Lívia
Terça feira, 09/05/2017, 16h00min horas.
Que loucura! Mirela tinha uma irmã gêmea, e as duas são completamente iguais! Era outro dia, (ainda bem), e foi estranho ver a Mirela e sua irmã gêmea lado a lado, são tão iguais... Só não confundi as duas por que Mirela estava de uniforme e Lavínia não.
Sua irmã tinha ido para fazer a prova para concorrer à bolsa, se ela fosse tão inteligente como a Mirela é, tenho certeza que vai passar.
- Estou tão nervosa, e se eu não passar nessa prova? – perguntou Lavínia, parecia nervosa mesmo.
- Você vai passar sim, não se preocupe. Fique calma. – aconselhou Mirela.
Caleb se aproxima e quando nota que tem outra garota igual a sua namorada, seus olhos se arregalam e ele fica olhando assustado para as duas, tentando entender alguma coisa.
- Nossa... Acho que estou tendo alucinações. – ele diz e caímos na risada.
- Não é uma alucinação seu bobão! É a irmã gêmea da Mirela. – eu disse, fazendo questão de zoá-lo.
- O quê?
- É isso mesmo Caleb. Eu tenho uma irmã gêmea, é uma longa história e vou te contar depois. - disse minha amiga, se aproximando do namorado e pegando na mão dele.
- Nossa... Você é cheia de mistérios. – ele disse e a beijou na nossa frente.
- O amor é lindo. – comentou Thamara sorrindo.
Quando os pombinhos terminaram de se beijar, Mirela acompanhou sua irmã até a sala onde aconteceria a prova.
- Vê se não confunde as duas em. – eu disse a ele, depois que as duas irmãs saíram de perto.
- Claro que não Lívia. – ele respondeu.
- Você está namorando com o Peter não é? – ele pergunta para Thamara.
- Sim.
- Fico feliz por vocês dois, agora eu vou indo. – diz ele e se afasta de nós duas, indo para outro lugar.
Olho para Thamara imediatamente, a mesma me olha sem jeito, como se fugisse das minhas perguntas, que eu faria rapidinho.
- Thamara, não é de hoje que eu percebo isso, então, por favor, me responda com a verdade. Aconteceu alguma coisa entre você e o Caleb alguma vez? – perguntei.
- Sim. Já ficamos, foi há muito tempo, éramos bem novinhos, eu perdi o meu BV com ele, não significou nada. – ela respondeu.
- Eu sabia que alguma coisa tinha rolado... Olha, realmente não significou nada para você?
- Não. Absolutamente nada, eu estou apaixonada pelo Peter.
- Mas e se o Caleb ainda gosta de você?
- Não, ele não gosta. Eu percebo o brilho no olhar dele quando ele está com a Mirela. – respondeu ela.
- Mas não é estranho?
- O quê?
- Que ele tenha ficado com ela, que é sua amiga, e se ele se aproximou da Mirela para chegar até você? – supus.
- Não viaja Lívia. Claro que não. Ele se aproximou da Mirela por que se interessou por ela, eu não tenho nada a ver com isso. – disse ela, convicta de sua resposta.
- Você tem razão, mas você precisa contar que já ficou com o Caleb para a Mirela, se ela descobrir por outra pessoa, ela vai ficar muito brava e magoada. – falei.
- Não, eu não posso contar isso a ela.
- Claro que pode Thamara, isso foi no passado, não tem nada de mais.
- Se está no passado, por que desenterrar?
- Por que ela é sua amiga, e amigas contam tudo uma para a outra, não deve existir segredos entre nós. – eu disse.
- Está bem... Eu vou contar hoje. – ela disse, parecia com medo da reação da Mirela.
- Não se preocupe Thamara. A Mi é uma ótima amiga, vai entender, pois isso ficou lá no passado. – eu disse, e a abracei. Essa ruivinha precisava de uma forçinha para ter coragem de contar a Mi sobre esse assunto.
...
No intervalo, acabei esbarrando com o Lucca, ele estava acompanhado da Nayeli.
- Posso falar com você? – ele pergunta.
Olho para a Nayeli, a mesma revira os olhos irritada e se despede do Lucca com um beijo na bochecha.
- O que você quer comigo Lucca? – quis saber. As coisas não tinham terminado nada bem entre nós dois, e eu estava muito magoada, eu precisava esquecê-lo.
- Quero saber como vai ficar as coisas entre nós dois, é que... Terminou tudo muito mal no dia daquela festa. – ele disse.
- As coisas já tinham terminado entre nós dois muito antes daquela festa. – falei. Ele me encarou com seus olhos cintilantes, e pegou na minha cintura. Isso fez meu coração acelerar, ele estava tão lindo, e eu gostava tanto dele. Eu não podia demonstrar fraqueza, eu tinha que ser forte e mostrar a ele que eu estava bem sem ele.
- Eu sei, mas no dia da festa, nós dois nos magoamos, e brigamos feio, desde então eu tenho ficado com esse sentimento ruim dentro de mim, eu não gosto e nem quero continuar brigado com você. Não estou pedindo para voltar, mas é que antes de nós dois ficarmos, tínhamos uma boa convivência como colegas, e eu quero que pelo menos isso volte ao normal, quero poder estar perto de você sem precisar sentir raiva ou ficar constrangido por que algo não deu certo na nossa relação, entende?
