26 [ Aceita, meu bem? ]


❄️


Eu acaricio a cabeça de Toy, sorrindo ao ouvir aquele som típico de golfinho feliz.

Ela vai ter um bebê golfinho!

ㅡ Eu devo ter te contado alguma vez que não tenho amigos. ㅡ Comento com Jungkook, ainda acariciando a golfinha. ㅡ Porque eu me orgulhava disso há um tempo atrás. ㅡ E completo ao momento em que Jun se abaixa ao meu lado, me observando enquanto eu me perco em pensamentos.

"ㅡ Oi, Toy. ㅡ Adentrei o local, vendo-a já parada dentro da piscina artificial, emitindo o somzinho típico de golfinho quando ficou animada assim que cheguei. Sorri.

Aos poucos, me aproximei e sentei na base da enorme piscina ao ar livre, acariciando sua cabeçinha lisa e fofa.

ㅡ A mamãe não está muito bem. ㅡ Informei, com pesar. ㅡ Mas eu ainda tenho esperanças de que ela vai ficar melhor, porque você também sabe o quanto ela é forte...

Ela pareceu entender, porque voltou a gritar outra vez, entusiasmada.

ㅡ E eu conheci um homem ㅡ timidamente comentei, e ela gritou duas vezes. ㅡ Fica calma, fica calma... ㅡ tentei apaziguá-la, fazendo um carinho em seu bico. ㅡ E que homem!... Ele foi comigo visitar a mamãe, me deu um tênis novinho e depois comprou um negocinho pra mim, mas esse não posso te contar porque é coisa de adulto. Só que eu fui mal criado com ele, Toy, e ele ficou chateado porque ele não gosta que seja mal educado. ㅡ Contei a última frase tristeza na voz, e ela gritou três vezes.

ㅡ Eu sou muito mal criado, Toy. Acho que eu não mereço ele. ㅡ Suspiro. ㅡ Ele quer me ver amanhã pra gente conversar sobre meu comportamento. Quer que eu traga ele aqui para te ver? ㅡ Questionei e a golfinha gritou um monte de vezes, parecendo animada com a ideia, logo batendo seu rabo na água e espirrando uma quantidade significativa para todo lado.

Tentei acariciá-la para deixá-la calma, mas ela estava muito agitada.

ㅡ Fique calma, garotinha, eu vou trazê-lo aqui. ㅡ Tranquilizei-a. ㅡ Mas você vai ter que se comportar porque ele não gosta de falta de educação..."

ㅡ Quando eu te vi pela primeira vez, eu tive uma impressão muito superficial de você. Então eu vim contar sobre você pra ela ㅡ sorri para a golfinha. ㅡ Porque eu não tinha amigos e ela foi uma boa ouvinte.

Jungkook levou a mão devagarinho até Toy, que investiu contra ela, o espantando.

Eu ri. ㅡ Calma, é assim ㅡ segurei sua mão com cuidado, e enquanto a levava até o animal aquático mais uma vez, continuei o que estava falando há instantes atrás: ㅡ Naquele dia eu prometi pra ela que te traria para conhecê-la. ㅡ Olhei em seus olhos, que já não davam atenção à sua mão que poderia ser devorada por Toy, pois eles também me fitavam.

ㅡ Você demora para cumprir promessas ㅡ ele comentou, meio sorridente.

Eu roubei um selinho seu e encostei em seu ombro, deitando no encontro entre ele e seu pescoço instantes depois de me esfregar no tecido da camisa preta de mangas compridas, pouco social, bastante informal, mas ainda chique.

Aos poucos, ele conseguiu deslizar os dedos no bico liso de da golfinha, e de repente nós estávamos em um ósculo tão aconchegante e calmo que me senti em casa, tipo quando eu pedi Jungkook em namoro e ele me pediu de volta.

A sensação é tão incrível que me causa arrepios.

ㅡ Na verdade, na maioria das vezes eu demoro tanto que nem cumpro ㅡ comento sobre o que ele havia falado um bom tempo depois que o assunto parecia ter sido encerrado, adiando nossa ida ao aeroporto.

Meu namorado está afagando a cabecinha de Toy quando diz: ㅡ Independentemente ao que você esteja se referindo, não se importe tanto com promessas. Elas são a rasura daquilo que achamos ter certeza que vamos cumprir, já que na vida nada é fato ou certeza até que acontece. E você ㅡ ele aperta a ponta de meu nariz, deixando um beijinho ali quando fala: ㅡ Se cobra demais. Têm que parar com isso porque não é saudável resolver os problemas do mundo quando existe outros em você.

Eu sorrio todo bobo, igual o cachorrinho que me tornei.

ㅡ E além do que não consigo resolver nem meus problemas, quem dirá os do mundo. ㅡ Sorrio leve ao ponderar a possibilidade de bancar o super-herói.

