45 - Os três juntos
Em quinze minutos fariam exatos três dias que eu não dormia. Não por conta de pesadelos, ou ansiedade, ou até mesmo por opção. Estava acordada por livre e espontânea pressão de três crianças que por acaso pari. Alguns meses se passaram e eu podia ver claramente a personalidade de cada um se formando.
De início, Pietro. Ele era muito aberto para todos, sorria com qualquer um e inclusive era o mais barulhento, tanto chorando, quanto rindo e quanto brincando. Ele puxava os cabelos de suas irmãs a todo momento, e era o mais difícil de todos para dormir, não sabia de onde aquele menino arrumava tanta energia.
Bryndís era a mais estressada. Constantemente jogava brinquedos, ou o que visse pela frente para os ares, mas sempre era tentando acertar alguém, o que ela conseguia quase todas as vezes. Não podia desagrada-la por um segundo sequer senão o inferno era instalado naquela garota. Porém, em seus momentos calmos, ela não tinha problemas para ir no colo de alguém.
Agora Frigga. Ela era o próprio Loki em forma de bebê. Suas expressões do rosto eram as melhores, ela olhava para cada um como se o tivesse julgando apenas por sua aparecia. Ela não confiava em absolutamente ninguém, e acho que a vi sorrindo apenas uma única vez. Ela era quieta, a que menos dava trabalho, mas até comigo ela era extremamente fria as vezes.
— Essas crianças ainda me matam. — comentei para mim mesma seguido de um suspiro pesado.
Pietro puxou o cabelo de Bryndís mais uma vez, o que fez com que ela gritasse mais alto ainda e lançasse um elefante de pelúcia na direção do irmão. Frigga olhava os dois sem ânimo, quase que com desgosto. Aquela garota era extremamente centrada e não tinha nem um ano de vida.
— Que diabos está acontecendo aqui? Uma guerra? — A voz de Natasha se fez presente no quarto.
Olhei para ela com um sorriso aliviado no rosto. Enquanto eu estava em Asgard, ela, Bucky e Steve voltaram para Nova York, porém após um pedido de socorro meu ela voltou, e eu nunca senti tanta felicidade em vê-la como naquele momento. Percebi no exato instante que Pietro gritava dessa vez por ver a tia favorita, assim como Bryndís de acalmava e Frigga apenas relaxava a expressão. — O mais próximo de um sorriso.
— Graças aos Deuses, Nat, eu preciso urgentemente fazer alguma coisa pra essas crianças ficarem quietas por pelo menos cinco minutos. — disse a abraçando com força. — Cada um gosta de uma coisa diferente, não consigo ter a atenção de todos sempre e quando um está quieto, o outro está quase destruindo a casa... E ELES NEM ANDAM AINDA, NATASHA! — despejei tudo em cima dela, que apenas riu do meu desespero.
— Acalme-se. Já tentou levá-los para passear? Se me lembro bem, um dos presentes de Stark foi um carrinho específico para trigêmeos. — Era verdade, um dos presentes era esse.
— Eu já tentei, e Pietro adora inclusive, mas Bryndís não gosta da noite e Frigga não gosta do dia... Não tenho horário pra sair com eles. — Suspirei pesado, voltando a correr até as crianças quando Pietro puxou os cabelos de suas irmãs mais uma vez.
— Bom... Eu vi Thor e Valkyrie treinando quando cheguei... Já tentou...
— Não vou apresentar violência aos meus filhos, eles não têm nem um ano. — Cortei sua fala, mas Natasha cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.
— Kira... Olhe bem para as pessoas que te rodeiam. Uma ex espiã assassina, um capitão do exército, um ex assassino da Hydra com problemas psicológicos, um Deus nórdico e uma Valquíria... Sem contar em Tony que serve apenas para mima-los. — Ela fez uma pausa. — Isso porque não temos a feiticeira e o Deus da Trapaça aqui. — Mais uma pausa. — Ah, e você também, mãe deles, uma deusa nórdica que já trabalhou também para a Hydra...
— Tá, ok, tudo bem, já entendi. — Ergui minhas mãos em rendição. — Vamos tentar.
