Salmão na frigideira

-Esse sorvete é doutro mundo, decidi que esse será o meu lugar favorito.- Rebeka devorava o sorvete, o que deixou Solo surpreso foi o fato dela não ter tirado nenhuma foto, ela simplesmente apreciava o seu sorvete. -Será que todos os sabores são tão bons quanto esse?.

-Na verdade ninguém gosta desse sorvete, é o mais diet de todos e chamam até de "água diluída". -Solomon ria olhando para a sorveteria que frequentava desde pequeno, lembrava do tempo que pedia trocos aos pais para poder comprar sorvete para ele e a Cláudia. Sorria lembrando dos bons tempos enquanto olhava a Rebeka se lambuzando com o sorvete, ela olhava incrédula para ele claramente não acreditando no que disse.-Tem uma variedade de sorvetes e coberturas, podes até pedir misturas fora do cardápio. -Ela olhava para Solo boquiaberta, e de seguida olhou para o sorvete tentando entender como alguém não gostava daquele sorvete.

-Esse lugar é incrível e o design, parece ter sido tirado dum filme vintage. Me sinto pronta para ver garotos com jaquetas de couro, acompanhados por meninas de vestidos longos e coloridos entrando pela porta. -Ela falou olhando melhor para a estrutura do local, pois também era famosa por ter o estilo retro.

-Dizem que o design é o mesmo desde a sua inauguração, eles só fazem a manutenção. -Ele falou apontando para o televisor que parecia ter saído duma cacete. -Ouvi dizer que a dona age como se ainda estivesse nos anos setenta, desde o cabelo até a mesmo a casa. -Solomon já não estava de mau humor, ao passo que nem mais lembrava sobre a Júlia nem a Ciara.

-Será que é um legado de família manter as coisas assim. -O lugar estava cheio de casais ouvindo as músicas provenientes da jukebox enquanto tomavam um sorvete ou milkshake. -Ou será que é uma circunstância mental? -Rebeka parecia bastante interessada no assunto.

-Não sei, alguns dizem que ela é uma viajante no tempo, pois tem a mesma parecia que tinha a vinte anos. -Solomon falou tomando o seu milkshake de framboesa, ele queria de morango mas por paranoia decidiu pedir o outro sabor. -Eu não posso confirmar porque nunca tive a chance de encontrá-la, mas já vi o carro vintage.

-Intrigante, parece que aqui há mais do que os olhos conseguem enxergar. -Ela falou terminando o seu sorvete, e isso fez lhe lembrar de algo. -Já estamos a bom tempo aqui e nada dos hambúrgueres, parece que prepararam num vórtice temporal. -Solomon riu do comentário e começou a gargalhar assim que viu a expressão seria no rosto da Rebeka.

-Talvez seja, pois os hambúrgueres geralmente saem rápido. -Rebeka olhava para a rua através da janela, vislumbrando a miríades de luzes espalhadas pela cidade tanto quanto as pessoas circulando. Doutro lado estava Solomon observando ela silenciosamente, sabia que não era o momento de palavra por isso não se importou em saber se ela ouviu o que ele havia dito.

-Desculpa a demora, já estão aqui os vossos hambúrgueres. -O garçom chegou retirando a Rebeka do transe, ela havia esquecido tudo ao seu redor e mergulhado no seu mundo de expectativas e lembranças.

-Isso sim, é a aparência da felicidade. - Ela ficou tão focada no hambúrguer que basicamente negligênciou a existência do garçom, Solomon começava a achar que ela não tinha mais nada na cabeça para além de comida.

-Peço que me traga um sumo de laranja. -Solomon pediu ao rapaz que ainda tinha o bloco de notas na mão, e a caneta sobre a orelha.

-Posso ter um sumo de maracujá?- O pedido do Solo fez a Rebeka lembrar que não poderia comer aquilo tudo, sem um bom companheiro para ajudar na "descida".

