Segunda feira, 19/06/2017, 22h00min horas.

Dói muito que a minha mãe biológica esteja morta. No pouco tempo em que tivemos juntas, eu gostei de conhecê-la melhor, está certo que eu demorei para aceitá-la, mas quando aconteceu, foi tão perfeito, e de repente, a vida destrói tudo, levando-a embora para sempre.

Imagina para a Lavínia que cresceu com ela... Eu amo os meus pais adotivos, só de imaginar perdê-los, eu entro em pânico, foi horrível, ver a minha mãe biológica morrer na minha frente, tento esquecer, mas ás vezes tenho pesadelos.

Meus pais adotivos marcaram uma consulta ao psicólogo para mim e para Lavínia, eles disseram que seriam bom para nós duas, que nos ajudaria.

Com a morte da Lorelai, só restou à vovó para a Lavínia, e apesar de amarmos muito a vovó, sabíamos que ela estava muito velhinha e sem condições para cuidar da Lavínia, dar a atenção necessária que uma adolescente de 15 anos precisa.

Então, meus pais disseram que eles poderiam cuidar da Lavínia como se fossem a filha deles também, e que a vovó também poderia mudar para nossa casa, para não ficar longe da gente.

Como nossa casa é muito grande e meus pais têm muito dinheiro, não haveria problema algum, foi o que os dois disseram.

Vovó já tem o dinheiro da aposentadoria dela, a única que eles teriam que sustentar era a Lavínia, que ainda é adolescente.

Era de manhã cedo, e teríamos que retornar ao colégio. Vovó estava dormindo, e Lavínia e eu fomos para a cozinha, fazer a refeição da manhã.

Papai e mamãe já estavam sentados, se alimentando. – Bom dia. – disse mamãe para nós duas.

- Bom dia mãe. – respondi.

- Bom dia. – respondeu Lavínia.

- Se sentem preparadas para voltar ao colégio?

- Não temos outra escolha. A vida continua. – respondeu Lavínia.

- Quero que se sinta bem morando conosco. Eu sei que eu não sou a sua mãe e que jamais serei, mas quero que você olhe para mim como uma segunda mãe, eu sempre vou estar disposta a te ajudar no que for preciso, você é a irmã gêmea da nossa filha e queremos que faça parte da família também. É um pouco estranho, pois também iríamos te adotar na época, mas a vida teve outros planos para você, mas agora, com a morte da sua mãe, queremos que você tenha um lar e que esteja sempre com a sua irmã. Eu sei que vocês duas ficaram bastante unidas. – disse mamãe para Lavínia.

- Eu agradeço por me acolherem aqui, não só a mim, mas como a vovó também. Não vou dar trabalho por muito tempo, eu...

- Lavínia. Querida, você é a irmã da nossa Mirela, e a partir de hoje, você também se tornará a nossa filha. Nunca vou substituir a sua mãe, isso é lógico, mas eu quero que você olhe para mim, e me veja como uma segunda mãe, você vai morar aqui conosco, vamos ser seus responsáveis a partir de hoje, você e a sua avó fazem parte dessa família. – disse mamãe.

Lavínia deixou uma lágrima escapar. – Obrigada. Vocês dois são maravilhosos. – ela agradeceu.

- Vocês duas são maravilhosas. – completou papai.

Mamãe nos levou de carro até o colégio, e antes de sairmos do carro, ela se despediu com beijos em nossos rostos, eu já estava acostumada, mas para a Lavínia ainda era novo, ela estranhou o carinho, mas correspondeu, e sorriu.

- Se comportem. Sejam boas meninas. – disse mamãe e eu ri.

- Tchau mãe! – gritei.

Estávamos entrando no colégio, quando eu resolvi perguntar a minha irmã o motivo dela ter bebido aquele dia.

- Eu confessei os meus sentimentos para a Larissa, e ela não aceitou muito bem.

- Por quê?

- Ela disse que tinha raiva de mim, porque eu fingi ser você e a beijei. Falou que eu era sínica e que não acreditava em mim, eu tentei explicar pela segunda vez, e ainda assim, ela disse que não e que era para eu deixá-la em paz, e eu bebi por isso... Eu sei, é vergonhoso se embebedar por alguém que não te quer.

- Não, nada disso. Sabe, talvez, o que falte é você ir atrás dela novamente e dizer que gosta dela sim, e que faria de tudo para provar. – falei.

- Mirela, ela não gosta de mim. Ela gosta de você.

- Eu tenho certeza que ela gostou de te beijar, vá atrás dela e a beije, diga que está disposta a se arriscar para ficar com ela, seja romântica Lavínia! Tente convencê-la. – disse, ela arqueou a sobrancelha e riu.

- Ah não... Não sei se tenho essa coragem de correr atrás de alguém que me desprezou.

- Não seja tão orgulhosa assim. Se ela não acreditou nos seus sentimentos, lembre-se que foi você que deu motivos para isso.

- Vai... Joga na cara irmãzinha. – disse ela, fazendo seu drama.

- Só estou falando a verdade.

- Tudo bem, eu vou atrás dela agora, e se der tudo errado, a culpa vai ser sua Mirela. – ela disse, e saiu correndo feito uma maluca.

Alguém tampou os meus olhos, e eu já imaginava quem. – Caleb?

Escutei sua risada e ele tirou as mãos, e me abraçou forte. – Eu sabia que acertaria. – ele disse, sorrindo. Estava mais lindo que o habitual, se é que isso era possível.

- Você é meu único namorado, é claro que seria você. – disse.

- E o Iago sabe disso? – ele perguntou.

Suspirei. – Sabe. Eu contei a ele virtualmente que amo você e que estou namorando novamente. Ele entendeu, fica tranquilo, eu só quero você. – disse, enquanto acariciava seu rosto.

- Sim, que você só me quer eu também já sabia, mas precisava te perguntar, pois o Iago e você...

- Já nos beijamos. Mas foi só um beijo e eu nunca cheguei a gostar dele desse modo. – falei.

- E eu dou graças a Deus por isso... Quer dizer, estou feliz que você ainda goste de mim, eu não sei o que faria se te perdesse para sempre.

- Você é tão fofo... Eu te amo muito. – disse. Eu estava tão feliz por tê-lo de volta em minha vida, de poder dizer que o amava quantas vezes eu sentisse vontade, de beijá-lo, abraçá-lo, sentir seu cheiro, escutar sua voz, conversar, vê-lo sorrir. Saber que posso contar com o seu amor todos os dias, isso é a felicidade que eu tanto preciso nesse momento.

- Eu te amo como nunca amei nenhuma garota antes. – ele disse, e nossos lábios se encontraram em um delicioso beijo.

De um jeito estranho, a minha vida estava se ajeitando, eu tinha minha irmã, meus pais, minha avó, meu namorado, minhas amigas, e todos eles me amam muito, claro, a dor de ter perdido a minha mãe biológica ainda está aqui, mas eu sei que a minha vida continua e que com o tempo ela vai diminuir, eu vou sentir saudades da Lorelai, muita, nesse pouco tempo que convivi com ela, aprendi a amá-la. E eu sei que sempre vou me lembrar dela com muito carinho, lembrarei de como ela era ainda viva, e da sorte que eu tive de conhecê-la, e de ter em tão pouco tempo, o amor necessário para amá-la.