Uma aventura destrambelhada. Parte I

—Nunca achei que fosse matar aulas para ir beber água de coco, isso vai de mal à pior.—Fed falava como se o mundo estivesse acabando, até pegou a cabeça fazendo parecer que doía.

—Deve ser também a primeira vez que a sua mãe não paga para você ter amigos.—Ciara já estava mais calma, e não suportava mais o teatro de Fed.

—Hehe, então somos amigos?.—Fed estava sentado na frente do carro com a Júlia, então teve que olhar através do retrovisor para ver a expressão da Ciara, que não era tão agradável mas menos triste.—Vou parar por aqui. Júlia quando foi que você mudou de carro, fiquei surpreso com esse todo terreno.—Alguns minutos conversa com a Júlia e Fed quase esqueceu de todas mágoas passadas.

—Jeep está moda agora, mas também é muito bom para ir nas dunas e montanhas faz possível se conectar com a natureza.—Júlia falou com toda a sinceridade.—Até que poderíamos acampar um dia desses.

—Você nunca assistiu filmes de terror?.—Beka falou, interrompendo a conversa que ela estava tendo com a Ciara.

—Sem sexo, sem problemas.—Júlia falou sem tirar os olhos da estrada.—Se bem que ninguém teria esse problema, especialmente o senhor celibato aqui do lado.

—Muito engraçada você, né.—Fed já se arrependia de estar naquela "aventura", já que todas estavam se rindo dele.—Agora parece como todas outras ocasiões que estou rodeado de garotas.

—Nós estamos rindo contigo, não de ti.—Beka falou limpando as lágrimas, enquanto mandava um beijo para ele. —Quando a gente chegar, irei pagar um podrão e água de cocô para você.

—O que é um podrão?.—Ciara e Fed perguntaram ao mesmo tempo.

—É simplesmente o melhor cachorro quente da cidade, vocês não podem falar de cachorro quente antes de provar um podrão.—Júlia respondeu como se a pergunta dos dois fosse um ataque pessoal.—Até uma novata na cidade conheço o lugar, vocês são uma decepção. —E com aquela frase ela percebeu algo, e voltou a olhar para Beka através do retrovisor.

—Que exagero, vocês sabiam que a Rebeka toca saxofone?.—Ciara do nada lançou a pergunta no ar, pois não gostava de ser criticada de maneira alguma.

—Que aleatório né, eu toco guitarra, bateria, piano e violino.—Fed falou com um sorriso arrogante no rosto. —Infelizmente é que a minha bendita voz é pior que a de um gato afogando.—As moças gargalharam de leve.

—Eu sei cantar, poderiamos fazer algo tipo uma sessão acústica.—Júlia sugeriu, mas Fed sentiu que ela tinha outros planos com essa sugestão. —Ciara eu tive aulas de piano consigo, você era a melhor da turma.—Ciara simplesmente assentiu e reafirmou dizendo "ainda sou".—Então já temos um grupo bem organizado, acho que será divertido.

—Eu não concordei com isso.—Ciara falou rolando os olhos, não queria se envolver pois sabia que a Júlia geralmente tinha outras intenções em tudo que fazia. —Eu só falei do saxofone para ver se o duende aí a frente tivesse uma reação.—Ciara ignorou o olhar matador da Beka, ela chamada Fed de duende mas era mais baixa que ele.

—Porquê que o duende teria uma reação, só porque me chamam de nerd não quer dizer que faço parte da banda de marcha.—Fed falou enquanto organizava a playlist. —Rebeka você toca jazz?, sou fã Jazz mas aqueles vibrantes e cheios de ritmo.

—Se tiver uma batida posso dar um jeito.—Beka respondeu.—Aprendeu Jazz vendo tom & Jerry?.—Novamente a voz da Ciara se fez sentir, acompanhada dum riso.

—Tal como você, que vive no mundo Barbie.—Fed já estava cansado dos comentários engraçados da Ciara.—Já me arrependo de estar aqui.

—Também quem man...—Um grito interpretou a frase, pois a Beka de um belisco no braço dela fazendo a frase encerrar aí.—Desculpa, é o estresse.—Ciara olhou para Beka decepcionada e fez um beicinho fofo antes de olhar para a janela, vendo a praia aparecer no horizonte.

Todos ficaram em silêncio observando o cenário, pessoas jogando vôlei e futebol. Algumas só tomando banho de sol e outros só aproveitado a brisa com uma cerveja.

—Esse lugar é terapêutico.—Pelo fato de ser meio de semana a praia não estava superlotada, então era possível ouvir até o som do mar batendo nas rochas e o vento assobiando nas palmeiras.—Já entendo porquê você ama tanto esse lugar.—Rebeka olhava para o lugar enquanto sentia o cheiro do mar invadir as suas narinas.

—Olha aí estão vendendo água de cocô, que tal estacionar aqui?.—Fed falou com empolgação, não aguentava mais as patadas que recebia naquele carro.

—Está bem, tem um cantinho bem legal perto do monte.—Júlia falou, enquanto ia para o estacionamento.

—Conheço o lugar, mas nós não temos a roupa adequada para subir naquele lugar.—Fed falou mas depois franziu as sobrancelhas, porém não por muito tempo.

—Está certo.—Júlia deu um risinho quando notou a expressão de Fed, ela sabia que foi Solo que mostrou o lugar para ele.—É um lugar muito especial, devemos dar uma olhada da próxima vez.

Fed continuou calado com cara de paisagem, lembrou que Solo disse que aquela caverna era quase um lugar secreto deles. Até achou engraçado ela falar do lugar secreto para todos, sendo que eles eram literalmente conhecidos.

—Conversa interna?.—Rebeka perguntou para Ciara que ainda estava distraída olhando pela janela, sendo assim ela só recebeu um "hum" como resposta.

Eles desceram do carro e foram comprar água de cocô, e como a Beka tinha prometido ela comprou um para Fed.

—Só vai comprar para o seu duende? E eu como faço?.—Ciara falou olhando para água de cocô do Fed, ela lembrou que a sua carteira estava com sua amiga.—Eu também quero, família antes de...

—Porquê que mesmo sem fazer nada eu levo patada, a Júlia vai comprar para ti.—Fed falou e saiu da calçada em direção a areia.—E ainda quero o meu podrão.

—Precisava disso?.—Rebeka ficou sem comentários com as atitudes da Ciara, ela já entendia porquê que Solo e Fed colocaram ela na lista de ódio.—Vou colocar o pé na areia. —Ela seguiu Fed, enquanto tomava a sua água de cocô.

—Até mesmo quando alguém te ajuda você tenta manter esse papel, vai acabar sozinha.—Júlia falou com uma expressão de preocupação na cara, quase como uma mãe falando com a sua filha.—Toma, talvez essa água de cocô te acalme.—Mas a Ciara sabia que nunca poderia levar algo que a Júlia falasse a sério, pois já havia aprendido a lição mais de uma vez.

—Cuida da tua vida, eu não preciso de ninguém.—Ela ficou refletindo por alguns segundos, e quando ela deu conta a Júlia já estava conversando e rindo com a Beka e o Fed. Vendo eles sentados naquele banquinho, ela percebeu que eles era diferentes dos seus amigos, que mesmo que ela fosse um estorvo fariam de tudo só para continuar a amizade.—Ó, não me esqueçam não.

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