-Sim, podes ter. -O garçom respondeu sorrindo e permaneceu parado olhando para Rebeka que olhou para Solomon com uma careta estraga, infelizmente para ela Solomon não entendia o porquê dela ainda não ter pedido algo de beber. -Como eu disse, posso ter sumo de maracujá?. -Rebeka falou olhando para o garçom enquanto franzia o cenho, mas ele voltou a responder que sim e continuou sorrindo fazendo Rebeka ficar sem palavras.

-Espera aí, você está fazendo o seu pedido? -Solomon segurou a risada, ele percebeu que foi quem pediu o sorvete e o milkshake assim não dando chances para que a Rebeka fizesse o pedido. -Peço que tragas um sumo de maracujá para ela?. - O garçom percebeu o seu erro assim que Solo fez a pergunta para a Rebeka, ele simplesmente assentiu e disse que lamentava para ela e foi buscar os refrescantes.

-O que aconteceu aqui? - Ela olhou para Solo com as sobrancelhas erguidas mas de nada serviu pois viu que ele sorria, claramente segurando uma risa e foi nesse momento que ela notou que quando sorria ele tinha covinhas em ambas bochechas, algo que ela sempre quis ter.

-Normalmente as pessoas dizem, "peço que me traga" ou "beberei x". -Solomon falou ainda sorrindo enquanto colocava ketchup nas suas batatas. -E você falando "posso ter" deu a impressão de estar perguntando se tem o sabor do sumo, dai a resposta do garçom. -Com a explicação do Solomon, ela percebeu a situação e ficou grata por não ter explodido pensando que o jovem fazia gracinha.

-Vocês são estranhos, que diferença tem as duas palavras. -Ela murmurou olhando para o ketchup que estava do outro lado da mesa, ela simplesmente pegou a mostarda pois estava levemente envergonhada pela situação ou ao menos era isso que achava.

-Essas batatas ficam melhor com o ketchup e o molho, podes tentar é a especialidade da casa. -Solo falou passando o ketchup para Rebeka pois nunca viu algum usando a mostarda naquele estabelecimento, sendo assim ele achou necessário salvar aquela pobre alma, da perdição.

-Obrigada. -Ela falou baixo sorrindo de leve, Solo só percebeu porque viu a movimentação dos seus pequenos lábios cor de cereja.

Enquanto eles desfrutavam do hambúrguer a porta a abriu, eles viram uma senhora totalmente peculiar passando pela porta. Ela tinha estatura média e a pele clara, mas o que chamava atenção nela eram as suas roupas. Os seus passos causaram um silêncio total no estabelecimento, todos pararam de conversar e olharam para ela, naquele momento só haviam dois sons no estabelecimento, os do saltos rasos dela e a música de Elvis na jukebox.

-Por favor não parem, aproveitem a música e a comida. -A mulher falou deixando todos intoxicados pela sua voz esbelta e suave, ela usava um vestido preto com bolinhas brancas e o seu cabelo amarrado por um laço vermelho. -Espero que tudo esteja do vosso agrado. -Ela falou segurando uma bolsa de mão coberta de brilhantes com as suas luvas de seda branca, o seu traje normalmente causaria uma forte impressão mas naquele momento parecia fazer tudo a sua volta retornar ao passado.

-Incrível, ela deve ser a dona desse estabelecimento. -Rebeka falou baixinho, enquanto voltava a sua atenção para o seu companheiro de mesa que ainda tinha a boca levemente aberta. -Cuidado que uma mosca pré-histórica pode pousar na sua boca. -Ela falou sorrindo presunçosamente, antes de dar um gole no seu sumo.

-Estava exercitando o maxilar. -Solo falou sem jeito, a aparência daquele mulher fez ele perder toda compostura. -Ela é definitivamente a dona desse lugar, a voz dela parece até a da Marylin Monroe. - Solo começou a comer as batatas logo após o comentário.

-A voz dela chega a ser ainda melhor e mais suave, devo admitir que ela é a mulher mais charmosa que já vi pessoalmente. -Ela observava a mulher como se estivesse estudando um problema matemático, Solo notou o olhar dela mas como sempre sabia que não seria algo que iria entender. -Eu quero saber o porquê dela querer viver no passado, você alinha em descobrir?.

