Thamara


Bom dia! Espero que estejam gostando da história, e como ela é nova, peço que não se esqueçam de votar e comentar! Preciso saber o que estão achando, beijos e tenham um ótimo final de semana <3



Quinta feira, 27/04/2017, 17:00 horas.

Depois que a Lívia me encheu de perguntas a respeito do Caleb, fiquei irritada e resolvi sair de lá, eu não conhecia muito bem a Mirela e muito menos a Lívia, mas, a Mirela pareceu ser uma garota legal, a Lívia não muito.

Porém, se eu me tornasse amiga da Mirela, a Lívia vinha no pacote, e eu ainda não sei se quero ter a chata da Lívia como amiga, se é que um dia, nós duas vamos conseguir nos dar bem. Acontece que ela é muito desconfiada, mal humorada, e sem educação, se bem, que isso tudo pode ser ciúmes da Mirela em relação a mim, com certeza, ela deve estar achando que vou roubar a melhor amiga dela.

Depois que fiquei sabendo que a Mirela gostava do Caleb, tive a certeza que sou a garota mais azarenta do universo! A dois anos atrás, eu fiquei com o Caleb, só ficamos duas vezes, dei o meu primeiro beijo com ele, na época, eu havia me afastado, eu não queria mais ficar com ele, me sentia muito criança para ter um relacionamento sério naquela idade, e nas duas vezes em que ficamos, ele mostrava que estava super apaixonado por mim, e aquilo me assustou, pois, eu fiquei com medo de me apaixonar por ele, e como eu era praticamente uma criança de 13 anos, pulei fora imediatamente, ele me ligava, me mandava mensagens, mas eu nunca atendi nenhuma das ligações e muito menos respondia as mensagens, então, ele foi desistindo de mim, e nunca mais nos falamos, nem um mísero "oi" a gente troca quando se vê, ele deve ter ficado com raiva de mim, não tiro sua razão, se eu estivesse em seu lugar, também ficaria.

Mas com toda a certeza do mundo ele nem liga mais para mim, mas só o fato dele estudar aqui, e eu já ter ficado com a paixão platônica da garota que está tentando ser a minha amiga, já é um tremendo azar! Se depender de mim, ela nunca vai saber que eu já beijei o Caleb, se eu contar, pode ser que ela fique brava, com raiva, se sinta triste ou ameaçada e deixe de falar comigo, e eu sinceramente, não quero ficar sem amigas nesse colégio enorme e maluco.

Sabe, é horrível não ter amigas para conversar, e viver sempre sozinha pelos cantos do colégio, enquanto todas as outras meninas tem os seus grupinhos e se divertem, eu odeio me sentir excluída de tudo, de ser a excluída, a garota estranha e anti – social, a deformada que todos tiram sarro, eu só queria pelo menos uma vez na vida, ter uma amiga, poder conversar com alguém legal, rir de coisas engraçadas com ela, ter alguém que se importe comigo quando eu estiver triste, sair pra rua com elas, ir a festas, me divertir, eu queria poder me sentir uma adolescente normal como qualquer outra, mas eu não sou, eu sou diferente, e a minha diferença assusta as pessoas, as afastam de mim, e a Mirela foi a única desse colégio que se aproximou de mim com a melhor das intenções, para conversar comigo, para tentar ser minha amiga, ela não me achou estranha e não riu de mim como todas as outras, o mais estranho de tudo, é saber que ela é um das garotas mais populares daqui, eu jamais iria imaginar que uma garota como ela fosse querer ser amiga de uma garota como eu, no meu antigo colégio eu vivia sozinha, eu sofria sim, as pessoas conseguem ser muito más quando querem, e as meninas da minha antiga escola, eram horríveis comigo, eu nunca entendi porque tanto ódio de uma pessoa que nunca fez mal nenhum a elas, porque mesmo quando você só faz o bem, continua sendo vista com ódio por essas mesmas pessoas, vivemos em um mundo, onde existe mais ódio do que amor, as coisas não deveriam ser assim, as pessoas precisam praticar a bondade ao invés de praticarem a maldade, por isso o mundo está desse jeito, mais perdido do que nunca.