Consigo me imaginar de tudo, menos com uma capa vermelha, uma macacão colado no corpo em tons de azul e um S grafado bem no meio do peito.

ㅡ Bom... ㅡ Jun se levanta, me puxando junto depois que já está de pé.

Ele me abraça pelos ombros e eu deito minha cabeça mais uma vez, desta, em seu braço porque não dá pra ser no ombro, e não é porque o Jungkook é um pouquinho muito mais alto que eu, tá bom?

Jungkook prossegue: ㅡ Você pode me dizer quais são os seus problemas e eu te ajudo a solucioná-los. Acho que é para isso que os amigos servem.

Noto ele observando Toy sair de nossa vista assim que se afunda na água, e eu sorrio com o que ele disse, instantes depois de criar algumas teorias sobre isso.

ㅡ Eu entro com a humanística. ㅡ Digo, sorrindo para nada além da água, sendo que o motivo é Jungkook ao meu lado, sendo meu namorado, meu dom, meu amigo e meu companheiro.

ㅡ E eu com o cérebro. ㅡ Ele diz, induzido ao assunto.

Eu afasto minha cabeça de seu braço nesse mesmo momento e dou um tapa nele, fazendo Jungkook quase saltar se susto.

ㅡ Esta insinuando que não tenho cérebro? ㅡ Faço uma falsa expressão de poucos amigos, brincando ao questionar.

De repente sua expressão se torna tão preocupada e ele se aproxima, tomando meu rosto entre suas mãos grandes. ㅡ Não, meu bem... ㅡ É possível ouvir seu tom arrependido. ㅡ Eu formulei a frase de um jeito errado, não foi isso que eu...

ㅡ Jun, por favor ㅡ reviro os olhos, puxando sua mão para longe de meu rosto. ㅡ Eu estava brincando. ㅡ Debocho de brincadeira de sua expressão, sorrindo ao vê-lo confusinho da Silva.

ㅡ Me desculpe por isso, então ㅡ ele acaba por sorrir, se sentindo atordoado. ㅡ Vamos retomar... Sim, eu estou dizendo que você não tem cérebro ㅡ prossegue na brincadeira, e mais uma vez deixo um tapa em seu braço. ㅡ O que foi dessa vez?

E pela primeira vez, eu vejo Jungkook revirar os olhos.

Sim, ele revirou os olhos!

E é claro que não posso deixar de sentir um orgulho enorme e mostrar isso num sorriso bem aberto, o qual se transforma em um bico emburrado quando ele avisa: ㅡ É só encenação. Não estou pegando sua mania de revirar olhos, se é isso que está pensando. ㅡ Se diverte com meu burro amarrado, e eu cruzo os braços ao fechar a cara em um ato de birra.

ㅡ Também, você nem sabe brincar ㅡ e digo, meio fanhoso porque estou quase enfiando o queixo para dentro de meu próprio peito.

Desta vez, Jungkook se aproxima e deixa um beijinho na minha bochecha que está bem mais gorda porque a inflei, para então dizer em meu ouvido, em um tom mais baixo, como se fosse um segredo: ㅡ Eu posso te mostrar como sei brincar, benzinho.

De brincalhão e feliz passou para perigoso e safado.

Automaticamente desfaço de minha pôse emburrada.

ㅡ O que você quer dizer com isso, Jun? ㅡ Acabo por perguntar, ainda meio emburradinho por sua falta de experiência em brincadeiras.

Mas se ele pode me mostrar que sabe... Então eu posso dar outra chance, não é?

Ele volta a se aproximar, desta vez cruzando os braços frente ao corpo enquanto se inclina em um dos pés para me dizer, sem me olhar nos olhos: ㅡ É uma brincadeira que se chama: Eu te provoco até você implorar, mas não te alívio até que você dance conforme a música.

ㅡ Inventou isso agora? ㅡ Questiono, desconfiado.

ㅡ Sim ㅡ ele confessa, desta vez se aproximando para arrumar o acessório em meu pescoço.

Ah, é, estou usando a gargantilha que compramos no shopping, porque Jungkook me deu na noite passada. Desde então, dormi com ela no cativeiro e, quando acordei, a tirei apenas para fazer a limpeza nela com pano úmido e tomar um banho.

Enfim eu dou de ombros, achando criativo o seu jogo. ㅡ Nada mal... Você realmente gosta de jogos com palavras.

ㅡ Então, agora vamos pro aeroporto. Quando chegarmos em Gangwon, penso se vamos realizar o jogo ou não. ㅡ Ele sorri para mim, exibindo os dentinhos de coelho.

