9.Divergências
Por Beelzebub,
Tesla observava meu laboratório intrigado, seus olhos divagavam por cada espaço enquanto eu colocava as coisas no lugar.
-- Sei que está curioso, mas venha ver isso. -- Apontei para as chamas à minha frente, cada uma delas em um invólucro de vidro, tilintando de maneira diferente e inclinando para o mesmo lado como se tentasse se unir e respirei pesado, todas as minhas suposições estão se confirmando.
-- Pelo visto, elas estão se atraindo. -- Tesla comentou e eu lhe entreguei um par de luvas além de uma máscara e pus o mesmo. Apertei o botão da mesa e um conjunto enorme de tudo de vidro surgiu, depois peguei uma garrafa larga com a boca bem ampla e abri a tampa. Peguei a primeira chama e coloquei ali dentro, seguindo o processo com as outras e Tesla pegou um bloquinho para anotar algo.
-- Você tinha uma coleção e tanto dessas chamas. -- Se referiu ao fato de termos coletado nove delas.
-- E deve haver mais tanto por Helheim como por aqui. -- Incisivo enquanto fechava a garrafa e esperava pela fusão, que não demorou a acontecer em uma chama negra oscilante como se toda a cor à sua volta desaparecesse, esse mesmo tipo de oscilação é encontrada nas patas de um certo cão quando ele abre rasgos temporais e agora eu preciso falar com Hades.
-- Beelzebub, você tem ácido clorídrico? -- O sorriso dele se alargou, esses cientistas estão sempre pensando à frente.
-- Segunda mesa à esquerda. -- Ele pegou o tubo arredondado e se aproximou: -- Se eu estiver certo, uma simples gota pode explodir tudo, mas nesse caso deve ser mantida estável.
-- Inclusive acabar com a sua vida. -- Ele riu.
-- É o que vamos descobrir. -- De maneira cautelosa, ele colocou uma gota dentro da garrafa recém aberta, obtendo o resultado que tanto afirmou e consolidando de vez minha teoria. -- Parece que isso não é uma chama.
-- Fogo negro não é necessariamente maleável por ações comuns. -- Rosqueei a garrafa.
-- Vamos almoçar, não há mais o que se fazer por enquanto. -- Ele me olhou incrédulo.
-- Sua cede pelo conhecimento é desmotivante.
-- Digamos que apenas tenho outras reuniões a cumprir e sei que tem os seus experimentos também.
-- Nisso você está certo, espero que sua senhora nos acompanhe nesse almoço.
Prefiro não responder. Dália não é nada minha além de uma dupla para executar os trabalhos de Hades. Claro que ela me fez perder o foco por algumas vezes e óbvio que tenho pensado nela desde então, assim como o colar que anda ostentando no pescoço. Não deveria ser da minha conta e ainda assim me incomoda profundamente, e isso significa que devo colocar minha cabeça no lugar.
[...]
Por Dália,
Abri meus olhos um pouco cansada, na verdade, nunca imaginei que precisaria descansar, batidas a porta não me permitiram pensar, então pronunciei um famigerado entre.
-- Bom dia, princesa teve uma boa noite? -- Acácia sorria, mesmo com meio rosto coberto sou capaz de ler sua expressão através de seu lindo olhar.
-- Sim, sim e você?
-- Descansei bem.
-- Excelente, vim avisar que a Rainha lhe aguarda para o café. -- Praticamente pulei da cama enquanto ela desviava o olhar: -- Desculpe-me Acácia, às vezes esqueço de seu constrangimento.
Ela sorriu.
-- Nada, senhora, quer ajuda para se vestir?
