44 - Você não está sozinha
Eu sou um furação
Eu sou um trem de carga
Não é o caminho certo
Mas é o único caminho que eu sei
Então, quando os meus ossos estão cheios
Eu fiz isso para mim mesmo
Você ainda vai me deixar entrar?
Você vai me dar abrigo?
De mim mesmo
(Shelter - Dorothy)
Era a terceira vez que Kira batia com força na porta de Natasha Romanoff, e era também a terceira vez que a Viúva e o ex Soldado Invernal respondiam que já estavam indo. Kira, entorpecida pela dor quase dilacerante das contrações e sem controle nenhum de sua força, bateu uma última vez na porta, o que fez com que ela voasse para o lado de dentro do cômodo.
— KIRA... — Natasha tentou, mas a Maximoff cortou suas palavras.
— CALEM A BOCA OS DOIS, ESTOU DANDO A PORRA DA LUZ. — Ela gritou, seguido de um grunhido alto com mais uma contração.
— Mas fazem só sete meses... — Bucky tentou, correndo na direção da amiga para ajudá-la.
— E são trigêmeos, é normal que nasçam antes. — Natasha respondeu enquanto envolvia o braço da amiga em seus ombros. — Melhor sete do que oito meses, vai por mim.
Eles guiaram Kira até que chegassem no quinjet do complexo. Estavam prontos para levá-la até um hospital em Nova York, mas Kira gritou e ordenou que as crianças deveriam nascer em Asgard, nada mais justo.
— Asgard fica a horas daqui, Kira, melhor ir para um hospital... — Bucky tentou, e nesse momento os três avistaram Steve se aproximando correndo.
— O que está acontecendo? — Ele perguntou aflito, vendo a cara de dor de Kira.
— Os trigêmeos estão vindo. — Natasha respondeu.
— Segurem em mim os três. — Kira pediu, já sabendo o que iria fazer depois. Algum deles tentou contradizer, mas ela já estava sem paciência. — SEGUREM. EM MIM. OS TRÊS. — Ela gritou, pausadamente.
Eles enfim fizeram o que ela pediu, afinal, não queriam irritar uma Deusa nórdica em trabalho de parto. Kira respirou profundamente e se concentrou ao máximo para ignorar as contrações e pensar em nova Asgard. Com um movimento das mãos, como ela já estava acostumada, conseguiu levar todos até o destino desejado em segundos.
A chegada repentina de Kira, Bucky, Steve e Natasha assustou alguns dos moradores que passavam pela praça central, mas quando viram quem era, se prontificaram a ajudar. Um deles correu para encontrar Valkyrie e Thor após um pedido da Maximoff. Ambos chegaram em segundos, e levaram ela até a nova enfermaria de Asgard.
— Pelos Deuses, as crianças estão vindo. Val, meus sobrinhos estão chegando. O que preciso fazer? Como vamos fazer isso? Ela tá com dor. Pelos Deuses, meus sobrinhos estão vindo. — Thor despejou as palavras enquanto olhava desesperado para a cena de Kira sendo colocada em uma maca.
— ALGUÉM TIRA ELE DAQUI. — Valkyrie pediu com a voz alta, enquanto averiguava a dilatação de Kira.
— Vamos, amigo. — Steve fez o que ela pediu, levando Thor até o lado de fora.
— Eu não sei bem o que fazer nessas situações, mas... — Bucky tentou.
— Então pode sair também. — Valkyrie de novo.
Natasha lançou um aceno positivo em sua direção, e só então ele saiu, encontrando Steve e Thor do lado de fora. O Deus andava de um lado a outro enquanto o Capitão fazia algumas ligações. Eles permaneceram ali, em silêncio apenas esperando, mesmo que quisessem estar do lado de dentro.
