21.O nascimento da criança que fará Zeus temer

Pré-revisado, boa leitura 


O nascimento da criança que fará Zeus temer


Por Beelzebub,

Faz meses que tenho notado um certo vacilar no corpo da princesa, as vezes ela parece estar mais fraca e em uma dessas até mesmo desmaiou. Eu até mesmo pesquisei a respeito, mas não encontrei nada para a situação em questão e não importa o quanto eu pressione, Dalia não fala nada.

Em determinado momento, em uma das noites em que passamos juntos ela teve um intenso pesadelo chegando a acordar de madrugada, o que me levou a procurar Sn em busca de compreensão e obtive uma resposta vaga:

"Eu não posso lhe responder por ela, mas, temo que as ideias de Dália a coloquem em perigo e tenha certeza de que eu vou protegê-la de tudo e de todos."

Nesse dia eu saí confuso do castelo de Hades encalhou de encontrar Anúbis pelo caminho com quem conversei abertamente sobre a questão, afinal Dália também esteve com ele

"Não, só teve uma vez em que ela demonstrou tal fraqueza e eu levei-a para descansar visto quê tinha trabalhado muito. Quando ela acordou me respondeu exatamente isso: que o trabalho estava consumindo suas forças."

Eu não acredito em nada disso, mas não tenho como contestar uma vez que Dália não me deu brecha alguma e nesse semana que passamos juntos no meu castelo, ela está tão feliz que fica difícil de conversar a respeito. A cada dia que passa eu conheço mais de seus gostos e vontades, assim como revelo as minhas.
Essa deusa realmente tem o meu coração. Certa noite após uma explosão no laboratório de Tesla ficamos na biblioteca conversando a respeito das invenções humana e sua percepção é fascinante e após muitas partidas de xadrez e ficarmos sozinhos naquele lugar, acabamos passando a noite entre os livros, teve um dia que ela tentou cozinhar e é tão péssima nisso que conseguiu colocar fogo em uma frigideira, mas as gárgulas estavam tão felizes que não houve espanto. Parando para pensar desde que se mudou meu castelo perdeu a notoriedade sombria como diria aquela praga do meu irmão que vem constantemente tomar chá com ela, inclusive foram visitar o Leviatã e eu não sei mais onde procurar ou o que fazer.

A única com quem não tive contato foi Acácia que está no reino de Shiva e sei que Dália saberá que estou investigando caso fale com sua subordinada, já basta os problemas que tive com minha deusa por conta daquele mal entendido estapafúrdio, mesmo que eu tenha achado divertido vela com ciúmes, isso não ocorrerá novamente.

Mais um dia se passou e dessa vez eu não resisti aos encantos dessa deusa, passei tanto tempo provando desse corpo que esqueci completamente de sua condição física e só me lembrei porque vi sua pele transparente e novamente obtive uma mentira.

"Eu estou bem, não se preocupe."

O que tanto esconde Dália, ao ponto de colocar sua vida em risco?

Respirei pesado enquanto acompanhei seus movimentos até o banheiro e assim como a Imperatriz, sei o que fazer e como agir se chegarmos a esse extremo e não será nada agradável.

[...]

Por Dália,

-- Aconteceu alguma coisa? -- Perguntei me aproximando.

-- A bolsa de Sn estourou. -- Foi tudo o que me informou e respirei pesando, parece que finalmente chegou a hora e a antecedência nunca é um bom sinal.

Respirei calmamente enquanto fui até o príncipe um pouco preocupada, não esperava que a bebê fosse nascer antes do previsto.

-- A quanto tempo a bolsa dela rompeu? -- Perguntei a gárgula que agora me olhava com carinho.

-- A exatas duas horas, mas as contratações só se intensificaram agora.

-- Ok, então vamos lá. -- Me virei para o príncipe e deu meu melhor sorriso antes de me aproximar e o abraçar com vontade deixando-o confuso, depois olhei no fundo dos seus belos olhos escuros e beijei seus lábios com paixão. -- Creio que Hades precisara que assuma enquanto espera pela nascimento da filha.

Fiz um carinho leve em seus fios.

