19 [ My love? ]
❄️
Nós havíamos passado o resto daquela noite na boate. Eu dormi no camarim, e não sei onde Jeon dormiu.
Agora, deixe-me explicar porquê fizemos isso...
Estava eu, depois do pedido, chorando igual um bebê e Jungkook sorrindo enquanto alternava o olhar entre mim e a aliança, parecendo tão maravilhado que aí que eu chorei mais ainda.
A gente foi se sentar lá no fundo junto com os outros, e nesse meio de tempo mais uma apresentação se iniciou, a qual era a última da noite e depois já era madrugada; E vocês sabem que de madrugada em uma balada não dá nada que preste senão porre que te deixa com dor de cabeça no outro dia e coisas do tipo.
Então, eu, senhor sóbrio Park Jimin, comecei a falar com os caras lá do fundo junto, também, claro, com Jungkook, depois que ele me apresentou e recebemos toda a burocracia do parabéns.
Putz, tava super chato e por isso não conto pra vocês. Só tinha assuntos de negócio pra lá e pra cá, falavam sobre umas coisas estranhas relacionados a problemas jurídicos e ainda não revelaram a identidade verdadeira em momento nenhum, usando apenas os nomes dos deuses da mitologia grega.
Eu fiquei: Que tipo de máfia é essa?
Mas Jungkook parecia se sentir muito bem enquanto falava com eles, e instantes depois me dei conta de que é porque são todos aqueles dominadores que formaram uma espécie de clube desde a faculdade. Tipo, é como um fandom de algum grupo de kpop que têm suas próprias piadas internas e momentos relembrados que só os integrantes entendem. E eu fico realmente feliz que Jun tenha amigos assim, e mais ainda que se sinta tão bem e pareça tão natural enquanto domina tudo o que falam na conversa.
Enfim, voltando aos fatos acontecidos... Eu e Taehyung nem nos falamos direito depois do parabéns meio peculiar que ele me deu; vejamos; assim que eu saí do palco, ele pulou em cima de mim e a sorte foi que o Jun segurou, caso contrário tínhamos ido pro chão. Meu amigo da onça ficou lá naquela melação com o namorado dele e eu com um bico emburrado, porque odeio dividir as minhas pessoas.
Quando eles já estavam em um nível extremo de melação e dava pra ver aquele clima no ar, eu não me aguentei e disse na frente de alguns dos homens de terno que restaram (alguns foram embora porque estavam cansados pelo trabalho): ㅡ Pelo amor dos deuses, vão transar.
Poxa, eu não estava mais aguentando aquele clima. Dava pra sentir até um cheiro de pós-transa naquele cubículo aberto, e olha que eles ainda nem tinham transado.
Eu achei que Tae ia me responder ou fazer algo como mostrar a língua e mandar eu ir me foder, mas a única coisa que o filho de Judas fez foi olhar de modo pidão pro tal do Seokjin, que instantes depois sorriu sádico em confirmação e se levantou, despedindo de todo mundo e puxando Tae pela mão como o dono puxa o animal de estimação pela coleira.
Quando Tae passou por mim, eu encolhi os ombros e arregalei os olhos para ele em uma questionação muda de que tipo de animal ele havia se tornado.
No entanto, o engraçadinho abaixou para se despedir de mim e disse em meu ouvido: ㅡ Olha só como você também se torna uma cadelinha em alguns segundos. ㅡ Acenou para Jeon, que o olhou e depois se levantou para despedir do irmão.
Oh, então é uma cadelinha.
Eu não ouvi, mas eu sei que o motivo do sorriso de canto que o Jungkook deu em seguida foi causado por algo que meu melhor falso amigo falou em seu ouvido.
Assim que Tae sorriu em mesmo tom em minha direção, eu voltei minha atenção à Jungkook e ele me analisava seriamente.
Deuses, aquele olhar intenso que só ele têm... Minhas pernas poderiam virar uma meleca homogênea caso ele me mandasse ficar de quatro naquele instante, porém graças aos deuses não foi isso que ele ordenou.
Ao se aproximar de mim, estendeu a mão para que eu me levantasse, e assim que o fiz, apoiou-a na base de minha coluna nua e me encaminhou para despedir daqueles homens.
Eu o fiz, obediente e engolindo em seco a cada deslize de mãos que sentia ser de propósito em minhas costas. Enquanto isso, claro, Taehyung me observava com um olhar desafiador como daquelas najas bem venenosas.
Naquele momento eu não me senti induzido a fazer nada além de ignorar e deixar que Jun terminasse de se despedir para irmos até algum lugar que só ele e provavelmente Tae sabiam.
Então, enfim, eu acenei em um breve tchau para meu querido amigo e saímos dali em direção à um lugar mais escuro da boate que parecia conhecido ㅡ o que me dava bastante medo por ser escuro, mas é claro que não tenho medo de escuro ㅡ, para em seguida abrir a última das portas.
Puxa, o susto que eu levei!
Foi um susto daqueles que te aliviam tanto que parecem liberar uma tonelada de aço de seus pulmões.
Era só um camarim que tinha uma cama, bem simples e aconchegante, e além do que parecia chamar meu corpo para descansar ali. Foi como se fosse exatamente isso, porque Jungkook confirmou a seguir: ㅡ Taehyung me sugeriu algo que você sabe o que é, mas notei que vocês haviam se provocado de brincadeira antes ㅡ ele voltou a apoiar a mão na base de minha coluna, me levando até a cama. ㅡ Mas você está cansado e precisa descansar. À partir de amanhã de manhã nós vamos tirar umas férias. ㅡ Determina, e eu arregalo os olhos.
ㅡ Como assim tirar umas férias? Eu nem falei com o Hoseok. ㅡ Quase em estado de alerta, eu saí de seu toque frouxo e aconchegante, me arrependendo no instante seguinte.
Tirar umas férias com Jun parece tentador, mas também tem o meu trabalho e... Aish! Me sinto um preguiçoso por cogitar essa ideia.