Depois de um surto de fofura, eu fui com ele até o lado de fora do aquário. Durante o caminho tivemos uma pequena discussão com sobre a escassa necessidade de chamarmos Namjoon, o motorista particular dele e do seu pai, para nos levar até o aeroporto. Mas, digamos que meu dom é teimoso, então não relutei tanto em aceitar, porque ultimamente ele tem estado mais severo comigo (de modo algum estou reclamando, acho até mais excitante), e não estou afim de receber mais uma punição, porque sei que a partir de agora, toda vez que eu for receber uma, será psicológica e não a base de chicote.

Convenhamos, Jungkook com um chicote, te provocando com ele, é um tesão tão grande que a dor se torna um mero detalhe que, se não repetido muitas vezes, se torna apenas mais um componente do ambiente.

ㅡ Bom dia! ㅡ É o que Kim Namjoon, motorista de Jungkook, diz para nós assim que estaciona o carro ao nosso lado.

ㅡ Bom dia, cara. Você pode destravar o porta malas para mim? ㅡ Jungkook pede a Namjoon, e eu imagino que são amigos de longa data, já que Jun se comporta tão informal agora.

Na verdade, depois de ontem, eu não o vi com ternos nem nada do tipo. Ele vestiu uma calça jeans preta logo pela manhã quando acordamos, e uma camiseta normal, de mangas compridas, também preta.

Ficou parecendo um colegial veterano. Ri disso. Jungkook realmente aparenta ser bem novo, mesmo que provavelmente tenha uns vinte e cinco, vinte e seis anos... Não sei ao certo, ainda não tive oportunidade para lhe questionar, mas não é como se isso realmente importasse.

Assim que Namjoon faz o que Jun pediu, apertando algum botão que emite um barulho como um bip e destrava o porta-malas para meu namorado guardar nossas malas, eu o cumprimento:

ㅡ Bom dia, como vai? ㅡ E sorrio, sincero.

Sim, é raro eu sorrir sinceramente para alguém, mas é porque só faço isso com pessoas verdadeiras ou opressoras. Namjoon, de rosto sério e ao mesmo tempo gentil, é um pouco dos dois.

Ele faz um gesto rápido com as sobrancelhas, me olhando pelo retrovisor, como se duvidasse do que eu havia acabado de dizer.

ㅡ Bom dia. Vou bem, e você? ㅡ Seu tom não entrega nada mais do que dúvida, e seus olhos, espanto.

Woah, por que está me olhando desse jeito? ㅡ Franzo o cenho, também fisgando seus olhos pelo retrovisor. Ele os desvia dali.

Depois de pigarrear e ajustar seu terno perfeitamente passado, ele explica: ㅡ Nunca imaginei que você fosse falar comigo. ㅡ Diz, e não em um sentido explicação, na verdade e, sim, de receio.

Aí que eu faço uma careta feia mesmo.

ㅡ Por que não falaria? Eu que imaginei que você nunca fosse falar comigo, eu hein... ㅡ E ri, achando isso realmente engraçado.

Putz, que viagem.

ㅡ Não sei... ㅡ Namjoon voltou a me olhar pelo retrovisor. ㅡ Você não parece o tipo que dá atenção para qualquer pessoa. ㅡ E diz.

Eu reviro os olhos.

Durante o tempo que trabalhei na Kings, o que eu mais ouvi na vida de todos os meus pretendentes, no geral, falando de mulher e homem, foi essa frase que Namjoon acabou de dizer.

Não sei se eles sentiam que eu dava atenção pra eles por achar algo especial neles, mas eu espero que não, porque depois da madrugada, eu sempre ia embora. E não ligava.

Mas você deve estar se perguntando: Que tipo de doido que tem autoestima baixa consegue se intitular com tanta modéstia assim?

Um. Não é modéstia, é a verdade dita em palavras exatas.

Dois. Ultimamente minha autoestima tem estado melhor, com a ajuda de Jun, e nem de longe isso significa que era frescura minha, já que já faz um tempo que venho me martirizando sozinho, e com ajuda pra superar isso, tudo se torna mais fácil.

Três. Eu trabalhava em uma boate LGBT, isso é fato. Eu me exibia, nem sempre com roupas, e dançava. Passava confiança para o público que me assistia, porque ali, no meio do palco, eu estava trabalhando e só o que importava era a dança, e eu sei que faço ela muito bem. Sobretudo, eu me sentia insuficiente com a minha aparência, mas eu sabia que as pessoas ao redor não, talvez porque não viam de perto, talvez porque só pensavam em me foder e fim.

ㅡ E por um acaso você é qualquer pessoa? ㅡ Questiono, e logo ouço Jungkook entrar e o porta-malas se fechar automaticamente.

Namjoon nos olha pelo espelho agora.

ㅡ É, Namjoon? ㅡ Jungkook entra no assunto, colocando o cinto em mim em seguida, depois nele. É claro que ele escutaria nossa conversa, mesmo que eu estivesse cochichando.

