Mirela


Sexta feira, 28/04/2017, 13:00 hora.

Estávamos em sala de aula, na parte da manhã, estudando como sempre, mas nessa manhã, aconteceu algo diferente. Aconteceu uma coisa, que jamais havia acontecido, pela primeira vez na vida o Caleb resolveu falar comigo.

O terceiro tempo havia terminado, e era o intervalo para descansarmos, estava saindo da sala de aula, quando ele falou comigo. – Oi Mirela. – disse ele. O olhei surpresa, afinal, ele nunca tinha falado comigo antes.

- Oi. – respondi e sorri.

- Está conseguindo aprender todas as matérias? – ele perguntou.

- Sim, você não está?

- A matéria de física não, sou péssimo. Eu estava aqui pensando, você teria tempo para bancar a minha professora particular nessa matéria? – ele perguntou, fazendo uma careta engraçada, como se estivesse temendo por minha resposta. Ok. Eu não esperava que ele fosse me pedir para ajudá-lo em física, mas acho que já é um começo, e eu adoraria poder passar mais tempo com ele, conhecê-lo melhor, mesmo que seja como professora particular.

- Claro! Vou adorar poder te ajudar. – respondi, e comecei a sorrir, eu estava começando a exagerar com os meus sorrisos bobos toda vez que falo com ele, eu precisava maneirar nas minhas reações ao vê-lo.

- Que ótimo então! Podemos começar hoje? Desculpa a pressa, mas é que eu preciso muito me dar bem nessa matéria. – ele disse.

- Claro, sem nenhum problema, em que horário? E onde?

- Pode ser as 15:00 horas? Nesse horário tenho tempo livre.

- Claro, nesse horário eu também não tenho nenhuma aula optativa. – respondi.

- Ótimo. Na biblioteca? – ele pergunta.

- Perfeito. – respondi.

- Obrigado Mirela, está me ajudando muito.

- Não é por nada, eu adoro ajudar os outros.

- Eu tenho notado isso. Obrigado. – ele disse novamente, e beijou meu rosto antes de se retirar, fiquei observando- o sumir entre a multidão do intervalo.

Meu coração estava acelerado, ele havia beijado o meu rosto! Isso era um grande avanço... Caleb era um pouco mais alto que eu, seu cabelo era cacheado, no estilo cheio, e bagunçado, ás vezes o cabelo dele ficava mais baixo, principalmente quando ele cortava um pouco, mas na maioria do tempo ficava mais cheio, ele ficava lindo com qualquer tipo de cabelo! Sua pele é morena, seus olhos são castanhos escuros. Eu ainda estava ainda meio boba, quando a Lívia saiu da sala e tocou meu ombro.

- Parabéns em... eu disse que o Caleb estava a fim de você. – disse ela, rindo.

- Ele só está precisando de aulas particulares em física Lívia, isso não significa que ele está interessado em mim. – respondi.

- Claro que significa Mi, eu sei que você é inteligente, mas existe outras pessoas dentro da nossa sala que também são ótimas na matéria de física, e mesmo assim, dentre de todas elas, ele preferiu pedir ajuda a você, por que será em? Já sei! Com certeza deve ser por causa dos seus lindos olhos azuis, o seu corpo esbelto, o seu cabelo loiro e seu rosto de bonequinha de porcelana! – brincou a louca da Lívia, e eu a empurrei de brincadeira, rindo com ela.

- Para sua boba! Beleza exterior não é tudo. – lembrei-a.

- Mas a sua beleza ajuda muito! – disse ela, rindo.

- Você também é linda Lívia, nunca se esqueça disso. – disse.

- É, mas o Lucca não acha.

- Como é? Só se ele for um louco. – disse, enquanto caminhávamos para o refeitório.

- Ele está a fim de você amiga. – disse ela, e eu arregalei os olhos, completamente assustada com o que minha amiga tinha dito. Jamais pensei que o Lucca fosse a fim de mim, ele nunca demonstrou ser, e nós dois somos colegas, conversamos algumas coisas e nunca percebi nada.