ㅡ Eu falei com Jung, fique tranquilo. E antes que me diga que eu não posso fazer isso porque é o seu trabalho, eu devo dizer que mesmo que eu queira muito que você passe um tempo só pela gente, é claro que você pode optar por não aceitar o convite ou aceitar e continuar trabalhando durante esses dias. ㅡ Explica, cuidadoso ao me observar com carinho.
Eu sorrio, um pouco meio bobo. Ele realmente pensa em tudo e eu acho um pecado que toda atenção minuciosa do planeta tenha sido colocada no cérebro de Jun.
ㅡ Tudo bem. ㅡ Cedo, enfim, no entanto condiciono: ㅡ Só dessa vez, okay? Eu sou um submisso e não um fantoche, de qualquer modo.
E é nesse instante que Jeon transparece uma expressão preocupada no rosto. ㅡ Em algum momento eu te fiz pensar isso, meu bem? Porque se eu fiz, me desculpe, eu...
ㅡ Calma, Jun! ㅡ Rio de seu desespero ingênuo, me aproximando para tomar seu rosto em mãos e lhe dar um beijo, mas logo percebo que não o posso tocar e deixo que elas caiam ao lado de meu corpo para completar: ㅡ Foi só uma suposição de brincadeira. Você leva as coisas muito a sério.
Então, ele sorri aliviado. Um sorriso bobo que aposto que quase nunca é visto em seu semblante, senão pelos mais íntimos.
Eu sinto que, mesmo que se passem anos e anos, ser íntimo de Jun ainda parecerá uma dádiva dos deuses.
ㅡ Então descanse, bem. Nos vemos amanhã de manhã. ㅡ Diz, indicando a cama, e em seguida toma meu rosto entre mãos e deixa um beijo em minha testa. ㅡ Obrigado por tudo. ㅡ E aperta meu queixo entre dois dedos para em seguida sair caminhando perfeitamente dali e me deixar sozinho.
ㅡ Eu te amo. ㅡ Sussurrei, enfim.
Eu sei que é por falta de costume que ele não falou que me ama, e por isso eu contenho a careta aborrecida para ir me deitar, completamente exausto.
Contudo, como se mais uma vez ele lêsse meus pensamentos, meu namorado entra no quarto assim que começo a desafivelar o harness.
ㅡ Hey, meu bem ㅡ me chama, com o corpo apoiado no batente da porta.
Eu termino de tirar meu harness, depois o coloco sobre a cama e olho para ele, sem demonstrar nada mais que atenção devido a intensidade quase que adolescente que sinto o aborrecimento por, sim, ele não ter dito que me ama.
ㅡ Sim? ㅡ Sorrio.
ㅡ Você não está com fome? Jackson acabou de me dizer que comeu antes de entrar na boate e que depois não se alimentou mais.
Sem conseguir conter, eu reviro os olhos.
ㅡ Não estou. Você sabe que quando estou eu digo. E por favor, pare com essa mania de sair por aí perguntando sobre o que eu faço para os outros. Quando quiser saber algo, venha falar comigo. ㅡ Eu digo, totalmente chateado por essa mania, porque realmente não gosto.
Mas quando percebo o tom de defensiva que usei, Jungkook já está ao meu lado, pois caminhou devagar para tomar meu rosto entre mãos e olhar em meus olhos, para então dizer: ㅡ Eu não fui até ele para perguntar. Ele veio me dizer para checar se meu submisso está com fome. ㅡ Explica.
Nesse instante eu engulo em seco, mas não estou disposto a dar o braço a torcer porque ainda estou um pouco chateado.
ㅡ De qualquer forma, não estou com fome. ㅡ E dou de ombros, voltando a me despir, desta vez fugindo de seu toque enquanto abro um botão da calça, ato o qual é interrompido assim que Jeon pousa a mão em cima da minha, impedindo que eu prossiga.
ㅡ Isso é golpe baixo. ㅡ Diz, indicando a minha calça brevemente aberta.
Eu, apenas reviro os olhos mais uma vez, mas seguro um riso interno porque ele captou minha breve provocação e, talvez... Manipulação.
ㅡ Era só isso? Preciso dormir. ㅡ Sem deixar pelo menos de tentar parecer firme, eu o questionei.
ㅡ Não. ㅡ Então tira sua mão da minha e a apoia em meu rosto, diminuindo a distância entre nossos rostos em um momento que parece fazer meu coração querer pular pra fora. Talvez eu deva dizer "Cuidado, meu coração vai pular dentro da sua boca". Mas ele apenas sela nossos lábios em um selinho calmo, e nada mais.
Entretanto, é o suficiente para que eu largue minhas pedras e o olhe nas lumes escuras depois que cessa o beijinho com um leve carinho em minha bochecha.
ㅡ Eu venero seu gosto por alianças. Platina é sofisticado. ㅡ Comenta, orgulhoso de alguma forma. ㅡ Não fique aborrecido, você sabe que eu te amo.
Desarmado, eu seguro meus próprios braços para não ceder ao impulso de abraçá-lo.
ㅡ Eu também te amo. ㅡ Digo, enfim. ㅡ Amo tanto... ㅡ Sorrio para abaixar a cabeça, extremamente tímido de um modo idiota.
Puxa, ele realmente faz minhas bochechas corarem de um modo tão idiota.
ㅡ Não mais do que eu te amo. ㅡ Devolve, então, andando rápido para fora dali antes que iniciemos uma discussão sobre quem ama mais quem.
Como um taquicárdico adolescente que acabou de dar seu primeiro beijo depois de uma caminhada até o portão de casa, eu termino de me despir e me deito todo sorrisos sonhadores na cama macia, tentando não imaginar quantas pessoas já transaram aqui quando este quarto era um dos privados que agora ficam num andar de cima. Mas não me importo muito, já que tenho a segurança de que Jun jamais me deixaria dormir em um ambiente cheio de doenças sexualmente transmissíveis ou bactérias geradoras de alguma doença incurável.
Então eu dormi.
Dormi feito um anjinho, tendo vários sonhos gostosos à noite. Havia um em que praticavamos um jogo que envolvia sangue, e eu fiquei realmente apavorado. Outro em que Jun me beijava romanticamente no alto de algum tipo de montanha que tinha uma escada enorme, e mais um em que eu pedia para ele me explicar "quais as coisas que se fazem com a boca?".