-- Dália... Da forma que vem agindo parece que está se despedindo. -- Meu sorriso tornou-se desconfortável e desviei meu olhar me afastando e tendo meu braço agarrado por ele. -- O que está acontecendo?

-- Infelizmente meu querido e amado príncipe as coisas são como são e há futuros que nem mesmo eu A PRÓPRIA DESTINO, posso mudar. -- Respirei pesado. -- Devemos nos apressar -- apoiei a destra em seu peito sentindo o meu coração bater mais rápido. -- Lembre-se que tudo o que eu vivi com você foi maravilhoso e que sempre terei seus sentimentos comigo príncipe, sempre.

-- Vamos. -- Ele me soltou e fui até a gárgula que nos teletransportou para o quarto onde Sn estava. Assim que pisei senti a instabilidade do local e até mesmo a lua parecia intensamente vermelha.

-- Sn pare de andar desse jeito e se acalme. O submundo já está sofrendo as consequências. -- Segui até a varanda do quarto apenas para assistir as cachoeiras parar, algumas crateras sendo abertas e alguns internas morrendo, ao longe pude notar o sangue escorrer pelas paredes. Se ela não conseguir se conter creio que todos sofrerão com seus poderes.

-- ESTÁ ME MATANDO DE DENTRO PRA FORA DÁLIA, TIRA ESSA CRIANÇA DAQUI AGORA! -- Respirei fundo, ponderando a situação não deveria doer. Quer dizer um parto é uma experiência única e absurda, sei que doí em um grau absurdo, mas Sn é uma deusa e isso não deveria contar para ela. Há não ser que... Os celestiais estejam interferindo com afinco e não divido nada.
Minha irmã se deitou na cama e eu fui até ela:

-- O que pensa que está fazendo? Se levante agora. -- Ela respirou fundo e aceitou minha mão de apoio. -- Demona vá buscar Acácia e diga que preciso de ajuda com esse parto. -- Assim que a gárgula saiu eu fui até ela ajudando a se livrar das roupas e jogando um roupão sobre suas costas enquanto preparo o local.

Os humanos são estúpidos e seguir a ideia de um simples rei medíocre e idiota, literalmente desgraçou as mulheres por obrigarem as mulheres a dar a luz deitada uma vez que o corpo humano foi feito para parir de cócoras, o parto deitado espremem a região em volta do útero e faz com que a mulher se esforce mais, agora na posição correta o esforço é menor uma vez que o próprio corpo ajuda a empurrar  o bebê dilatando bem mais rápido, algumas tribos de índios ainda seguem essa natureza e infelizmente o corpo de uma deusa é exatamente igual a de um ser humano

Preparei uma cadeira de parto que Sn já tinha deixado pronta, fiz com que ela sentasse nela e tirei o roupão, a temperatura do corpo dela está bem elevada e peguei uma bacia com água fria e passei um pano úmido em sua lombar.

--  QUE INFERNO! -- Ela berrou em em meio a um grito conforme fazia força.

-- Pare com isso Sn -- conferi a dilatação -- Ainda não é o momento, pode voltar a andar. -- Ela repôs o roupão e começou a dar voltas.

-- Vamos conversar Dália, me distraia por favor.

-- Tudo bem o que quer saber?

-- Você conversou com o Beel? -- Desviei meu olhar.

-- Eu não consegui Sn, eu não quero vê-lo triste. Pelo passado dele, ele merece mais, muito mais.

Minha irmã sorriu antes de gritar devido a dor e notamos o palácio tremer.

-- Sn se acalme!

-- Hades está estabilizando tudo com o poder dele Dália relaxa que ninguém ais vai morrer. E sobre Beelzebub, como quer que ele fique feliz se não sabe o que vai acontecer com a deusa que ama? Já para pra pensar nisso? Na verdade nem eu sei o que você trocou!

Desviei o meu olhar, eu não troquei nada, os celestiais estão esperando  momento do parto para que eu entregue a criança, só que isso não vai acontecer.

-- Eu vou dar um jeito irmã apenas confie em mim. -- Ela me olhou um pouco chateada. -- Trouxe o que combinamos?