-- Não e se desejar, pode retornar ao castelo, pode ir. -- Tentei parecer tranquila, ainda preciso conversar com Anúbis e agora com Sn. Acácia saiu e tomei um banho rápido fazendo todas as minhas higienes antes de optar por um vestido preto, sei que minha irmã aprovará e assim parti para a sala de jantar, me deparando com a imperatriz sentada e sorrindo enquanto escolhia o que comer, assim que me viu, sorriu deixando a bandeja sobre a mesa, se levantando. Podia notar como sua barriga praticamente dobrou de tamanho, agora a Imperatriz Beira seis meses de gravidez, suas maçãs do rosto estão elevadas, seus cabelos ainda mais brilhantes e seus semblantes esbanjando saúde. Sn se aproximou, me abraçando e sorrimos juntas.
-- Vejo que está muito bem. -- Ela me olhou arqueando a sobrancelha.
-- Como?
-- A Dália não se faça de rogada, você finalmente levou o príncipe para a cama, não foi? -- Riu.
-- Sn! Achei que tinha vindo aqui para discutirmos a atual situação de Helheim.
-- Não, preciso da sua atenção focada em outro lugar e espero que possa me acompanhar. Por enquanto, vamos comer e me conte a respeito de sua noite com o príncipe, sabe que foi a primeira na vida dele não é? -- Desviei meu olhar constrangido, não preciso tocar nesse assunto.
-- Ele quem te contou algo tão pessoal?
-- Irmã não seja tão ingênua, não sou cega e é só parar para raciocinar um pouco: com Beel tendo Satã dentro de si, nunca chegou muito longe e estou falando da parte dos sentimentos, visto que das poucas vezes que aconteceu, ele perdeu seus amigos e sua primeira paixão. Agora, conte-me tudo.
Não acho certo falar a respeito dos sentimentos que não me pertencem, porém, sei o quanto Sn é persuasiva e insistente, nesse caso contei apenas o que me sinto confortável e foi suficiente para que ela alisasse sua barriga.
-- Você transou com Satã? Por acaso perdeu a noção do perigo? -- Não é como se ela não tivesse ciência, apenas não conversamos a respeito.
-- Eu não sabia Sn, na verdade, eu não tinha ideia do que era respirar, imagina se ia entender sobre "casca"/'prisão' ou sexo em si, tive que fermentar minha mente muito rápido e isso nem chegou ao ponto de me preparar direito, mas aquele deus foi incrível. -- Desviei meu olhar -- E nunca li o passado ou o futuro do príncipe, então não tinha como prever que era o demônio que estava me tomando, posso dizer que ficou tudo quite mesmo que não soubéssemos. Satã foi o meu primeiro e fui a primeira de Beelzebub e fim.
Desconversei e ela riu de leve.
-- Não é assim que funciona, então quer dizer que naquelas duas noites que ficou aqui você dormiu com os dois deuses?
Sorriu abertamente.
-- Irmã tire esse sorriso orgulhoso da cara agora. Eu só me deitei com Satã, Anúbis foi imensamente generoso com seu conhecimento, só quando voltei para o Submundo de vez ele me procurou e foi aí que passei uma noite com ele.
-- A primeira de muitas.
-- Exatamente, mas não consigo focar nisso. Se quer mesmo falar de sentimentos preciso dizer que o príncipe me olha de maneira estranha, passamos a noite em um contato carnal intenso e ele ficou aparentemente frustrado pela manhã ao ir embora. -- Fui franca e ela fechou os olhos antes de sorrir.
-- Dália, independente de serem deuses ou homens, eles são iguais, não gostam de dividir ou sequer ser passado para trás.
-- Mas não fiz isso... -- Sn se aproximou segurando o colar em mãos.
-- Quem te deu isso. Dália? Aposto que não foi o Beel.
-- E está certa foi um presente de Anúbis.
-- E você aceitou de bom grado, então como quer que ele se sinta quando você anda exibindo o colar da regência no pescoço? -- Sn serviu uma taça de suco de maçã e fiquei incrédula.
-- Como...
-- Meu bem, tem horas que é muito ingênua, Anúbis te quer como mulher dele. Não pense que as joias que cria para ti não são únicas e reconhecíveis em qualquer canto do Olimpo.