- O quê? Está brincando não é? – pergunto.

- Lógico que não Mi. Ele foi até mim e me disse, mas não se preocupe, eu dei um jeito na situação, afinal, o Lucca precisa me enxergar com outros olhos. – disse ela.

- O que você fez Lívia?

- Disse que você já estava ficando com outro menino.

- Ta maluca? E se ele descobrir que eu não estou?

- Ele não vai descobrir nada Mirela, relaxa, e tem mais, em breve você vai estar ficando com o Caleb, então, de certa forma, o que eu disse não é mentira.

- Ei... Por que a Thamara está sentada sozinha? – perguntei, só naquele momento, me dando conta de que tínhamos saído da sala sem ela.

- Talvez seja porque ela é a garota mais estranha que eu conheço? – falou Lívia.

- Não fala assim Lívia, não tem graça. A Thamara é muito legal, por favor, tenta ser amiga dela, a vida dela não é fácil.

- Sabe alguma coisa que eu não sei?

- Sei sim, mas não tudo. – respondi, me lembrando de quando ela me contou da cicatriz, mas não me disse a causa dela.

- Então me conta, se quer que eu seja boa com ela, me conta a verdade. – exigiu ela.

- Promete que não vai dizer a ela nada a respeito? Ela tem que contar quando se sentir pronta, e isso só vai acontecer quando ela sentir confiança em você. – falei.

- Prometo, conta rápido.

- Ela tem uma cicatriz acima do umbigo, e as meninas da antiga escola, tiraram uma foto dela com trajes íntimos no vestuário de propósito, para que todos pudessem ver a cicatriz dela e zombarem depois, a foto circulou por tudo quanto é lugar, e todos riram e debocharam dela, dizendo que ela era estranha, feia, deformada, e outras barbaridades, por isso a Thamara bateu naquela garota e foi expulsa. – disse o mais rápido que consegui e bem baixo.

- Nossa, que maldade. Quer dizer, a Thamara é linda, só por causa de uma cicatriz o pessoal debocha dela? Isso é uma tremenda maldade e barbaridade, ninguém merece isso, ta certo que ela é estranha, mas é linda, e mesmo se ela fosse feia, não dava o direito de ninguém debochar. – falou Lívia.

- Pois é, depois conversamos a respeito, vamos lá nos sentar com ela, e seja uma boa menina Lívia. – pedi, ela riu e caminhamos em direção a Thamara.

Lívia e eu nos sentamos de frente para ela. – Oi. – cumprimentei. Lívia também disse "oi".

- Oi. – respondeu ela, e continuou comendo seu lanche.

- Não te vi sair da sala. – falei.

- Eu também não te vi.

- Gostando da escola? Da nossa turma? – perguntei.

- Aqui é melhor que o meu antigo colégio, então está bom. Mais ou menos.

- Mais ou menos? Alguém está implicando com você? – perguntou Lívia.

- De vez em quando tem gente que olha para mim, cochicha e ri, mas já estou acostumada com esse tipo de coisa. – respondeu ela, fingindo não dar importância.

- Você não tem que se acostumar a nada. Quando eu ver isso acontecendo, essas pessoas vão ver só o que vou fazer. – disse Lívia, com raiva da situação que a Thamara passa.

- É sério, está tudo bem, mas obrigada por se importar. – ela agradeceu a Lívia, e ficamos conversando, depois que o sinal tocou, voltamos para nossa sala juntas, ela e Lívia estavam se dando bem, pelo menos no dia de hoje sim, e isso me alegrava, pois eu queria mesmo que nossa amizade com ela desse certo.

16:00 horas.

Acabei de voltar da biblioteca com o Caleb, quando deu três da tarde, eu já estava sentada em uma mesa dos fundos, onde era mais afastado das pessoas, esperando por ele.

Quando ele chegou, sorriu para mim. – Demorei muito? – perguntou ele.

