Mirela


Terça feira, 16/05/2017, 20h00min horas.

Eu estava de pé, sozinha em frente ao bebedouro do colégio, quando a Lavínia se aproximou de mim.

Ela estava com o cabelo trançado para o lado, fiquei surpresa, pois sempre a vi de cabelo solto, o rosto ficava mais destacado com o cabelo preso, era um pouco estranho, ela era tão igual a mim, mas ao mesmo tempo tão diferente.

- Fiquei sabendo que você e o Caleb terminaram. – ela disse, me fitando a fundo, parecia incomodada com alguma coisa.

- É, foi sim.

- E é verdade que ele se aproximou de você por causa da Thamara? – ela quis saber.

- Sim, mas foi no inicio. Ele garante que se apaixonou por mim.

- Eu acredito. Mas e você?

- O que tem?

- Como está? Vai perdoá-lo? Está sofrendo muito?

- Estou péssima Lavínia, eu o amo. Está doendo muito. – disse.

Ela suspirou fundo e desviou o olhar de mim por uns instantes. – Não fica assim, você vai superar, não vai doer para sempre. – ela disse.

- Espero.

- Você vai passar lá em casa hoje? – ela perguntou.

- Eu não sei... Talvez.

- Vai sim, a vovó está com saudades. – ela disse e eu sorri.

Era impressão minha ou a Lavínia queria que eu fosse?

- Eu também estou com saudades dela, eu vou sim, podemos ir juntas depois da escola para lá. – falei.

- Claro. Vamos juntas. – ela disse e deu um sorriso fraco, antes que saísse de perto de mim, ela falou uma última coisa.

- Mirela.

- Sim?

- Tenha ânimo. Você está muito triste, eu não gosto de te ver assim, quer dizer... Eu nunca te vi assim, só tenta ficar bem. – disse ela, com um olhar de ternura, eu não conseguia entendê-la, da última vez em que nos falamos, tivemos uma briga horrível e ela me olhou com tanta fúria, tanta raiva, que eu podia jurar que ela nunca gostou de mim, e agora, no entanto, ela demonstrou preocupação comigo e me olhou com carinho, eu realmente não sabia o que pensar em relação a ela, eu não queria grudar nela de mais, com medo de que ela se enjoasse de mim, por isso eu estava permitindo que ela se aproximasse de mim quando sentisse vontade, claro que eu gostaria de passar mais tempo com ela no colégio, mas eu não queria sufocá-la, não queria que ela me achasse uma irmã chata.

- Tudo bem, obrigada. Eu vou tentar. – disse, e assim ela se afastou, indo para outro canto do colégio.

Dentro da sala de aula tentei a todo custo não olhar para o Caleb, mas isso era muito difícil, e todos da nossa sala já sabiam o que tinha acontecido entre nós dois, era a fofoca do colégio, uma menina da minha sala, Larissa, me cutucou.

- O que foi? – perguntei.

- Você é a garota mais popular desse colégio, vai mesmo permitir que todos falem mal de você? – ela disse. Arregalei os olhos sem entender o motivo de a garota estar falando isso comigo.

- O que estão falando? – quis saber.

- Que você é burra, trouxa, boba, que foi usada pelo Caleb apenas para que ele pudesse chegar na Thamara, estão dizendo também que você só tem o rostinho e o corpinho bonito e que é sem conteúdo, que foi por isso que o Caleb nunca se apaixonou por você. – disse ela, parecia ter dito todas essas palavras com gosto.

- Eu não sou nada disso, e vocês estão aumentando a história e dizendo coisas que não são verdades. Mas eu não vou ficar perdendo o meu tempo com isso, eu não posso mudar a opinião dos outros a meu respeito, eles sempre vão enxergar o que querem enxergar. – disse.

- Mas você é a mais popular, deveria mandar e colocar ordem nessa bagunça toda, você tem poder, comece a usá-lo. – disse ela.

- O quê? Está escutando o que está dizendo? Larissa, não estamos dentro de um filme teen americano não, eu não sou como as malvadinhas desses filmes. Pra ser sincera eu nem sei por que sou popular, mas a questão é que eu não sou esse tipo de pessoa que você quer que eu seja, e jamais serei. Isso é absurdo. – disse.

Ela revirou os olhos. – Eu falo isso para o seu bem Mirela, acredite. Não pode deixar as coisas assim. Estão rindo de você.

- Eu não posso fazer nada e não ligo a mínima pra isso.

