24 - Acorde, Kira

Eu realmente pensei que ao cair da Bifrost junto com Loki, iria morrer, ou então me perder para sempre. Porém, foi até pior, de algum jeito, conseguimos entrar em algum tipo de planeta, o qual eu não sabia o nome e muito menos as coordenadas. Estávamos literalmente despencando do céu, prestes a cair com tudo em algum lugar.

Loki, ao perceber o mesmo que eu, puxou meu corpo para si e o envolveu, com o intuito de me proteger. Até tentei olhar mais, para ter certeza de onde eu iria cair, mas em um movimento involuntário, escondi meu rosto em seu peito, apenas esperando pela pancada, que veio inclusive, depois de alguns rápidos segundos.

Fiquei um tanto chocada por não ter sofrido nada mais que uma dor no corpo, ou então menos, não saberia dizer, ela passou rápido demais. Ao olhar em volta, ainda nos braços de Loki, percebi que estávamos em um tipo de sala, decorada com as mais caóticas cores. Aquele lugar era pesado, energeticamente falando.

— Isso foi inusitado. — Ouvi uma voz dizer a nossa frente, e só então percebi a presença de mais alguém no local.

Era um homem, alto, vestindo uma túnica chamativa nas cores dourado, azul e vermelho. Seu rosto era maquiado e espalhafatoso assim como tudo nele, também como sua energia, que além de tudo, era tão pesada quanto o lugar em si. Em sua boca existia um risco azul cintilante. Ao seu lado, uma mulher parruda e corpulenta também nos observava, e ela tinha algumas pinturas na cor branca espalhadas pelo rosto, pareciam padrões geométricos.

— Ah... olá. — Eu comecei dizendo, enquanto eu e Loki nos desvencilhávamos e levantávamos em seguida. — Onde estamos? — perguntei, e só então percebi que o olhar do homem estava fixo em Loki. Ele não respondeu, distraído demais com a pessoa ao meu lado.

— Eu sou Loki. — Loki começou se apresentando. — Essa é Kira... Onde estamos? — Ele repetiu minha pergunta, e só então o homem pareceu sair do transe.

— Ah, claro, onde estão meus modos? Vocês estão em Sakaar. — O homem respondeu, ainda com os olhos fixos em Loki. Percebi que ele me olhou rapidamente, mas lançou-me um olhar estranho. — Eu sou o Grão-Mestre.

Grão-Mestre? Esse é o nome dele? Pensei, e com certeza não consegui esconder uma careta confusa, já que ele me encarou de novo, por mais tempo dessa vez, ainda me lançando aquele olhar estranho e inquisitivo.

— Vocês caíram do céu, então também quero uma explicação. — Ele voltou a dizer, encarando Loki mais uma vez.

Loki desviou seu olhar a mim, como se questionasse se era para ele falar ou eu. Dei de ombros e o indiquei com a cabeça, visto que o tal Grão-Mestre não iria nem ligar para qualquer coisa que eu dissesse.

— Fomos jogados para fora da Bifrost antes de conseguirmos voltar para casa. — Loki disse simplesmente. — Minha irmã tentou nos matar, e agora estamos aqui. — E sorriu sem mostrar os dentes, orgulhoso de sua explicação.

— Isso é muito trágico, com certeza. — Grão-Mestre comentou, com um falso espanto, colocando uma das mãos no peito. — Venha, vou mostrar um dos quartos a você, precisa descansar. — Ele disse diretamente a Loki, como se eu não existisse naquele recinto.

Ele nos guiou pelo local, ou melhor, guiou Loki. Parecia um palácio desarrumado e desgovernado, ou um complexo enorme, não saberia dizer, apenas sabia que era extremamente caótico e pesado, com inúmeras cores que não ornavam entre si.

Ele parou até chegarmos em um corredor repleto de portas diferentes, provavelmente eram quartos. Ele pediu para que Loki abrisse uma das portas e deu passagem para ele. Quando eu fui seguir logo atrás, um dos guardas, que eu apenas percebi estarem presentes naquele momento, agarrou meus braços.

— O que está fazendo? Ei, eu e ele ficamos juntos. — disse com a voz um pouco alta, para que Grão-Mestre me ouvisse.

