04
— Papa...
O gritinho animado de Venice fez com que Pete sorrisse, abrindo os braços para abrigar o pequeno que correu na sua direção quando a porta foi aberta. Não importava o quão ruim seu dia fosse, aquele garotinho era sua fonte inesgotável de força.
— Papa... Mimi mostou estela po Nice. — o pequeno falou apontando primeiro para a babá e na sequência para o desenho de algumas estrelas sobre a mesa de centro. — Mimi amar Nice.
— Claro que amo, você é meu potinho de doçuras. — a jovem Mikaela pronúncia se aproximando e ameaçando fazer cócegas no pequeno que se encolhe, antecipando uma gargalhada. — Não consegui colocar ele pra dormir, passou o tempo todo perguntando por você. — Disse se direcionando a Pete.
— Obrigada Mika, não sei o que seria de mim sem você. — Pete agradeceu, observando a jovem acariciar o cabelo do pequeno com ternura.
— Não precisa agradecer, você precisava de uma forcinha e eu de dinheiro. — diz dando de ombros. — Bom, agora tenho que ir... te vejo amanhã pequeno.
Pete seguiu Mikaela até a porta, fazendo todo um ritual de despedida, depois seguiu com Venice nos braços até a cozinha, pegou uma garrafa de água e ofereceu uma maçã a ele, que negou prontamente.
— Por que você não quis dormir, hum? — Pete perguntou assim que sentou o pequenino sobre o balcão, o encarando com ternura.
O pequeno tinha os olhos do avô; mas, diferente desse, curiosamente pareciam doces. Não se parecia em nada com a mãe, pelo contrário, ele era sua cópia mirim, não era de admirar que Vegas tivesse confundido as coisas.
Vegas. Pensar no ex fez um arrepio percorrer por seu corpo, arrancando um suspiro sofrego ao recordar o ato impulsivo que teve. Inconscientemente levou a mão livre até os lábios, ainda era capaz de sentir a dormência e o gosto de vinho misturado com aquele característico de Vegas. O gosto que o dominava.
Voltou a realidade quando a mãozinha de Venice repousou sobre seu rosto em um carinho fofo. Não era o momento para pensar em Vegas e todo o pacote de emoções que vinham com ele.
— Então mocinho... — tornou a falar, passando o indicador na ponta do seu nariz e logo após se curvando para deixar um beijinho de esquimó, arrancando uma gargalhada carregada do pequeno. — Por que não quis dormir?
— Papa... mosto mal. — Venice abaixou a cabeça, como se de alguma forma sentisse vergonha ou medo de uma repreensão. — Tenho medo. — falou fazendo biquinho.
Pete não disse nada, apenas puxou o garoto contra seu peito e acariciou, respectivamente, suas costas e nuca. Não era sempre, mas haviam períodos que Venice apresentava episódios de medo e Pete sabia bem ao que ele se referia. Lembrava com perfeição do dia que Chloe se drogou e entrou em parafuso, quebrando tudo dentro de casa e fazendo ameaçadas a todos que se aproximavam. A imagem que Pete presenciou quando entrou na casa do seu pai, lhe atormentava diariamente. Chloe estava transtornada, os olhos vidrados no garotinho enquanto sorria de maneira quase maníaca e apertava seus bracinhos com força. O pequeno chorava descontroladamente, gritando e esperneando. Pete havia chegado no exato momento que a irmã ergueu a mão para bater no pequeno indefeso. Ele conseguia sentir seu sangue gelar e depois esquentar com a raiva repentina ao ter essas recordações. Não precisava nem mesmo fechar os olhos para obter a sensação de Venice se grudando em sua perna aos prantos, como se ele fosse sua única salvação. E talvez fosse. Na época Venice tinha um pouco mais de dois anos e agora fazia um pouco mais de um que Pete não visitava a irmã, apenas sabia sobre o progresso do tratamento por meio de Jake, diretor da clínica de reabilitação onde ela se encontrava internada.
— Papai tá aqui, tá bom? Nenhum mostro mal vai se atrever a entrar no seu caminho. — Pete tentou controlar a voz trêmula enquanto sussurrava as palavras.
Venice se aconchegou mais a ele, passando seus bracinhos curtos por seu pescoço, abrindo e fechando a mão nos fios de cabelo que conseguia alcançar. Pete achava fofo a maneira que Venice encontrava para demonstrar seu carinho, era sempre com toques. O pequeno não costumava gostar de todo mundo, mas se tornava um grudinho quando se sentia ligado a alguém. Pete nunca entendeu porque o pequeno não gostava de Jess, sempre que estavam juntos ele fazia questão de demonstrar antipatia e chorava a mínima ideia dela se aproximar. O mais estranho para Pete, era ele ter ido com Vegas como se o conhecesse desde sempre.