Jungkook tem uma capacidade cognitiva aguçada e talvez isso faça dele um humano mutante. É o que penso às vezes.

Namjoon sorri, meio afetado por nossa questão retórica, mas mesmo assim a responde:

ㅡ Bom... ㅡ Ele pondera por um instante, sorrindo ao girar a chave e começar a nos levar ao nosso destino. ㅡ Eu acredito que não, porque eu trabalho para Jungkook e estou falando com você. ㅡ Namjoon diz, para mim, e então continua dirigindo com expressão de fim de assunto.

Eu franzo o cenho, e antes que questione qual o privilégio que tem nisso, Jungkook cutuca meu braço e diz em meu ouvido: ㅡ Ele é submisso. ㅡ Conta.

Aí que eu faço mais uma sequência de caretas. A primeira por ter me enganado achando que Namjoon era do tipo hétero top e que não conhecia sobre BDSM, a segunda por saber que ele é submisso, e a terceira porque não entendi mesmo.

ㅡ Mas eu também, e nem por isso acho essas coisas motivos pra eu me sentir tão premiado. ㅡ Cochicho de volta.

Aos poucos, Jeon se ajeita corretamente no encosto do banco para enfim me responder: ㅡ Ele é totalmente submisso. Inclusive, está namorando com o Seokjin, ex do Taehyung. ㅡ Conta.

Eu arregalo os olhos.

Não pelo fato de Namjoon estar com o ex de meu melhor amigo, porque coisas assim vejo todos os dias e isso já não me surpreende mais. Mas, sim, pelo fato de ele ter dito que Namjoon disse o que disse por ser "totalmente submisso".

ㅡ E por acaso eu também não sou submisso? ㅡ Questiono, logo ficando espantado com sua negação a seguir. Lhe dou um leve tapa no braço, e ele o massageia ao me olhar, ao fingir que está assustado, porque sabe que é de brincadeira.

ㅡ Você é quarenta porcento submisso, sessenta brat. ㅡ Ele diz. ㅡ Talvez, também, um porcento switch. ㅡ Completa.

Eu olho bem para ele como quem questiona "Tá tirando uma com a minha cara?".

Ele gargalha devagar ao passar o braço por trás de minha nuca e me puxar em um abraço após deixar um beijo no alto de minha cabeça.

Daí, claro, já fico menos na defensiva, porque .

ㅡ Eu não sou brat. ㅡ Devolvo, manhoso.

Ah, tudo bem, talvez eu seja... Mas não sessenta porcento, também já é demais. Talvez uns vinte, talvez trinta, quarenta... É, definitivamente sessenta porcento não.

ㅡ E nem switch? ㅡ Ele questiona, como se tratasse minha própria certeza.

Eu olho para cima afim de ver seu rosto. Ele está sorrindo para mim, achando graça.

ㅡ Que switch da onde? Tirou isso do Taehyung? Tá a cara dele me acusar de versatilidade. ㅡ Digo, segurando o riso ao momento que Jungkook também o faz, pois estamos tentando encenar seriedade aqui.

ㅡ Taehyung não tem nada que ver com isso. Inclusive, ele disse que nos esperaria no aeroporto. ㅡ Brevemente comenta, para então prosseguir: ㅡ Eu mesmo tirei essa conclusão quando vi Yoongi no seu colo na sua antiga casa. ㅡ Explica, deixando um beijinho em minha testa.

Imediatamente minhas bochechas esquentam. ㅡ Aish, aquilo não quer dizer nada. ㅡ Saio de seu aperto, esfregando-as. ㅡ É que...

ㅡ Eu definitivamente não quero saber os detalhes que te levaram a deixá-lo sentar em seu colo, e muito menos os que o induziu a segurar as nádegas dele. ㅡ Jungkook diz, meio sorridente, mas um pouco mais sério.

Ciúmes.

No instante seguinte eu me ajeito no banco, relaxando para dizer o que tenho a dizer.

ㅡ Jungkook... Aquilo é passado. Yoongi não foi nada além de um aprendiz e um caso de beijo pra mim... ㅡ Antes mesmo que eu continue, uma risada explode entre nós, mas não é de Jungkook e, sim, de Namjoon, lá do banco do motorista.

ㅡ Caso de beijo?! ㅡ Ele questiona, como se não acreditasse no que eu disse, e no mesmo instante cai em uma gargalhada gostosa. Jungkook, na sequência, também começa a rir, mas menos que a hiena do banco da frente.

ㅡ É, ué. Tipo, foi só um beijo e pronto. ㅡ Explico, não achando graça nenhuma nisso.

ㅡ Jungkook ㅡ Namjoon o chama, e assim que Jun volta a atenção para ele, a hiena continua: ㅡ O que o Jimin fez com você? ㅡ Indaga, como se não acreditasse no que está vendo.

Mais uma careta.