Sn andou até a cômoda e abriu a primeira gaveta tirando de lá um pingente de cristal rubro e antes de me entregar ela segurou contra o peito.

-- Saiba que eu não me importo com o que você vai fazer Dália, pois, se depender de mim, não sairá do Inferno, não enquanto quiser permanecer. -- E assim me entregou o pingente, ao qual eu abri e utilizei a ponteira que fica dentro para tirar meu próprio sangue o misturar ali.

-- Beba. -- Entreguei a ela que respirou fundo, antes de tomar de uma vez.

-- Isso tem um gosto terrível.

-- E você queria o quê Sn? Sangue com gosto de romã?

-- Eu que estou parindo e você que fica grossa? Dália me ajuda! -- Fez beicinho e revirei os olhos, nós planejamos isso há uma semana atrás o meu sangue dentro dela ajuda no meu trabalho visto que eu não tenho mais condições de usar o meu poder com tanta clareza depois da intervenção do meu pai.

A espera que seria longa passou a ser curta uma vez que os gritos de
n ecoavam e faziam até mesmo as paredes racharem indicando que seu poder estava despeço no ar.

-- Mandou me chamar senhora? -- Acácia se curvou e me aproximei.

-- Prepare toalhas limpas e água morna rápido. -- Ela se adiantou e eu voltei a conferir a dilatação de minha irmã.

Sn estava com dores e as contrações cada vez menos espaçadas. Acácia tremia tanto que a água quente chegou a resvalar em seu corpo.

-- Se acalme Acácia, apenas respire fundo e faça o que eu mandei. -- Minha serva por assim dizer respirou pesado conforme se aproximava e eu lavei minhas mãos olhando para Sn praticamente se ajoelhando conforme apertava abaixo da barriga.

-- Aguente mais um pouco irmã. -- A voz estridente da imperatriz fazia com que as paredes do inferno tremessem diante de sua dor.

-- Pelos deuses por que não mandaram me chamar? -- Hera se aproximou segurando as mãos trêmulas de Acácia e a afastando.

-- PORQUE ISSO NÃO DEVERIA DOER TANTO! -- Sn bradou seus olhos estavam tomados por um tom de vermelho sangue enquanto seus lábios estavam secos, pobre irmã que esqueceu que está dando a luz a uma deusa do inferno, fora que provavelmente os celestiais estão interferindo ao máximo para que ela pereça nesse parto.

-- Querida você está dando a luz a uma deusa, é claro que irá doer. Hades foi pessoalmente até meu castelo e agora me deixem trabalhar.

Minha irmã segurou meu pulso com uma força tremenda fazendo com que ele doesse e seus olhos envolto naquele tom sangrento se prenderam aos meus. -- Tudo ao nosso redor está tremendo e podemos ouvir o barulho de algo se quebrando como se algumas montanhas estivessem rachando.  

-- Adiante isso Dália. -- A ideia sempre foi pausar o tempo conforme a criança nascesse.

-- Tem certeza disso? Nós...

-- É UMA ORDEMMMM! -- A voz dela foi engolida por um grito enquanto suas costas desgrudava da cadeira e uma lágrima escorria por seu belo rosto, respirei pesado antes de mexer minha esquerda lentamente. Fui aos poucos passando o tempo e o parto que levaria horas acabou em questão de segundos, fui capaz de ver todo o sofrimento de Sn enquanto a criança não saia e quando finalmente ocorreu tudo ao meu redor paralisou. Eu me aproximei de Hera que segurava o bebê após cortar o cordão umbilical e limpar sua face.

A bebê nasceu com os olhos de Sn, mas claramente será uma cópia de Hades quando crescer.

Fiz com que o tempo voltasse ao normal enquanto minha irmão respirava pesado e Hera me encarava confusa uma vez que não se lembrava de ter me entregue a bebê.

-- Sn está na hora. -- Sussurrei para ela, me aproximando. A mesma pegou a bebê que esgueirava a face pelo busto até encontrar o seio e o alento materno se alimentando pela primeira vez fora do ventre. 