Quando acordei, ri desse último. Foi realmente interessante me ver dessa maneira; eu parecia bem inocente e ingênuo. Mas eu queria saber o desfecho do devaneio sonolento, entretanto Jungkook me acordou e depois me levou para o carro e em seguida à uma cafeteria. Me fez tomar um café da manhã bem forte. E como se não bastasse, fez questão de comprar roupas limpas, uma escova e pasta de dente, e depois pegar o tênis que havia tirado antes da apresentação da noite passada e pedir para eu me calçar e vestir com tudo que ele tinha trago.
Eu fiquei meio boquiaberto como de costume, porque nunca vou conseguir me acostumar com o cuidado e o mimo que Jun têm comigo.
No caminho, nós combinamos de ir visitar minha mãe um dia de nossas férias ㅡ as quais descobri que durarão uma semana ㅡ, eu liguei pra Hoseok e antes mesmo que eu pedisse desculpa por estar sendo irresponsável e fugindo do meu trabalho, ele disse que precisava colocar uma estagiária na clínica porque ela pediu ajuda à Hoseok, e minha ausência veio a calhar e quem ficaria em meu lugar seria essa tal de Kim Jisoo. E então, eu e Jungkook começamos a falar da performance da noite passada depois que encerrei a ligação.
ㅡ Eu não me importaria se você performasse de óculos de sol e saia havaiana. Você fica lindo de qualquer jeito, meu bem. ㅡ Ele disse, depois que eu auto proclamei minha "roupa" como um desastre, já que fiquei quase pelado, sobretudo meu dom adorou a iniciativa de eu ter usado um harness e isso basta.
Mas mesmo assim eu sorri, bobo demais. ㅡ Jun... ㅡ E pedi, bastante manhoso. ㅡ Agora eu posso te chamar de meu namorado?
Quando levanto os olhos para seu semblante bonito, ele está me olhando com certa profundidade.
Depois, diz: ㅡ Eu adoraria.
E basta isso para que eu balance a cabeça em uma negação quase inacreditada sobre sua fofura.
Não importa o que faremos hoje, minha maior vontade é de sentar com ele na varanda de sua casa ㅡ se tiver uma ㅡ e ficar lhe dizendo o quanto ele é incrível e o quanto o amo, porque agora, finalmente, eu posso. E eu posso porque Jungkook me namora.
Sorrio orgulhoso por isso, porque só eu tenho a sorte de honrar o Jun como meu namorado porque, puxa... A gente tá namorando!
Aish, o que eu devo pensar sobre isso?
Não sei. Só sei que eu o amo tanto e agora parece que amo mais ainda porque posso deixar esse sentimento livre.
Por pensar nisso, eu também penso no futuro.
Eu nunca senti vontade de ser alguém renomado em uma profissão grande, por assim dizer. Minha meta sempre foi ter um dinheirinho pra gastar com as precisões e alguns caprichos e ter um emprego estável e legal.
E realmente, eu amo trabalhar na clínica de Hoseok.
Acho que nunca falei muito e nem pensei muito sobre ela, porque o tempo tem estado curto para quase tudo e não possuo tanto controle de minha rotina mais. É o mal da chegada da idade adulta.
ㅡ Por falar nisso, eu tive uma ideia! ㅡ Corro meus olhos pelo carro, encontrando meu celular no suporte logo acima do volante, ao lado esquerdo. O pego, sugerindo para Jun: ㅡ A gente podia fazer instagram's. O que acha? Diz que sim, vai! Vai ser tão legal, e eu já vi um monte de gente que têm e que compartilha momentos de casais do aplicativo! ㅡ Sorrio animado, pedindo em tom suplicante.
ㅡ O que eu não faço por você, meu bem? ㅡ Sorri carinhoso, sem tirar os olhos da pista. ㅡ Mas eu já tenho um Instagram que Taehyung fez uma vez, acho. Pegue meu celular, por favor, e olhe se ainda está ativo. ㅡ Pede educadamente, indicando a porta-luvas.
Eu abro ali, encontrando seu celular logo em seguida, também um carregador e um óculos, os deixando de lado logo em seguida.
Como seu celular não tem senha, eu deslizo o dedo pela tela e logo vasculho o menu, à procura do aplicativo. Quando o acho, ligo os dados móveis e entro no aplicativo, vendo algumas notificações e nada além daquela foto que havia visto há algum tempo quando o stalkeei, mas é claro que não vou lhe contar isso.
ㅡ Tá de boa, Jun. Vou conectar nossos perfis, okay? ㅡ Indago, bastante animado com a ideia.
ㅡ Você tá bagunçando o carro, bem. Guarde o carregador no porta-luvas. Acho que preciso te ensinar a ser mais organizado. ㅡ Comenta leve, nada sério ao me repreender apenas para me ver fazendo bico.
ㅡ Eu hein, não quero parecer um velho ranzinza. Prefiro ser desorganizado mesmo. ㅡ Rebato de volta.
Depois que termino de fazer um perfil seguir o outro (lê-se usar os dados do Jun pra fazer um novo Instagram para mim também), resolvo postar uma foto no storie.
Miro o celular ali naqueles coisa do carro que tem som e tudo o mais e tiro a foto, colocando a legenda "O Jun fica falando que eu deixo o carro dele ficar uma bagunça. Tô emburrado" e o marco, sorrindo com a traquinagem, logo em seguida reorganizando a bagunça que fiz porque não quero apanhar logo no amanhecer do dia.
Depois deixo nossos celulares de lado, mais precisamente no porta-luvas, junto com as tralhas que eu havia bagunçado.
Os pneus se chocam com a água do asfalto e eu me sinto mais confortável ainda, porque amo chuva de uma tal forma que só não é mais intensa da que amo meu namorado.
ㅡ Jun ㅡ eu o chamo.
ㅡ Sim, meu bem? ㅡ Sem tirar os olhos da pista, ele responde.
ㅡ Acho que eu nunca te contei muito sobre mim, e nem você sobre você. ㅡ Comento, querendo iniciar uma conversa mais íntima.