ㅡ Como assim? ㅡ Interfiro, mais confuso ainda.

Namjoon troca alguns olhares com Jungkook, que não diz e não demonstra mais nada além de permissão para que seu motorista prossiga, como se não se importasse com o que ele diria a seguir.

ㅡ Jungkook nunca foi tão informal. A última vez que escutei o som da sua risada, ele tinha quinze anos. Foi quando sua prima caiu de bicicleta em cima do pai dele. ㅡ Ele sorriu, se mostrando orgulhoso perante ao Jungkook informal ao meu lado. Namjoon devia estar há um bom tempo trabalhando na família Jeon.

Eu também sorri, claro, de modo muito idiota.

Imagine um cara perdidamente apaixonado por um ídolo ao ver uma foto dele fazendo aegyo e saberá como eu fico toda vez que me sinto idiota olhando para o meu amor.

ㅡ Sério, você resgatou o Jungkook de verdade. Teve épocas em que achei que ele estava em algum estado depressivo ou algo assim, porque não via os dentes de coelho desse cara nunca. ㅡ Namjoon olhou através do pequeno espelho para Jungkook, desta vez, sim, demonstrando total orgulho do meu Jun, que desviou o olhar e coçou a nuca, todo desconcertado como se tivesse recebido um elogio do pai difícil de se sensibilizar.

Um silêncio se instalou ali.

Desviei meus olhos de Jun, porque sei como é essa sensação louca de receber elogios e em seguida olhares orgulhosos sobre si.

Os meus, na verdade, não entregam nada mais que admiração sobre ele e auto suficiência sobre mim, porque isso sim me faz me sentir suficiente o bastante. Me faz me sentir bem.

ㅡ Na verdade... ㅡ É Jungkook quem quebra o silêncio depois de alguns bons minutos. Tanto eu quanto Namjoon, que desvia sua atenção em parcelas para Jungkook enquanto dirige, ficamos atentos ao que Jun vai dizer. ㅡ Eu acho que o Jungkook de verdade sempre esteve aqui, e estava esperando para ser resgatado desse fundo que foi coberto por trabalho e falta de tempo. ㅡ Explica, e meu coração erra algumas batidas. Namjoon sorri. ㅡ Jimin me resgatou.

E, no momento seguinte, ele segura minha mão por cima de sua coxa firme ㅡ claro que eu não deixaria de mostrar sempre este detalhe ㅡ, a acariciando.

Namjoon sorri, e então diz o que, mais uma vez fada o silêncio entre nós: ㅡ Eu percebi desde quando, no dia vinte e seis de Janeiro deste ano, mais ou menos pelas três da tarde, Jungkook chegou na casa do pai, para mais um dia de trabalho, com os olhos sorridentes. Ele tem mesmo esse tipo de olho que sorri antes dos lábios, então é super fácil ver quando ele está feliz.

Dia vinte e seis foi o dia em que Jungkook foi em minha casa pela primeira vez, o dia em que saímos pela primeira vez e compramos nosso lubrificante pela primeira vez. Também foi a primeira vez que chamei Jungkook de amigo e cogitei a possibilidade de ser dele, que ganhei um buquê de lírios seus, que o vi ser romântico mesmo que naquele dia não entendesse isso como romantismo. Sobretudo, tudo isso, só significa uma coisa.

Quando eu o olho com um tanto de afeto, sorrindo largo e o olhando nos olhos, eu percebo que ele entende a que conclusão eu cheguei, e por isso também me devolve o mesmo sorriso e segura minha mão com um pouco mais de carinho.

ㅡ Desde aquele dia da boate, não parecia ser coincidência. ㅡ Eu digo. Ele sorri.

Portanto, prossegue, sem se importar de Namjoon estar ali: ㅡ Embora eu estivesse planejando falar com você há dois meses, aquele encontro não foi planejado. Mas não parecia coincidência, parecia mais o destino, mesmo que isso soe bobo. Eu senti que era isso. ㅡ Conta.

A essa altura do campeonato, nada mais vindo de Jun e sua maneira extraordinária de fazer tudo, me surpreende. Por isso, apenas me contento em sorrir e dizer:

ㅡ No segundo dia, quando nós fomos... ㅡ Me contenho em falar sobre isso ao olhar para Namjoon, que finge não estar dando ouvidos a nossa conversa inibida, mas sei que ouve tudo. ㅡ Naquele dia, no dia vinte e seis, em que saímos juntos pela primeira vez e você me deu aquela flor, eu senti como se o mundo estivesse diferente do que era ontem.

ㅡ Eu te dei lírios, mas você se tornou o meu. ㅡ Jungkook também diz, sorrindo tanto pelo que acaba de dizer, como pelo que eu relatei. ㅡ Mais tarde te denominei como flor que foi plantada no deserto. Minha flor. ㅡ Acariciou meus dedinhos.