Mas ele fingiu não ligar. Loki tentou argumentar, mas mais guardas vieram em minha direção. Naquele momento, tentei buscar por toda a energia que meus poderes possuíam, mas, pela primeira vez em minha vida, não consegui acessá-los. Meu desespero começou a aumentar conforme eu não sentia absolutamente nada funcionar. Então, coloquei os treinamentos com Sif e Natasha em prática.

Chutei a perna de um, que foi logo ao chão, dando-me liberdade para socar o outro. Fechei meu punho já sentindo um certo ódio percorrer minhas veias, talvez a energia pesada do local não contribuísse. Acertei o abdômen do outro guarda, com tanta, mas tanta força e vontade, que em um piscar de olhos, consegui enxerga-ló voando para longe de mim.

Permaneci atônita naquele momento, um tanto chocada, surpresa e aterrorizada com o que eu acabara de fazer. Eu nem sabia que possuía tanta força assim, na verdade eu jamais havia possuído tanta força assim. Arfei, ficando mais uma vez vulnerável com o choque, sentindo o guarda que havia caído voltar a me segurar.

— Grão-Mestre, por favor, deixe que ela fique comigo. — Ouvi Loki dizer, enquanto tentava me desvencilhar novamente das mãos do homem, dessa vez sem sucesso, tamanha minha surpresa.

— Tudo bem, tudo bem. Solte ela. — Grão-Mestre finalmente disse, com um aceno indiferente com uma das mãos. O homem assim o fez, e eu me apressei para o interior do quarto, ainda atônita.

Loki ainda permaneceu alguns segundos na porta, conversando alguma coisa que eu não ouvia com Grão-Mestre. Minha respiração estava pesada, enquanto eu ainda tentava processar e entender como eu havia feito aquilo. Minha mente estava a todo vapor, e não apenas com isso, mas com a falta que senti de meus poderes. Onde eles estavam? Por que eu não conseguia acessá-los? Por que não funcionaram naquele planeta?

Loki fechou a porta atrás de si, caminhando de forma rápida em minha direção. Ele percebeu o estado de aflição e choque em que eu me encontrava, então não disse nada, apenas me guiou para uma cama que existia ali, a qual eu havia notado somente naquele momento, sentou-me no colchão, ficando ao meu lado.

— Você está bem? — perguntou após alguns minutos.

— Eu não senti meus poderes. — disse, em um fio de voz. — E aquela força toda? Que porra acabou de acontecer, Loki? Eu não sei. — Minha voz soava um tanto desesperada. Respirei profundamente algumas vezes tentando controlar, já sentindo algumas lágrimas querendo surgir em meus olhos.

— Já passou. Estou aqui agora, você está comigo.

Ele puxou meu corpo para mais perto do seu, e em um movimento gentil, deitou nós dois na cama, fazendo com que minha cabeça ficasse encostada em seu peito. Minha aflição e desespero eram enormes, mas como sempre, Loki conseguiu me acalmar de forma gradativa, até que eu pegasse no sono e fosse abraçada pela inconsciência.

(...)

No dia seguinte, fui acordada da pior maneira que poderia existir. Inúmeras mãos firmes seguravam meus braços e pernas, erguendo-me da cama e me levando para algum outro lugar desconhecido por mim. Esperneei e gritei, principalmente por Loki, mas ele não estava ali. Não havia resquícios de sua presença em lugar nenhum. Continuei me debatendo até sentir um deles grudar algo em meu pescoço.

Arregalei os olhos, em desespero, tentando mais uma vez sentir e utilizar meus poderes, mas novamente, eu não os sentia em lugar algum. Eu não sabia o que estava acontecendo, ou meus poderes haviam acabado de vez, ou aquele lugar era tão pesado e caótico que conseguiu me desregular e desestabilizar apenas por estar ali.

Cheguei ao ponto de conseguir me soltar, talvez pela nova força, mas a onda de choque que passou pelo meu corpo em seguida, por conta do que quer que estivesse grudado em meu pescoço, me fez cair no chão e tremer em agonia e dor. Estranhei mais isso, normalmente o choque, eletricidade, a energia, me daria mais força ainda, mas sem meus poderes, a única coisa que senti foi dor.

Não cheguei a desmaiar, mas minha visão estava turva e embaçada, então não vi muito do lugar onde me colocaram, apenas senti amarrarem meus pés e mãos e colocarem meu corpo em uma superfície fria e dura. Péssimo jeito de morrer, pensei, ainda me perguntando onde Loki estaria. Será que fizeram o mesmo com ele? O que aconteceu? Pensando nisso, a preocupação também se fez presente em minha dor.

