[2] Rumores
Notas: Quando o Jungwon falar "pai" ele estará se referindo ao Jungkook, e quando falar "papai" ao Jimin
Da mesma forma é o Jay e o Taesung, "pai" se refere ao Scott e "papai" o Sungjae
Boa leitura:
Jimin saiu da cabine enfurecido. Desde o nascimento de seu filhote, o Ômega sabia dos riscos do pequeno ser criado em um navio pirata, mas fez tudo o que estava ao seu alcance para mantê-lo em segurança e longe do mundo violento no qual nasceu.
Não que o lúpus quisesse esconder do filho a realidade do seu mundo. Sua intenção era que Jungwon crescesse como uma criança, digamos, como todas as outras, sem presenciar ou participar de certos tipos de situações. Mas o que dificultava seus esforços, era o fato de que Jungkook incentiva o interesse do menino por suas atividades desde muito cedo.
Certo dia, Jungwon desenhou em seu caderno um pirata na beirada de uma prancha, condenado por ter roubado a própria tripulação. Jimin ficou chocado, enquanto Jungkook se sentiu extremamente orgulhoso.
Jimin passou pelo convés, com Jungwon, o pequeno soltou de sua mão para correr na direção em que os irmãos Jay e Taesung, brincavam sentados no pavimento, enquanto o mais velho se juntou ao pai dos Alfas.
— Você parece cansado — Sungjae comentou.
— Difícil manter o filho em segurança quando o próprio pai o leva para o caminho contrário.
— Você não acha que essa sua preocupação está um pouco… — Jimin o fitou intenso. O Ômega suspirou, mudando as palavras: — Eu entendo você, mas Jungwon é filho de um dos maiores Capitães da nossa época. Ele meio que precisa saber se defender.
Jimin não respondeu. As palavras do Ômega mais velho fizeram sentido, e ele apenas refletiu por um momento. Ele também era filho de alguém grande e importante, e talvez, se soubesse como se defender, poderia ter se defendido durante o ataque que sofreu.
Poderia ser errado dizer que Jimin teve “sorte” de ter sido sequestrado pela tripulação Black Swan, mas teve. Seu destino poderia ser pior, por exemplo, se tivesse ido parar nas mãos de piratas como Fenn Barba-Ruiva ou Alma Negra, e nesse caso, não teria a mínima chance de se defender, pois não sabia lutar.
Jimin olhou para o filho brincando com seu boneco de madeira e sorriu. Ele ainda era uma criança normal, como qualquer outra. Até quando empunhava as adagas do pai e rugia parecendo um gatinho bravo, mesmo que elas fossem um pouco grandes para ele.
— Vou pensar no assunto. — Jimin se referiu a permitir o filho ser treinado.
— Sério, papai?! — Jungwon levantou de supetão, assustando os dois mais velhos.
O pequeno estava brincando com os dois Alfas, rindo e conversando com eles. Não parecia que estava prestando atenção ao que Jimin e Sungjae diziam.
— Eu disse que vou pensar. — Jimin esclareceu, mas o menino ficou tão empolgado e correu para a cabine.
— Pai! O papai deixou você me treinar!
— Oh, céus…
— Deixa ele — Sungjae riu. — Todo mundo sabe que um vou pensar de um pai quer dizer sim.
— No meu caso significa vou pensar mesmo.
Sungjae balançou a cabeça em negação, pegou o filho mais novo e o sentou em seu colo. Taesung continuou brincando com um barquinho enquanto Jay se levantou para ir de encontro a Jungwon, que ainda estava na cabine do Capitão.
— Você banca o durão mas continua com o coração mole.
Jimin sorriu rolando os olhos, desviando a atenção para o pequeno Alfa no colo do pai e começou a brincar com o mesmo.
Ainda em reunião com o navegador e o contramestre, o Capitão anotava os últimos dados do itinerário enquanto dividia a atenção com um pequeno Ômega lúpus muito eufórico.
— Não vamos querer encontrar o Sunset se formos agora diretamente para Nabuco. Você não acha arriscado demais? — Namjoon perguntou ao navegador. — Ele costuma navegar carregado de artilharia muito pesada.
— Confie em mim — Taehyung argumentou. — É com o Andrômeda que você deve se preocupar. É o maior galeão de guerra que você pode imaginar. Esqueça o poder de fogo do Black Swan, o deles é bem superior. Eles destroçam seus inimigos como se fossem insetos.
