

- Se estava com medo dos Alfas, por que entrar em um navio onde eles são a grande maioria?

Eddie demorou alguns segundos para responder.

- Eu sabia que há Ômegas fortes na tribulação. Sei sobre seu feito e a Capitã Signora. Quero ser um de vocês.

Jimin ficou pensativo mais uma vez. Caminhou pela cabine e passou as mãos no cabelo. Era loucura mas de alguma forma aquilo estava fazendo sentido para ele. Principalmente quando se está sob influência de um forte desejo de proteger os Ômegas.

- Espere aqui. Eu volto logo. - Ele deliberou. Na porta, Jimin chamou por alguém que não assustaria Eddie, mas que também não hesitaria em matar caso ele oferecesse algum perigo. - Chanyeol, pode ficar de olho nele por mim? Só por uns instantes.

- Claro. - O Alfa sorriu agradável como sempre.

Eddie engoliu em seco ao ver o Alfa entrando na cabine. Jimin esclareceu:

- Ele não vai machucar você, a menos que seja estúpido suficiente para se levantar dessa cadeira.

- Não vou levantar. - Eddie prometeu.

- Que bom. - Jimin sorriu um pouco, depois saiu da cabine deixando ele sozinho com o Alfa.

Chanyeol permaneceu próximo a porta. Ele acenou descontraído para o Ômega, o que fez com que Eddie ficasse menos tenso com sua presença.

Do lado de fora, Jimin foi em busca de seu Alfa. Jungkook caminhava tranquilamente pelo convés, analisando as boas condições de tempo. O loiro foi até ele a fim de obter algum conselho, já que o mais velho possuía anos de experiência como Capitão de um navio que jamais naufragou, em todos os sentidos.

O Alfa notou sua aproximação, e esperou até que Jimin chegasse mais perto para perguntar:

- Onde está o Ômega?

- Ainda na cabine, com o Chanyeol. Seu nome é Eddie e ele pediu pra se juntar a tripulação... - o loiro contou sobre a conversa que teve com o mesmo. - O que você faria?

- Ele invadiu o meu navio. Eu faria ele caminhar na prancha.

- Pensei que não matasse Ômegas inocentes.

- Um Ômega que invade o Black Swan não é inocente.

- Céus... Mas ele não feriu ninguém.

- Porque não teve a chance. Jared o encontrou.

Jimin franziu as sobrancelhas.

- Espera... eu li no diário de bordo que você aceitou o Yoongi logo após ele tentar matá-lo.

- Foram bons tempos... - Jungkook riu lembrando-se do fato. Em seguida, ele massageou os ombros tensos do mais baixo.- Escute, quando não tenho certeza do que fazer, eu reúno a tripulação e ouço a opinião de cada um, então decido o que considero melhor para todos. Faça isso, reúna seus Ômegas, ouça o que eles têm a dizer sobre isso e tome uma decisão.

- Você tem razão. É isso! Por que não pensei nisso antes?! - Jimin virou-se para ir embora, mas no último segundo girou de volta e beijou o Alfa carinhosamente. - Obrigado, Jungkookie!

O Alfa sorriu sentindo o aroma de jasmim se afastando conforme o loiro buscava pelos demais Ômegas. Jungkook olhou na direção da cabine e logo em seguida voltou a observar o horizonte.

Jimin reuniu todos os Ômegas na popa do Black Swan. Até mesmo Arata, que apesar de ser o membro mais recente da tripulação, recebeu a oportunidade de opinar pela primeira vez sobre uma decisão.

Assim que todos se acomodaram na parte de trás da embarcação, Jimin contou sobre Eddie. Arata lhe ajudou com os detalhes do que aconteceu na cozinha, e o loiro concluiu transmitindo a conversa que teve com o Ômega na cabine.

- O que quero é a opinião de vocês. - Jimin revelou.

Arata olhou para os demais, esperando algum se pronunciar primeiro. Jisung encarou algum ponto do navio, pensativo, Baekhyun olhou na direção da cabine, também parecia estar pensando em algo, enquanto Sungjae parecia o único certo do que fazer. Ele foi o primeiro a opinar:

- Acho que ele merece uma chance.

- Por que? - Baekhyun voltou a atenção para eles.

- Eu seria hipócrita se pensasse o contrário. - O médico respondeu. - Mesmo quando não confiavam em mim, o Capitão Jeon e o Jimin me deram uma chance, acredito que ele também mereça.

- Eu também - Arata afirmou. - Eu fui aceito e nem houve essa discussão toda.

O lúpus analisou as opiniões. O único que ainda não havia se pronunciado era seu irmão. Ele virou-se para o mesmo:

- Ji?

- São situações distintas. - Jisung afirmou, encarando o médico. - Ninguém confiou em você logo de cara, tanto que você ficou acorrentado no convés por um tempo. Você mostrou com atitudes que havia mudado e assim recebeu sua segunda chance.

- E eu? - Arata indagou.

Jisung moveu os olhos até ele.