ㅡ Você quer saber sobre mim, anjo? ㅡ E indaga ao momento em que faz a manobra e entramos em outra rua, essa menos povoada e muito mais simples, mas ainda assim totalmente aconchegante.
De um modo envergonhado e receosos de parecer grudento, eu acabo por dizer: ㅡ Eu quero, porque agora a gente namora, não é?
Jungkook me olha de canto uma vez. ㅡ Mas primeiro eu tenho que te contar algo. E você tem que prometer que não vai ficar bravo. ㅡ De repente, ele sorri quadrado como se estivesse feito alguma cagada.
E só pode, porque é o mesmo sorriso que Tae dá quando faz.
ㅡ Depende da cagada, porque pelo visto não foi uma bem leve pelo seu tom e pela necessidade de avisar antes de contar ㅡ condiciono, meio desconfiado ao cruzar os braços e olhar para frente.
Quando acho que ele vai rebater, ouço o som de uma gargalhada leve e gostosa.
Devagar eu olho para o lado, me deparando com Jungkook rindo, provavelmente de minha fala.
ㅡ Você é muito observador, meu bem. Aliás, nós dois somos, mas uma das coisas que mais admiro em você é o modo maduro com que administra essa inteligência interpessoal ㅡ ele soa como se fosse amigos há anos, e meu corpo parece amolecer no banco.
Ter intimidade com Jungkook é tão legal.
Mais relaxado, eu resolvo brincar: ㅡ Por que você não para de me elogiar pra ganhar crédito e conta qual foi a cagada da vez?
Aos poucos, ele sorri mais uma vez, me olhando nova e rapidamente de lado. ㅡ Essa não foi a intenção, mas se me rendeu algum crédito talvez ajude.
ㅡ Sua risada gostosa rendeu. ㅡ Confesso, recebendo um pouco da sua atenção de volta. ㅡ Mas conta logo! Não te falaram que sou ansioso? ㅡ Indaguei, fingindo revolta.
Jungkook mudou a marcha e, quando percebi, encostamos ao lado da calçada de uma casa.
Meio confuso, coloquei minha mente para funcionar e deduzi que ele parou para conversarmos.
ㅡ Ninguém me contou, mas o que é um bom livro para um bom leitor? ㅡ Sugeriu, sorrindo ao retirar o cinto de segurança. Depois, veio tirar o meu, com seu cuidado sempre presente.
ㅡ Pra você deve ser fácil perceber tudo, porque seus olhos são tão curiosos que parecem saber mais que seu cérebro ㅡ acabo por entregar minha observação, e nesse momento Jungkook, que está com meu cinto em mãos e um braço esticado frente ao meu rosto, me olha de perto, atento em minha expressão.
ㅡ Eu não costumo prestar muita atenção em pessoas, Jimin. Porque a maioria não tem um porcento do que considero nobre na humanidade... Mas em você, eu vejo um universo tão bonito e vasto que chega a parecer que sua existência é temporária.
Com esse comentário, mais uma vez meu coração disparar alto e eu fungo baixo, para em seguida o puxar para um abraço apertado e admitir o que eu não queria admitir nem para mim: ㅡ Não me deixe como naquela vez, por favor. Não vai existir sol sem você, mesmo que isso pareça idiota. ㅡ Aperto mais ainda meus braços ao seu redor, o segurando perto como certeza de que ele não vai me deixar.
ㅡ T-tudo b-em... ㅡ Ele diz, parecendo sufocado, e mais ainda quando diz em um fio de voz: ㅡ Agora, meu b-em, m-e solta porque você es-tá me sufocando ㅡ com suas mãos grandes, ele deixa dois tapinhas suaves em minha costas como sinal de socorro.
Eu arregalo os olhos e me afasto rapidamente.
Quando olho em seu rosto vermelho, levo minhas mãos para toca-lo e encher de beijinhos na intenção de pedir desculpas, mas quando elas estão próximas às suas duas bochechas fofas eu paro, porque me lembro mais uma vez que ele não pode ser tocado. Pelo menos não ainda.
Volto minhas mãos para meu colo e as massageio.
ㅡ Desculpa, Jun... Eu não queria te apertar tanto e nem te tocar assim... Na verdade eu queria, só que não tinha a intenção de te sufocar...
ㅡ Hey ㅡ ele me interrompe, erguendo meu queixo para cima. Assim que olho em seus olhos, ele pega minhas duas mãos com cuidado. ㅡ Eu não vou te deixar, apertos de amor são bonitos, e você pode tocar meu rosto. Eu apenas não estou pronto para ser tocado intimamente.
Aish.
Cruzo os braços, emburrado, com um bico chateado e uma cara fechada que está fitando o poste frente ao carro.
Jungkook, por outro lado, gargalha gostoso enquanto diz: ㅡ O que foi agora, meu bem?
ㅡ Chato. ㅡ Digo, apenas, e continuo emburrado e encolho ainda mais no banco confortável.
Num tom mais preocupado, Jungkook volta a prestar atenção em mim e não em meu bico, para indagar: ㅡ O que foi, meu bem? ㅡ Desliza os dedos compridos pelos meus fios platinados, com carinho.
Eu desfaço de minha pôde emburrada em um suspiro amuado, e nesse instante aceito a mão de Jungkook que está estendida para mim.
Olho para ela e depois a seguro entre as minhas, brincando com seus dedos do modo que nunca imaginei que poderia.
ㅡ Você fala coisas bonitas e eu não sei o que responder. ㅡ Frustrado eu entrego as cartas.
Jeon cessa o carinho em meu cabelo para me observar, e aos poucos começa a sorrir de novo.
De fato, agora ele também parece tão mais leve...
ㅡ Parece que tem algo que o bratzinho não sabe responder, hm? ㅡ Provoca com uma das sobrancelhas arqueadas, e é nessa hora que eu arregalo os olhos, quase irado.
ㅡ Você me chamou do quê? ㅡ Semicerro os olhos para ele.
Ele gargalha, bem gostoso e fraquinho.
