Prólogo
A vida em Asgard poderia tomar dois rumos bastante diferentes: Ou o de muita fartura, festas, prosperidade e honra, ou o de um simples prisioneiro, um inferior, uma escória presa para sempre nas masmorras. Normalmente uma pessoa jamais poderia ascender do segundo item ao primeiro, porém, Loki conseguiu contornar toda a grandeza e imparcialidade de Asgard ao assumir o papel e tomar a forma de seu pai adotivo, Odin.
Loki finalmente sentia que fizera algo com sucesso. Após forjar sua própria morte, fez questão de que todos os dias ele recebesse o carinho, adoração e amor do povo de Asgard, através da gloriosa história de seu sacrifício para salvar seu irmão, e o fato de Thor não estar presente há muito tempo, só contribuiu para a grandeza de Loki. Ele transformou-se no herói, no exemplo, no Deus ao qual todos deviam adorar, um salvador.
Uma escultura enorme foi construída na forma do Deus da Trapaça a pedido dele mesmo, e encontrava-se na frente do palácio, majestosamente a vista de tudo e de todos. A cada festa uma homenagem diferente acontecia, a cada reunião, Loki vangloriava a si mesmo mais uma vez, finalmente sentindo o valor e reconhecimento que deveria ter recebido desde pequeno, e tudo isso foi possível com um simples feitiço: Loki tirou Odin de cena, e o exilou para Midgard, onde ninguém o encontrasse.
Além de tudo, Loki pediu aos atores do reino para que transformassem sua honrosa morte em uma peça de teatro, assistida toda semana sistematicamente, e apesar das inúmeras festas e comemorações, Asgard realmente havia prosperado. Não havia prisioneiro nenhum nas masmorras, não havia conflitos, a vida era todo dia uma festa e uma homenagem a Loki. Ou isso era o que todos pensavam.
Loki fizera, também, algumas inimizades. Heimdall, por exemplo, tornou-se um inimigo no trono, e foi forçado a fugir pelos cantos de Asgard para que não fosse pego, afinal, Heimdall conseguia ver absolutamente tudo o que acontecia entre os Nove Reinos, e Loki não seria tolo o bastante para deixa-lo livre para fazer o que quisesse, sendo que seu poder e grandeza em Asgard estaria em perigo.
Por enquanto, o Deus da Trapaça não estaria preocupado com Heimdall, estava ocupado demais com todo o ouro, poder e adoração que recebia. Ele tinha o que quisesse a qualquer momento, tinha quem quisesse de qualquer maneira possível. Não precisava se preocupar em mostrar o quanto era digno e merecedor de tudo o que estava vivendo, já que todos pensavam que ele era Odin. Ele não precisava se preocupar em ser uma pessoa melhor. E principalmente, ele não precisava se preocupar em mostrar seu verdadeiro eu, e sua verdadeira essência, afinal, ele sabia que se descobrissem seu segredo, estaria condenado.
No fundo, Loki nutria um certo ódio e aversão pelos asgardianos, e principalmente por seu pai, e depois de sua mãe morrer, ele nunca pensou que voltaria a Asgard por vontade própria. O sentimento se estendia até ele pensar que todos foram simplesmente ensinados que Loki não era confiável. Que sua origem não era confiável. Ele não era um asgardiano, então ele seria um trapaceiro, mentiroso. Monstro. Será mesmo que todos o enxergavam assim ou apenas ele mesmo? Apenas porque foi ensinado a se enxergar assim.
Loki mal sabia que tudo poderia mudar em um piscar de olhos.
— Majestade.
Loki foi retirado de todos os seus pensamentos ao ouvir a voz de um dos guardas adentrando a sala do trono. Ele procurou com os olhos o dono da voz e viu que estava acompanhado de mais três outros guardas. Dois deles seguravam uma mulher pelos braços. Ela tinha os fios de cabelo em um tom claro, loiro, os olhos eram azuis mas com um leve tom de verde no centro. Ao contrário do esperado, ela não tinha suas feições preocupadas ou amedrontadas por ter sido pega, ela parecia apenas entretida, encarando todos os arredores, parecendo não ligar para o aperto que os guardas faziam em seus braços.
— Essa mulher apareceu de repente alegando possuir informações cruciais. — Após a fala, Loki encarou a mulher novamente e viu que seus olhos estavam direcionados direto a ele.
— Como de repente? — Loki ergueu seu corpo do trono, seus músculos estavam rígidos, em alerta. — Quem conjurou a Bifrost para que ela viesse?
A mulher ainda não havia tirado os olhos de Loki. Ela tinha o semblante confuso e curioso, encarando-o de cima abaixo, com as sobrancelhas levemente franzidas, porém tinha um leve sorriso no canto dos lábios rosados. Loki começou a ficar incomodado com o quanto parecia que ela tentava simplesmente lê-lo como um livro aberto, mas ao mesmo tempo, algo naquela mulher o intrigava, ao ponto de querer encara-la por horas.