E lá estava ele mais uma vez pensando em Vegas.
Antes que pudesse entrar em loop infinito de pensamentos sobre seu ex e a constatação que ele continuava beijando maravilhosamente bem, a campainha tocou. Venice deu um pulinho pelo susto e Pete acariciou suas costas, o pegando novamente nos braços e seguindo até a porta. Imaginou que Mika houvesse esquecido algo, ela sempre esquecia, e atendeu a porta com um sorriso preso nos lábios, mas se surpreendeu ao notar a figura de Vegas parada do outro lado com as mãos no bolso e olhando cuidadosamente na sua direção.
— Vegas? O que...
— Posso entrar?
Venice que ainda estava com a cabeça enterrada no pescoço de Pete, se ergueu de súbito ao ouvir a voz de Vegas e como fez no hospital, esticou os braços animados na direção do maior que sorriu bobo com a atitude.
— Tio... Tio.
Pete fez um gesto com a cabeça para que Vegas entrasse, sentindo Venice ser levado dos seus braços no minuto seguinte.
— Não é um pouco tarde pra você está acordado mocinho? — Vegas perguntou para o pequenino que apenas enterrou o rosto na curvatura de seu pescoço, deitando a cabeça em seu ombro e fechando os olhos. — Você estava esperando o papai?
— Ele gosta de você...
Pete sentou no sofá do lado oposto em que Vegas se acomodou com Venice, constatando o fato do seu pequeno realmente ter se apegado a Vegas tão rapidamente. De repente ele se sentia nervoso e feliz, uma sensação torturante. Os dois pareciam tão confortáveis, que ninguém acreditaria se falassem que eles estavam se vendo pela terceira vez.
— Isso é bom, assim você não vai ter de usar aquele lance de conquistar ele primeiro... já posso pular direto pra parte principal. — Vegas piscou em sua direção enquanto embalava o pequeno que magicamente fechou os olhos e parecia querer dormir.
— Vegaaas! — repreendeu Pete, sentindo-se ruborizar. — Você é ridiculamente direto.
— Agora que sei que você permanece solteiro, posso ser... Acho que ele tá com sono.
Pete apenas murmurou, se jogando no sofá, enquanto Vegas permanecia embalando Venice. Eles ficaram cerca de vinte minutos até o pequeno pegar no sono e Pete o guiar até o minúsculo, mas muito bem organizado, quarto. O espaço era inteiramente decorado com o tema de buzz lightyear. Uma estante, no canto direito, se encontrava repleta de bonecos e ursos; o guarda-roupa, ao lado dessa, tinha um adesivo enorme do sox que parava bem ao lado do espelho como se estivesse se admirando ali; a cama, disposta no canto oposto, era coberta por um edredom do buzz e o abajur ao lado, parecia uma lua cheia. Vegas colocou o pequeno na cama e se afastou um pouco, observando Pete o cobrir e deixar um beijo em seu rosto, antes de o seguir de volta para a sala.
Existia um silêncio enxerido entre os dois, que não chegava a ser desconfortável, mas deixava Pete um tanto ansioso e receoso. Contudo, sua ansiedade foi mandada para o espaço e substituída por um coração batendo freneticamente quando Vegas o puxou em sua direção e selou seus lábios, a princípio apenas um contato inocente, mas no minuto seguinte se transformando em um beijo quente e desesperado com mãos que apertavam sua cintura em possessividade. Ele gostava disso e não demorou muito para um gemido sufocado escapar. Ele estava embriagado, dessa vez com o perfume de Vegas que invadia seus sentidos, com o beijo que o fazia viajar na via láctea, com o desejo que adormecia seu corpo.
— Vegas... melhor parar antes que eu faça alguma besteira. — Pete sussurrou, mas em momento algum se separou do toque de Vegas.
— Vim na intenção que você faça essa besteira. — Vegas apertou sua cintura com mais força, trazendo mais perto de seu corpo.
— Você é muito descarado, sabia? — retrucou entre beijos, mordendo inferior de Vegas, que grunhiu levando a mão em desespero para sua nuca.
— Você sempre gostou desse meu lado... mas se você quiser podemos ir devagar.
Ele não parava de beijar a boca de Pete, o rosto de Pete, o pescoço.