ㅡ Admite que você é pelo menos um porcento brat ㅡ insiste, radiante ao parar de sorrir largo e olhar para mim como se olhasse para seu próprio filho.
De começo, eu me sinto frustrado por ele insistir que eu admita ser um brat, mas ao pensar bem no caso e perceber que ainda estou em processo de aceitação, proponho: ㅡ Eu admito se você me contar o negócio que queria que eu prometesse não ficar bravo.
ㅡ Sabia ㅡ sorri anasalado. ㅡ Você não perde uma, garotinho. ㅡ E deixa um aperto na pontinha de meu nariz.
Eu o esfrego, revoltado com sua audácia.
ㅡ Vai, Jungkook, desembucha logo! ㅡ Faço uma careta dolorida, induzindo-o a contar.
Ele se recompõe no banco, amacia o volante com uma das mãos, e então resolve jogar as cartas na mesa, as quais posso dizer que já sabia quais são: ㅡ Eu tenho visitado sua mãe desde quando estivemos separados durante os quarenta e nove dias ㅡ conta, absurdamente perdido no que está dizendo.
ㅡ Jungkook! ㅡ Arregalo os olhos, tapando a boca.
ㅡ Me desculpa, meu bem. Eu vou entender se você me achar um idiota por fazer isso, mas eu realmente precisava saber mais sobre você e te entender, entender o que eu sentia e...
ㅡ Jungkook do céu, eu já sabia disso, minha mãe me contou semana passada. Por que você acha que tem algo demais nisso? ㅡ Rio de seu semblante confuso. ㅡ Eu estou assustado porque você sabe que ficamos separados por quarenta e nove dias... ㅡ Sorrio fraco ao segurar seu rosto em um ato voluntário.
Ele está fitando meus olhos em um grau profundo de confusão.
ㅡ Não culpe minha mãe por me contar. Eu senti seu cheiro na roupa dela e achei estranho, depois vi um fio de cabelo diferente no travesseiro e fiquei a ameaçando de brincadeirinha até que ela me contou. Inclusive, já fazem duas semanas que você não vai vê-la e ela está morrendo de saudade. ㅡ Explico, enquanto estou acariciando sua bochechinha gostosa.
Nos dias em que visitei minha mãe, nós conversamos sobre Jungkook e ela foi uma grande influência para que eu prosseguisse com minha vontade de estar junto a ele, só que a danadinha não me contou e nem deu nenhuma pista sequer de que Jeon correspondia meus sentimentos.
Em algumas vezes, eu captava um olhar diferente de Jun ou uma forma atípica de me olhar, e meu subconsciente chegava a desconfiar de que ele também estava apaixonado por mim, mas a insegurança e a baixa autoestima me empurravam para um fundo sem esperanças quando eu começava a nos comparar.
E para chegar no que cheguei hoje, de ter a cara e a coragem de pedir meu dom em namoro, não foi nada fácil, e muito torturante. Entretanto, quando ele me colocou frente àquele espelho e ditou tudo que eu deveria falar, foi um momento tão mágico que até agora não me auto depreciei tanto, pois tento sempre me lembrar dos sentimentos tão bonitos que Jun me causou no gesto, e sempre que me lembro, acabo por esquecer dos defeitos de meu corpo.
Por isso, eu deixo um beijinho na pontinha de seu nariz quando digo: ㅡ Mas Jungkook... tudo, tudo mesmo que aconteceu no passado, nós devemos deixar nele e vamos nos importar com o presente e o futuro. Para que uma relação dê certo, precisamos pensar no nosso bem estar mútuo e o passado não se encaixa nele. Você concorda? ㅡ E indago.
Então, finalmente, ele sorri bem largo.
ㅡ Você vai se dedicar tanto, que eu acho que quem vai cuidar de mim é você ㅡ acaba comentando, para depois deslizar seus dedos por minha mão que está em sua bochecha e acaricia-la com a sua.
Eu solto um risinho nasal ao observá-lo tão diferente e íntimo comigo, me deixando tocar seu rosto, me dizendo coisas tão bonitas e ainda cogitando, mesmo que de brincadeira, a possibilidade de que eu cuide dele.
ㅡ Na verdade, Jun, seria maravilhoso cuidar de você. ㅡ Eu afago mais uma vez a sua bochechinha, e ele, volta seus olhos para os meus. ㅡ E eu vou fazer isso, porque eu sei que você precisa de cuidados tanto quanto eu.
Meu semblante está tristonho enquanto abaixo o olhar, voltando a pensar naquele assunto sobre o assédio.
ㅡ Fique tranquilo sobre o que te contei no carro ontem, meu bem. Contanto que estivermos juntos, eu estou à milhas de distância de voltar a me torturar com pensamentos sobre aquilo.
ㅡ Mas... ㅡ Tento, entretanto, realmente de nada adianta voltar ao passado por algo tão ruim.
Jungkook levanta meu queixo, acariciando-o depois que já o estou dando atenção.
ㅡ O que importa é o aqui e o agora, sim? ㅡ E sorri fácil.
Influenciado por seu rosto fodidamente bonito, eu concordo.
ㅡ Obrigado por estar comigo. ㅡ Volto a acariciar suas bochechas com minha mão pequena, sorrindo ao vê-lo fechar os olhos quando o faço. ㅡ Nesse meio de tempo em que estivemos juntos, eu evolui tanto como nunca havia evoluído através de ninguém. Você foi uma porta para um mundo melhor e mais amplo ㅡ absorto em seu modo de se esfregar contra minha mão, não posso deixar de comentar.
E ainda de olhos fechados, ele responde: ㅡ Na verdade, acho que quem evoluiu mais sou eu. Eu costumava achar que tudo tinha que ser perfeitamente planejado e sair como premeditado, mas você me provou que não. ㅡ Conta.
ㅡ Essa foi uma daquelas coisas que você disse que eu te ensinei, no shopping? ㅡ Indago, desta vez com seu rosto entre minhas duas mãos.
Ele volta a me observar.