-E como faríamos isso?, nós nem conhecemos ela.-Ele olhou para Rebeka.

-Começamos perguntando para as pessoas que lhe conhecem, e nos aproximamos dela. -Ela falou voltando a atenção para a mulher que ia em direção á área dos funcionários. -Nada demais, é só para ter algo de interessante a fazer, tenho certeza quase certeza que o motivo é escolha mesmo.

-Sem dúvidas. -Solo olhou para a bolsa da Rebeka pois era possível ouvir o celular tocando.

-Desculpa, dê-me um instante. - Solo assentiu sorrindo um tanto surpreso, pois não era normal dentre os adolescentes que conhecia pedir licença ao atender o celular.

-A mãe da Ciara ligou, ela disse que vem buscar-me. - Ela pousou o celular sobre a mesa assim que encerrou a chamada. -Ela pediu para te agradecer e pediu para informar que iria repreender a Ciara pelo incômodo.

-Não faz mal, acabei tento uma excelente companhia.- Rebeka sorriu ao ouvir o que ele disse, pela forma que a Cinthia falou ela percebeu que Solo não tinha intenções de ser a companhia.

-Que tal irmos esperar no estacionamento. -Solo sugeriu fazendo a Rebeka olhar para pratos, ele percebeu que a ação foi instintiva mas de certo modo entendeu a intenção. -Nós podemos levar os hambúrgueres para casa. - Ela assentiu um pouco corada, Solo sorriu e pediu para o garçom colocar tudo nos pacotes para levar.

-Olha, a senhora do passado. -Rebeka fez sinal com os olhos. -Disfarça, não olha agora. -Ela subestimou a falta sutileza dele, que já estava olhando para a mulher fazendo ela perceber que estavam falando dela.

-Mas que belo casal, espero que tudo tenha estado do vosso agrado. -A mulher charmosa se aproximou da mesa em que estavam, fazendo Solo sentir formigas correndo pelo seu rosto pois sabia que ela aproximou-se por causa dele.

-Está maravilhoso, se me permite perguntar a senhora é a proprietária desse estabelecimento?.- A Rebaka aproveitou a situação para ver se conseguia respostas, ela era fascinada em filmes de investigação e livros de fantasia fazendo ela fabricar paranóias sempre que possível.

-Sim, sou a proprietária. -Ela olhou para Solo por instantes antes de voltar a sua atenção para Rebeka. -Fico feliz esse humilde estabelecimento ainda poça ser do agrado da camada jovem. -Rebeka estava impressionada com a elegância da mulher a sua frente.

-Sou uma repórter amadora, gostaria de fazer-lhe uma entrevista se não for muito incômodo. - Assim que a Rebeka proferiu tais palavras Solomon olhou para ela com uma expressão estranha.

-Muito bom, é bom ver jovens focados numa carreira logo na adolescência. -Ela falou de seguida olhando para Solo que tinha os olhos focados na Rebeka, mas nesse momento sorriu fraco e desviou o olhar.

-Ele também é um jornalista, apesar de ser um pouco modesto ele é excelente quando entra no clima. -Aproveitando a situação, Rebeka colocou Solo no seu barco fazendo ele olhar para ele boquiaberto sem saber o que dizer. -O que a senhora diz, aceita que nós façamos uma entrevista?.

-Não vejo problemas nisso, vou deixar-te com o meu endereço. -Ela tirou uma esferográfica da bolsa, e escreveu a informação num lenço que ela trazia. -Aqui está, podem aparecer quando estiverem preparados. Bom, não irei gastar mais o vosso tempo. -Ela saiu do estabelecimento fazendo quase todos seguirem o seus movimentos com os olhos.

-Não me olhe assim, será uma entrevista interessante. -Ela falou vendo que Solo olhava para ela com os braços cruzados. -Lembro que você disse que ela era uma pessoa misteriosa, porquê não matar a curiosidade. -Ela sorriu, e Solo percebeu que o estrago já estava feito.