-- Minha linda menina -- Alisou a face da pequena antes de encarar Hera que ainda olhava um pouco descrente, ao passar a destra pelas costas da criança notei a palma acesa e logo fiz o mesmo estávamos transferindo parte do poder completando assim nossa solução. -- Seu nome será Nix e eu te presenteio com toda a escuridão, pois, não há nada mas belo que a noite.

--E eu, como sua tia te dou as estrelas estrelas, para que nunca deixe de brilhar. -- Minha irmã sorriu e percebi que Hera ficou sem reação.

-- Vá descansar deusa do parto, eu mesma cuidarei de vossa excelência e da princesa. -- Me curvei em respeito enquanto Hera deixava o local, depois retornei a minha irmão que parecia sorrir para mim enquanto eu distribuí carinho em seus fio e Acácia limpava os vestígios do parto, depois de uma higienização completa preparamos a cama para que ela descansasse com a bebê. 

-- Nix está faminta, até nisso se parece com você. 

-- Ela é tão linda! -- Beijou o topo dos fios da filha e uma batida na porta de fez presente. Ali estava o Imperador do submundo completamente inerte e com os olhos brilhantes, apenas cobri o corpo de nu de Sn deixando apenas seus seios de fora visto que o bebê possui fome.

-- Vou deixá-los. Parabéns papai. -- Me afastei enquanto Hades adentrou o local e fechei a porta com calma sentindo todo o meu corpo doer, olhei para as minhas mãos e notei certa transparência.

-- Droga ainda não. -- Sussurrei me arrastando pelos corredores, mas não fui capaz de ir muito longe e como se um vórtice sugasse minha mente tudo escureceu parcialmente.

"Você não sabe as consequências de interferir no futuro!" -- A voz veio do meu pai e então senti meus joelhos dobrarem no chão, pressionando minhas têmporas enquanto oscilava entre o inferno e o universo, minha cabeça pendeu para trás enquanto eu olhava para o teto. Não sou mais capaz de me mover. 

Pisquei uma única vez antes de notar todo o vácuo a minha frente e o universo seguido dos corpos celestiais daqueles que me julgaram.

--"Claro que eu sei, eu sou a deusa do destino." -- Foi tudo que consegui responder em meio a um ofego.

"Não Dália você é um ser etéreo que deveria apenas visualizar o mundo e não mudá-lo."

--"Eu não vou ouvir sermão por ter salvo a minha irmã. Eu não vou..." -- Minha garganta fechou e fui impedida até mesmo de respirar.

"Você ficará calada! Não entende que sua vida nunca foi sua? Você é apenas um instrumento para cumprir algo maior, a deusa responsável pelo destino de todos e parte do meu poder. Não pelo seu ou o de seus escolhidos!"

-- "E de que adianta ter esse poder se não posso usá-lo para ajudar os outros?" -- Tossi um pouco e o Tempo me olhou descrente.

"Você escolheu ferrar com a história apenas para manter Sn na terra!"

-- "Eu não sei do que você está falando." -- Tentei fingir.

"Claro que sabe. Eu intercedi em seu tempo, era a sua função trazer a criança e Sn viria atrás da filha assim ambas cumpririam seu destino."

Apenas senti as correntes começarem a circular meu corpo.

"Por sua causa ela e a criança ficaram na terra, mas você morrerá. Sn teve o futuro sentenciado no momento que engravidou!"

"Ela não seria assassinada, mas todos esqueceriam de sua presença enquanto ela e a criança viveriam aqui como deve ser. Você não sabe das consequências de interferir no futuro." 

Meu pai tentou em vão, eu não me arrependo e se tivesse escolha, faria tudo de novo.

-- "E acham certo privar o pai de estar com a filha e Sn de continuar com o amor de sua vida?" -- Eles riram.

"E por você, quem irá interceder? Até onde me lembro você se apaixonou por aquele deus imundo." -- O tempo alisou minha face.

"Ah criança, o amor é a pior das sentenças."

Fechei meus olhos me recordando de cada momento que tive com o príncipe da gula e posso afirmar que está longe de ser cruel e com isso deixei que meu sorriso se fizesse presente.