Pelos Deuses a ideia de Natasha funcionou. Colocamos os três no carrinho e levamos até onde Thor e Valkyrie lutavam. Inclusive ao sair vi que Bucky também havia vindo, mas ficou do lado de fora também observando o treino. Meus filhos simplesmente encontravam-se obcecados e atentos enquanto um desviava dos socos e chutes do outro.
Abracei Bucky quando chegamos perto e também passei a observar o treinamento. Em algum momento, Val conseguiu nocautear Thor de tal maneira que ele demorasse um pouco para levantar. Mas o que mais me surpreendeu não foi isso, mas sim a risada alta, contagiante e feliz de um deles. Mas não era Pietro dessa vez, ou nem mesmo Bryndís, mas sim Frigga. Aquela garota riu daquilo, e eu devia dizer que era a primeira vez que eu escutava sua risada.
— Isso foi Frigga? — Natasha perguntou igualmente surpresa. Balancei a cabeça de forma positiva, com os lábios entreabertos e os olhos arregalados.
— VAL, ACABA COM ELE DE NOVO. — gritei alto o suficiente para que ambos me ouvissem.
— O que? Por que? — Thor perguntou quando acabou de se recompor.
— FRIGGA RIU, EM ALTO E BOM SOM. — respondi. Não precisava mais gritar, mas minha animação era enorme. Thor suspirou pesado e revirou os olhos.
— Realmente... Essa é filha de Loki. — Ele disse se preparando para lutar com Valkyrie de novo.
(...)
Após poucos dias desde a chegada de Bucky e Natasha, decidi voltar com eles e as crianças para o Nova York. Seria bom mudar de ares por alguns dias, e queria apresentar mais coisas para os trigêmeos. Chegamos após algumas horas, e por incrível que pudesse parecer, os três adoraram voar pelo quinjet. Consegui por um milagre fazer Pietro dormir, e com isso as outras duas também caíram no sono, já que o irmão não puxava o cabelo delas por enquanto.
Quando chegamos, Natasha me ajudou a me instalar em meu antigo quarto, mas que dessa vez continha mais três berços enormes, créditos de Tony Stark. Por falar no milionário, Pepper também deu à luz durante esse meio tempo, e consegui arrumar pelo menos quinze minutos deixando os gêmeos com Thor e Valkyrie para poder visitar a pequena Morgan Stark. Um doce de criança, calma e tranquila, o total oposto dos meus.
— Onde está Steve? Não o vejo desde que chegamos. — perguntei enquanto dava atenção a Frigga, a única que havia acordado.
— Ele não sai daquela doceria agora. Não sabia que ele era tão fã de doces. — Natasha respondeu dando de ombros.
Um sorriso enorme e insinuante se fez presente em meu rosto. Steve não era bem o cara que mais amava doces, mas eu sabia muito bem o que ele iria fazer ali sempre. Após meu dia de loucura de desejo por um bolo de cenoura, voltei até o Paraíso de Lupita várias vezes, e na maioria delas Steve ia comigo. Enquanto eu comia o que quer que eu estivesse desejando, ele passava longos minutos em uma conversa animada com a dona do estabelecimento, que inclusive me ajudou em alguns momentos de dor nas costas e tontura com a gravidez. Ela era uma ótima pessoa.
— Quero ver com meus próprios olhos. — comentei, ainda com aquele sorriso no rosto.
Com mais uma ajuda de Natasha, coloquei meus filhos no carrinho embutido, fazendo um esforço do inferno para não acordar os outros dois. Consegui por alguns minutos, mas logo Pietro acordou e já começou a empurrar e puxar os cabelos de Bryndís, e a partir daí o caos se fez presente novamente. Mas deixei que eles continuasse enquanto os guiava pelas ruas de Nova York.
Os três pareceram um pouco mais tensos que o normal durante o trajeto até a doceria, afinal, Nova York era uma cidade extremamente maior e mais barulhenta que Nova Asgard. Era um território novo, e pude ver cada um deles desconfiados de tudo em seus próprios jeitos. Frigga franzia as sobrancelhas, enquanto Bryndís segurava firmemente em sua cobra de pelúcia, e Pietro apenas olhava os arredores atento e ávido.