ㅡ Você me ensinou muitas coisas, e dentre elas essa é uma. Agora, eu sei que o amor existe para provar que planejamentos perfeitos falham, assim como também sei que nós dois evoluímos melhor juntos. ㅡ Ele sorri, voltando a fechar os olhos. ㅡ E agora que estamos namorando, eu acredito que não precisamos mais do contrato. Ele foi como uma tentativa falha da minha parte de de ter depressa.
ㅡ Como assim?
ㅡ O passado fica no passado. ㅡ Estranhamente, eu o vejo ficar levemente envergonhado.
Por isso, eu quase grito: ㅡ Seu fofo! ㅡ Volto a beijar seu narizinho, afetado demais por suas palavras bem usadas. ㅡ Agora a gente pode ir pra sua casa? Eu tô com fome. ㅡ Volto minhas mãos para minha barriga e a acaricio quando a escuto roncar, mesmo sabendo que à pouco tomei café da manhã. É que quando estou de bom humor como muito.
Visto isso, Jungkook solta uma risadinha fraca.
ㅡ Você fica adorável quando faz bico. ㅡ Deslizou os dedos em meus fios platinados, os jogando para trás.
Não respondo nada, porque ultimamente tenho aprendido a aceitar elogios sem responder ou ficar emburrado. É um ato de maturidade, por assim considerar.
No entanto, Jeon não coloca o cinto de segurança, mas sim, desce do carro depois de tirar as chaves, em seguida fecha sua porta e caminha em direção às minha.
Eu franzo o cenho, desentendido, mas então ele a abre e eu questiono, lembrando de algo que li naquele portal sobre BDSM: ㅡ Ah, não, Jungkook, eu não quero transar num beco.
Então, ele me observa por um instante como se eu tivesse falado latim, para no instante seguinte explodir em uma gargalhada gostosona.
ㅡ Meu bem, eu realmente sou exibicionista, mas nós não vamos transar num beco ou numa rua, e eu jamais decidiria fazer isso sem antes te consultar. ㅡ Explica e logo em seguida abre a porta do carro um pouco mais. ㅡ Desça, por favor. ㅡ Ele pede, notavelmente mais paciente e sem rir.
Então eu dou de ombros e faço o que me pediu.
Quando desço, eu olho ao redor e vejo como essas casas são tão bonitas e aconchegantes. Isto é, que são inexplicavelmente maravilhosas.
Sabe quando olhamos para algo que sempre sonhamos?
É o que vejo quando olho para essas casas.
Meu sonho sempre foi ter uma família e uma casinha simples e branquinha, uma varanda fresquinha e um gramadinho com uma cerquinha branca ao redor.
Essas casas são exatamente assim.
ㅡ Gosta? ㅡ Ele indaga, sorrindo quadrado ao me observar.
Meio desnorteado em pensamentos, eu respondo: ㅡ Bastante.
Jungkook, por outro lado, volta a caminhar pelo lado do carro onde fica o motorista e então abre-o, tirando alguma chave de lá quando indica a casa ao seu lado.
E é exatamente a que eu acabei de descrever.
Depois, ele vem até mim e me toma pela cintura, para em seguida me levar até a escadinha que dá para a varanda arejada e a portinha, também branca, como todo o resto do imóvel.
ㅡ Eu queria comprá-la pra você, mas sei que provavelmente meu garoto iria querer me arrancar o cérebro, então apenas aluguei para passarmos a semana.
Quando Jeon diz isso, também abre a porta e no mesmo instante em que arregalo os olhos para o que ele falou, também o faço para o ambiente adentro.
Por surpresa, eu escolho questionar o que me assusta: ㅡ A gente vai passar a semana aqui? ㅡ O fito com meus olhos que quase saltam para fora.
ㅡ É, desculpa não te questionar sobre isso antes. É que era pra ser uma surpresa, mas se você não gostar, eu pos...
ㅡ Jungkook, isso é incrível! ㅡ Sem nenhuma outra reação mais apta, eu pulo em meu namorado e quase vamos ao chão pelo ato inesperado, mas ele me segura facilmente e eu o abraço, o apertando mais uma vez, mas tomando cuidado para não sufocá-lo novamente.
Depois de um tempo que ficamos assim, não estendido por muitos segundos, ele volta a me colocar no chão para dizer: ㅡ Antes que me pergunte como arrumarei tempo para ficar aqui, devo dizer que renunciei meu cargo na empresa para cuidar um pouco mais da minha vida pessoal. Mas é claro que não vou ficar sem trabalhar e já entreguei um currículo que acho que será aceito esses dias. ㅡ Ele explica, depois de caminhar até o lado esquerdo e acender uma luz.
ㅡ Jeon Jungkook entregando currículo? Mesmo que seja só um, isso parece irreal. ㅡ Brinco, começando a fazer um tour pelo ambiente desconhecido.
O corredor curto é bem largo e espaçoso. O chão é composto por pisos brancos e lisinhos.
Quando se entra no imóvel, ao lado direito tem uma porta. Atrás dela tem um quartinho vazio, provavelmente de hóspedes, e ao lado esquerdo dessa porta, atrás de também outra porta, outro quartinho de mesmo tamanho e com móveis também iguais.
Esse corredor se estende pelo comprimento das paredes dos dois quartos, e então dá para a saleta e a cozinha.
Ela tem uma mesa de centro em madeira rústica, um caminho em renda branca abaixo de um jarro de lírios brancos.
Ao vê-los, eu lanço um sorriso para Jungkook, que transmite um olhar que diz que ele fica feliz que eu tenha gostado.
E enquanto meu namorado está no fogão que fica atrás de um balcão que separa a cozinha da sala, onde tem a geladeira, um mini-freezer, e todas as outras coisas para cozinhar e guardar alimentos, eu entro por um corredor, este mais entreito, que provavelmente dá para os quartos.
Então, na primeira porta a direita, eu posso ver um quarto de solteiro, com uma cama, um guarda-roupas, penteadeira, outra porta que provavelmente dá para um banheiro e também tem um pequeno baú ao pé da cama.
Ao momento em que fecho a porta, Jun diz alto, lá do fundo da cozinha: ㅡ Esse é para o Taehyung. Ele exigiu que tivesse um quarto para ele.
