Lívia


Quarta feira, 03/05/2017, 22:00 horas.

Na parte da manhã, especificamente umas nove horas, saí da aula para ir beber água, estava com uma sede fora do normal, depois de beber a quantidade necessária para saciar minha sede, limpei minha boca, e foi exatamente nesse momento que vi o Lucca conversando com uma garota branca, magrinha, peituda, cabelo escuro ondulado, ele sorria de mais enquanto conversava com ela, e a garota também, era para ele estar dentro de sala de aula, como o professor permitiu que ele saísse de sala, sendo que eu já estava fora de sala? Que absurdo!

Me subiu uma raiva tão grande que eu fui lá ver qual era a do Lucca com essa garota. Não sei se fiz certo, mas quando dei por mim, eu já estava lá ao lado deles.

- Lívia? – perguntou ele surpreso assim que me viu.

- Olá. Porque não está na sala?

- Pedi para ir ao banheiro, não pode?

- Você está no banheiro? – ironizei, ele revirou os olhos e a garota me olhava indiferente.

- Olha Lucca, eu vou voltar para a minha sala, depois conversamos melhor. – ela disse, e se despediu dele com um abraço e um beijo demorado no rosto dele quase encostando na boca, de verdade, eu me segurei para não voar na cara dela. Sim, é verdade quando me chamam de esquentadinha.

Quando a menina saiu, olhei furiosa para ele, que me olhava com a cara mais lavada de todas. – O que você estava falando com ela? – quis saber.

- Não te interessa Lívia, é assunto meu, estamos ficando, eu não tenho que dar explicações das minhas conversas com os outros, a vida ainda é minha, eu não sou sua posse. – respondeu ele bem rude por sinal.

Na verdade, ele até que tinha um pouco de razão, apesar de eu não ter gostado nada de vê-lo cheio de papinho com aquela garota atrevida, eu não posso ficar perguntando sobre as conversas dele com os outros, mas, alguma coisa me dizia que essa conversa eu deveria saber. Quer dizer, não é normal meu ficante ficar cheio de papinho e sorrisos com outra garota. E nem amiga dele era. Pois eu conheço todas as amigas do Lucca, pelo menos as do colégio eu conheço.

Mas não gostei da forma como ele falou comigo. – Ótimo então. Até que você tem razão sabe...

Ele arqueou a sobrancelha, estava confuso, desconfiado também. – Tenho?

- Claro. Eu só espero que você não esteja me fazendo de boba Lucca, porque se estiver, eu nunca vou te perdoar, e vou me vingar.

- Acho que você está vendo séries de mais. – ele ironizou.

- Sabe de uma coisa, estou começando a achar que você não gosta tanto de mim como diz, eu vou voltar para sala. – disse, e ele puxou meu braço, e me pegou pela cintura, colando seu corpo ao meu, e segurou com uma mão em meu rosto.

- Se eu não gostasse de você acha mesmo que eu iria ficar correndo atrás? Lívia, você é linda e eu estou completamente na sua, porque não confia nisso?

- Acho que é em você que eu não confio. – respondi um pouco triste.

Ele me soltou meio decepcionado, com o olhar perdido. – É uma pena que você não possa confiar em mim. Eu só queria que déssemos certo. Mas se não a confiança, não a chances de esse relacionamento dar certo. – ele disse.

- É... Você tem razão, não da Lucca. É melhor pararmos com isso, jamais vamos dar certo. – disse triste e saí de perto dele, voltando para a sala arrasada.

Resultado disso tudo: Eu nem consegui prestar atenção nas aulas do primeiro tempo, estava arrasada de mais lembrando tudo o que tínhamos dito um para o outro naquele corredor, a frase: "Não vai dar certo", ecoava em minha mente, era verdade, jamais daria certo, eu não devia ter ido atrás dele aquele dia na pista de skate, eu não deveria ter o beijado, talvez se eu não tivesse o beijado, não estaria tão decepcionada e triste assim.

Mirela me cutucou no meio da aula. – Aconteceu alguma coisa?

- Depois eu te conto, vou contar para você a Thamara. – disse com a voz fanhosa.

- Tudo bem, mas tenta mudar essa carinha, porque se tiver a ver com o Lucca, você não pode demonstrar estar triste por ele. Seja lá o que tiver acontecido. – disse Mi.

- Eu não consigo. – respondi e voltei a olhar para a professora que explicava, mas minha mente só pensava no Lucca, e nada do que ela falava fazia sentido para mim, pois eu estava perdida de mais dentro dos meus pensamentos.

Quando chegou o intervalo, tive a chance de contar a elas, por mais que eu não quisesse voltar nesse assunto, eu precisava contar e ver o que elas diriam.