Respirei fundo aceitando um dos copos.
-- Sn, não sou obrigada a desvendar a mente do segundo príncipe. O fato de ter me deitado com ele não muda em nada a relação que tenho com Anúbis, entende? Eu não vou deixar de estar com o Deus dos mortos simplesmente por que o príncipe não se decide.
-- E eu concordo totalmente com você, porém, tome cuidado para não se machucar, pois, até mesmo uma deusa tem um coração e você escolheu essa vida e uma hora terá que decidir.
Sei que ela está com a razão, no entanto, não pretendo ter sentimentos unilaterais.
-- Vamos mudar de assunto, diga por que realmente me chamou aqui?
A Imperatriz suspirou:
-- Bem, como sabe, essas crises atrasaram minha lua de mel. Agora, por exemplo, era para estar acontecendo o chá de bebê, mas, Hades vai ficar preso no Helheim por tempo indeterminado.
A frustração dela é completamente compreensível, isso me faz pensar que, pela demora do segundo príncipe a retornar ao palácio, ele descobriu provavelmente a causa desse problema e, antes de deixar o copo de suco vazio na mesa, me aproximei dela.
-- Talvez seja mais fácil se eu ver pessoalmente o que está acontecendo. -- Ela arregalou os olhos.
-- Por acaso, ficou maluca? Se fizer isso, não saberemos quais as consequências, visto que chegou aos meus ouvidos, a sua fraqueza, sou contra que leia o meu futuro e dessa criança. -- Desviei meu olhar culposo, sei muito bem o futuro da primeira filha de Sn já que fui eu quem planejou tudo.
Por um longo tempo divagamos a respeito do trabalho, até que Sn sugeriu que fôssemos ao palácio de Aphrodite aproveitar uma tarde de mulheres. Ela alegou que já tem homens o suficiente dando conta do trabalho e que poderíamos nos ausentar por uma tarde e foi o que fizemos. Às vezes me esqueço de como a vida pode ser divertida se deixarmos os problemas de lado por um curto momento. A deusa da beleza é extremamente divertida, principalmente depois que paramos para conversar sobre os deuses olimpianos, asgardianos e hinduísta. Demos altas risadas enquanto nossos corpos foram devidamente massageados após um banho termal e ao retornarmos ao submundo, uma carruagem aguardava Sn. Definitivamente, ficarei sem ver minha irmã por algum tempo.
[...]
O segundo príncipe demorava a voltar, cadê vez menos temos contato, hoje recebi Despina que afirmou haver outra rachadura próxima ao seu reino e isso é frustrante, pois estamos parecendo cães correndo atrás do próprio rabo sem nunca alcançar um objetivo sequer. E como no momento estou cuidando da parte burocrática a única coisa que posso fazer é contar com a ajuda de Acácia para organizar e redigir relatórios e contratos recebendo cada vez mais visitas de seres importantes além de deuses ambos do submundo, são poucos aqueles que não pertencem ao reino e vem até nós com reclamações de que esse vazamento/infestação está os atrapalhando e nesse meio tempo o príncipe parece inclinado a me evitar tanto que pouco nos esbarramos pelos corredores você quer nos vemos com clareza no quarto em que estamos dividindo e meu problema com Beelzebub não é a questão de sua concentração ou o fato de que está nervoso com todo o ocorrido, ele não está sozinho, pois, tanto Hades o senhor do submundo ficará ciente do que quer que seja essa bagunça, fora que eu e os outros cientistas também estão aqui, mas... Algo tem nos afastado, na verdade, o próprio príncipe tem evitado me olhar, ele passa as noites no laboratório e volta pela manhã e quando eu pergunto a resposta é sempre a mesma: "estamos trabalhando em alguma forma de acabar com essa contaminação."