Duas horas depois, Tony Stark foi visto chegando com sua armadura. Pepper também estava grávida, mas tinha ainda dois meses pela frente, e ele não podia faltar depois de Kira ter salvado sua vida. Havia pego um apresso especial por ela, e queria ter certeza de que ela e as crianças estavam bem.
— Ela ainda tá lá dentro? — Ele perguntou a Thor, permanecendo um pouco longe de Steve e principalmente de Bucky. Ainda não havia superado a morte dos pais, mesmo que soubesse que não foi culpa do ex Soldado.
— Já fazem duas horas. Demora tanto assim pra uma criança sair de dentro dela? — Thor perguntou a ninguém em particular.
— São três, então... — Bucky respondeu, dando de ombros em seguida.
(...)
Três horas se passaram e os quatro homens estavam sentados no chão, apoiados na parede da enfermaria. Thor já havia tentado entrar pelo menos quatro vezes, mas sempre era impedido pelos outros três homens, que sabiam que não poderiam mexer com as mulheres nesse momento. Se elas os queriam longe, eles deveriam ficar longe.
— Se demorar mais uma hora, eu vou entrar. — Thor disse, colocando-se de pé mais uma vez.
Tony revirou os olhos, ao passo que Bucky ficou em silêncio e Steve tentou acalma-lo mais uma vez. Mas não precisaram dizer mais nada, já que Valkyrie saiu da enfermaria logo em seguida. Os três ainda sentados levantaram na hora, e todos correram até ficarem próximos dela. Valkyrie precisou dar um passo para trás para que eles não se chocassem.
— As crianças nasceram. Duas meninas e um menino. — Os quatro suspiraram aliviados, e já se prepararam para entrar. — Dois de cada vez. — Valkyrie ergueu uma mão impedindo-os. — E Kira está dormindo, não façam barulho.
Os dois primeiros, após uma pequena discussão, foram Thor e Bucky. Eles entraram com pressa, mas antes de se aproximarem o suficiente, lembraram do aviso da Valquíria e caminharam com calma. Assim que abriram a porta da sala onde Kira estava, viram a mais pura cena existente.
Natasha segurava uma das crianças, enquanto as outras duas estavam deitadas em outras pequenas macas forradas de lençóis. Eles ficaram estáticos por alguns segundos, apenas olhando e apreciando a vista. Romanoff sorriu para eles e pediu para que se aproximassem em silêncio.
Thor foi o primeiro, e mesmo apavorado, segurou a criança que estava no colo de Natasha. Era uma das meninas, e ela tinha os olhos enormes e tão azuis quanto os de Loki, além dos cabelos ralos porém negros. Uma pequena versão de seu irmão mais novo. Ele precisou se concentrar para não derramar uma lágrima.
Bucky negou de início ao ser perguntado por Natasha se queria segurar um deles, mas não teve escolha quando a Viúva praticamente deixou a criança em seu colo. Completamente desajeitado e tenso, ele segurou a outra menina. Essa tinha os olhos verde azulados da mãe, além dos fios um pouco mais claros. Ele demorou, e quase prendeu a respiração por alguns minutos, mas ao encarar o sorriso que a pequena lhe lançava, ele relaxou e aproveitou para apreciar o momento.
Natasha pegou a última criança, o garotinho. Ele estava mais agitado, já mexendo os braços e a cabeça sem parar, mal parecia que havia acabado de nascer. Os olhos dele eram mais escuros, juntamente com os cabelos um pouco mais cheios que os das irmãs, mas ele era tão lindo e encantador quanto elas.
Os três se juntaram um pouco mais, e apenas ficaram absorvendo a energia e a imagem das crianças. A leveza que cada um sentia naquele momento era indescritível. Não existia mais dor, sofrimento, desespero ou depressão, existiam apenas aqueles pequenos seres repletos de luz.
— Posso ver meus filhos? — A voz de Kira os distraíram, e sem hesitar, os três se posicionaram em volta dela.