O que eu fiz foi sorrir mais largo ainda.

ㅡ A gente sofreu um pouco depois do afeto, porque nenhum queria aceitar que já estava apaixonado, e tinha o contrato e tudo... acho que aquilo estava desgastando a gente. ㅡ Prossegui, também acariciando seus dedos que, diferentes dos meus, são compridos. ㅡ Mas se for mesmo uma obra do destino, ou do universo, ou os dois, que seja... ㅡ Sorri bobão. ㅡ Era pra ser assim, porque nada atrapalhou a gente, tudo parecia estar propício para o nosso amor florescer. Sofremos, mas, no fim, ficamos juntos porque acho que era mesmo pra gente se amar. Porque, amor... ㅡ O puxo um pouco para perto, dizendo em seu ouvido: ㅡ Eu te amo até o infinito. E você também me ama assim.

Aos poucos, nossos dedos emaranhados se juntam. Ele sorri para mim ao juntar as pontas de nossos dois dedos indicadores.

ㅡ Você sou eu, eu sou você. ㅡ Diz, se referindo a última frase que eu disse. ㅡ Você me resgatou. Você é meu anjo, meu mundinho mais feliz, meu bem. Te chamar de meu bem significa muito pra mim, porque você é o meu bem. ㅡ Deixa um beijo em minha testa.

Eu, lhe dou um na bochecha fofa, e então apoio minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos.

ㅡ E eu sou seu gatinho. ㅡ Digo. ㅡ Então já que você me ama, faz carinho em mim agora. ㅡ Esfrego minha bochecha em seu braço, pedindo carinho.

Eu não vejo, mas sinto seu sorriso crescendo quando ele apoia sua cabeça na minha e diz, antes de fazer o que pedi como o gatinho manhoso que sou: ㅡ O que você pede que eu não faço? ㅡ E questiona em retórica.

Não digo nada, porque não precisa, sei que Jun faz e faria tudo pra me ver contente e feliz. Por isso, seguro sobre nosso amor e me achando idiota por ter feito aquela cena logo durante e após o velório da mãe do meu dom, eu adormeço em seu ombro, envolvido no cheiro que só Jungkook tem.

Não demorou muito para chegarmos no aeroporto, quanto menos para Jun acertar todos os detalhes e para nos encontrarmos com Tae, desta vez com o cabelo pintado de castanho, e entrarmos no avião em direção a Gangwon. O que demorou, de verdade, foi a viagem.

ㅡ Puta viagem demorada da porra ㅡ Taehyung resmungou logo que chegamos no aeroporto de Gangwon. Eu revirei os olhos.

ㅡ Sabia que ia demorar, veio porque quis. ㅡ Eu rebati, ajudando Jungkook colocar nossas tralhas no maleiro do táxi que ele chamou.

ㅡ Sabia porra nenhuma. ㅡ Num gesto rápido meu melhor amigo barra pior amigo me deu um tapa no alto da cabeça. ㅡ Se soubesse acha que eu teria vindo? Rá. ㅡ Me olhou como se tivesse questionado uma retórica, mas logo explodiu numa gargalhada que me deu medo. ㅡ Claro que eu viria. O que é uma viagem longa perto de uma pra...

ㅡ Taehyung. ㅡ É Jungkook quem o interrompe, em tom de aviso. Tae, então, tapa a boca e arregala os olhos em uma auto inibição.

Cerro os olhos para os dois, mas não digo nada, porque sei que, como Taehyung diria, não adianta porra nenhuma. O mínimo que vou conseguir como resposta sobre o que eles estão tramando é ser ignorado ou acalentado com uma resposta mequetrefe.

ㅡ Pra onde a gente vai? ㅡ Questiono a Jun, curioso. E como se ele fizesse jus ao que eu mesmo acabei de falar, responde: ㅡ Espere mais um pouco e verá.

Reviro os olhos.

Taehyung entra no banco da frente, se sentando, mesmo que saiba que não deve sentar em banco da frente quando se tem um detrás com três lugares disponíveis, e que sobrou um pra ele, já que eu e Jun ocupamos dois.

ㅡ Desculpe, senhor... ㅡ O taxista diz, tentando encontrar a formulação certa da frase para dizer a Taehyung o que o consagrado já sabe. ㅡ Mas o senhor deve ocupar os assentos detrás. ㅡ Indica o espaço vazio ao nosso lado.

ㅡ Moço, só dirige pra puta que pariu aí que o Jungkook falou. Não quero ficar de vela, então se você quiser que eu sente ali vai ter que vir na mão. ㅡ Olhou para o homem de meia idade em aviso.

Eu arregalei os olhos, Jungkook também.