- Acho que o Lucca e eu não estamos mais juntos. – comecei.

- Como assim? – perguntou Mirela.

- O que aconteceu entre vocês dois? – Thamara perguntou.

- Eu o vi cheio de papinho com uma garota no corredor e fiquei com ciúmes, fui tirar satisfações, perguntando o que ele estava conversando com ela, e aí que nos desentendemos e chegamos à conclusão de que eu não confio nele, e ele disse que se não a confiança, não tem chances de o nosso relacionamento dar certo, eu concordei e voltei para sala, foi basicamente isso. – eu disse.

- Você realmente não confia nele? – perguntou Thamara.

- Não muito, quer dizer, nem temos um relacionamento direito, começamos há pouco tempo e é normal que eu me sinta insegura, ainda mais porque ele sempre foi o pegador do colégio, não é fácil. E ele ainda não me ama, e nem sei se realmente gosta de mim, talvez o que ele sinta seja só desejo. – disse.

- Ai amiga... Que complicação em. Eu não acho que o Lucca vá te trair, quer dizer, ele era nosso amigo antes de vocês dois ficarem, ele não teria essa coragem. – falou Mirela.

- Mas ele estava muito animado conversando com aquela garota e não quis me contar o que estavam conversando.

- Não acredito que você perguntou sobre o que conversavam Lívia. – disse Mirela.

- Uai, eu precisava saber se estavam me fazendo de boba.

- Como se ele fosse confessar. – disse Thamara. Olhei confusa para ela.

- Você acha que ele estava me traindo?

- Não. Presta atenção Lívia. Se ele tivesse te traindo com outra, ele não tentaria se explicar para você e nem tentaria insistir nesse relacionamento, mas mesmo se ele tivesse te traindo, ele não iria confessar, a não ser que ele estivesse bem enjoado de você, mas esse não é o caso, eu não conheço o Lucca direito, mas acho que ele realmente gosta de você e a única coisa que ele quer é que você entenda que ele não quer mudar por uma garota, tipo, ele tem muitos amigos e não quer abrir mão deles por causa de um relacionamento, pra mim, a única coisa que ele quer é que você entenda isso e deixe-o com suas amizades, sem ter ciúmes a todo o momento. – disse Thamara.

- Nossa... Eu não sabia que você era tão boa em dar conselhos ruivinha. – falei.

- E não sou. Isso é só o que eu acho, mas pode ser que eu esteja errada, mas não custa nada tentar entendê-lo não é?

- Já era. Já terminamos, eu não vou correr atrás dele.

As duas suspiraram. – Lívia, deixa de ser orgulhosa, vai atrás dele e diga que vai tentar entendê-lo. – disse Mirela.

- Nem morta! Se ele gosta mesmo de mim, vai vir atrás de mim. – disse, e cruzei os braços.

- Você é tão teimosa.

- Eu tenho dignidade é diferente.

Estava conversando no intervalo com as meninas, quando avistei o Charles vindo em minha direção. – A não... – disse.

As duas olharam para Charles quando falei. – Oi. – ele disse.

- Oi. Respondemos nós três ao mesmo tempo, mesmo sabendo de que o oi era para mim.

- Vai à aula de artes hoje? – ele perguntou.

- Sim.

- Podemos conversar um pouco?

- Já está conversando Charles. – disse e as meninas se assustaram com a minha falta de educação.

- Como eu imaginava...

- O quê?

- Você é tão irritante, nojenta, metida. – ele disse, com certo prazer na sua voz.

- Cala a boca idiota. Você que é um chato, um ridículo. – me defendi.

- Você que é a ridícula da história Lívia, garota superficial.

- Ou... Não vou deixar que ofenda a nossa amiga na nossa frente. – disse Thamara.

Charles revirou os olhos e se afastou. Olhei assustada para as meninas. – O que foi isso Lívia? Porque ele te ofendeu dessa maneira e porque foi tão grossa com ele no inicio? – quis saber Mirela.

- Ele é um idiota que faz o mesmo curso que eu, curso de artes. Ele ficou implicando comigo na aula, por isso fui grossa, mas eu não sabia que ele iria me apedrejar dessa maneira. – falei revoltada.

- Lívia, te conheço bem, você consegue ser bem ignorante quando quer, aposto que o garoto só queria conversar com você, e por você ter o tratado mal, ele revidou. – disse Mirela.

- Não interessa. Eu não gosto dele e pronto, é um chato, agora que ele falou tudo isso de mim, que não vou deixar barato mesmo. – disse.

- O que vai fazer? – perguntou Thamara curiosa.