- Está querendo que voltemos a ser como antes da nossa primeira ficada? Quer fingir que isso nunca aconteceu entre nós dois, é isso? – pergunto, o encarando.
- Não, eu não quero esquecer nada do que rolou entre nós dois, pois foi perfeito enquanto durou, mas eu quero poder conversar com você sem ficar esse clima de ódio no meio. – ele fala, suas mãos ainda seguravam na minha cintura e eu estava morrendo de vontade de beijá-lo, mas eu não podia, se ele não estava querendo ter mais nada comigo, não seria eu que iria correr atrás, eu só quero ver até a onde ele vai conseguir seguir com isso, mesmo que ele negue, eu sei que o provoco e que ele é doido por mim.
- Ok.
- Sério? Você concorda com isso? – ele me pergunta, estava incrédulo. Será que achou que eu iria contestar contra?
- Claro. Amigos então! E que tudo volte a ser como era antes de darmos aquele beijo na pista de skate. – disse, e sorri.
- Claro... – ele disse meio pra baixo.
- Então, como amigos, é melhor que você me solte. Se não alguém pode achar que voltamos. – eu disse, apontando para as mãos dele que estavam em minha cintura, ele deu um meio sorriso e assentiu.
- Desculpa. – ele disse envergonhado, tirando suas mãos do meu corpo.
- Então, tchau Lucca, até depois. – eu disse e beijei no rosto dele de propósito.
Um pouquinho mais tarde, na minha aula de artes, caminhei até o meu lugar e sentei, para o meu azar, ele estava sentado na fileira ao meu lado.
- Lívia. – escutei a voz dele em um tom baixo.
Olhei para ele. – O que foi? Vai me provocar até aqui na sala de aula do curso que eu mais gosto?
- Eu também amo arte, caso tenha se esquecido, não estou nessa aula à toa. – ele fala com um pouco de arrogância.
- Sem papinho, só me diz o que você quer comigo.
- Uma trégua.
- O quê? É sério isso? – pergunto completamente incrédula. Ele implicava comigo, dizia coisas horríveis de mim para mim, e me pedia trégua?
- Eu não costumo ser essa pessoa... Sempre que estou perto de você eu me transformo nesse cara horrível.
- Então eu sou o problema? Eu te transformo?
- Não foi isso o que eu quis dizer. É que você me provoca a um nível que eu fico completamente fora de mim, não sei por quê. E eu quero mudar isso, pelo menos tentar. Desculpa por todas as coisas que já te disse, você não é todas aquelas coisas. – ele fala, dava para notar a dificuldade que ele estava tendo para me pedir desculpas.
- Tudo bem, trégua então. Desculpa por ter te usado aquelas vezes para fazer ciúmes no Lucca. – disse.
Ele riu. – Já voltou para ele?
- Não. Acho que não vamos mais voltar, é complicado...
- Você ainda gosta dele?
- Sim. Muito. Mas um dia eu vou esquecê-lo, só tenho 15 anos! – disse e ri.
- É claro que você vai esquecer ele.
Paramos de conversar para podermos voltar a prestar atenção no que a professora falava, depois das explicações, ela passou mais um trabalho em dupla, e como eu e Charles começamos a conversar, resolvemos fazer esse trabalho juntos. Espero não me arrepender dessa decisão, a atividade era a seguinte: Teríamos que desenhar o rosto do nosso parceiro de dupla e escrever dez palavras sobre essa pessoa ao redor do desenho feito, no dia marcado teria que apresentar mostrando nosso desenho para a turma e lendo o que escrevemos sobre nosso parceiro.
Essa não... Eu sou ótima em desenhar, sou fera em arte, o problema era escrever dez palavras sobre o Charles, eu nem o conhecia direito e só agora estávamos tendo um conversa decente.
- Tarefa difícil. – eu disse e dei um risinho.
- Você achou?
- Mais ou menos...
- Não se preocupe, sei que você vai conseguir me descrever muito bem. – ele disse e sorriu.
...
Na aula de educação física, ficamos na arquibancada assistindo os meninos jogarem futebol, Mirela queria jogar também, e Caleb até a chamou, mas Thamara pediu que ela ficasse pois queria conversar com ela, eu sabia o que era, e eu estava ali justamente para estabelecer um elo entre as duas, para que ambas não brigassem, eu conheço bem a Mirela, sei que ela não ficaria magoada, mas quando se trata de um menino, é bom não apostar todas as fichas.
Josi chegou e nos cumprimentou. – Senta aí Josi! – convidou Mirela, toda sorridente.
- Obrigada. – ela agradeceu e se sentou ao lado da Thamara, acho que a presença da Josi incomodou um pouco a Thamara, pois ela parou de falar o que estava prestes a contar.
- O que você ia me contar Thamara? – perguntou Mirela.
- É...
- Conta Thamara, você consegue. – eu disse, dando uma força.
- Não precisa se envergonhar por causa da minha presença, se quiser eu saio e deixo vocês a sós. – sugeriu Josi.