-Veremos isso depois, agora devemos ir ao estacionamento. -Eles foram em direção ao estacionamento, enquanto tentavam chegar a um consenso em relação a entrevista. -Digamos que você faça a entrevista, e o artigo onde irás colocar?.

-Posso criar um blog de notícias. -Ela falou com prontidão, Solo não sabia que na verdade ela era muito interessa em desvendar mistérios.

-E você disse que era uma jornalista amadora, sendo assim ela vai descobrir que algo está errado quando ver só tem uma notícia no blog. -Solo parou e olhou para ela pelo canto dos olhos, estavam parados no estacionamento esperando a mãe da Ciara.

-Por isso que faremos várias entrevistas, antes do prato principal. -Ela falou ansiosamente, com um olhar determinado.

Enquanto eles conversavam um carro se aproximava, perceberam logo que era a mãe da Ciara especialmente Solo que via o carro quase sempre na escola.

-Olá Beka. -A mãe da Ciara falou pela janela, Eles acharam engraçado ela estar usando óculos escuros de noite e principalmente no carro. -Olá para você também Solomon. -Ele sorriu de volta para ela.

-Está todo feliz, parece que o período com a Jú fez perder o medo de mulheres. -Ciara falou tirando a cabeça pela janela. -Rebeka certo? Deveria ter cuidado com esse pateta.

-Mais uma palavra e você vai descobrir que é a pateta aqui. -A Cinthia falou fazendo a Ciara se encolher no carro, foi uma bela surpresa para Solo. -Solomon, obrigada por ter feito companhia a minha sobrinha. Visto que você nós ajudou bastante que tal vires jantar com a gente sexta-feira? -Ciara olhou intensamente para a mãe assim que ela fez o convite, mas de nada serviu pois a Cinthia olhava diretamente para Solo.

-Será um prazer. -A sua resposta causou um sorriso na Rebeka que já se encontrava no carro, mas ela nem sabia que Solo só aceitou o convite para irritar a Ciara.

-E mais um coisa se não for um incômodo. -Ciara falou fazendo o sorriso de Solo diminuir um bocado, ele não sabia qual seria a magnitude do pedido. -Podes tomar conta delas na escola? Especialmente a Ciara ela tem notas fracas e convive com más influências, peço que me mantenha informada sobre qualquer coisa. -Solomon sorriu e assentiu com a cabeça pois sabia que se tentasse responder iria rir freneticamente.

-Mãe, eu não aceito isso!.-Ciara já tinha os olhos vermelhos e o rosto fechado, olhava para Solo com puro ódio nós olhos.

-Mais uma palavra e ficas sem mesada o ano todo. -Ciara calou e continuou olhando furiosamente para Solomon, que continuava a sorrir. -Já ia me esquecendo, suba, as malas da Beka estão na sua casa não é mesmo? -Solomon teve que sentar no banco de trás com a Ciara, pois a Rebeka sentava no banco de frente.

A viagem foi agradável e bem rápida para todos, excepto para Ciara que parecia querer devorar Solo com os olhos. A situação da Ciara só fazia Solomon ficar ainda mais radiante, tanto que até acabou pedindo o contato da Rebeka coisa que ele nunca havia feito antes.

-Obrigada mais uma vez. -Rebeka falou assim que Solomon colocou a sua mala, no carro da Cinthia.

-Não tens de quê, até logo. -Ele acenou e o carro elas partiram, Solomon subiu as escadas pois o elevador continuava em manutenção mas o seu humor estava no pico, pois pela primeira vez via a Ciara totalmente derrotada.

A noite passou rápido, e no horizonte o sol tornava-se visível mais um vez. Solomon levantou da cama relutantemente, pois sabia que esse seria um dia insuportável.

-Cá vou eu. -Solomon murmurou assim que acabou de se preparar para a escola, ele não sem importava com as aulas mas sim com a ridicularização que viria a sofrer.

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