- Talvez todos eles estejam certos a seu respeito, uma garota como você não merece ter o título de mais popular do colégio se não sabe usá-lo. Você é fraca de mais. – disse ela.

- Como é garota?! O que você disse da minha irmã?! – gritou Lavínia, se levantando da cadeira, já de frente para a Larissa.

- Não se meta.

- Eu me meto sim! Não vou permitir que você continue importunando e falando essas coisas da minha irmã! Sua abusada. – Lavínia se exaltou mais.

- Lavínia, está tudo bem. – tentei acalmá-la e fazê-la sentar, antes que a professora voltasse para a sala e desse a maior confusão.

- Não Mirela! Não está nada bem, essa Larissa não pode simplesmente se achar no direito de falar assim com você!

- Cala a boca Lavínia! Você acha que eu caio nessa? Desde quando se importa com a sua irmã? Eu duvido que goste dela, desde o primeiro dia que te vi eu soube que você não prestava. – falou Larissa e Lavínia perdeu o controle, começou a puxar o cabelo da Larissa, e as duas começaram a brigar, saindo no tapa.

A sala toda se levantou arrumando a maior confusão, gritos e alguns alunos tentando separá-las, mas as duas não se soltavam e se batiam com muita força, xingando uma a outra.

Eu estava horrorizada, olhei para Caleb pedindo por ajuda, ele entendeu e junto com seus colegas tentou separar as duas, mas era tarde de mais, a professora havia chegado na sala de aula, e deu o maior gritão, que fez com que as duas se soltassem por vontade própria.

A professora mandou as duas para a diretoria, e colocou ordem na sala de aula, todos ficaram em silêncio, mas minha mente só ficou pensando em toda essa confusão que havia acontecido ali, Lavínia toinha saído no tapa com a Larissa para me defender, jamais pensei que um dia ela fosse fazer isso por mim.

E por que Larissa estava tão inconformada com o fato de eu não ser uma malvadinha popular? Qual o motivo dela ter dito todas aquelas coisas para mim? Por que ela queria que eu me defendesse dos comentários maldosos?

Eu não estava entendendo nada. Quanta loucura, o que tinha acontecido ali.

Após tocar o sinal para o intervalo, Caleb se aproximou de mim, ainda estávamos na sala de aula, e os alunos estavam saindo aos poucos, Lívia, Thamara e Josi me esperavam ao lado da porta do lado de fora.

- O que aconteceu? A Larissa te disse algo feio? – ele perguntou.

- Basicamente foi isso.

- Que coisas?

- Sobre o nosso término. Ela disse que o pessoal ta falando que sou uma burra, boba, que não tenho conteúdo e que você nunca se apaixonou por mim por isso. – disse.

Ele pegou em minhas mãos, e eu quase recuei, mas permiti que ele me tocasse.

- Desculpa. A culpa disso tudo é minha, eu nunca deveria ter me aproximado de você por causa da Thamara. – ele disse, suas palavras pareciam ser sinceras, mas isso não apagava tudo o que tinha acontecido, toda essa confusão que havia se instalado entre nossa relação.

- Tudo bem, eu não me importo com o que estão falando de mim, não é nada do que você já não tenha pensado antes. – disse, fazendo-o se lembrar de que assim como o pessoal, antigamente, ele também costumava pensar que eu não tinha conteúdo algum.

Suas mãos acariciavam as minhas, e eu continuei permitindo. – Isso foi antes Mirela, muito antes de conversar com você, eu sinto muito, se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.

- Mas você não pode.

- É, eu não posso. Mas nós dois sabemos que você não é nada disso do que a Larissa falou, e você sabe que eu realmente me apaixonei por você, na verdade, eu te amo Mirela, eu te amo muito e estou sofrendo com tudo o que aconteceu entre nós dois, eu sinto saudades sua. – disse ele, chegando mais perto.

Eu podia sentir seu hálito e olhei bem no fundo de seus olhos. – Eu também sinto saudades sua, e também te amo, também estou sofrendo. Mas isso não significa que eu vá voltar para você como se nada tivesse acontecido. – disse.

- Será que algum dia você vai me perdoar?

- Caleb, eu já te perdoei, eu não guardo rancor, mas eu não consigo voltar pra você e fingir que nada aconteceu, pelo menos não agora, é tudo muito recente pra mim, talvez um dia eu consiga ficar com você sem a dor dessa sombra. – disse.