"Eu levarei comigo esse amor, nunca esquecerei dos bons momentos que passei ao lado de Anúbis, Sn e Acácia ou do fato de que meu coração sempre pertencerá a Beelzebub, não importa quantos milênios me mantenha aprisionada e quando eu consegui escaparei nem que seja para me despedir." 

Meu único remorso é saber que partirei sem lhe dar adeus, sei que Beelzebub não deveria sofrer dessa forma uma vez que perdeu todos aqueles que amam e eu não quero que ele volte a se fechar para esse mundo tão amplo. As correntes do tempo me ergueram e eu utilizei todo o meu poder para me manter firme no submundo. 

-- Não será tão fácil assim me aprisionar pai. -- Senti meu sangue verter por minha pele até então transparente enquanto ela começava a tomar cor.

O tempo se aproximou abrindo meus braços e estivando minhas pernas como se eu estivesse em uma roda de tortura.

-- Isso é o que vamos ver. -- E assim atravessou o local que deveria ficar o meu coração, mal sabe ele que esse pequeno órgão não me pertence há muito tempo, desde de que coloquei os olhos naquele deus de cabelos escuros e retraídos que hoje em dia sorrir apenas para mim.


MOMENTOS ANTES QUANDO DÁLIA ESTAVA DE JOELHOS NO CORREDOR:


Por Beelzebub,

O parto tinha acontecido há alguns minutos, as paredes de Helheim pararam de tremer assim como as cachoeiras voltaram a correr e principalmente os locais de infortúnio pararam de sangrar. Hades já estava com sua família e de certa forma me sinto inquieto e com meu peito apertado, talvez seja por que Dália não estava bem nessas últimas semanas ou pelo excesso de trabalho, mas de alguma forma sinto que devo procurá-la.

Esperei mais alguns minutos antes de dar razão a esse sentimento que tem rondado minhas vontades e assim segui pelos corredores imaginando que ela estava a caminho do quarto, mal adentrei o local quando olhei para a esquerda e vi um vulto branco no chão, meu sangue parecia ter congelado antes de observar aqueles cabelos flutuando enquanto ela olhava para o teto.

-- Dália! -- Toquei sua pele sentindo-a completamente gelada.

-- Dália me responda. -- a deusa continuou inerte então tomei-a nos braços e adentrei o primeiro cômodo que vi sendo ele um dos muitos quartos desse castelo, deitei seu corpo sobre a cama e comecei a avaliar o quão fria ela está. -- Talvez uma injeção de adrenalina a faça acordar.

Senti meu corpo começar a suar enquanto uma tensão tomava conta de mim, meus ouvidos pareciam ter parado de funcionar, fui rapidamente ao meu laboratório o bagunçando por completo pegando tudo o que eu acho ser necessário para cuidar dela. ao retornar para o quarto vi minha deusa cada vez mais transparente  e Acácia ajoelhada ao lado dela.

"Por-favor deusa, não se vá." -- A serva chorava.

-- O que você sabe a respeito disso? -- A encarei severamente e ela demonstrou medo, antes de enxugar as lágrimas e se afastar minimamente. 

-- A princesa fala dormindo de vez enquanto. Uma noite eu a ouvi dizer que estava disposta a dar a própria vida para que a Imperatriz e a bebê ficassem intactas.

Me senti sem chão por um segundo e a maleta teria ido ao chão e não fosse pela perspicácia de Acácia em segurar. 

-- Ela está cada vez mais fria senhor. -- Pisquei diversas vezes e chamei Luthor.

-- Traga Tesla até aqui, utilize meu teleporte e deixe que eu me entendo com Hades depois. -- Abri a maleta e rasguei a frente do vestido dela tomando cuidado para não expor seus seios peguei a dose de adrenalina e espetei em seu peito de uma vez contando até trinta esperando pelo efeito que não veio.  

Droga de novo não... Eu já sentia minhas mãos suadas conforme Acácia se aproximou, foi então que me lembrei do que eu e Hades fizemos para acordar Sn quando ela praticamente entrou em coma. Tirei a capa e elevei a camisa nem um torniquete eu fiz apenas enfiei a agulha e puxei o sangue.