Kira, por ter o fator de cura mais intenso que um humano normal, conseguiu se sentar na maca com pouca dificuldade. Ela estendeu os braços para segurar a menina no colo de Thor. Nada poderia descrever a felicidade e o amor que a Maximoff sentia naquele momento. Ela mal acreditava que aqueles pequenos e perfeitos bebês saíram de dentro dela. Seu amor absoluto se fez presente quando eles vieram ao mundo, e ela sabia que aquelas crianças eram sua verdadeira salvação naquele momento. Kira fechou os olhos por alguns segundos.
— Essa é Bryndís. — Ela disse, encarando os três ao seu redor. Thor voltou a pegar a garotinha no colo.
Bucky foi o próximo a entregar a outra menina. Kira analisou seu rosto tão encantada e maravilhada quanto. A pequena sorriu para ela, e por um momento, Kira teve que controlar uma lágrima.
— Essa é Frigga. — Ela olhou para Thor dessa vez.
O Deus, por sua vez, não controlou nenhuma lágrima. Olhando para a menina, ele deixou seu rosto ser tomado pela tristeza da saudade, e pela felicidade de conhecer mais uma de suas sobrinhas. Por fim, foi a vez do garotinho no colo de Natasha. Kira passou gentilmente um dos dedos pelo rosto dele, que o segurou com certa força, arrancando um sorriso dela.
— E esse é Pietro. — Uma lágrima conseguiu escapar e atravessou o rosto dela.
Natasha deixou Pietro no colo dela, e sentou-se na maca ao lado da sua amiga, retirando uma mecha de cabelo de sua bochecha, que havia grudado com o suor após o esforço do parto.
— Wanda e Loki ainda vão vê-los. — Kira disse, surpreendendo os outros três. — Nós vamos trazê-los de volta, com certeza. — Os outros se encararam por alguns segundos.
— Kira... — Natasha tentou, mas a amiga a cortou.
— Eles não estão mortos, tudo bem? — Ela alterou um pouco a voz, mas logo se arrependeu ao ver o garoto em seus braços se encolher levemente. — Eles só estão desaparecidos, assim como o resto. — Ela fez uma pausa. — Nós vamos trazê-los de volta... Não sei como, mas vamos.
(...)
Naquela noite, depois de Tony e Steve finalmente conhecerem as crianças, Kira foi instalada em uma das maiores casas, com um dos quartos mais confortáveis. As crianças ficaram ao lado da cama onde ela estava, e foram colocados em um berço enorme que os asgardianos construíram como presente. Porém, mesmo com toda a felicidade do dia, Kira não conseguia pregar os olhos.
Os mesmos sentimentos e imagens vinham em sua cabeça, e dessa vez pareciam estar ainda piores. O fato de ter seus bebês finalmente juntos dela, a deixavam mais preocupada ainda. Não era mais apenas com a vida dela que ela tinha que se preocupar, e sim com a vida de mais três crianças. Três lindas, encantadoras e pequenas crianças. Se ao menos ela tivesse Loki...
Kira se colocou de pé, e foi até onde seus filhos dormiam tranquilamente. A imagem delas no mais pesado e puro sono a acalmaram por apenas alguns segundos, já que logo milhares de imagens invadiram sua mente mais uma vez. Imagens da Hydra e em seguida de Sakaar. A mãe deles era uma assassina, um monstro, um fracasso total, ela pensava. Como que iria conseguir cuidar de três crianças, sendo que nem dela mesma ela conseguia?
Não demorou para que ela começasse a sentir a falta de ar e a dor dilacerante no peito. Kira se encontrava em um deserto escuro. Sem água, sem luz, sem vida, e não tinha sequer uma miragem de abrigo, já que seus irmãos e o amor da sua vida desapareceram, até onde eles sabiam, por tempo indeterminado. E mesmo que ela ainda mantivesse a esperança que Bryndís pediu para ela ter, ela estava exausta. Não aguentava mais suportar o peso de si mesma sozinha, e não aguentava o fato de não se enxergar boa o suficiente para aqueles três pedaços de pureza, que dependiam totalmente dela.