De alguma forma sinto que ele tem guardado algo consigo. Beelzebub geralmente me olha, principalmente quando estou de camisola, no entanto, depois de ficar com o rosto vermelho e um volume entre as pernas ele sempre vai embora me deixando confusa e com isso foram dias entre ele trabalhando no laboratório e eu em meus trabalhos com Sn a respeito das sendeias, colheitas e todo o arquivo a respeito das possíveis contaminações. Nesse meio tempo, também recebi a visita de Anúbis, que me pediu para acompanhá-lo por dois dias e, após ter a certeza de que Sn não precisaria do meu auxílio, resolvi acompanhar o Deus dos Mortos, afinal, o conhecimento sempre é um prazer.
Por Sn,
Eu sinceramente não sei quem é mais enrolado nessa relação, Dália ou Beelzebub, só sei que resolvi intervir. Pode não parecer, mas tenho meu favorito, por mais que Dália combine demais com Anúbis, sei que o deus dos mortos não é completamente confiável, além de ter um interesse profundo no poder dela e obviamente que não posso deixar que siga frente. Sei que Dália jamais se submeteria a um deus, porém todo ser ardiloso possuí suas artimanhas e assim mandei que chamassem Beelzebub, enquanto caminhei até meu jardim pessoal, ele não demorou a adentrar o local e obviamente eu o abracei.
-- Bom vê-lo Beel. -- Sorri e ele beijou minha destra.
-- Que bom que está bem Imperatriz Sn. Sua urgência em me chamar me soou como um problema.
Ele é sempre tão perspicaz.
-- Não querido, pelo contrário. Quero que me conte a respeito do que sabe sobre a infestação e como podemos retardar esse problema. Minha paciência está por um triz com tantos conteúdos mal divulgados. -- Informei, meio que estou dividindo meu tempo entre o submundo e o Olimpo, já que Hades achou que eu gostaria de estar a par da situação por lá, justamente por não conhecer o local. Ledo engano do meu querido marido, eu só quero as minhas férias e até lá farei todo o trabalho que for preciso.
-- Não há muito o que dizer, apenas que tenho certeza de que um deus está por trás disso e não um mero titã como imaginam. O Imperador Hades deve confirmar a minha suposição mais tarde, pois, queria vê-la pessoalmente. -- Isso me deixou intrigada, agora, apesar de Dália está um pouco enfraquecida confesso que seu dom seria muito útil.
-- Interessante, talvez Dália possa ser útil prevendo de uma vez quem está por trás disso. -- Informei, queria ver a reação dele e, como imaginei não foi das melhores.
-- Não creio que seja uma boa ideia, a princesa apresentou um cansaço extremo da última vez que fez isso e depois não deixei que tentasse.
Apesar de me responder, parecia estar falando consigo mesmo.
-- Hum, pelo visto você está zelando demais por ela. -- Resolvi por algumas verdades a frente, quem sabe assim ele acorda de vez.
-- Apenas faço meu trabalho Imperatriz. Dália foi envenenada e por isso enfraqueceu. Mesmo que eu tenha administrado o antídoto a tempo, não acho correto que se arrisque.
-- Ou seja, você está apaixonado por ela e não quer perdê-la. -- Afirmei e ele me olhou espantado. -- Ah, Beel quem você acha que está enganando? Satã não está mais em seu corpo, não há motivo para que se resguarde tanto, está preocupado com ela porque tem interesses e não sabe nem como surgiu.
Ele não disse uma palavra sequer, se defendeu.
-- Ao meu ver, vocês dois são péssimos nisso. É só sentar e conversar, antes que Anúbis conquiste-a na sua frente. -- Ironizei e ele se manteve mudo.
-- Bom, eu vou deixá-lo pensar enquanto procuro por meu marido. Sei que ele está em Helheim e uma visitinha lhe fará bem. -- Apoiei minha destra em seu ombro e me aproximei de sua orelha: -- Pense muito bem no que eu te disse e use a sua vantagem enquanto ainda a tem.