-- Se prepare, vou precisar do  seu sangue agora! -- Ela piscou um pouco trêmula mas não negou se preparando e assim peguei outra seringa tirando o sangue dela com cuidado. Luthor retornou com Tesla e me aproximei dele. 

-- Tira a camisa agora.

-- Mas o quê... -- Ele não terminou de falar ao ver o estado de Dália sobre a cama apenas me obedeceu e eu tirei o sangue dele. -- Luthor traga o que restou  da chama escura e um frasco.

Tesla não disse nada apenas pegou as seringas das minhas mãos enquanto eu me aproximei dela.

-- Suas mãos estão tremendo quer que eu faça?

Eu não o respondi, nesse momento só consigo lembrar de tudo o que passamos como um filme em minha mente, uma sessão repetitiva. Primeiro Lúcifer, Azazel e Samael, depois Lilith e quando Satã finalmente foi destruído e não havia mais motivos para essa possível dor veio Dália, e isso me faz questionar, por que eu? Será que sou tão amaldiçoado assim?

-- Beelzebub, está perdendo tempo. -- A voz de Tesla me trouxe a realidade e não tardei em pegar o frasco e misturar todo o sangue e apenas uma gota da chama escura.

-- Perdoe-me princesa por isso. -- Perfurei a artéria correta que levaria a mistura direto para o seu coração e assim injetei. Depois me sentei ao seu lado notando que o corpo dela parou de ficar transparente e até mesmo voltou a ficar um pouco quente.

-- Façamos de novo. Luthor chame Anúbis. -- Minha gárgula me olhou descrente: -- Vá agora! e diga que Dália precisa dele.

Eu faria o que fosse necessário para prender sua vida em seu corpo.

Por Dália,

O Tempo não para de me machucar, quanto mais ele tenta me puxar e me selar, mais difícil se torna e nem dei conta quando estava berrando de dor sentindo algo quente por minhas veias, alguém está mexendo no meu corpo físico.

-- Esse seu namoradinho é perspicaz, mas te corromper não será o suficiente. -- Respirei pesado forçando meus músculos.

-- Nunca duvide da vontade de um deus. -- Ele se aproximou mais. Que inferno! Meu corpo está começando a ceder. 

ENQUANTO ISSO NO INFERNO:

Por Beelzebub,

Já era a terceira porção que eu preparava com o meu sangue o de Anúbis, Tesla e Acácia mais o veneno imbuído com o sangue de Sn e agora parece não fazer efeito. O corpo dela voltou a esfriar e eu não sei e posso continuar a sobrecarregando.

-- Seth afirmou que a Alma de Dália não passou por local algum. 

Onde está a minha deusa? Que inferno! 

-- Beelzebub você já está aí á horas e ela não responde talvez seja o momento de desistir. -- Anúbis afirmou sua face exprimia tristeza e sorri com desgosto.

-- Não. Se você desistiu apenas vá embora, sempre há outra solução.

Ninguém disse nada, então apenas continuei e aos poucos uma presença forte e praticamente sufocante se fez presente na porta.

--  Ela se foi. -- Foi a afirmação da rainha o que fez meu copo todo travar. -- Preciso que me deem espaço, ou seja, todos exceto Beelzebub e meu amado marido caíam fora e esperem na sala. -- Olhei para ela desolado a mesma estava envolta por um roupão preto enquanto Hades segurava a própria filha. Sn se aproximou de mim fazendo uma carinho no meu queixo antes de olhar diretamente nos meus olhos.

 -- Você a ama profundamente. Uma vez eu perguntei a Dália quem cuidaria dela e a mesma me respondeu que se cuidaria sozinha. -- A rainha riu de leve. --  Se pudesse se ver agora entenderia que nunca mais estará sozinha e agora que dei a luz me sinto revigorada portanto Beelzinho fique atrás de mim, eu vou resolver isso de uma vez por todas. 

Apesar de contrariado meu corpo se moveu a contragosto e quando estava atrás dela ao lado do imperador a mesma pegou o cetro de Hades e perfurou a própria mão, depois se aproximou e fez o mesmo com esquerda de Sn, tudo ao nosso redor parecia ter ficado escuro antes de estarmos claramente no universo, eu pude ver Dália ao longe em uma forma maior, seu corpo todo acorrentado e uma versão dela sendo puxada de dentro enquanto a mesma parecia lutar.