— Meu quarto é a porta ao lado.
Dizendo isso, Pete tornou a beijá-lo cruzando os braços atrás da sua cabeça e dando impulso para enlaçar as pernas ao redor da sua cintura. Vegas sorriu ao separar do ósculo e descendo beijos mais uma vez pelo seu pescoço, o guiou até o cômodo indicado.
Pete não se fez de rogado quando Vegas se despiu e depois o ajudou com suas peças; muito menos quando os lábios habilidosos do mais novo desceram por toda extensão de seu corpo com beijos cálidos e chupões leves; tão pouco quando o mais novo introduziu um dígito na sua entrada. Ele apenas se concentrou no prazer e em não fazer tanto barulho, seria bem constrangedor se Venice acordasse naquele momento.
— Você vai trabalhar amanhã? — Vegas perguntou, deixando um beijo em sua clavícula e logo depois o observando entreabri os lábios quando outro dígito se juntou ao primeiro em movimentos de vai e vem.
Foi tudo tão rápido que para Vegas pareceu-lhe como um sonho. Em um minuto beijava Pete no carro, noutro tomou coragem de subir até seu apartamento e tão rápido como foi o segundo beijo, agora ambos estava nus, experimentando uma dose extra de saudade. Macau que o perdoasse por não voltar mais ao hospital, mas estava decidido a dedicar as próximas horas ao homem que havia roubado seu coração tantos anos atrás.
Pete sussurrou uma resposta lânguida que ele mesmo teve dificuldade de compreender e levou a mão até a boca, mordendo o dorso dela para sufocar um gemido. Era impossível manter os olhos abertos com tantas sensações cruzando seu corpo, mesmo assim se obrigou a encarar Vegas que lhe dedicava uma devoção plena. Seus lábios se tocaram mais uma vez e em um movimento seus corpos giraram sobre a cama, o deixando no comando.
Vegas suspirou extasiado, chiando palavras incoerentes quando Pete raspou os dentes por seu abdômen e seguiu deixando um beijo doce em seu quadril. Ficou hipnotizado com os movimentos do mais velho: ansiosos ao mesmo tempo que refreados. Sua perdição, no entanto, se fez quando Pete segurou a base de seu pau e o masturbou lentamente antes de passar a língua vagarosamente por sua fenda. Uma tentação dos diabos.
Vegas precisava de mais.
— Vem cá. — a voz de Vegas saiu em um sussurro e isso fez um frio atravessar a barriga de Pete, enquanto ele engatinhava sobre a cama até ficar próximo do rosto do mais novo.
— Desistindo tão fácil, sir. — o mais velho perguntou, mordiscou o lábio inferior e observando Vegas sorrir de canto enquanto negava com a cabeça.
— Não, só quero que você sente... — e acariciando o rosto de Pete, sussurrou: — Na minha cara.
— Seu canalha, pervertido.
Vegas se encolheu e começou a rir, puxando o Saegthan para um beijo, quando esse desferiu um tapa na lateral da sua coxa.
— Você bem que gosta disso. — murmurou. Pete anuiu, grunhindo a cada beijo que Vegas depositava em seu rosto e pescoço. — Agora vira.
E Pete obedeceu.
Era totalmente impossível determinar qual dos dois experimentava a maior onda de prazer: Vegas que tinha seu pau entre os lábios rosados de Pete ou esse que se contorcia e gemia sofregamente enquanto era castigado pela língua de Vegas em sua entrada. Pete inconscientemente rebolava na cara de Vegas e isso era muito para a sanidade e a saudade que o mais novo sentia. Ele apertou a carne farta da bunda dele, para descontar todo o tesão que sentia, mas nada parecia ser suficiente, os gemidos roucos e abafados de Pete enquanto levava seu pau até a garganta também não ajudava, nem mesmo as mordidas que deixava vez ou outra na bunda do mais velho, surtia o efeito esperado.
O som de estalido, seguido por um gemido rouco, preencheu o ambiente e pela primeira vez Vegas pôde perceber a meia luz que vinha da janela entreaberta ao lado da cama. Ele não observou em nada do quarto de Pete, mas uma certeza ele tinha: sua cama era muito macia e seus lençóis tinham um cheiro gostoso, assim como o corpo dele. Um gemido, arranhou sua garganta quando Pete aumentou os movimentos em seu pau, quase engasgando no processo.
Era demais pra ele.