E assim saí, batendo meus saltos no piso que mais ecoava o som por conta do silêncio do príncipe. Beelzebub precisa parar de se segurar, pois, nenhuma deusa provida de liberdade aguenta essa sensação de inconstância e divergência por muito tempo.
Por Dália,
Desde que cheguei ao reino de Anúbis, se passaram inúmeras horas, a primeira coisa que fiz foi tomar um bom banho e vestir um traje leve, visto que nessa época do ano o Egito é muito quente. Um vestido branco com um decote nos seios e fendas em ambas as pernas em um tecido tão fino que parecia ser transparente, mas que, ao mesmo tempo, não deixava nenhuma das minhas partes aparentes, no meu pescoço o colar que o deus me deu e em meus cabelos trançados uma tiara dourada.
Optei por ficar descalça visto que estou a caminho do haras que há no palácio e no caminho acabei por perder meu fôlego observando a paisagem por um dos enormes arcos, esse lugar é estonteante.
Senti minha cintura ser rodeada por um par de mãos generosas.
-- Gosta do que vê? -- Senti a voz melodiosamente grave em minha orelha direita.
-- Seu reino é lindo. -- Comentei.
-- Não apenas meu, mas de todos os deuses do Egito, é claro que não passo grande parte do meu tempo na superfície, afinal, sou o deus dos mortos, entretanto gosto de vir aqui relaxar. -- Senti as mãos dele descerem por meu quadril.
-- Não me diga que me chamou até aqui só para transar deus dos mortos.
Ele riu de leve
-- Assim me magoa minha deusa. -- Ironizou. -- Antes fosse tão simples -- Anúbis pegou em minha mão, entrelaçou nossos dedos me conduzindo até o aras, as águas que deveriam ser esverdeadas estavam escuras e os chacais carregavam consigo uma maca, havia um corpo sobre ela completamente tapado indicando estava morto. -- Essa é a trigésima morte em apenas sessenta e quatro dias.
Fiquei incrédula com tal afirmação, ele estava tão sério que nem me atrevi a externar meu desgosto.
-- Por que só me avisou agora?
-- No início os deuses egípcios pensaram ser um problema com o nosso reino e o nosso povo, mas logo descartamos, pois após vinte e nove dias de procura e pesquisa chegamos a esse resultado. -- Ele estalou os dedos e dois chacais apareceram carregando invólucros de vidro com chamas negras.
-- Parece que os vazamentos do submundo estão tomando a superfície. -- Nas mãos de Anúbis o cetro ao qual ele bateu de leve no chão.
-- Irei reportar a minha Imperatriz imediatamente e ficarei com você até que possamos limpar as águas e coletar todas as chamas.
-- Isso levará cerca de um dia. -- Informou e eu gosto disso em Anúbis, se quisesse poderia muito bem mentir, assim eu ficaria aqui por mais tempo, porém, sabe que estamos focados nesse problema.
-- Agora irei até o castelo, precisamos ter contato com esse problema enquanto continua ativo, por favor não deixem que limpe o rio e peça que cuidem dos humanos. -- Informei e apesar de não gostar da ideia ele não recusou e assim me esforcei ao máximo para não precisar de ninguém e simplesmente sumi aparecendo no castelo do segundo príncipe, como ele está passando mais tempo no laboratório imagino que esteja aqui a essa hora.
Andando pelos corredores fui perfeitamente capaz de ouvir o barulho de uma explosão e fui correndo até ela, pouco me importando com o chão frio, a porta estava trancada, mas eu mesma sumi e apareci lá dentro me deparando com uma fumaça absurda.
-- Mas o quê?
-- Esse reator vai dar tanto problema. -- A voz de um dos cientistas ecoou.
-- Vamos homens, abram as janelas. -- A única mulher além de mim, comentou e enquanto eles se levantavam, um barulho de algo sendo sugado foi ouvido.