ㅡ Ele vêm? ㅡ Eu devolvo em mesmo tom alto, entusiasmado com a ideia.
ㅡ Na sexta. ㅡ Conta.
Eu dou um pulinho e faço um gesto em comemoração. ㅡ Legal! ㅡ Grito baixinho, quase num "fight".
Depois, deixo de comemorar o evento e entro em outra porta, essa à esquerda e do lado oposto ao quarto de Tae. Isto é, no lado esquerdo do corredor, o qual tem mais uma porta, assim como o direito.
Quando abro a abro, me deparo com um quarto de casal.
Este parece tão aconchegante que não hesito em entrar mais para dentro, fechando a porta em seguida.
Eu vejo uma grande cama para dois, coberta por um tecido de cetim branco perfeitamente liso, o qual me faz querer deslizar meu corpo para sentir como é delicioso.
Depois, um grande guarda-roupas escostado na parede oposta à cama, onde não há nenhum espelho, mas sei que Jun tirou porque eu ainda não estou pronto para ficar me olhando demais.
No entanto, o que me chama atenção não é a escrivaninha, nem a janela enorme que ilumina o ambiente, também não é o sofázinho nem a mini geladeira ao lado dele, mas sim a porta em madeira escura que se encontra ao lado da mini geladeira.
Eu caminho até ela e, quando abro, esperando que vou encontrar algo como um quarto cheio de objetos para sadomasoquismo ou algo assim, me deparo com um banheiro amplo e bem iluminado pela luz branca do dia úmido e nada ensolarado.
Há uma banheira ao fundo, e ela é branquinha também. Acima dela há um chuveiro provavelmente para caso alguém não goste de tomar banho em banheira. Depois, lavabo e vaso sanitário do lado direito do cômodo estendido.
Eu volto para dentro do quarto e caminho até o guarda-roupas, o abrindo para confirmar minha hipótese.
Não há nada que envolva objetos de sadomasoquismo.
Entretanto, mesmo que eu esteja muito admirado, resolvo não enrolar muito mais ali porque tenho mais dois cômodos para visitar. Apenas, por um precaução como desculpa, checo as gavetas do criado-mudo e vejo nosso lubrificante de maçã ali, com alguns preservativos. Isso me faz engolir em seco e imaginar algumas coisas que interrompo ao sair dali antes que o clima ameno se torne mais quente.
E ao sair do quarto depois de observar aquela cama tão convidativa para eu e Jungkook por mais algum espaço curto de tempo, eu caminho até o fim do corredor e abro uma porta que está ao lado da que abriga o quarto de meu melhor amigo.
Quando a abro, me deparo com mais um banheiro. Este é grande como os quartos, porque afinal, ocupa toda a extensão de um, já que os três cômodos que vi até agora são divididos em mesma metragem.
Eu fecho a porta, sem muito interesse em continuar vendo banheiros.
Mas então, assim que abro a última restante, o que há dentro me chama muita atenção.
Há um berço do lado direito, ao fundo, e de alguma forma quando o vejo algo me pressiona o peito, mas eu sigo para lá na intenção de apenas observar um pouco mais de perto. Que é o que não faço apenas, mas me sinto induzido a deslizar as pontas de meu dedo pela madeira que rodeia o colchão pequeno e tão macio. Depois, dou corda no brinquedo pendurado acima do berço, em uma espécie de aço pintado de azul que sustenta um mosqueteiro.
ㅡ Você gosta de berços? ㅡ A voz familiar, do outro lado, me faz dar um pulo. ㅡ Desculpe, meu bem, eu não queria te assustar.
Com a mão ainda no coração, eu deixo o quarto frustrado e saio para fora, então seguindo em direção a cozinha com Jun ao meu encalço, que fechou a porta ao sairmos porque ele tem essa mania de alinhar tudo.
ㅡ Hey, bem, eu te assustei muito? ㅡ Ele se aproxima, acariciando minhas costas ao procurar meus olhos com os seus.
Respiro fundo, e quase rio quando vejo um pano de prato pendurado em seu ombro.
ㅡ Tá tudo bem, Jun ㅡ eu o abraço em um impulso, me abrigando ali por um tempo enquanto recebo afagos em minha nuca e cabelo.
Todavia, em todo esse tempo só um pensamentos passava em minha cabeça, mas eu o ignorei para sair de seu abraço e questionar: ㅡ Que cheiro bom. O que você fez? ㅡ Volto a sorrir, com uma barriguinha gorda roncando de fome.
É claro que não vou dizer pra Jun que morro de vontade de ter um filho mas que não posso fazer isso com ele.
Então ele, por sua vez, deixa um beijinho em minha testa para dizer: ㅡ Fiz Yakisoba. Sua mãe diz que você adora, então pelo menos não corri o risco de errar na escolha do que eu faria, já que não sou lá grande coisa na cozinha. ㅡ E sorri largo para mim, enquanto caminha para perto do fogão.
Nele há uma panela com um monte de Yakisoba que está cheirando muito bem, a qual faz minha barriga roncar mais uma vez. Entretanto, também há outra panela, e movido pela curiosidade, eu me aproximo dela enquanto pergunto a Jun: ㅡ O que tem aqui?
Ele pega uma vasilha e vêm me servir o Yakisoba.
ㅡ É sopa de algas. Você não precisa comer. Eu fiz porque não gosto de Yakisoba. ㅡ Ele conta, como se tudo estivesse normal.
ㅡ Que pessoa no mundo que não gosta de Yakisoba? ㅡ Indago, com a boca escancarada em descrença.
Jeon apenas sorri. ㅡ Eu mesmo.
ㅡ De qualquer forma, eu quero os dois. Quero provar tudo que você fizer. ㅡ Deixo um beijinho demorado em sua bochecha saltada porque ele sorri, e depois abre aquele sorriso mais ainda quando eu pergunto: ㅡ Você vai me dar comida na boca? ㅡ Com um bico pidão eu o induzo a dizer que sim.
Ele fecha os olhos e respira fundo, enquanto segura um riso.