— Ah, que bom que trouxeram ela, a troca vai ser muito boa. — Ouvi a voz do Grão-Mestre, e meu corpo ferveu em raiva por alguns instantes.

— O que eu tô fazendo aqui? Onde está Loki? — Me apressei em perguntar, ainda tentando recobrar os sentidos. Grão-Mestre sorriu.

— Ora, queridinha, é exatamente por conta de Loki que você está aqui. — Franzi o cenho, sem entender o que ele queria dizer. — Pois é, ele trocou você pela segurança e luxo dele próprio, um charme eu diria. — E sorriu mais uma vez.

— Ele não faria isso. — Tentei buscar por qualquer resquício de mentira em sua energia, mas nem mesmo isso eu conseguia sentir naquele momento, então jamais iria saber se ele estava blefando ou não.

— Faria e fez, meu bem. Nesse momento ele está no meu quarto, sem roupa e dormindo tranquilamente. Inclusive, falou que nem quer te ver mais.

Sua expressão era presunçosa, e como não conseguia sentir se estava mentindo ou não, um certo desespero se fez presente em meu coração. Loki não faria isso... na verdade ele já fez coisa parecida, mas depois de tudo, por que ele faria isso comigo? As perguntas rondavam em minha mente ao ponto que meu coração se partia em mais mil pedaços. Mais dor. Senti as lágrimas queimarem em meus olhos, mas não me atrevi a soltar nenhuma delas.

— Você está mentindo. — Eu disse, mas nem ao menos sabia se eu acreditava nisso.

— Se eu estou mentindo, onde ele estava quando trouxeram você hoje? — Fiquei em silêncio, sentindo como se uma faca muito afiada estivesse sendo fincada em meu peito, de forma lenta e dolorosa. — Como pensei... De qualquer jeito, sempre quis testar meu novo brinquedinho.

Então meu olhar voltou-se a uma pessoa parada ao lado de minha cabeça. Ela possuía algo nas mãos. Parecia o formato meio cônico de telefones antigos, mas eu duvidava muito que seria aquilo, não estávamos na Terra. Eles eram conectados por fios, que percorriam um caminho até uma caixa metálica cheia de botões, com um idioma e símbolos que eu não conhecia. Nele também existia uma tela em branco, como de uma televisão.

— Vai aparecer nessa telinha? — Grão-Mestre perguntou à pessoa que segurava o instrumento o qual eu não sabia o nome e nem para o que servia. A pessoa murmurou em confirmação. — Ótimo, estou curioso, faça logo.

Não haveria palavras para descrever a dor agonizante que se fez presente em todo meu corpo em seguida, após o homem posicionar os objetos cônicos em minhas têmporas. Não controlei um grito sofrido e doloroso, sentindo cada ponto da minha cabeça na mais completa dor e sofrimento. Meu corpo se debateu na intenção de me livrar daquela tortura, mas as correntes que me seguravam conseguiram ser mais fortes do que eu.

E foi então que tudo parou. Estava em algum lugar escuro, eu já não mais me debatia, muito menos estava presa, e a dor alucinante não era mais presente... mas por outro lado, a dor emocional e psicológica apareceram ao ver Pietro em minha frente. Meu coração apertou-se ao ponto de eu precisar inclinar meu corpo para frente e segurar meu peito com uma das mãos.

— Pietro... — sussurrei, não mais controlando as lágrimas.

Corri em sua direção, e pela primeira vez em muito tempo, consegui alcançá-lo e abraçá-lo com toda minha força. O peso que saiu das minhas costas era inexplicavelmente intenso, e as inúmeras lágrimas que escorriam pelo meu rosto comprovavam isso.

— Ei, nenhum abraço pra mim? — A voz era inconfundível. Wanda.

Afastei-me levemente do abraço de Pietro e olhei para o lado, encarando Wanda com um sorriso divertido e sincero nos lábios. Fazia tanto tempo que eu não a via assim. Apressei-me ao abraçar ela com a mesma intensidade. Por algum motivo, eu não sentia mais dor alguma... Mas seria por pouco tempo.

— O que tá acontecendo? Onde estamos? — perguntei a eles, encarando ao redor, que ainda estava escuro, a não ser pelos dois ao meu lado.

— Kira... não conhece esse lugar? — Pietro perguntou, e ouvir sua voz mais uma vez foi como música aos meus ouvidos. — Estamos em seus piores pesadelos.

