Luau - I

Solomon estava em total choque com o comportamento da Júlia, ele chegou a pensar que a Ciara era muito melhor que aquela garota, sorria e agia feito um anjo mas na verdade era uma das serpentes mais peçonhentas que existia. O mesmo mal conversou com a Clara, cada dia sentia que ela só mantinha a amizade por pena e nostalgia, sentia que até o seu melhor amigo ficaria melhor com a garota nova especialmente com os projetos que ele tinha e planejava.

—Preciso fazer alguma coisa...

O rapaz estava realmente sem motivação, e sabia se não conseguisse relaxar ficaria num buraco de minhoca impossível de escapar, planejava se divertir até a sua mente não ter como pensar em nada, com isso em mente Solomon colocou uma música bastante agitada pois o mesmo era da teoria que a música determinava em muito o seu humor. Já sentindo o seu coração batendo forte e num ritmo alegre, o mesmo foi tomar um banho quente gritando e cantando como se estivesse tirando aquela péssima energia que surgiu quando a Júlia tentou conversar com ele. Saiu do chuveiro com os vidros todos embarcados e começou a desenhar, várias carinhas sorridentes e começou a se secar ainda no ritmo das músicas frenéticas. Olhava no espelho e percebi que realmente uma mudança seria muito boa, pegou no seu skate favorito algo que o mesmo não utilizava a vários anos, enquanto o mesmo se preparava para enfrentar aquele dia da melhor maneira tocaram a campainha e o mesmo ficou incrédulo pois geralmente todos ligavam antes de tocar a campainha então deduziu que fosse algum tipo de serviço ou alguém do edifício.

—Já vou!

Ficou irritado ao ouvir a campainha tocar várias vezes, então saiu do banheiro somente de shorts e regata, mal teve tempo para ir colocar um chinelo, assim que abriu a porta se deparou com alguém que poderia se dizer que salvou a sua informação.

—Tia Ana!

Mal teve tempo de processar a sua animação quando sentiu uma leve pancada na sua testa, fazendo ele segurar a mesma por instinto.

—Cresceu e só vê a tia, eu aqui sou um nada para você?

Uma voz masculina falava como se estivesse bravo, mas todos os três riram com aquela comentário, o Solomon e era o que mais ria de todos eles, naquele momento era uma alegria junta de uma grande nostalgia.

—Para com isso Marcelo, olha só como está a minha criança, está chorando até.

A tia do Solomon repreendia o seu parceiro mas claramente continuava rindo, a vítima disso tudo chorava realmente mas eram lágrimas vindo das risadas que estavam surgindo, após todos se acalmar o rapaz chamou os seus tios para entrar, agradecendo o fato dele ter arrumado tudo senão iria levar uma bronca de verdade porque os dois eram muito organizados.

—E para onde você está indo Soly? Pelo que lembro você só toma banho quando precisa e com urgência... Está namorando, estou vendo que até a casa está limpinha... Amor, o nosso porquinho cresceu.

Em meio aos questionamentos Marcelo já estava segurando a risada, assim que falou sobre porquinho abraçou a sua esposa e fingiu estar emocionando, mas rapidamente foi afastado pela Ana que tentava ser a adulta da situação porém também estava curiosa.

—Não brinca assim com a minha criança. Agora fala para a gente Soly, quem é a sortuda?

Solomon já estava feliz vendo o seu tio sendo repreendido porém a alegria de pobreza tinha duração pequena, já que não conseguiu escapar do questionamento.

—Eu só tenho sorte no jogo tia, do resto a vida que sabe.

Falou sério, afinal não tinha porque mentir, pois eles eram as pessoas que ele mais confiava na sua vida, passou grande parte das suas férias e infância com eles, diferente dos seus pais eles eram sempre presentes e faziam questão de estar com ele, especial sempre que os seus pais não conseguiam.

—Nananina não, que isso. Tu já tem a altura de uma porta, a gente não pode dispensar uma genética dessas, já que você não quer jogar basquete pelo menos dar um neto para a gente... Merecemos não amor?

Assim que a Ana ouviu sobre netos a sua expressão leve e sorridente desapareceu, um olhar vazio e apático tomou conta do seu rosto, a mesma olhou lentamente para o seu marido que nesse momento percebeu o seu erro, porém já não tinha mais o que fazer pois até mesmo o Solomon sabia que ela odiava se sentir velha, e dizer que ela teria netos era como uma facada no seu peito.

—Neto, está me chamando de avó, velha, é querido?

Era possível ver o desespero tomando conta dos olhos do Marcelo, que olhava para Solomon tentando pedir ajuda, mas o rapaz não era idiota o suficiente para se envolver naquilo, e também queria dar o troco por conta das piadas daquele tio que achava que era comediante.

—Que isso amor, eles pedem a sua identificação no bar... Eu que sou velho, e também até o Solomon ter uma criança já vai ter passado trezentos anos, ele é mais encalhado que o Titanic no fundo do mar.

Ambos a Ana e o Solomon ficaram incrédulos com aquele resposta, a mulher apenas olhou para ele de cima para baixo e voltou o seu olhar para o seu único sobrinho que também não acreditava que o seu tio estava seguindo o ditado "perco a vida mas não perco a zoeira".

—Então tu está encalhado mesmo? E a Clara, eu achei que vocês iriam ficar juntos...

Ela já tinha feito a sua pequena fantasia com eles, afinal no seu casamento Solomon e a Clara foram os pequenos noivos que trouxeram o anel, mas ela também conseguia admitir que o seu sobrinho não era lá dos mais sociáveis, porém ainda tinha uma certa esperança.

—Não tia, a gente é só amigos... Eu acho que não vou namorar tão já, mas prometo avisar quando tiver para a gente fazer uma encontro duplo.

Deu uma leve risada para descontrair o seu próprio nervosismo, enquanto isso Marcelo sabia muito bem que não poderia fazer nenhuma piada naquele momento.

—Sabe o quê? Não vamos ficar aqui sem fazer nada, terá um luau de noite e você vai com a gente. Mas agora vai mudar de roupa, e a gente vai fazer umas compras para a Ana e depois vamos para aquela sorveteria que tu gosta...

O mesmo estava confiante em sua ideia, porém lembrou que a sua esposa odiava aquela mulher retro, sempre dizia que os seus instintos diziam que aquela mulher não era flor que se cheire, mas ele assim como o Solomon amava aquele sorveteria pois era o melhor que ela já tinha provado, até se atreveria em dizer que era o melhor do mundo visto que era difícil encontrar um lugar no qual ele não visitou.

—A gente pode ir, seu que o Soly ama essa lanchonete mas não sei porque...

A mesma falou calmamente, pois realmente não gostava nem um pouco daquele lugar, especialmente quando surgia aquela mulher do nada e fazia todos ficar focados no seu estilo ridículo.

—Boa, vou trocar de roupa e volto rapiadão... Mas podem não me chamar de Soly quando a gente estiver fora?

O mesmo passando pelo corredor ouviu várias gargalhadas, até que assim que abriu a porta do seu quarto conseguiu captar um "sem problemas sunshine"

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