ㅡ Você não deve soar tão manhoso assim em ocasiões como essa, meu bem ㅡ beijando a pele abaixo de meu olhinho quando termina de colocar mais um pouco de Yakisoba na vasilha, ele comenta. ㅡ Assim está bom? ㅡ Pergunta, porque na verdade nem cabe mais.
ㅡ Tá sim, obrigado. ㅡ Seguro o recipiente que ele me oferece. ㅡ Mas por que eu não posso ficar manhosinho? ㅡ Soo, mais uma vez e de propósito, manhoso.
Ele pigarreia. ㅡ Porque isso me deixa com tesão.
Oh, Jeon Jungkook com tesão?
Eu arregalo os olhos, e enquanto ele serve a sopa de algas em sua vasilha, eu explodo em uma risada em divertimento.
ㅡ Deuses, Jungkook! Tudo que eu faço te deixa com tesão. ㅡ Comento entre uma risada e outro, e ele, apenas sorri.
ㅡ De fato.
Após me encaminhar até a mesa que fica depois do balcão, ele se sentou em uma das cadeiras e eu, em seu colo.
Jungkook me deu cada colherada de sopa com calma e o macarrão no hashi com muita paciência, até que eu terminasse tudo e, com a barriguinha cheia, fui tomar um banho depois de discutirmos sobre uma possível congestão que eu teria se não esperasse um pouco.
Meu namorado ficou lavando toda a louça, porque segundo ele, isso é coisa que ele costuma fazer sozinho e se sente melhor podendo cuidar de mim até nesse aspecto.
E eu, mimado como sempre, fui todo sebereta até o banheiro do nosso quarto de casal para tomar um banho e fazer algumas necessidades. Por sorte tinha um chuveiro, e consequentemente um chuveirinho, porque nunca se sabe, né ㅡ se é que me entendem.
Então, depois de um longo banho de água quente que foi no chuveiro mesmo para facilitar as coisas, eu saí cheirosinho daquele banheiro, apenas com uma calça levinha e uma regata branca que Jun havia comprado para mim ㅡ só não comprou um guarda-roupas porque falei pra ele que a gente podia passar no dia seguinte em meu apartamento e buscar algumas coisas.
Sem roupa íntima, como de costume, eu me vesti. E nem de longe estou reclamando.
Deitado naquela cama que é mais macia e aconchegante do que eu imaginava, eu pensei em como tudo tem sido, e enquanto isso eu e ele nos falamos pelo Instagram através de uma foto que eu havia postado sobre os tempos na Kings.
Quando ele usou emojis bregas, eu o chamei até o quarto para explicar que não é assim que se usa emoji, e então ele me mandou uma mensagem no direct dizendo que tava tomando banho.
Acredita que eu tive que ir até lá na porta do banheiro e falar pra ele que aqueles emojis são bregas e que hoje em dia não usamos aquelas porcarias?
O consagrado ainda teve a coragem de me dizer que se existe é pra usar, e ainda me provocar com mais um monte de emoji sendo comentado.
Mas de todo, depois que voltei para o quarto, comecei a pensar em nós, como um todo.
Jun é como um príncipe para mim, como aquela pessoa que é um píer, mas não um cais. Na verdade, acho que ninguém é como um cais.
É como se ele fosse meu píer porque ele também é um ser humano instável, e eu, poderei sempre me apoiar nele mesmo quando ambos estiverem machucados. Eu sinto isso.
Eu sinto que, de todo modo, eu posso contar com meu namorado e isso me deixa tão feliz de uma maneira que nunca imaginei que poderia me sentir um dia, e nem estou falando romanticamente por um início de namoro.
A porta se abre, e então Jeon entra para dentro com uma toalha sendo esfregada contra seus fios, bem longe de adoráveis, molhados.
Na verdade, ele parece bem sexy. Bem mais que o normal.
ㅡ Você me chamou? ㅡ Questiona, se referindo ao comentário no Instagram em que pedi para que viesse até o quarto, exibindo, claro, o senhor na frase "Só vem aqui, por favor, senhor".
ㅡ Achei que fosse tomar banho aqui. ㅡ Comento, estranhando.
ㅡ Eu quis te deixar sozinho para isso. Não quero ser grudento ao extremo. ㅡ Ao se aproximar da cama, ele me explica.
E quando se deita ao meu lado após fechar as cortinas e desligar o celular, ele me dá um selhinho.
Nossos hábitos amentolados parecem a combinação perfeita nesse fim de tarde, quase noite, com o som da brisa gélida lá fora.
ㅡ Eu gosto de grude. ㅡ Comento, me abrigando em seus braços quando ele estende-os para mim.
ㅡ Por que você colocou um pintinho no seu nome do Instagram? ㅡ Questiona, curioso.
Eu, apenas sorrio. ㅡ Porque o Taehyung fala que eu sou o pintinho e você a cobra. Na verdade, que eu sou o pintinho da cobra. ㅡ Rio, e ele também, achando isso engraçado.
ㅡ Taehyung sempre foi um pestinha. Ele é um bom irmão, embora pareça desnaturado para qualquer coisa que vá fazer seriamente. ㅡ É impossível não perceber o tom de orgulho em sua voz, e eu me sinto até emocionado.
ㅡ Ele é incrível à moda dele, e muitas pessoas não se importam em conhecê-lo, mas eu me arrisco a dizer que Taehyung é uma das pessoas mais incríveis que já conheci na vida. ㅡ Sorrio, o abraçando um pouco mais.
Eu me encolho ali, como num ósculo pessoal em que afundamos e ninguém vê.
Meu coração está aquecido como nunca, e o carinho que Jun começa a fazer no encontro entre minha coluna e nuca, faz todos os pêlos de meu corpo se eriçarem.
ㅡ Meu bem ㅡ então me chama, depois de alguns segundos de silêncio.
Esfrego meu nariz em seu peito, fechando os olhos ao responder: ㅡ Sim?
Quando ele suspirar devagar, liberando o ar de seus pulmões levemente, eu me aninho mais um pouco ao seu peito.
Aquele silêncio aconchegante fica ali por um momento, até que ele pergunta: ㅡ Eu posso te chamar de amor?
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