ㅡ Nos desculpe por isso, senhor... ㅡ Jungkook olhou para o homem, que mesmo pasmo, se pronunciou:

ㅡ C-Choi. ㅡ Até gaguejou, o coitado.

ㅡ Senhor Choi. ㅡ Jun completou. ㅡ Meu irmão é um tanto estressado, mas acho que são hormônios. Ignore a presença dele, ele vai se comportar. ㅡ Pediu educadamente.

O apuro que passei pra segurar a risada foi daqueles que até te traumatizam.

Sério? Hormônios?

Foi ainda mais difícil segurar a risada quando vi o olhar mortal que Tae lançou para meu namorado. Já vi que esses dias vão ser risadas, Taehyung dando trabalho, risadas, declarações repentinas de mim e Jungkook, risadas, foda selvagem porque pelo jogo que ele me propôs..., risadas, vergonha alheia, e, já falei risadas?

Assim, seguimos o caminho, todos os três em silêncio. Taehyung mexendo no celular, mais precisamente, no Instagram. Eu e Jungkook, trocando algumas carícias, embora quando chegamos em nosso destino, tivemos que cessá-las para descer do carro e pegar as malas.

Tudo bem, talvez eu esteja sendo grudento, mas Jun não reclama e é isso que importa.

Ele pagou a corrida, que ficou bem cara. Tipo, caríssima, não sei porque, mas ficou. E além do que não foi tão longe assim, a corrida no táxi, e ele nem era muito luxuoso igual o carro do Jun. Se bem que querer um táxi igual o carro do Jun já é pedir demais também.

ㅡ A gente vai ficar aqui? ㅡ Taehyung olhou bem para a casa, que para mim pareceu normal.

Coreana, meio japonesa... mas para turistas, uma mistura de Ásia e mais Ásia, porque é totalmente asiática, e digamos que tem uns matos envolta... é, meio ultrapassa.

Porém, não reclamei. Contanto que eu e Jungkook estivéssemos juntos, poderíamos ser até sem teto.

ㅡ Sim. Não gostou? A porta do táxi ainda tá aberta e eu posso pagar tanto a corrida quanto a passagem pra você voltar para Daegu. ㅡ Jungkook disse, mas em tom de brincadeira.

Taehyung entrou na onda.

ㅡ Beleza. ㅡ Enfiou suas tralhas para dentro da parte traseira do carro e ficou ali, com os braços cruzados.

O taxista, coitado, agora ficou confusinho da Silva.

ㅡ Saia daí, Taehyung. Vai deixar o moço confuso. ㅡ Gesticulou para Tae sair, que relutou um pouco com o bico emburrado no rosto.

ㅡ Você me mandou ir embora, ué. ㅡ Ele disse.

ㅡ Não mandei coisa nenhuma. Não sou seu Dom. Agora deixa o taxista ir embora. ㅡ Segurou a porta para Tae sair. Nem preciso dizer que o homem no volante ficou boiando quando Jungkook disse que não era o dom de Tae.

Taehyung, depois de uma relutância infantil, saiu do carro quando eu já estava prestes a perder a paciência e sair no tapa com ele. Sorte dele que ele saiu, né?

E se eu achava que a casa era ultrapassada, estava muito enganado.

Quando abrimos a porta e entramos para dentro, tudo que vi foi luxo e coisas modernas.

Primeiro que, antes de tudo, Taehyung tomou minha aliança para experimentar e pra "pegar a sorte de jikook" depois de batizar a gente, em casal, como jikook. Tipo como se fôssemos um shippe famoso. Eu ri com a denominação, Jungkook nem ligou, estava ocupado falando no celular com alguém que realmente não me interessava, já que a linguagem tão formal que meu namorado usava significava que era algum assunto de negócio.

Aí Tae sequer esperou a gente estrear a casa e sumiu pela estrada de pedras abaixo da casa para sei lá onde. Detalhe: Com a minha aliança, a que Jungkook me deu, escrito "I love you for infinity". Fiquei desesperado, mas Jun disse para eu ficar calmo porque embora Tae seja meio doidinho, não perde coisas importantes que não são dele.

Beleza. Respirei fundo e mantive a calma.

Depois de um tempo explorando aquela casa, eu saí para fora ao avisar Jungkook, enquanto ele tomava uma ducha, de que iria explorar os arredores. Só que eu acabei indo um pouco longe, depois da mata limpa que havia ao lado esquerdo da mata.

Assim que terminei de atravessar as árvores, ouvi alguns gritos vindo do lado esquerdo e, de repente, quando olhei na direção de onde vinham, putz.

Pensa num susto doido.

Eu não sei quem gritou mais. Se foi eu, ou as cinco mulheres e dois homens que estavam pelados na areia da praia que eu nem sabia que havia ali.

Eu gritei de susto ao ver tantas pessoas peladas, depois uma das mulheres gritaram de susto por eu ter gritado de susto, e assim se prolongou uma sequência de gritos até que eu saí correndo, meio sem rumo, mas consegui voltar pra casa.