- Você foi sequestrado. Signora jamais imaginou que Jimin e Baek iriam atrás dela, e ela não parecia ser do tipo que iria se sacrificar de boa vontade apenas para implantar um espião no Black Swan. Para mim, a sua inocência nisso tudo é muito óbvia.

- Penso o mesmo que Jisung - O Ômega ruivo se manifestou. - Acredito que ninguém dessa tripulação entrou em condições tão suspeitas quanto esse Eddie.

- Yoongi tentou matar o Jungkook. - Jimin expôs.

- Ele é exceção... - Baekhyun tentou não rir, ele conheceu o espadachim na infância e treinou juntamente com ele na Ordem. - Yoonie não é do tipo que ataca pelas costas.

- Dois contra, dois a favor... - Jimin refletiu em voz alta. - Vocês ficarão decepcionados caso eu faça uma escolha que não os agrade?

Todos negaram.

- Você é o nosso Capitão, Jimin. - Jisung o tranquilizou. - Vamos apoiar qualquer que seja sua decisão.

- Prometi que não negaria apoio aos Ômegas que necessitam de ajuda...

- Eu fui caçador por um bom tempo - Baekhyun revelou ao lúpus.- Muitos dos meus alvos foram Ômegas cruéis. Precisa se lembrar disso, afobado, nem todos os Ômegas são tão bonzinhos quanto demonstram.

- Eu concordo com o que cada um de vocês disse - Jimin afirmou. - E é exatamente isso o que torna a decisão mais difícil.

- O que seu coração diz? - Arata perguntou.

- Diz para acolhê-lo.

- Então você já chegou a uma conclusão.

- É isso. - Jimin mudou a postura para uma mais firme. - Venham comigo, vou lhes apresentar o novo membro da tripulação, antes de revelar aos demais.

Os Ômegas assentiram. Mesmo os que foram contra aquela decisão, aceitaram sem tentar fazer o lúpus mudar de ideia.

Os quatro seguiram Jimin até a cabine, onde o Ômega aguardava ainda sentado na cadeira, com a cabeça baixa encarando os próprios dedos no colo, enquanto Chanyeol estava parado junto à porta.

- Obrigado. - Jimin agradeceu, o Alfa assentiu e logo deixou o cômodo.

Ao notar a presença dos Ômegas, Eddie levantou a cabeça e encarou o lúpus.

- Já decidiu?

- Sim. Nos reunimos e a maioria concordou que você pode se juntar a nós.

- A maioria? Isso significa que alguém foi contra... - Eddie franziu o cenho, olhando para cada um deles. - Quem foi?

- Isso não importa. - Jimin o cortou. - Cada um tem sua opinião, mas todos aceitaram a minha decisão.

- Claro... - o Ômega curvou-se fazendo uma reverência. - Muito obrigado!

Jimin sorriu, enfim, satisfeito.

- Seja bem vindo, Eddie.

O Ômega sorriu de volta, muito entusiasmado. Em seguida, Jimin comunicou sua decisão ao Capitão Jeon e apresentou Eddie aos demais piratas.

🏴‍☠️

Alguns dias depois...

A biblioteca do quartel central se tornou pequena para a curiosidade de Lian. Quanto mais o Alfa lia sobre os genes dos lúpus, mais encantado ficava e seu interesse crescia. Contudo, ele percebeu que nem todo potencial dos Ômegas estava descrito naqueles livros.

As informações que tinham eram limitadas, tendo em vista a experiência que ele teve com Jungwon. Sem mencionar o fato de que o pequeno tinha apenas oito anos de idade na época em que se conheceram, ou seja, quando adulto, ele poderia fazer muito mais, e os livros não contavam nem a metade disso. Havia muito mais informações sobre os Alfas.

O único Ômega que ganhou destaque nos livros, era descrito como um criminoso abominável que foi enforcado em 1691. Toda sua força e soberania, conhecida pelos sete mares por todos os piratas, foi ocultada pela vergonha da Marinha.

Lian estava concentrado em sua leitura, quando um recruta se aproximou da mesa em que ele estava, para avisar:

- Senhor, seu pai o chama.

- Obrigado.

O mais novo começou a juntar os livros para organizá-los nas prateleiras, mas foi impedido pelo recruta.

- Deixe que eu faço isso, senhor.

Lian assentiu, e o deixou organizando a pequena bagunça que fez. O Almirante estava conversando com alguns aprendizes, rindo divertido. Assim que viu o filho se aproximar, mudou para uma postura mais rígida.

O Alfa mais velho guiou Lian até uma diligência da Marinha, onde já o recebera duramente, exigindo saber de suas atividades.

- Eu espero que todo esse seu interesse nos livros da biblioteca esteja voltado para assuntos relevantes.

- Estão, pai. - Lian respondeu, observando a paisagem passando através da janela.

- Olhe para mim.

O mais novo fez como ele disse e girou a cabeça até encarar o pai, dando-lhe a atenção exigida.