- Não, eu que cheguei um pouco cedo. – respondi, ele deu mais um sorriso encantador e puxou a cadeira para se sentar ao meu lado. Fiquei um pouco nervosa com nossa aproximação, estávamos bem pertos, mas tentei me acalmar, afinal, eu precisava ensinar física a ele. Ele me mostrou suas anotações, e parte da matéria que ele não estava entendendo, eu sempre tive muita facilidade em todas as matérias, Lívia costuma brincar comigo, me chamando de nerd fantasiada de popular, eu disse a ela, que ser popular no colégio não significa que essa pessoa seja burra, mas ela ri e fala que a maioria é, e eu paro de insistir, pois a Lívia é muito teimosa quando quer ser.

Comecei a explicar a ele, no começo ele não entendeu bem e me fez perguntas, pedindo para que eu explicasse novamente, aí fiz as fórmulas, e pedi para ele seguir o exemplo, talvez com o exemplo ele entendesse melhor, e ele foi conseguindo desenvolver, não ficou cem por cento na matéria, mas isso é prática, leva tempo, se continuarmos estudando juntos, tenho certeza de que ele vai ficar expert em física.

Quando terminamos, por causa do horário, enquanto guardava suas coisas, me agradeceu e foi conversando comigo.

- Sabe, você é muito inteligente Mirela, eu tinha uma outra imagem sua. – ele disse, enquanto nos levantávamos para sair da biblioteca.

- Como assim? Que outra imagem? – quis saber.

- É...

- Pode falar, eu não vou ficar brava, prometo.

- Ano passado eu achava que você era uma patricinha superficial e não muito inteligente, eu meio que te pintava como essas garotas patricinhas e burrinhas, essas malvadinhas de filmes americanos, me desculpa por isso. – ele disse.

Fiquei um pouco sem graça, então era por isso que ele não dava bola para mim, porque me considerava uma garota superficial, completamente metida, de nariz empinado, por isso ele fingia que eu nem existia.

- Nossa... uau, será que outros pensam isso a meu respeito também? – pergunto e ele ri.

- Alguns, não todos. Mas não liga não, o importante é você mesma saber da verdade, saber quem é você, a opinião alheia não vai mudar em nada. – ele disse.

- Mas... o que te fez mudar de ideia em relação a mim? Ano passado, você nem falava comigo, parecia que nem me via dentro da sala de aula, e do nada, você começou a me cumprimentar e... – eu dizia, até ele sorrir, deixando a mostra suas pequenas covinhas.

- Você tem covinhas. – disse, admirada e só então me dou conta do que disse, ele riu, se aproximando mais de mim.

- Tenho, mas são poucas, quase não aparece. – ele disse.

- Agora que eu reparei. – falei, envergonhada ainda.

- Respondendo a sua pergunta, eu vi que estava sendo preconceituoso te julgando daquele jeito, e tratei de mudar, e agora, depois dessa aula que você me deu, percebo que você é uma garota muito inteligente e legal. – disse ele, olhando muito para mim, tanto que acabei desviando o olhar.

- Você fica uma graçinha quando está envergonhada, você é mesmo muito diferente do que eu imaginava.

Sorri nervosa. – É, pode não parecer, mas... eu sou um pouquinho tímida em algumas situações... mas não muito. – falei e ri.

- Estou percebendo, bom, eu tenho que ir para a minha aula, já estou atrasado. Obrigado por me ajudar, e continuamos amanhã. – disse ele, e se aproximou, para me abraçar, e fiquei surpresa com isso, mas lá no fundo, eu adorei poder abraçá-lo pela primeira vez na vida! Ele estava muito cheiroso.

- Tchau, até. – disse.

Dá para acreditar na sorte que eu tive hoje? É incrível! Eu nem acredito nesse avanço repentino que aconteceu em minha vida, estou tão feliz, não vejo à hora de poder contar todos os detalhes para a Lívia e para a Thamara.


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