ㅡ Jungkook! ㅡ Gritei, quando já estava na porta e ele tentava falar no celular.

ㅡ Meu bem, por que você não levou o celular? Eu fiquei preocupado. ㅡ No mesmo instante em que coloquei os pés na varanda, ele correu e primeiro tomou minha cabeça entre mãos, checando se eu estava inteiro, depois olhou meu corpo todo e, enfim, como se eu fosse um boneco de pano, me puxou desesperadamente contra seu corpo após deixar um beijinho em minha testa, me enlaçando em um abraço quase sufocante.

ㅡ J-Jungkook ㅡ gemi, tentando sair de seu aperto. Ele demorou um tempo pra ver que estava me sufocando, e então me soltou, meio sem jeito. Recompus minha postura e respirei fundo, com as mãos no joelho. ㅡ Amor, eu vi um monte de gente pelada numa praia aqui do lado! ㅡ Respirando com dificuldade, eu apontei com o dedão ao lado esquerdo que se estendia ao longe da casa.

Esperei uma resposta de Jun, olhando na mesma direção em que eu apontava, mas ela não veio e por isso voltei minha atenção para ele.

Ele estava sorrindo tão largo que o sorriso quase chegava na orelha. E mesmo que parecesse de felicidade, ele estava atordoado.

ㅡ Que foi? ㅡ Questionei.

Jungkook parou de sorrir, depois voltou a fazê-lo, e então respondeu, em tom um pouco inibido: ㅡ Você me chamou de amor pela primeira vez.

Desta vez, eu quem sorri.

ㅡ É porque você é o meu amor. ㅡ Digo, todo romântico por sua expressão bobinha, mas tentando encurtar o assunto para saber o que há de errado com aquelas pessoas. ㅡ Mas, Jun, por que tem gente pelada lá? Aquilo não é crime? Será que eles tavam fazendo uma orgia?

Jungkook caiu na risada.

ㅡ Não, amor. É uma praia de nudismo.

Ele também me chamou de amor. Lhe lancei aquele olhar cúmplice. Ele sorriu. Mas... assim que assimilei o que ele disse depois da palavra amor, eu arregalei os olhos, estacado no lugar.

ㅡ Praia de nudismo? ㅡ Questiono, desacreitado no que ele disse. Jungkook maneia a cabeça em um sim. ㅡ Aqui? Em Gangwon? ㅡ Questiono.

ㅡ Imaginei que já havia desconfiado que eu te traria para cá. Pensei que soubesse que Gangwon-do foi a primeira cidade da Coréia a ter uma praia de nudismo. ㅡ Explica, minha boca se escancara.

ㅡ Deuses... Eu nem imaginava! ㅡ Digo, sorrindo para Jungkook. ㅡ Mas por que você me trouxe para uma praia de nudismo? ㅡ Confuso, eu questiono.

Ele sorri para mim, ciente de minha confusão.

ㅡ Primeiramente, devo dizer que só vou fazer o que tenho em mente se você se sentir confortável com isso. ㅡ Ele explica, em seguida se aproximando para segurar minha mão com nossa aliança entre a sua. ㅡ E o que eu tenho em mente, é apenas te mostrar que você coloca defeitos demais em seu corpo porque foi induzido a pensar que suas diferenças o fazem feio. Porque, na verdade, elas são detalhes únicos e bonitos, que as pessoas invejam.

Eu rio, incrédulo.

ㅡ Está dizendo que me trouxe para essa praia pra exibir meu corpo para outras pessoas, pelado, com você? ㅡ Questiono, e o sorriso torto nos seus lábios entrega a confirmação antes mesmo que ele a complemente:

ㅡ Exatamente. Mas existe um programa especial, uma prática nova... ㅡ Ele me olha daquele jeito que indica quando está prestes a assumir seu posto sádico, e eu, rapidamente todo o meu, de bom garoto. ㅡ Mas você só vai saber qual é seu aceitar a proposta que acabei de lhe dizer. ㅡ Arqueia as sobrancelhas.

Eu engulo em seco ao imaginar mil e uma possibilidades que passam por minha cabeça neste momento.

Jungkook, como um animal prestes a atacar sua presa, perante ao meu estado de inação, questiona: ㅡ Acceptez-vous de vous livrer à un plaisir intense, quoi qu'il se passe, chérie (Você aceita se entregar ao prazer intenso independente do que estiver acontecendo, meu bem)?

🐥

Todo mundo junto: Aceita, aceita, aceita! 🎶

Oi meus bens, como vocês estão?

Bom, cheguei da breve viagem e vim postar att pra vocês porque tô com saudade :( 💜

I purple U 💜 (não me dá vácuo dnv pfff)

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top