Ele suspirou fundo, subindo sua mão para meu rosto. – Eu te amo Mirela, eu não vou desistir de você, o nosso amor não vai terminar assim. – disse, e beijou meu rosto, meu coração se acelerou e senti vontade de puxá-lo para mim e beijá-lo, mas eu não podia, não era certo. Não naquele momento, o que ele fez comigo ainda doía em mim, não daria certo.

Assim que ele saiu, eu caminhei para fora da sala e as meninas se aproximaram de mim, elas queriam saber tudo o que tínhamos falado um para o outro e eu contei a elas, pedi para que elas me acompanhassem até a diretoria, eu precisava saber o que aconteceria com a minha irmã.

Assim que chegamos à porta da direção, Lavínia saiu, ela caminhou em minha direção e me abraçou, mais uma surpresa vindo dela.

- E aí? – perguntei, enquanto nos abraçávamos.

Ela respondeu assim que nos desprendemos uma da outra. – E aí que eu fui obrigada a organizar um grupo do meu agrado dentro do colégio, tipo esses grupos dos quadrinhos que a gente costuma ver em filmes e séries americanas, só que eu vou decidir sobre o que vai ser o tema do meu grupo, eu serei a responsável por divulgar esse grupo por todo o colégio e tem que dar no máximo 10 participantes, e claro, a chata da Larissa vai ser a organizadora do grupo junto comigo, termos que conviver juntas... Sinceramente, esse é o pior castigo de todos! Eu até tentei pedir para que a diretora me desse suspensão, mas ela disse que nosso castigo seria para o bem, e que suspensão é o que todo jovem quer. – disse ela, cruzando os braços, irritada.

- Nossa... Até que é um castigo legal Lavínia, pensa bem, você pode fazer um tema que você gosta, não vai ser tão ruim, é uma coisa legal. – tentei animá-la.

- O que pode ser legal com a Larissa?

Eu ri. – Bom... Essa é a parte chata, ela pensou em algo para o grupo?

- Que nada, ela disse que eu decidia e que qualquer tema está bom para ela.

- Acho que assim como você, ela também não gostou muito. – disse.

- É só eu não sair no tapa com ela novamente em algum momento em que estivermos juntas, está ótimo.

- Obrigada por ter me defendido daquela maneira, mas não precisava sério, você se prejudicou por minha culpa. – eu disse.

- Você é a minha irmã, eu sempre vou te defender. Só eu tenho o direito de falar mal de você. – ela brincou e eu ri, nos abraçamos novamente.

Lívia, Thamara e Josi nos olhavam surpresa, talvez mais pelo comportamento sentimental de Lavínia, que não era muito comum, preciso admitir.

- Bom, seja lá qual for o tema desse grupo, podemos te ajudar a escolher se quiser, e claro, que iremos participar. Pelo menos quatro garotas já estão no grupo. – disse Josi.

- A Josi tem razão, estamos aqui para o que precisar. – acrescentou Thamara e Lívia assentiu.

- Obrigada meninas. – agradeceu Lavínia sem jeito. Lavínia não era muito amiga das meninas, mas no que dependesse de mim elas seriam, pena que eu não tenho muito que fazer sobre isso, mas talvez esse grupo as una e se tornem amigas para valer.

Pela primeira vez depois de muito tempo, ficamos todas juntas no intervalo, por um tempo, até Cauã e Peter roubar a Josi e a Thamara da gente, brincadeiras a parte, elas tinham mais era que namorar mesmo!

- Eu vou ao banheiro e já volto. – disse a Lívia e a Lavínia, e saí, deixando as duas sozinhas, eu esperava que quando eu voltasse, elas não estivessem se matando.

Entrei no banheiro e dei de cara com a Larissa se olhando no espelho. Não deixei me abalar por isso e entrei na cabine assim mesmo, quando saí, pensei que ela já estivesse fora do banheiro, mas Larissa ainda estava de pé, se olhando no espelho, lavei minhas mãos e enxuguei com o papel toalha, ela me olhava estranho, então, falou comigo.

- Mirela, desculpa. Eu não queria ter dito todas aquelas coisas para você na sala de aula, eu saí do controle. – disse ela.

Esse dia estava repleto de surpresas mesmo! – Tá. Ok está tudo bem. – disse.

- Não, não está nada bem. Eu não devia ter dito aquelas coisas para você, estou me sentindo péssima por isso.

- E por que disse? Qual o motivo? – eu quis saber. Tinha que ter um motivo para isso.