Quando cheguei, abri a porta do estabelecimento, e assim que Guadalupe me viu, deixou Steve para trás e correu para me ajudar a entrar com o carrinho. Ela tinha um sorriso enorme no rosto ao me abraçar e em seguida maior ainda quando viu os trigêmeos. Eu ainda não havia contado a ela sobre Loki ser o pai, não sabia como ela poderia reagir, já que perdeu a mãe durante o atentado a Nova York em 2012.
— Como vocês são lindos, meus amores. — Ela comentou afinando a voz.
Frigga virou a cabeça e franziu mais ainda as sobrancelhas, como sempre julgando a mulher antes de qualquer coisa. Bryndís apenas a olhava atenta, enquanto Pietro já abria o maior sorriso do mundo. Aquele garoto era muito fácil de atrair, e desde que nasceu, ouvia Natasha dizer: "Esse garoto é realmente seu filho". Enquanto os três prestavam atenção em Lupita, fui até Steve e o envolvi em um abraço, lançando logo em seguida um sorriso insinuante enquanto apontava discretamente para a dona da doceria. Steve revirou os olhos.
— E o que vai ser hoje, Kira? Torta de maçã? Ah não espere... Bolo de cenoura com bastante cobertura. — Lupita voltou a se aproximar de mim enquanto perguntava, logo se posicionando novamente atrás do balcão.
— A torta dessa vez, Lupi... E capriche no pedaço, você sabe. — pedi, com um sorriso no rosto enquanto ia buscar a cobra de pelúcia de Bryndís, que com certeza ela havia jogado longe.
Quando Lupita trouxe o pedaço considerável e extremamente lindo e atraente de torta, sentei-me em uma das mesas acompanhada pelos dois. A loja estava mais vazia naquele momento, por isso Guadalupe se permitia estar conosco. Quando estava prestes a colocar aquele pedaço quentinho, saboroso e delicioso na minha boca, ouvi um choro específico de Pietro. Fechei os olhos e olhei para ele.
— Está tudo bem? Quer que faça alguma coisa? — Lupita perguntou, pronta para levantar e pegar o garoto.
— Ele está com fome. — comentei, voltando a apoiar o garfo e o pedaço de torna no prato.
— Come primeiro, ele espera alguns minutos. — Steve comentou, e se Natasha estivesse ali, já teria explicado de forma muito sarcástica o que acontecia.
— Olha, Pietro chorou agora, então daqui uns... — Fiz uma careta entortando o nariz. — Oito minutos, Bryndís começa a chorar também com fome, e isso irrita Frigga, que além de também chorar, começa a ficar com fome uns dezessete minutos depois. — Olhei para ambos com as sobrancelhas erguidas. — Eles são em três e eu só tenho dois peitos, então seria ótimo aproveitar esse tempo entre uma fome e outra.
Steve me olhava surpreso, ao passo que Lupita soltava uma risada divertida, porém com os olhos arregalados e expressão em choque. Percebi que eles trocaram olhares demorados por conta disso, e não evitei um sorriso de canto ao vê-los.
Não deixei que eles falassem mais nada, apenas me voltei para Pietro e o peguei no colo. Nem ao menos me importei em estar em um lugar público, meus filhos precisavam se alimentar e quem quer que achasse ruim teria que se ver comigo, e eu não ia deixar nada barato.
Como pensei, quase dez minutos depois Bryndís começava a chorar pedindo para ser alimentada. Após um pedido de ajuda, Steve colocou a garotinha em meu colo e a apoiei no outro braço, cedendo o outro peito para ela. Lupita via tudo com um sorriso no rosto, e em algum momento ela pegou o garfo e começou a me ajudar a comer a torta. Com certeza tornou tudo mais fácil. Graças aos Deuses por ter conhecido essa garota.
Pietro terminou de mamar no instante em que Frigga começou a reclamar. Lupita pegou o menino no colo e Steve mais uma vez me ajudou a segurar a outra garotinha. A esse ponto nem sabia como eu ainda poderia ter leite... Ou até mesmo peitos, porque eles conseguiam sugar tudo.
— Ah, até que enfim. — disse após colocar Frigga no carrinho de novo e arrumar a camiseta que usava.
Os três estavam quietos, e vi começarem a bocejar, todos juntos, algo que jamais acontecia com frequência. Aproveitei a deixa e me despedi de Steve e Lupita. O Capitão disse que ficaria mais um pouco e eu apenas respondi com um sorriso sacana no rosto. Caminhei pelas ruas de Nova York até voltar para o complexo.