-- Não precisa se preocupar, essa sala tem um mecanismo que purificará todo o ar. -- Aos poucos a fumaça foi se dissipando e notei que não havia muitos rostos conhecidos pela sala.
-- Lady Dália. -- A voz de Tesla se fez presente.
-- Senhor Tesla, vejo que o príncipe não está aqui, preciso urgentemente falar com ele, perdoe-me pela falta de modos. -- Notei um leve rubor na face dele e depois olhei em volta e percebi que a maioria estava assim em uma sensação de constrangimento enorme. Só então me dei conta de que minhas roupas não lhe são comuns.
-- Beelzebub está em helheim lady. -- Tesla respondeu limpando seu rosto.
-- Obrigada, eu ia direto para o laboratório, mas minha curiosidade me trouxe até vocês, peço desculpas pela intromissão. -- Ele apenas sorriu e eu me despedi antes de sumir, me amaldiçoando em seguida já que o helheim é absurdamente frio e infelizmente eu ainda sinto essa queda de temperatura brusca e para completar ainda estou descalça.
-- Princesa o que faz aqui? -- Uma das gárgulas de Beelzebub me perguntou.
-- Nome? -- Exigi.
-- Sou Thailog senhora.
-- E onde está seu mestre? -- Bati meus dentes.
-- No castelo em uma reunião com o imperador Hades -- Ela apontou para cima e eu fiquei estupefata com o quanto ainda vou ter que utilizar desse poder para chegar ao local.
Depois que agradeci a gárgula sumi duas vezes até conseguir chegar ao local e já estava esbaforida devido ao ar frio, porém, estou preocupada de verdade com o que Anúbis me mostrou, andei pelos largos corredores vazios e frios sentindo o gelo em minha pele até que vi a porta principal e por ela passei dando de cara com uma mesa larga em um ambiente bem iluminado e quente, havia poltronas próximas a uma lareira onde Hades e Beelzebub aparentemente conversavam.
-- Desculpem atrapalhar, mas precisam vir comigo agora. -- Fui direta, atraindo atenção de ambos.
-- Espero que seja importante para nos interromper princesa. -- A voz de Hades me alcançou e revirei os olhos.
-- Ah, claro, eu vim interromper a importante reunião do rei do submundo por esporte! -- Eu estou com frio e com pressa, sem humor algum para aturar qualquer besteira ou sequer ironia, nunca me senti assim, talvez por nunca ter visto um ser morto em toda a minha milenar existência.
-- Dália? Você por acaso ficou maluca? -- Pela primeira vez Beelzebub me encarou me olhando de cima a baixo antes de se levantar, tirando o casaco do traje e pondo e vindo em minha direção, colocando em minhas costas.
-- As pessoas estão morrendo, Beelzebub acha que me importo com isso? Quando eu vim para ficar ao lado de Sn, não imaginei que algo tão absurdo fosse acontecer. -- Me encararam de forma estranha e massageei as minhas têmporas. -- Eu estava no Egito, mas precisamente a caminho do haras de Anúbis e quando cheguei me deparei com a água praticamente preta e um corpo sendo retirado, foi então que o Deus me explicou que em praticamente um mês morreram cerca de vinte e nove pessoas.
-- Tem certeza disso? -- Concordei.
-- Bom -- Hades se levantou e olhou para a lareira. -- Teremos uma reunião entre os deuses enquanto vocês trabalham nisso. -- O cetro do imperador chegou a reluzir conforme ele nos encarou: -- Temos que ter certeza antes de desencadear uma guerra.
Hades partiu tão sério que parecia modificar o ambiente ao seu redor enquanto eu encarei o príncipe que só fez passar a mão em meu rosto.
-- Está tão fria. -- Desviei meu olhar.
-- Ficarei melhor assim que acabarmos com isso. -- Não esperei por ele, pois, sabia que Beelzebub iria ao meu encontro, então não vi problema algum em ir à frente.
Capítulo está pré-revisado em breve corrijo os erros.
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