- Ainda não sei, mas ele vai se arrepender amargamente por ter me dito todas aquelas coisas desagradáveis, quem ele pensa que é?! – disse nervosa. Mirela e Thamara se entreolharam assustadas com o que eu poderia vir a fazer com o pobre do Charles, que demonstrou ser bem venenoso por sinal.

Na aula de artes, olhei bem feio para Charles, que fingia que eu nem existia, era um abusado mesmo! Eu estava com tanta raiva dele, estava prestes a explodir a qualquer momento, mas a coisa ficou feia quando tive que juntar com ele, pois ainda não tínhamos terminado nosso trabalho.

Fui até ele morrendo de raiva e me sentei ao seu lado, bufei, deixando bem claro que eu não estava nada feliz de ter que conviver com ele.

Ele continuava indiferente em relação a mim, como se pouco importasse para ele se eu estava ali ou não estava.

- Anda. Vamos terminar logo esse trabalho. – ele disse impaciente, revirei os olhos.

- Olha como fala comigo. – avisei.

Ele riu, estava debochando na minha cara. – O que vai fazer metidinha? Já sei! Vai contar para seus pais? – perguntou ele, zombando com vontade.

Nunca fiquei com tanta raiva de uma pessoa como eu estava dele. – Professora? – chamei-a.

- Sim?

- O Charles está me incomodando, implicando comigo, desse jeito não da para terminar o trabalho. – falei, ele olhou assustado para mim e deu um risinho irônico.

- Claro... Como os pais não estão aqui, é a professora que chama. – disse ele.

- Viu professora, ele não me deixa em paz. – digo, fazendo-me de vitima.

- Charles, o que tem a dizer a seu favor?

- Nada. Não importa o que eu diga, palavras de garotas como a Lívia sempre vão valer mais, não é? A única coisa que tenho a dizer é para a Lívia, está me surpreendendo com tanta superficialidade. – ele disse, deixando a mim e a professora de boca aberta.

- Charles! Se retire agora! Isso não é um comportamento de um cavaleiro com uma dama. – disse a professora revoltada.

- Primeiro que eu não sou um cavaleiro, segundo que essa garota aí não é uma dama e jamais será uma. É tanta superficialidade da sua parte Lívia, que fico enojado. – ele disse cheio de veneno, e eu só não bati na cara dele, porque estava assustada de mais com tudo o que ele dissera, acho que eu não estava conseguindo nem piscar direito. Fiquei apavorada com tamanha maldade contra mim, quer dizer, eu não sou santa, mas ele estava sendo tão venenoso comigo... O que ele tinha contra mim?

- Agora já chega Charles! Se retire agora! E vá para a diretoria. Não adianta fingir que foi, pois vou perguntar, e vai ser pior para você depois, se não quer ser expulso do curso de artes, que sei que você ama, me obedeça. – ordenou a professora.

Ele revirou os olhos revoltado e saiu da sala apressado cheio de raiva. O ambiente ficou bem melhor depois que ele saiu, mas eu ainda estava em choque com tudo o que ele dissera.

No fim da tarde, eu estava saindo do colégio com minha mochila nas costas acompanhada das meninas, quando avistei o Lucca conversando com aquela mesma garota de hoje cedo, me segurei para não ir lá e pegar aquela garota pelos cabelos, apesar de tanta raiva, eu estava morrendo de ciúmes e triste. O que será que os dois tanto conversavam? De repente, ele se despediu da menina, e veio em minha direção.

- Ele está vindo. – disse Mirela.

- Aproveita e faz as pazes com ele. – disse Thamara. Ignorei as duas e fiquei calada até que ele chegasse.

- Olá. – disse ele para nós três. As duas responderam, eu não. Não sou obrigada a fingir que está tudo bem.

- Tenho que ir meninas. – disse, mas antes que eu pudesse sair, ele pegou na minha mão, me virei imediatamente, fingindo estar brava. Eu estava era nervosa.

Nervosa por não saber o que ele realmente sentia por mim.

- Lívia, pensei que estávamos de boa. – ele disse, me olhando com ternura.

- Me da um tempo Lucca, não quero falar com você nesse momento.

- Está brava comigo? – ele pergunta, parecia até uma criança ingênua, mas eu sabia que ele não era.

- Sim. E por favor, não insista. – disse, e me soltei dele, indo para longe, as meninas correram atrás de mim e foram embora comigo, depois cada uma seguiu para sua casa.

Eu não sabia no que minha vida tinha se transformado, será que alguém lá em cima estava me testando? É tão complicado ser uma adolescente... e eu só tenho 15 anos ainda... Tão nova e cheia de problemas.

E não é drama! Não mesmo. A minha vida já está um drama, uma verdadeira novela mexicana, e sim, mesmo que não pareça, eu amo novelas mexicanas.

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