— Então a gente coloca mais armas no Black Swan.
— E você acha que esse navio vai suportar? Assim que os canhões forem utilizados o navio explode. Nem preciso ser mecânico para saber disso.
— Então iremos modificar o Black Swan para que suporte mais poder de fogo — o Capitão interrompeu a discussão dos dois. — Informe ao Hoseok e Dahyun, digam para estudarem uma forma disso acontecer.
— Isso vai custar pra caralho… — Namjoon analisou.
— É para isso que temos um Imperium escondido — o Capitão sorriu, se referindo a toneladas do tesouro.
Namjoon e o navegador assentiram, e em seguida saíram da cabine. O Capitão adicionou um último detalhe no diário de bordo e fechou o livro, finalmente entregando toda sua atenção ao filho.
— Verei um ferreiro que crie duas adagas proporcional ao seu tamanho.
— Obaaa! — Jungwon pulou festejando. O tecido da camisa subiu junto exibindo algo preso em seu cinto.
— O que é isso? — O Capitão apontou para o local.
— É uma tulipa. Scott entregou ao Jay, e o Jay me deu. — Jungwon explicou. — Ela não é tão linda, pai?
— É.
— Ah, eu devia ter colocado dentro de um livro para que se eternize, mas eu esqueci… — O Ômega correu para as prateleiras em busca de algum exemplar mais grosso, que pudesse guardar a flor dentro.
Jay sorriu quando ele se debruçou dentro de um baú, em sua busca de um livro mais grosso. Quando voltou a atenção para a mesa do Capitão, este o encarava com seus olhos completamente vermelhos.
O Alfa mais novo arregalou os olhos e engoliu em seco. Quase tropeçou quando voltou alguns passos se afastando da mesa, sentindo a ameaça se materializando entre ele e o lúpus. Ele olhou para o Ômega que ainda procurava um livro, depois para o Capitão e por último decidiu sair da cabine, correndo até a porta.
— Acho que esse aqui será perfeito — Jungwon finalmente encontrou seu livro e voltou para a mesa. — Ué, cadê o Jay?
— Foi dar uma volta no convés — Jungkook respondeu calmo, seus olhos já normais, e apontou para o livro. — Quer ajuda?
No lado de fora, Jay correu até esbarrar sem querer no próprio pai Ômega. O lobo do pequeno estava assustado após ter sido intimidado pelo lúpus, mas ao sentir o aroma do pai, ficou menos agitado.
— O que aconteceu para você estar tão assustado? — Sungjae se abaixou até ficar na mesma altura que a criança de seis anos. — Conta pra mim, meu amor. O que foi?
O Alfa negou, balançando a cabeça devagar.
— Não foi nada, papai.
— Sei… — Sungjae olhou para a cabine, depois para o filho. — Está com fome?
O pequeno mudou sua expressão assustada para uma mais contente, e eles desceram até a cozinha, onde a tripulação já se encontrava fazendo a última refeição do dia.
Depois de anos, a comida do velho Junbuu continuava servindo como um dos maiores incentivos para fazer um trabalho bem feito, depois da prata, é claro.
— Senta aqui, amor — Scott bateu em um lugar ao lado dele. — Antes que o Taesung coma tudo.
O Alfa de 3 anos estava sentado no colo do pai, segurando com as duas mãos uma caneca grande demais para ele, que quase cobria seu rosto inteiro enquanto tomava os goles de uma bebida doce.
— Ele está comendo pimenta?! — Sungjae olhou espantado para o prato do pequeno, depois para o Alfa mais velho. — Scott?
— Ele gosta — Scott piscou com um olho. — Quanto mais picante melhor, não é Tetê?
Taesung balançou a cabeça assentindo.
— Não importa — Sungjae trocou os pratos.— O interior das crianças é mais sensível. Ele não vai comer tanta pimenta assim.
— E como você sabe disso?
— Não é verdade, Seokjin? — O Ômega pediu auxílio ao médico.
— Ele é um pouco novo demais para algo tão forte — Seokjin confirmou. — Talvez em três ou quatro anos.
— Ouviu só?
Scott revirou os olhos internamente. Acreditava na capacidade do médico mas não que chegasse a tanto, ao ponto de decidir o que seu filho pode comer ou não. Bobagem, Taesung comia pimenta desde que nasceu.