— Achou... — Natasha começou a falar, mas eu interrompi.
— Eles estão com sono. Os três juntos. — Apenas minha fala fez com que ela entendesse.
Natasha foi quem me ajudou a fazer os três dormir. Comecei por Pietro, porque se ele dormisse, seria mais fácil para as irmãs dormirem em seguida. Como Frigga não gostava muito de ir com outras pessoas, mesmo que fosse Natasha, ela foi a última, e quando finalmente a coloquei no berço soltei um suspiro pesado e cansado.
Natasha me deixou sozinha para que eu finalmente descansasse, e nem precisei de dois segundos ao deitar na cama para simplesmente apagar.
(...)
Acordei assustada. Mas não por algum barulho ou bagunça, e sim pelo silêncio. O mais completo e ensurdecedor silêncio. Meu coração bateu rápido quando olhei no berço dos meus filhos e não vi nenhum deles ali. Olhei para a janela e percebi que já estava de noite, e o que mais me preocupava era a quietude incansável daquele lugar.
Não demorou para que eu começasse a correr pelos corredores do complexo procurando pelas minhas crianças, ou qualquer alma viva que fosse. Já pude enxergar o brilho verde esmeralda dos meus poderes me circulando enquanto eu procurava, com a preocupação e pavor tomando conta de mim.
Um dos primeiros cômodos que procurei foi a sala de televisão, e o que me deixou mais puta do que eu já começava a ficar foi ver os três ali, juntos de Natasha e Bucky. Olhei a cena deles encarando a televisão hipnotizados, quietos e paralisados, enquanto Bucky e Natasha apenas olhavam para mim com um sorriso no rosto. Sério, a porra de um sorriso.
Respirei profundamente, fechando meus olhos e me obrigando a me controlar para não acerta-los naquele momento com meus poderes. Nem precisei dizer nada, apenas os encarei, possessa, esperando uma explicação.
— Desculpe, não quisemos te acordar. — Bucky começou e parou quando ergui as sobrancelhas e arregalei os olhos.
— Pietro começou a chorar a acordou as meninas, mas você dormia tão pesado... Estava exausta, Kira. — Natasha tomou a palavra. — Trouxemos eles para que você descansasse, e por incrível que pareça eles gostaram do filme.
Caminhei até o interior do cômodo, um pouco mais relaxada e aliviada, para poder ver o que diabos esses dois colocaram para entreter tanto meus filhos. Quando vi o que estava na televisão, franzi as sobrancelhas e os encarei mais uma vez, conseguindo voltar a ficar irritada.
— Natasha Romanoff e James Barnes. — disse com a voz firme e grossa, fechando os olhos e suspirando pesado. — Invocação do Mal? Sério? — perguntei, e me surpreendi ainda mais pelas três crianças estarem mesmo gostando.
— Esse é o 2 na verdade. — Bucky tentou dizer, o que apenas piorou.
Encarei seus olhos mais nervosa do que já estava e apenas isso fez com que ele calasse a boca e desse de ombros. Esfreguei os olhos após alguns segundos, ainda encarando meus filhos completamente hipnotizados pelo filme de terror na televisão.
— Foda-se. Vocês ficam com eles agora. Eu vou dormir mais, boa sorte.
E foi exatamente isso que fiz. Obviamente podia confiar em Bucky e Natasha quando o assunto era proteção dos meus filhos... Talvez não na educação, mas na segurança sim, e apenas isso fez com que eu voltasse a dormir tranquila.
—————————————————
Autora: OI LINDOSSSS, VOLTEI!! gente, um pouquinho da personalidade de cada um deles sendo formada, quando eles crescerem vai ser ainda melhor a relação entre eles e com a mãe!! são meus nenens ja
genteeee, divulgando aqui minha outra fic q estou escrevendo... pra quem gosta de Stranger Things, ela chama Código Zero, só procurar no meu perfil quem quiser!!
é isso, lindos, próximo cap teremos mais um pulo no tempo para poder ver as cria mais grandinhas!! espero mto que estejam gostando, não esqueçam da estrelinha e de comentarem bastanteeee, amo os surtos de vcs
Bjin procêis💚
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top