Ela suspirou fundo e passou as mãos pelo cabelo loiro misturado com o castanho claro que era sua cor original, suas luzes estavam saindo, mas ainda assim continuava uma cor bonita, Larissa tinha o olho azul, lábios cheios sem ser carnudo, e era magra, talvez até um pouquinho mais magra que eu.

- Eu não sei bem. É que eu vi que todo mundo estava falando mal de você, dizendo aquelas coisas, e como você é a mais popular, eu quis te alertar, quis que limpasse o seu nome, você tem poder suficiente para fazer todos se calarem e mesmo assim, você não os usa, eu só queria te fazer despertar. E como eu vi que você não iria fazer nada a respeito, eu fiquei irritada e disse aquelas coisas, que caia entre nós, eu não acredito em nada, só falei para te magoar mesmo. – disse ela.

- Mas por que você queria que eu me defendesse? Nós duas nem nunca conversamos antes. – disse, ainda sem entender.

Ela deu um sorriso fraco. – Já conversamos sim Mirela.

- Quando?

- Lembra de quando você tinha 12 anos e tinha uma garota que sofria bullying aqui no colégio? A garota era um palito e tinha o cabelo volumoso de mais? Aquela garota era eu, naquela época éramos de salas diferentes, mas no intervalo, estavam implicando comigo e umas meninas me empurraram enquanto zombavam de mim, você viu tudo e foi correndo para me ajudar, me defendeu daquelas garotas, e elas te obedeceram de imediato, você conversou um pouquinho comigo, perguntando se eu estava bem e tals, e por incrível que pareça, aquelas garotas nunca mais voltaram a me incomodar, eu não sei por que nós duas não continuamos conversando, acho que eu era muito tímida, e acabou que o tempo foi passando. – ela terminou de contar.

- Meu Deus... Eu não lembrava que aquela garota era você. Está muito diferente! – eu disse, olhando para ela, sem acreditar que aquela garotinha era a Larissa.

- Sim, sou eu mesma. E desde aquele dia, eu sou grata a você, por isso eu queria que você se defendesse, assim como você tinha feito comigo. – disse ela.

- Entendi. Nossa, que loucura. Mas não se preocupe Larissa, eu realmente não ligo para o que as pessoas falam de mim, eu sei quem eu sou e isso é o que importa. – disse.

- Se você prefere assim...

- Prefiro. Que tal esquecermos tudo isso? E aí? Animada para o grupo que você e a Lavínia vão organizar? – perguntei, puxando assunto.

- Não, nem um pouco. – ela disse cabisbaixa.

- Eu vou participar do grupo, não vai ser ruim, se anime, a Lavínia em um pouco difícil de lidar, mas ela não é má pessoa, acredite.

- Talvez não seja mesmo. Bom, eu tenho que ir, nos falamos depois, e mais uma vez, me desculpa. – ela disse.

- Está tudo bem, já passou. – disse e sorri, assim que ela saiu do banheiro, eu saí logo depois, quando estava chegando até as meninas, vi de longe que as duas estavam conversando, assim que eu cheguei, elas pararam.

- Nossa, demorou no banheiro em... – comentou Lívia, rindo.

- Engraçadinha. É que a Larissa estava lá, e por incrível que pareça, ela me pediu desculpas.

- E você acreditou? – Lavínia perguntou, revirando os olhos.

- Sim. – respondi, e eu contei toda a história para elas.

...

Após o colégio, fui com a Lavínia para a casa dela, claro que liguei para meus pais avisando antes.

Quando estávamos chegando perto da casa, Iago apareceu do outro lado da rua, me gritou e acenou para mim, sorrindo. Retribuí o sorriso e acenei de volta para ele.

- Hum... Iago e você estão tão próximos assim? – perguntou ela.

- Não. Não conversamos muito, mas ele é muito legal. – eu disse.

- Ele é, legal até de mais.

- Vocês dois não estão mais juntos? – quis saber.

Ela arqueou a sobrancelha. – Não. Eu dei um fim na nossa relação. Mas e você? Está se interessando por ele?

- Eu?! Claro que não! Ele é só um ótimo colega. – disse.

- O Iago não tem colegas meninas, ele pega todas. E eu tenho certeza que ele está se aproximando de você com segundas intenções, sabe por você ser igual a mim, acho que ele ainda não me superou. – disse ela.

E eu ri. – Você está com ciúmes.

- Eu não, eu não tenho ciúmes! Nem gosto dele.

- Tem certeza disso? Pois pareceu.

- Tenho. Eu não ligo a mínima para o Iago. – respondeu ela, entramos na casa e cumprimentei a vovó e a Lorelai, ficamos todos juntos conversando na sala.