— Ninguém, senhor. — O guarda continuou. — Ela simplesmente apareceu.
Loki desceu lentamente os degraus do trono, para que pudesse vê-la mais de perto. Ela continuava encarando-o a todo momento, com o mesmo semblante no rosto, até que em um instante, ele percebeu sua feição mudar singelamente para algo como satisfação. Um sorriso maior tomou conta de seu rosto, enquanto uma das sobrancelhas se ergueu minimamente. Ela encarou-o de cima abaixo mais uma vez.
— Quem é você? — perguntou ao atingir o último degrau, permanecendo parado, encarando-a.
— Uma amiga de seu filho... Da Terra. — Ela respondeu. Sua voz era suave, porém confiante e firme. — Preciso falar com ele. — Ela completou, com um sorriso.
— Meu filho não está aqui há muito tempo. — Loki respondeu, percebendo que esqueceu a forma de seu pai por um momento, e logo se recompondo. — E o que uma simples midgardiana poderia querer? — Ele continuou, mas a mulher percebeu seu pequeno deslize. Ela semicerrou os olhos levemente, triunfante. — Você não deveria estar aqui.
— Você deveria estar aí... rei Odin?
Loki franziu o cenho, um tanto em choque. A mulher sorriu mais uma vez com o canto dos lábios. Loki viu um certo brilho esverdeado surgir em seus olhos, então ele entendeu tudo; ela havia descoberto que não era Odin em sua frente. Mas como, uma simples midgardiana, teria tal poder? Loki deu um pequeno passo para trás. Ele encarou os guardas e viu a expressão confusa em cada um deles, tratando mais uma vez de se recompor e manter o feitiço.
— O que você quer? — Loki perguntou, com a voz um tanto mais elevada e raivosa. Ele observou enquanto a mulher encarava rapidamente os quatro guardas que a cercavam.
— Trago um aviso, e acredito que vossa majestade iria preferir ouvi-lo em sigilo. — Ela respondeu lançando um olhar intuitivo e pretensioso. Não foi preciso nem um segundo para Loki entender o que ela queria.
— Vão. — Ele disse aos guardas, porém sem desviar seu olhar da mulher intrigante e misteriosa em sua frente.
— Mas, majestade...
— Agora! — Loki interrompeu o guarda que voltou a falar, irritado e desconfortável.
Lentamente, os dois guardas que seguravam os braços da mulher soltaram o aperto, ao passo que os outros dois começavam a se afastar. Loki encarou os olhos dela incisivamente enquanto esperava o local ficar vazio, e percebeu que ela devolveu o olhar na mesma intensidade. Algo se movimentou dentro dele, e por algum motivo, quis sorrir, intrigado. Logo os quatro já estavam longe, e a sala do trono estava ali apenas para Loki e ela.
— Então, rei Odin... — Ela começou, enquanto dava alguns pequenos passos para frente, na direção de Loki. — Ou eu deveria dizer, príncipe Loki de Asgard?
Aquela simples pergunta terminou de irritar e confundir Loki por completo. Ele sentiu seu sangue ferver, já que odiava quando alguém descobria seus truques, ainda mais uma mulher que ele jamais vira na vida, e pior, de Midgard. Em um movimento gracioso e extremamente rápido, Loki conjurou uma de suas adagas e a apontou para o pescoço da mulher, revelando sua verdadeira forma. Eles estavam bastante próximos, Loki pôde sentir o cheiro cítrico que exalava dela. Se fossem outras circunstâncias, ele teria gostado da sensação, mas estava enraivecido demais naquele momento.
— Quem é você, criatura medíocre?
Ele vociferou, encarando os olhos claros da mulher, mas ela não se assustou, muito menos deu um passo para trás. Ela apenas ergueu uma sobrancelha novamente, passando os olhos por toda a figura de Loki, atentamente, e quando voltou a encarar as orbes do Deus da Trapaça, ela simplesmente sorriu sugestivamente.
— Essa é, definitivamente, uma aparência muito melhor!
Loki semicerrou os olhos, sentindo seu ego elevar drasticamente, quase se esquecendo da raiva que sentia instantes antes. A mulher pareceu perceber a mudança de humor repentina, então ergueu um dos braços e afastou a adaga lentamente com a mão. Loki não contestou, apenas abaixou a arma branca, sem tirar, em nenhum momento, os olhos das orbes claras dela.
— Meu nome é Kira Maximoff, e estou aqui para avisa-lo sobre o Ragnarok.
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Autora: oi, marvetes! essa é minha primeira história sobre a Marvel (UCM pra ser mais exata), já tenho uma postada sobre The Walking Dead no Spirit e aqui por uma amiga que postou com a minha permissão!
É a primeira vez que posto aqui, e vou tentar postar toda semana! (Também vou postar no Spirit).
Esse é só o prólogo, amanhã posto o primeiro capítulo.
Espero muito que gostem, um bjin proceis♥️
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