- Não! Pode ficar Josi, você agora está se tornando nossa amiga, é só que é muito difícil para mim ter que contar isso... – disse Thamara, completamente nervosa.
- É algum problema entre você e o Peter? – perguntou Mirela, super atenciosa, pegando na mão da Thamara.
- Não. Nós dois estamos bem. É outra coisa.
- Pode contar, sou sua amiga, quero saber o que tanto está te incomodando. – disse Mi.
Thamara respirou fundo e resolveu contar de uma vez. – Eu fiquei com o Caleb há alguns anos, éramos novos, e eu perdi o meu BV com ele, mas foi só isso, nunca mais tivemos nenhum tipo de contato, eu o cortei definitivamente da minha vida desde que fiquei com ele. – disse Thamara.
Olhei para Mirela, ela estava com os olhos arregalados, surpresa. Mas não parecia brava. – Nossa... Por que nunca me disse isso antes? – perguntou Mi.
- Eu estava com medo, medo de que assim que eu contasse vocês duas não quisessem mais ser minhas amigas, querendo ou não, eu já beijei o cara por quem você é completamente apaixonada, e não é qualquer garota que perdoa isso. – disse Thamara.
- Mas como eu poderia ficar com raiva, se vocês dois ficaram há muito tempo? Eu não conhecia nenhum de vocês dois naquela época, então, não tem motivos para que eu fique brava por isso. – disse Mirela.
Eu sabia! Minha amiga era super compreensiva, e muito legal.
- Eu não sei, eu fiquei com medo de que você pensasse que eu ainda gosto dele e ficasse com raiva. Mas eu não gosto, não com esses olhos. Eu estou completamente apaixonada pelo Peter, eu não sinto nada pelo Caleb.
- Eu sei. Dá pra ver que você é totalmente a fim do Peter. E eu te conheço perfeitamente bem para saber que você tem um coração muito bom e jamais me enganaria por maldade.
- Estou tão aliviada! É tão bom não ter que guardar mais esse segredo. Eu estava me sentindo muito culpada. Você é tão boa comigo.
Mirela sorriu. – Você é minha amiga, aconteça o que acontecer, você sempre poderá me contar tudo, não sinta vergonha de contar as coisas e nem medo, estamos aqui para ouvir e dar conselhos, entre amigas não deve existir segredos. – ela disse.
- Acho que eu já escutei essa frase antes. – disse Thamara sorrindo, olhando para mim.
Mirela também riu. – Lívia e eu vivíamos falando isso. É um meio de nos lembrarmos que não estamos sozinhas. Que sempre teremos uma à outra, e que se contamos tudo, as coisas não ficarão tão pesadas. – disse Mi.
É verdade. Quando carregamos um segredo sozinho, sem compartilhá-lo com alguém de quem gostamos e confiamos, corremos o risco de nos afundarmos em um grande mar de tristezas, mas se contamos esse segredo para nossos melhores amigos, o problema que carregamos não parece ser tão pesado como achávamos antes, nossos amigos irão nos ajudar e esse fardo será resolvido aos poucos, pois quando temos a ajuda de alguém que gostamos, conseguimos sair mais rápido do fundo do poço. E quando continuamos com esse segredo, é mais difícil de sair do fundo do poço.
- Agora eu aprendi isso. Desculpa por não ter contado isso antes.
- Tudo bem Thamara. Não é nada de mais. – disse Mi.
- Vocês três são tão legais. Que estranho. Pensei que fosse o trio de amigas mais chato de todo o colégio. – falou Josi.
A gente riu. – Bom esse trio pode acabar se tornando um quarteto, se você se permitir fazer parte. – eu disse.
- O quê?! Lívia sendo legal com alguém? Que milagre! – zombou Mirela.
- Para sua boba! Eu não só tão malvada assim. – disse.
- Claro que não, bem aí no fundo você tem um bom coração. – disse Mirela, fazendo questão de me zoar.
Ficamos rindo e conversando, até que Caleb e um grupo de meninos da nossa sala se aproximaram da gente, incluindo Lucca.
- Meninas, que tal um encontro hoje na casa do Lucca para jogarmos verdade ou desafio? Vai ser legal! Precisamos nos divertir. – sugeriu o Luiz.
- Todas nós estamos convidadas? – perguntou Josi.
- É claro, quanto mais gatinhas, melhor o jogo. – respondeu ele.
- Podemos chamar outras pessoas? – perguntou Mirela.
- Tipo quem? – Caleb quis saber.
- A minha irmã gêmea e o Peter que é o namorado da Thamara. – respondeu Mirela.
- E o Cauã, que é o meu amigo. – eu disse e Lucca ficou meio tenso ao escutar o nome do Cauã.
- Claro, podem chamar quem vocês quiserem. – disse Lucca, com certa prepotência.
- Então, ótimo! A gente vai. – eu disse.
- As 18:00 horas. – disse Lucca.
- Combinado. – disse, e o fitei a fundo, ele revirou os olhos e os meninos trocaram o assunto.
Eu não sabia o que me aguardava nesse encontro, mas eu estava disposta a me divertir.
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