- Vocês duas estão se dando bem? – perguntou Lorelai, acho que depois que ela presenciou a nossa briga aquele dia, ela pensou que não estaríamos mais de bem.

- Estamos sim mãe. – respondeu Lavínia.

- A Lavínia até saiu no tapa com uma menina da nossa sala para me defender, vocês tinham que ter visto aquilo! – eu disse e ri, Lorelai e vovó arregalaram os olhos assustadas.

- O quê?! Isso é sério? Lavínia! Que coisa feia. – disse Lorelai.

- Foi por um bom motivo, a garota estava falando mal da minha irmã. – disse ela.

Vovó sorriu. – Apesar de ser feio o que você fez, eu fico feliz que tenha feito isso pela a sua irmã, significa que se gostam. – disse vovó.

Continuamos conversando sobre muitas coisas, e um tempo depois, Lavínia me chamou para ir até o quarto dela.

Ao entrarmos no quarto, ela me entregou uma folha de papel ofício, quando virei a folha, vi que estava desenhado perfeitamente bem, duas de mim na folha, uma era eu e a outra era ela, estávamos de mãos dadas, no desenho eu estava sorrindo e Lavínia estava séria. Eu sabia que a que estava sorrindo era eu, porque minhas roupas eram mais leves, enquanto a garota séria usava roupas mais pesadas, assim como a Lavínia.

- Você nos desenhou? – perguntei, fascinada com aquilo, o desenho estava perfeito, ela desenhava muito, dava até para ganhar dinheiro, se investisse nisso.

- Sim, foi antes de nos conhecermos, eu ainda nem sabia que tinha uma irmã gêmea. – ela disse.

- Mas então como nos desenhou? – perguntei totalmente confusa.

- Eu tive um sonho, nesse sonho eu tinha uma irmã gêmea, no sonho foi como se eu tivesse crescido com ela, nos dávamos muito bem, mas também brigávamos de vez em quando, e eu lembro perfeitamente bem que a minha irmã gêmea do sonho usava roupas mais leves, foi estranho sonhar com aquilo, acordei assustada e desenhei-a assim como a vi em meu sonho, e me desenhei também, porque no sonho estávamos sempre juntas, e por um momento, eu desejei ter tido e crescido com uma irmã gêmea, mas era apenas um sonho bobo, como eu poderia saber que realmente eu tinha uma irmã gêmea? Quando eu descobri, fiquei assustada e lembrei do sonho, e quanto te vi pela primeira vez eu notei que suas roupas eram exatamente como eu via no meu sonho. Acho que era um aviso, eu pensei que você gostaria de ficar com o desenho pra você, eu posso fazer outros para mim. – ela disse e sorriu.

- Obrigada. Eu adorei! Realmente é uma coisa estranha que você tenha sonhado com isso.

- Sim, e não para por aí. Quando eu tinha sete anos de idade, eu inventei para algumas menininhas que implicavam comigo que eu tinha uma irmã gêmea e que ela era muito brava e que se não parassem, iriam atrás delas. Elas acreditaram e eu ri muito naquele dia, cheguei em casa e pensei que seria legal se eu tivesse mesmo uma irmã gêmea, isso é tão estranho, não é? Já aconteceu algo parecido com você antes? – ela perguntou, fazendo com que eu me sentasse em sua cama.

- Uma vez eu estava brincando de boneca sozinha, minha mãe entrou no meu quarto e do nada eu disse a ela que queria ter uma irmã gêmea, ela ficou assustada e perguntou por que, e eu, na minha inocência de criança disse que era para eu não ficar sozinha nunca, minha mãe sorriu e disse que não tinha como, que para ser gêmea, ela precisava nascer junto comigo, e eu fiquei muito triste. – disse.

Lavínia riu. – Acho que mesmo separadas, nós duas sentíamos algo.

- Sim, é verdade.

Sorrimos e mudamos o assunto, e eu tentei ajudá-la a pensar em algo para o grupo que ela teria que criar para o colégio.

Depois, meus pais foram me buscar de carro e eu cheguei em casa com a sensação de que algo estava mudando na minha relação com a Lavínia, era para melhor, eu podia sentir.

E aí pessoal? Gostaram do capítulo? Espero que sim <3 O que vocês acham sobre a lavínia? Me contem aí, e sobre os outros personagens? Quais são seus favoritos? Não deixem de comentar, beijos <3 e até o próximo capítulo!

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