-- Não gritem eles não os escutam e se souberem que estão aqui ela nunca mais voltará. -- Sn saiu do quarto como se uma película dividisse o nosso espaço e conforme caminhava ia ficando cada vez maior. 

-- "Soltem-na agora." -- A rainha afirmou.

-- "Pelo visto uma boa filha ao seu universo retorna. E sobre o seu pedido, Dália não voltará, mesmo que volte morrerá no momento em que seu corpo reagir." 

Sn apenas riu para o ser que conversava com ela antes de utilizar o cetro que agora tinha forma de uma meia lua e partir todas as correntes fazendo assim com que Dália sumisse de uma vez.

-- "Sn por que você veio? Eu disse que podia cuidar disso." -- A voz estava cada vez mais distante.

-- "Auto sacrifício não é cuidado Dália. E eu nunca deixaria minha irmã para trás." -- A rainha se afastou vindo em nossa direção.

-- "Muito obrigada por me permitir descansar aonde eu quero." 

-- "Eu a proíbo de ressuscitar essa deusa." -- a voz veio de um ser até então desconhecido e Sn gargalhou.

--"Você não proíbe nada pai. Não mais ou esqueceu que meu poder é apenas meu? E não importa o quanto isso demore eu farei o que for preciso e você" -- apontou para Dália -- "Apenas durma irmã, você não morrerá. Não enquanto eu for a rainha do inferno."

--"Não haja de maneira impensada irmã."

Sn não a respondeu apenas voltou para o quarto e em questão de instantes estávamos de frente ao corpo de Dália, me ajoelhei no chão conforme a deusa se aproximava.

Estou desolado.

-- Se despeça dela Beelzinho, mesmo que não acorde será nos seus braços o último suspiro que dará. -- Ela se aproximou da irmã e beijou a testa.

-- Estarei do lado de fora meu bem. -- Comentou a respeito da deusa e depois me olhou: -- Fique o tempo que precisar.

Ambos saíram e eu me aproximei tomando-a nos braços encostando a cabeça dela em meu peito e sentindo meu coração doer. Levei a destra até meus lábios e beijei, assim como alisei seu rosto.

-- Princesa eu não pensei que... -- Eu não tenho como dizer nada, simplesmente não consigo e com isso a abracei e deixei que as lágrimas pesadas caíssem assim como ocorreu á séculos atrás.

Eu não sei quanto tempo passei ali, se foram minutos, horas ou dias, mas, me recusei a largá-la. Dália preencheu o buraco que Satã havia aberto no meu coração e agora simplesmente se foi, batidas soaram a porta antes de ser aberta.

-- Eu preciso que me deixe prepará-la Beel você está ai há três semanas. -- Pisquei aturdido, se passou tanto tempo assim? Encarei o corpo de Dália praticamente transparente em meus braços e a rainha que agora alisava os fios sem cor.

-- Saiba que ela te amou até o último momento e que esse não é o fim.

-- E eu só fui capaz de a retribuir quando já era tarde demais. -- Agora foram os meus fios que foram alisados.

-- Aposto que ela sentiu cada traço desse amor, você e Hades são parecidos nesse quesito, simplesmente demonstram mais do que dizem. 

Passei meus dedos pelo rosto dela e me aproximei de sua orelha: 

Se houvesse outra chance eu não perderia um minuto sequer, meu coração é seu princesa. O leve para onde quiser.

Segurei em sua mão e ao erguer minha cabeça senti um afago em minha face e uma quentura em meu peito o mesmo se repetiu em meus lábios e de certa forma eu sei que foi ela. A deusa que conseguiu me tirar dessa profunda solidão ao qual terei que lutar para não retornar, com um último suspiro guardei esse singelo momento em minha mente antes de deixá-la repousar.


Talvez o meu destino seja estar sozinho.

Música: Thao Nguyen Xanh - Sad Romance

Ai ai, o próximo será o último capítulo...

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top