Mas eu sei que também existem pessoas muito boas, mesmo que sejam poucas, elas existem, e isso me faz ter mais esperanças, não só de um mundo melhor, mas de como uma vida melhor para mim, e a Mirela, era uma dessas minhas esperanças, encontrei bondade nela, espero não estar enganada.

Depois que saí da quadra super irritada, dei a sorte ou o azar, ainda não sei bem se esse rapaz é bom ou ruim, de esbarrar em um garoto, eu não o vi, e foi um esbarrão forte, quando realmente parei para olhar em quem eu havia esbarrado, fiquei meio "boba", espero que ele não tenha percebido, porque só de lembrar, eu fico envergonhada.

O rapaz era lindo, literalmente lindo! Era magro, um pouco encorpado, seu olho era azul claro, tão claro, que chegava a hipnotizar, cabelo castanho escuro, o lábio dele é um pouco carnudo, não muito, mas é lindo e apetitoso ao ponto de fazer com que eu queira beijar um estranho que nunca vi na vida... seu rosto era composto por algumas pintas e sardas leves, o deixando mais lindo do que deveria ser. Fiquei completamente encantada por tanta beleza assim, sei que devemos olhar para o interior de uma pessoa e não da muita ideia para a aparência exterior, porém, ele era muito lindo ao meu ponto de vista, e não dava para ignorar sua beleza, afinal, olhar não arranca pedaço, não é mesmo?

Pensei que ele fosse se zangar pelo esbarrão, mas ele apenas riu, e segurou nos meus dois ombros. – Você está bem? – perguntou ele, todo simpático e preocupado.

- Sim, estou. Desculpa, eu não te vi. – disse, nervosa, por estar falando com aquele Deus Grego.

- Não tem problema, acontece. – disse ele, sorrindo para mim.

- Tá. – eu disse, e quando estava me retirando, ele me chamou.

- Garota! – ele gritou, me virei para olhá-lo e ver o que ele queria. Então, ele se aproximou de mim novamente.

- Você é nova aqui? – perguntou.

- Sim. Cheguei recentemente. – respondi, e comecei a me sentir estranha.

- Que ótimo, bom, espero que goste da escola, está em que ano?

- Primeiro ano.

Ele riu, e passou a mão por seu cabelo, bagunçando-os, e aquilo conseguiu deixá-lo ainda mais sexy... eu estava ferrada.

- Imaginei.

- E você? – arrisquei perguntar, só o fato de eu estar falando com ele, já era um começo e tanto! Isso nunca aconteceu na minha antiga escola, os rapazes lá nem se aproximavam para conversar comigo.

- Estou no segundo ano.

- Entendi...

- Você deve ser da sala da Mirela e da Lívia, não é?

Parecia que todos conheciam a Mirela e a Lívia, impossível alguém não conhecê-las lá dentro. – Sim, somos da mesma sala.

- Legal, eu sou bem amigo das duas, são super maneiras, tenho certeza que se chegar a conversar com as duas, vai gostar bastante. – ele disse.

- A sim, eu meio que já conversei com elas, a Mirela é super legal mesmo. E de repente, o rapaz que por sinal, eu nem sabia o nome ainda, caiu na gargalhada.

- Desculpa... é que achei engraçado que você só disse que a Mirela é legal, e não falou da Lívia, não gostou dela?

- Não é que eu não tenha gostado, na verdade, foi a Lívia que não gostou muito de mim, mas, talvez com o tempo, isso possa mudar. Ela é um pouco grossa e irritante. – arrisquei dizer, o que o fez rir novamente.

- A Lívia passa essa impressão na primeira vez mesmo, mas ela tem um enorme coração, acredite.

- É... vamos ver.

- Qual o seu nome? – finalmente, ele resolveu perguntar pelo meu nome.

- Thamara, e o seu?