Sua fala me fez voltar a encara-los, e o que eu vi, trouxe todo o desespero e agonia de volta para o meu peito. Pietro mal se mantinha em pé, e era possível ver inúmeros buracos de balas por todo seu corpo, do mesmo jeito que ele estava quando morreu. A sensação de senti-lo ir para sempre voltou ao meu corpo, juntamente com um dos meus piores gatilhos. Coloquei as duas mãos na boca, sentindo, mais uma vez, todas as lágrimas voltarem a rolar pelo meu rosto.

— Não deixe que ele te controle... — Foi a última coisa que ele disse antes de cair, completamente sem vida, no chão.

Não controlei um choro agonizante, correndo em sua direção. Porém, tudo apenas piorou quando procurei a figura de Wanda. Ela estava caída ao chão, e sangue escarlate manchava todas as suas roupas na área do abdômen. Corri em sua direção, e vi que ainda estava acordada, mas não por muito tempo.

— E-ele... está... em sua cabeça... — Ela apertou meu braço com uma das mãos. — Não deixe... Acorde, Kira. — Ela agonizava, e pude ver uma lágrima escorrer por sua bochecha, o que quebrou meu coração mais do que já estava quebrado. — ACORDE!

Ela usou todo o resto de suas forças ao gritar, e foi então que eu percebi: estávamos em minha própria mente, como se fosse um sonho, porém, um sonho muito mais vívido e real que o normal, talvez fosse aquilo que aquela máquina fazia. Doía como o inferno ver o corpo de ambos ali, mas fiz força para me concentrar, nem que essa força fizesse meu coração em cinzas.

Fechei os olhos, e ao abri-los novamente, estava de volta a sala desconhecida, amarrada pelas pernas e mãos, mas dessa vez uma coisa havia mudado: Grão-Mestre conseguiu aniquilar qualquer resquício da minha tão duradoura paciência. Meu corpo fervia em ódio e fervilhava em ira. Em um grunhido alto, fiz força mais uma vez, só que para conseguir me desvencilhar das correntes. Consegui, e logo já lancei um dos meus pés ao rosto do homem que segurava a máquina anteriormente.

Em uma cambalhota, consegui colocar-me de pé, e analisei o que estava acontecendo ao redor, mais precisamente, procurei Grão-Mestre para que eu pudesse acabar com sua vida, nem que fosse com minhas próprias mãos.

Mas, deparei-me com inúmeras pessoas e alienígenas correndo em minha direção, com as mãos para cima e armas a postos, e mais uma vez lembrei-me de todo treinamento com Sif e Natasha, e revidei cada golpe, desviei de cada tiro com muita maestria. Apenas com o meu ódio, consegui colocar quase todos ao chão, mas ainda havia os que estavam atirando. Puxei um dos corpos e o coloquei em minha frente, ainda sem entender de onde aquela força toda havia saído, porém sem tempo para pensar sobre no momento.

Consegui me aproximar de um deles e lancei o corpo em sua direção, ganhando tempo para segurar a arma de mais um e desviar sua mira, ao mesmo tempo que chutava o outro nas costelas com toda minha força. Em um movimento rápido, nocauteei o homem que eu havia segurado a arma, e podendo tê-la em mãos, atirei nos outros dois que ainda estavam acordados.

Minha respiração era densa e ofegante enquanto eu procurava quem me interessava no local: Grão-Mestre. E ao vê-lo, encolhido em um canto, joguei a arma ao chão, com o intuito de acabar com sua vida com minhas próprias mãos. Isso se não fosse por ele erguer um dispositivo pequeno nas mãos e apertar um botão. A onda de choques, que começava do meu pescoço, percorreu novamente todo meu corpo, fazendo-me cair ao chão mais uma vez, na mais pura e agonizante dor. Dessa vez ele manteve o choque funcionando por muito mais tempo, já que pude sentir a dor diminuir ao passo que a inconsciência chegava até mim aos poucos.






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Autora: não me matem, por favor! KKKKK gente a Kira ainda vai sofrer mais um pouco, isso foi meio que só o começo, mas a evolução dela vai ser tudo! TÁ DOENDO EM MIM TBM OK

não vou me estender mais, senão vcs vão me matar, massss foi isso, espero que estejam gostando! não esqueçam da estrelinha e de comentarem bastanteee, amo os comentários de vcs

Bjin procêis💚

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