Sem hesitar, afundou os dedos na carne de Pete outra vez, um sinal para que ele parasse seus movimentos, fazendo um pedido silencioso para mudarem de posição. Pete deitou de costas no colchão, esperando pacientemente o Theerapanyakul colocar a camisinha, que ele o entregou em algum momento, mas para sua surpresa o mais novo o virou de costas e apenas levou dois dos seus inúmeros travesseiros para apoiar sua barriga.
— Serei gentil. — Vegas murmurou mordiscando o lóbulo da sua orelha, antes de descer com beijos até suas costas.
— Não seja... apenas me foda... aaah! Vegas, seu desgraçado.
Pete murmurou incoerente, enquanto sentia Vegas pincelar seu pau na sua bunda.
— Ainda com a boca suja? — o soprar de uma risada atingiu seus ouvidos.
Vegas ainda o conhecia muito bem. Pete era sempre doce e gentil para os de fora, mas com Vegas, trancado entre quatro paredes, ou não, ele agia de maneira única, em muitos momentos, era bem pervertido. O Theerapanyakul era o único que fazia esse seu lado aflorar e talvez fosse por atendê-lo tão bem que Pete nunca tenha realmente o esquecido. E não era apenas no sexo que Vegas o completava.
Sem ter uma resposta, Vegas se concentrou nos pelos eriçados do corpo de Pete e em seu arfar descompassado, enquanto se fundia a ele dolorosamente devagar. Mesmo que seu corpo o implorasse que fosse voraz, indo fundo e de uma única estocada, ele não queria machucar Pete, embora o mais velho parecesse implorar por isso.
Seus movimentos lentos foram gradativamente aumentando conforme os gemidos de Pete tocavam seus sentidos e o deixava completamente embriagado.
— V-vegas... me deixa...
Ele não precisava terminar, Vegas o conhecia bem pra saber o que ele desejava. Lentamente se retirou do seu interior, desejando se fundir novamente. O interior de Pete era tão quente e acolhedor que ele ansiava por permanecer lá. Se sentou no meio da cama, escorando suas costas na cabeceira e com uma das mãos acariciou seu pau, enquanto a outra batia de leve sobre uma das pernas.
Como um gatinho faminto, Pete se arrastou até ele e não demorou a sentar em seu colo, com uma perna de cada lado, logo tomando seus lábios em um ato de necessidade. Sua mão escorregou do cabelo de Vegas até o meio dos dois e com certa urgência segurou o pau de Vegas e voltou a conectá-los, sentindo a ardência o atingir novamente. Era bom, ele tinha saudades disso, do contato direto, dos beijos doces de Vegas em contraste com suas estocadas violentas.
Não demorou a ele está subindo e descendo em um ritmo irregular, enquanto sufocava cada gemido na doce boca de Vegas. Seria vergonhoso ele gozar com tão pouco estímulo, acontece que tudo tinha sido demais para ele. Já fazia algum tempo desde a última vez que saiu com alguém e Vegas, bom... Vegas demostrou ainda lembrar exatamente cada um de seus pontos fracos. Por isso, não demorou até ele se deleitar no intenso orgasmo, sentindo Vegas se desmanchar dentro dele alguns bons minutos depois.
Foi preciso mais do que alguns minutos para ambos recobrarem a consciência. Ainda ofegante, Pete descansou a cabeça sobre o ombro de Vegas; aproveitando a sensação, a muito adormecida, de pertencimento.
— Também senti sua falta Vegas. — Pete dedilhou uma trilha sobre o peito do mais novo, ainda tentando controlar os batimentos acelerados do seu coração.
Um sorriso atravessou o rosto do Theerapanyakul. Ele estava feliz e um pouco aliviado por ter Pete novamente em seus braços. Ia muito além do sexo. Ele sentia saudades de Pete, do beijo dele, do calor do corpo, da companhia silenciosa, dos fins de semana jogados no sofá fingindo assistir qualquer que fosse o filme, dos passeios noturnos e nada normais. Ele havia acumulado muitos desejos e queria ser capaz de verbalizar cada um deles, e já que seria incapaz de recuperar o tempo perdido, faria o possível para que os próximos momentos fossem reais e puramente eles.
— Você pode ficar? — Pete perguntou em um sussurro.
A noite lá fora parecia fria, a corrente de ar que entrava pela pequena fresta da janela e fazia a cortina branca dançar como em um baile de debutantes, não fazia tanto efeito com os dois corpos tão quentes, mas ainda assim os tocava como em uma carícia doce.
— Sim.
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Me digam o que acharam...
vejo vocês em breve!!!
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