- É... Peter. – ele respondeu meio envergonhado e eu ri.

- Vai me zoar também? Dizendo " Peter Pan"? – ele perguntou, brincando, rindo comigo.

- Não! Tá... eu realmente lembrei do Peter Pan, mas eu não iria te zoar, afinal, Peter é um nome lindo e comum. – disse.

- Você que é generosa de mais.

- Não, eu estou falando sério. – disse, e então, apareceu um bando de rapazes ao lado do Peter, o chamando para ir a algum lugar da escola com eles, fiquei intimidada com tantos rapazes na minha frente. – Vem Peter! Deixa a conquista pra depois cara! Você sabe que sempre consegue pegar todas! – gritou um, rindo, enquanto olhava para mim.

Fiquei envergonhada com o que esse cara disse, praticamente falou que o Peter iria me pegar, e isso me fez ficar com uma má impressão do Deus Grego, pelo o que entendi de seu amigo, ele era um completo mulherengo, nem tudo é perfeito Thamara... estava bom de mais para ser verdade, óbvio que um cara lindo desses seria conhecido e desejado no colégio. Era sempre assim, e sempre será.

- Não liga para eles Thamara... – disse ele, aparentando estar sem jeito.

- Tudo bem, vai lá, nos vemos por aí. – eu disse, e me afastei, antes que os amigos dele pudessem falar mais besteiras a respeito.

Mas desde então, eu não consigo tirá-lo da minha mente. Aqueles olhos azuis claros insistem em ficar na minha lembrança, sua voz suave, seu jeito carismático e educado em relação a mim, sei lá, ele não pareceu ser ruim, mas, eu não sabia nada dele, e talvez jamais fosse saber. Eu duvido muito de que ele volte a falar comigo, era para eu estar nesse momento fazendo algum tipo de aula optativa, mas como acabei de chegar, ainda não escolhi o que cursar, eu teria que fazer várias aulas optativas, mas, o que eu queria mesmo era fazer aulas de danças, eu amo dançar, é uma das minhas paixões, eu fazia balé desde pequena, parei aos 11 anos de idade, eu amo balé, porém, tenho vontade de fazer um curso de dança que não seja balé, será que tem aqui no colégio? Gosto muito de qualquer tipo de dança, gostaria de aprender.

Se tiver essa aula de dança aqui, é certo que eu me matricule! Amanhã eu iria procurar saber melhor a respeito.

20:00 horas.

Cheguei em casa quase 18:30, meus pais reclamaram da minha demora. – Se querem que eu chegue mais cedo em casa, é fácil, me busquem de moto ou carro na escola, e aí estarei aqui bem mais cedo. – disse.

Meu pai tem um carro e minha mãe uma moto. Os dois apesar de serem bravos com a minha educação e com as coisas que eu faço, se preocupam bastante comigo, e as preocupações ficaram piores desde a época do acidente.

Com certeza é por isso que meu pai nunca mais quis me levar a lugar algum de carro, eu tinha 8 anos, era uma tarde tranquila e normal como todas as outras, meu pai estava dirigindo o carro, minha mãe estava ao seu lado no banco da frente e eu estava sentada no banco de trás, estávamos indo para a casa da vovó, mãe do meu pai, ficava em outra cidade, quando ele se distraiu com as minhas brincadeiras ali dentro, e não viu quando um cachorro apareceu na estrada para atravessar, e eu gritei : " Para o carro papai! Você não pode matar o cachorro!"