- Infelizmente, a idade mínima para se tornar um aprendiz da Marinha são quinze anos, e você ainda só tem doze. Mas, eu consegui um teste para que você seja aceito antes do tempo.

- Um teste?

- Sim. Você irá mostrar que possui força e habilidades suficientes para ser aceito na escola de aprendizes antes do tempo determinado. A partir de amanhã eu mesmo vou treinar você, esteja pronto. Eu não aceito nada menos do que excelência, você entendeu?

- Sim, senhor.

- Esqueça todas as suas atividades inúteis. Você irá se dedicar apenas a isso.

O menino assentiu e voltou a observar a rua pela janela, escondendo a insatisfação. Lian gostava muito de treinar com o Tenente, que apesar de ter ordens claras para fazer o mais novo sempre ir além de seus limites, era compreensivo quando ele não conseguia.

Agora que seria obrigado a treinar com seu pai, sabia que toda diversão que ainda lhe restava se acabaria no dia seguinte.

No momento em que chegaram na residência Zhang, o Almirante trancou-se em seu escritório, enquanto Lian procurou pela sua mãe. Como a Beta não se encontrava em casa naquele momento, ele decidiu que faria companhia aos peixinhos do lago no jardim.

Algum tempo depois, a sineta anunciou que havia alguém na porta. Todos os criados estavam ocupados, prontamente, Lian se encarregou de atender o chamado. Eram as correspondências da semana. Assim que entregou os envelopes ao menino, o carteiro se retirou para continuar seu trabalho.

Lian seguiu para o escritório lendo em cada envelope o nome do pai. Parou na porta quando notou que no último deles, um pequeno e de aparência menos pomposa, havia seu nome escrito. Lian. Apenas isso. Ele girou o envelope mas não tinha nada além do seu primeiro nome.

O Alfa guardou o pequeno envelope no bolso e finalmente abriu a porta do gabinete. Ele entregou as correspondências ao pai, e logo em seguida rumou para o lugar da casa onde teria mais privacidade; o seu quarto.

Lian sentou-se confortavelmente na cama e abriu cartinha com cuidado, lendo do que se tratava logo a seguir:

[Oi, Lian. Espero que esteja bem. Hoje é meu aniversário e eu lembrei de você. Ainda tem treinado bastante para se tornar o grande Almirante da Marinha? Eu sei que você vai conseguir, então não desista. Tem tanta coisa que eu gostaria de te contar... Nós sentimos sua falta. Mas não tem problema, um dia nos veremos novamente. Enquanto isso, sempre que se sentir sozinho observe o céu a noite e lembre-se que ainda estamos sob a mesma lua.]

Ao terminar de ler, o pequeno Alfa já sabia quem havia escrito aquela carta. Ele sorriu lembrando-se de Jungwon. Assustou-se quando seu pai entrou de repente, olhando curioso para o papel em suas mãos.

- O que é isto? - O Almirante exigiu.

- Uma carta...

- De quem?

- Um Ômega, amigo da minha antiga escola... - Lian apressou-se a guardar o bilhete mas o corpo paralisou quando a mão do mais velho agarrou seu braço, puxando-o de volta.

- Entregue-me, eu quero ler.

Obediente, o menino entregou a carta ao pai.

- Quem é esse nós?

- Ele, e o primo dele.

O mais velho estreitou os olhos e continuou lendo. O desenho deixado no final da folha despertou sua curiosidade.

- Por que desenharam esse patinho feio?

"Não é um patinho feio, é um lindo cisne." - Lian pensou consigo mesmo.

- Uma vez, quando voltávamos da escola, vimos alguns patinhos pelo mercado. Deve ter sido o primo que desenhou, o coitado desenha muito mal.

- Hm... - O Almirante devolveu a carta. - Não perca seu tempo com coisas insignificantes.

- Sim, pai.

- E quando se interessar por alguém, que seja um Beta. Ômegas são inúteis que só servem para aquela diversão que eu lhe ensinei. - Lian não respondeu. - Desça para me mostrar o que aprendeu até agora. Quero saber quais falhas preciso consertar em você.

Quando o Almirante deixou o quarto, o menino se certificou de esconder a carta que recebeu de Jungwon para que seu pai não a encontrasse em outro momento. Em seguida, ele deixou o cômodo para ir atrás do mais velho.

Continua...

Muito obrigada pelo apoio, gente. Obrigada por cada mensagem de incentivo, votos e comentários que melhoram minha semana inteira. Escrever é minha terapia. O que deixa isso ainda mais fantástico é saber que, às vezes, um simples capítulo faz o dia de alguém melhor. Isso não tem preço. Saber que o que escrevo deixa uma, duas ou três pessoas felizes, me faz sentir que minha existência não é em vão. Eu apenas sinto muito por não ter tempo ou saúde mental pra conseguir postar atts tão rápido quanto gostaria.

Sem ser uma das minhas, indique aqui uma fanfic que você gosta bastante.

Obrigada e até a próxima 💜

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