A cozinha era dividida em duas partes, uma com um lugar pequeno, comportando apenas os utensílios que o cozinheiro e seus ajudantes usavam para preparar as refeições, ao lado de um espaço bem maior, com várias mesas e bancos unidos que comportam toda a tripulação.
No canto do recinto, estavam alguns marujos insatisfeitos com a situação atual. Ainda existia fartura no navio, e sabiam que havia muito ouro escondido, mas até quando isso iria durar?
Os saques feitos não serviam para cobrir os gastos com reparos, água e alimentação. Eles acreditavam que uma parte do Imperium devia ser entregue a quem realmente poderia dar fim à guerra, o temido Barba-Negra, para que o mesmo financiasse os piratas para tomar de vez a Ilha de Nabuco.
— Eles se comportam como se estivéssemos no paraíso — Lon sussurrou. — Porra, quatro anos de guerra e a preocupação deles é a alimentação de uma criança.
— O Capitão tá brincando de casinha — outro expôs, e mais alguns concordaram. — Eu não me conformo.
— Algum problema, Bellamy? — Namjoon, que estava a uma mesa do grupo, perguntou.
— Talvez. — O Pirata terminou a bebida e bateu o copo na mesa.
— É mesmo? — O contramestre se levantou. — E por que não expõe sua insatisfação para todos?
— Não é só ele, Namjoon — Lon se levantou também. — Alguns de nós acredita que… — o pirata engoliu em seco e mudou o tom para um mais respeitoso. — O Capitão não está tomando a melhor das decisões.
O Contramestre passou os olhos pela mesa dos marujos, alguns olhavam diretamente para ele, outros mantinham a cabeça baixa. A breve conversa também chamou atenção de outros que estavam mais perto, dividindo a opinião entre os bucaneiros.
Piratas precisam de certeza, e um Capitão só permanece na liderança quando traz grandes conquistas a sua tripulação. Os piratas podiam ser burros em várias ocasiões, mas sabiam que os ganhos não estavam valendo a pena se comparados ao esforço que faziam.
Mas o Capitão Jeon era atencioso, observador e estrategista. Ele sabia administrar um navio como ninguém. Como cuidar de sua tripulação. Ele sabia o que estava fazendo. Porém, mesmo sendo um líder e Capitão respeitado, haviam aqueles que facilmente eram corrompidos por simples rumores.
— Sabe o que dizem os rumores, senhor?
— Não estou interessado nas fofocas que você escuta nos bordéis de Folsom.
Namjoon ignorou, mas o pirata insistiu:
— Que não desistiram do Imperium.
O Contramestre parou na entrada da cozinha, e respondeu sem olhar para trás:
— Há uma nova lei no código pirata, que nos impede de atacar uns aos outros durante a guerra.
— Atacar sim. Mas roubar um tesouro escondido? Isso ninguém especificou.
Namjoon respirou profundamente e seguiu seu caminho. Odiava admitir mas aquele bucaneiro tinha razão, em parte. Desse modo, ele decidiu ter com o Capitão, para expor a preocupação da tripulação.
Jungkook estava guiando o leme enquanto conversava com o Yoongi, quando o contramestre subiu até o convés superior e se aproximou de ambos.
— A tripulação anda dividida, Capitão. Talvez seja melhor convocar uma reunião amanhã.
— Com quais itens eles discordam?
— Eles acham que o Imperium deveria finalizar a guerra.
Yoongi riu.
— É sério? A gente se fode por meses para encontrar esse tesouro, e esses idiotas querem que nós o entreguemos assim?
— Eles acreditam que seja um investimento.
— E você? — o Capitão desviou a atenção do horizonte, para o contramestre. — O que acha?
— Os saques que fizemos não são suficientes para cobrir os gastos. Mas estou com você, Capitão.
— E mesmo com isso, ainda querem entregar uma parte do Imperium? — O Espadachim olhou chocado para Namjoon e em seguida para seu Capitão: — É realmente a piada do ano. Piratas exigindo que nós os financiemos. Eles que vão saquear, esses merdas!
— Anuncie a reunião para amanhã após o café. — Jungkook decidiu.
— Mas Capitão-... — Yoongi tentou, mas se calou em seguida, pois confiava em seu líder.
— Algumas coisas precisam ser esclarecidas. — Jeon ditou, voltando sua atenção ao leme e o horizonte completamente escuro.
Continua...
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top