Meu pai tentou frear o carro imediatamente, mas escorregou na estrada, que por sinal, estava um pouco molhada da noite anterior, o carro virou na estrada, e não atropelou o cachorro, porém, um outro carro que estava vindo, logo atrás, bateu no nosso carro, o que fez com que o carro em que estávamos virasse de cabeça para baixo no meio da estrada. Antes do acidente acontecer, eu havia tirado o meu cinto de seguranças sem que meus pais vissem, e por isso, eu fui a mais prejudicada no acidente, eu apaguei imediatamente, mas lembro de escutar as enfermeiras falando que havia milhares de cacos de vidro por todo o meu corpo e que eu estava muito machucada, o vidro perfurou profundamente em minha barriga, acima do meu umbigo, e tiveram que fazer algumas cirurgias em mim, mas a marca da cicatriz ficou até hoje em meu corpo, depois, fiquei sabendo que o homem que dirigia o carro que bateu no nosso, estava drogado, se esse homem não estivesse dirigindo aquele carro naquela tarde, não teríamos ficado feridos e muito menos ido parar no hospital, eu não teria essa cicatriz horrorosa que tenho hoje, mas de certa forma, eu também tive culpa por ter tirado o cinto de segurança, mas eu era uma criança, não tinha noção de nada, como uma criança de oito anos iria imaginar que fosse sofrer um acidente?

Desde então, meu pai jamais deixou que eu entrasse em seu carro novamente, eu tenho certeza que ele se sente culpado pelo acidente ter acontecido, mas a culpa não foi dele, e sei que ele sente medo de que eu possa sofrer outro em algum momento, tanto, que ele sempre fica apavorado quando minha mãe me leva a algum lugar de moto, já tentei dizer a ele que isso não iria mais acontecer e que foi um acidente, que tínhamos que seguir em frente e esquecer, mas de nada adiantava, seu medo de me perder sempre foi maior.

Por isso, eu cresci meio presa, tenho que pedir autorização para sair, dizer onde vou, com quem vou, tenho hora para voltar, e isso, porque eu quase não saio, imagina se eu saísse mesmo.

Quando eles souberam que eu bati naquela menina, além de ficarem assustados com meu comportamento agressivo, meu pai e minha mãe ficaram com medo de que essa menina para se vingar de mim, resolvesse me bater, acho que esse foi o principal motivo para me matricularem em um colégio de tempo integral, e que ficasse longe da minha escola anterior.

- Já disse que é mais seguro voltar a pé ou de ônibus. – respondeu papai, caminhando até mim, beijando minha testa.

- Então não reclamem que estou demorando. – falei sem paciência.

- Olha como fala moçinha, quer ficar de castigo é? – reclamou mamãe.

Minha mãe se chama Lisa e vive me ameaçando colocar de castigo, sendo que eu já vivo no total castigo de todos, só eles que não percebem isso, meu pai se chama Humberto e na maioria das vezes concorda com a mamãe, mas os dois tem uma diferença em relação a mim, enquanto mamãe é mais rígida comigo, tentando me colocar na linha e tals, papai é mais mole comigo, está sempre disposto a fazer algumas das minhas vontades, eu disse algumas... não todas! Mas quando os dois se juntam para dizer que eu estou errada, sai de baixo! Nem eu aguento ficar perto para escutá-los, eu não sou rebelde, só não concordo com algumas coisas que eles pedem para que eu faça, e quando dou uma resposta que não as agrada, a discussão é certa...

Então, na maioria das vezes, eu prefiro me calar.

- Pai, não tem perigo nenhum eu andar de carro ou moto... – eu dizia, até ele me interromper.

- Não insista no assunto Thamara. Você até pode andar de moto com sua mãe ás vezes, mesmo eu não gostando, mas carro não. – ele falou, eu bufei e entrei no meu quarto para pensar na vida e escrever tudo o que me aconteceu, nesse diário, que por sinal, comprei em uma loja de antiguidades, quando não se tem muito amigos, o diário é sempre a melhor opção. Lembro até hoje de quando entrei na loja, a vendedora, uma senhora bem simpática, me entregou o diário sem que eu pedisse para ver e disse : " Aqui está, pegue. Um dia, você irá desejar ter escrito um diário, suas lembranças estarão seguras aqui."

Foi exatamente essas palavras que ela me disse, eu claro, estranhei o comportamento dela, mas agradeci, e algo dentro de mim não quis contrariar a senhora, então, resolvi comprar, e por algum motivo que desconheço, desde que o comprei, me sinto bem mais leve quando escrevo aqui.

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