Ela precisou se curvar sobre o berço das crianças, sentindo a dor e a falta de ar cada vez maiores. Kira fez o maior esforço de sua vida se afastando delas naquele momento, não queria que eles sentissem sequer uma parte daquilo tudo. Ela daria sua vida para proteger a de seus filhos, mas ao mesmo tempo mataria todos ao seu redor para mantê-los seguros.
— Kira? Está acordada? — Ela ouviu uma voz atrás da porta, seguida de uma batida leve na madeira.
Ela respirou profundamente, forçando seu corpo a parecer normal e ficar em pé, e caminhou até lá. Ao abrir, viu a imagem de Thor com a expressão tensa. Ela forçou, com o resto de forças que tinha, um sorriso a ele.
— Vim ver como vocês estavam.
Foi a gota d'água. As lágrimas ardiam em sua garganta, e a dor rasgava seu peito em pedaços. Ela não conseguiu mais aguentar, não conseguiu mais suportar o peso de todo seu cansaço e desgaste, e simplesmente desabou. Ela apenas não caiu no chão porque Thor a segurou, preocupado e um pouco desesperado.
— Aconteceu alguma coisa com as crianças? — Ele perguntou quando conseguiu colocá-la sentada na cama. Kira negou com a cabeça. — Então, o que..?
— Estou cansada, Thor. — Ela disse entre soluços doloridos. — Não sei se sou o suficiente pra eles. Não sei se eu mereço eles. Não sei como eles vão me olhar. Não sei como vou suportar tudo sozinha. — Kira colocou uma das mãos sobre o peito, a qual Thor segurou de forma firme em seguida.
— Primeiro de tudo, você não está sozinha. — Ele disse. — Lembra quando disse que perdemos juntos? Pois então, continuamos juntos. — Ele fez uma pausa, e ergueu o rosto de Kira com a outra mão. — Só por toda essa preocupação, você já é a mãe mais perfeita que vai existir nesse universo. Essas crianças têm muita sorte de terem você, bruxinha, acredite... Ops, quero dizer, deusinha. — Kira surpreendentemente sorriu com o apelido novo.
— Mas e se eu não for suficiente...
— Pare com essa merda! — Ele repetiu o que ela disse meses antes, porém não gritou para não acordar às crianças. — Vai criar esses bebês com maestria.
Thor não dissera, mas as palavras de Kira há dois meses o fizeram abrir os olhos para a realidade. Ele estava se auto destruindo, e apenas escondia toda sua dor em comida, cerveja e jogos idiotas. Kira o havia salvado apenas com palavras, e isso já deixava claro para ele o quanto ela era um ser necessário na vida de todos, e apenas ela não enxergava.
Kira abraçou o amigo com força, sendo envolvida com a mesma intensidade. Ele jamais saberia o quanto a ajudou naquele momento, assim como ela também jamais saberia o quanto o ajudou igualmente. Estavam quites, e seriam o apoio e o abrigo um do outro. Eram família, e família jamais se separaria.
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Autora: OI MEUS ANJOS!! mais uma vez NÃO DEMOREIIIII, quem amou KKKKKKK
gente, finalmente os trigêmeos nascerammm, tão lindinhos, não vejo a hora de vcs verem eles maiorzinhos!! ah, e gente, sobre os nomes deles, ela só não colocou Wanda em uma das meninas pq ela ainda acredita e tem mta esperança de q vai recuperar eles! foi meio que uma maneira de "manter eles vivos" tenderam?
finalzinho um pouco triste, mas prometo que tudo vai ficar bem!🥹
é isso, não esqueçam a estrelinha e os comentáriossss, leitores fantasmas eu vejo vocesss, prometo que sou legal kkkkkkk
Bjin procêis💚
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