Espírito de investigação

—Rebeka?. —Solo olhava para ela boquiaberto, enquanto que a Rebeka sorria.

—Vejo que vocês já se conhecem, peço que mostre a menina Crowley o colégio e dê sapiência quanto as normas. —A diretora Rose falou e foi embora, Solo já sabia o porquê da conversa delas.

—O que aconteceu com o seu cabelo?.—Solo via uma miríade de cores a sua frente, não entendia como ela fez aquilo durante a noite. —Está foda!, ao menos quase deste um surto de nervos a diretora.

—Obrigada, o meu cabelo estava desse jeito ontem.—Dito isso Solo olhou para Beka com uma expressão estranha, claramente não acreditando nela. —Olha só, é o penteado se eu deixar o cabelo solto fica desse jeito. —Ela falou desfazendo o penteado, Solo percebeu que as cores estávamos na parte interior.

—A Sra.Rose vai morrer se descobrir que usam essa técnica. —Solo ria levemente enquanto olhava a Rebeka fazendo uma postura triunfante, como se tivesse ganhado um competição. —Então mademoiselle, dás me a honra de mostra-lá o campus?. —Solo fez uma vênia e colocou a sua mão para frente.

—Claro que sim, cavaleiro Solomon. —Rebeka imitou a risada duma nobre e pousou a sua mão sobre a do Solo.

Nesse momento Frederico decidiu esticar as pernas porque o Mike começou a chatear, e chegando no corredor se deparou com a cena da Beka e Solo. Ele ficou surpreso, e com um pouco de inveja não por Solo estar íntimo com uma garota mas devido a situação, porém feliz pelo amigo.

—Olha mademoiselle, o meu burro falante. —Solo viu Fed no canto do corredor e decidiu fazer uma piada.—Não tenha medo amigão, ela na morde.

—Claro que mordo, porquê você acha que tenho dentes. —Beka falou mostrando os dentes e grunhindo para Solo.

—Só pode ser a filha da Bela e do Monstro. —Fed comentou enquanto se aproximava dos dois com um sorriso fraco.

—Brincadeiras a parte, esse é Frederico-Kun como gosta de ser chamado.—Solo falou depois de dar uma bela risada após o comentário do Frederico. —E essa é a senhorita Crowley.

A cara do Fed ficou estática numa expressão de surpresa e choque, com os olhos bem arregalados.

—Pare de pensar em maluquices, esse é o nome dela Rebeka Crowley.—Solo falou dando uma pequena paulada na testa do Fed.

—Eu não pensei em nada, prazer. —Fed rapidamente ignorou o Solo e cumprimentou a Rebeka de maneira acanhada. —O nome é só Frederico, pode chamar de Fred.

—Prazer Fred, mas porquê que o Solomon chama-te de Fed?.—O espírito curioso da Beka não deixava nada escapar, ela notou pelo canto dos seus olhos o Solo tentando segurar uma risada.

—Nada demais...—Ele falou levemente corado.—Prazer.

—Como assim nada demais? Até falou prazer duas vezes.—Solo sorriu e de seguida abanou a cabeça. —Mas tem razão, que tal darmos a volta no campus e depois voltamos.

—Nós temos aula a seguir. —Fed não entendia como o Solo esqueceu do horário, pois na sua cabeça Solo nunca iria cabular uma aula.

—Achei que quisesse mudar, e ficar aí sempre nas margens das normas não vai ajudar. — Solo deu um leve suspiro como se estivesse explicado algo para algum pela milésima vez.

—E depois é o primeiro dia, não iremos perder muita coisa. —A Rebeka igual ao Solo e Fed também não cabulava aula, mas decidiu deixar a mente aberta.

—São essas as lendárias "más influências" de que a minha mãe sempre falou, finalmente consegui.—Fed falou rindo enquanto andava em direção oposta a sala de aulas. —Não fiquem aí especados, vamos logo.

Solo e Beka trocaram olhares e seguiram Fed que ia na frente, ele estava tão empolgado que parecia ser o dia duma convenção de videojogos. Eles passaram pelos corredores, salas, ginásio e outros compartimentos do colégio. Ficaram conversando e se divertindo tanto que quando se deram conta já era hora do recreio, então decidiram ir ao refeitório.

—Então esse é o refeitório, muitos amam esse lugar mas para alguns é uma desgraça. —Disse Solo olhando para o refeitório, parecia uma montanha de formigas bem estruturada mas bastante lotada. Solo notou que Rebeka olhava interessada para o grafite na parede.

—Essa parede retrata um incidente?.—Beka ficou atônita vendo o grafite espalhado pelas paredes do refeitório, várias crianças espalhadas olhando para uma luz que se encontrava no âmago da sala. —É tão lindo. —Ela ficou fascinada com as cores, a a atmosfera sombria que cobria a imagem ao menos até ao ponto focal do grafite que era uma luz densa e aconchegante.

—Esse grafite foi criado por um estudante, ele queria homenagear as vidas perdidas num incidente. —Solo disse mostrando uma expressão de dor e tristeza, mas a mudança na expressão foi tão sutil que até mesmo o Frederico não notou. —Um dos estudantes entrou com armas de fogo aqui, e acabou matando alguns estudantes antes de se suicidar. —Quando Solo terminou de explicar o acontecido, ele notou que a cara de admiração e empolgação da Beka tornou-se solene.

—E onde está o estudante que fez o grafite?— Apesar de saber que o assunto era delicado, a Beka não conseguia conter a sua curiosidade.

—Ele mudou de cidade, pois o atirador desse evento era o seu irmão. —Fed falou assim que notou que o seu amigo tinha um nó na garganta, sabia que era um tópico delicado para Solo mas também conhecia o seu amigo e sabia que ele gostava de agir indiferente em tais situações.

—Ele fez o grafite durante o final de semana, e quando voltamos encontramos o refeitório desse jeito, o antigo diretor queria remover mas ninguém gostou da ideia então fizemos uma greve. —Solo falou após notar que Fred percebeu a sua dificuldade em falar sobre o assunto.

—E porquê o refeitório? —Beka claramente não percebeu o que se passava e continuou olhando solenemente para o grafite, ela estava pasmada com a quantidade de detalhes que a imagem continha.

—Porque foi aqui onde o massacre aconteceu, trinta e sete estudantes e quatro professores foram alvejados. — Solo olhou para Fed por uns instantes antes de continuar. — O Fed e a sua ex-namorada Michella levaram tiros de raspão. —Essa última frase deixou a Beka espantada, ela olhou para Fed observando todo o seu corpo procurando pela cicatriz.

—Não precisava procurar. —Fed disse afastando um pouco a gola da sua camiseta, mostrando uma cicatriz no seu ombro esquerdo. —Já faz muito tempo, não precisa me olhar desse jeito. —Fed notou o olhar de pena e dor da Beka, e lembrou que não gostava de estar nessas situações.

—Vejam só, os nerds entraram uma gatinha para ficar com eles. —Um voz feminina interrompeu a conversa tensa dos três, fazendo os viraram em direção a origem do som.—Você é a prima da Ciara, melhor andar com a gente do que com esse bando de entulho.—A garota que falava era Chloe, a garota mais rica do colégio e melhor amiga da Júlia, devido a esse fato ela tinha um desprezo bem desenvolvido para com o Solomon.

—Chloe, a minha prima decidirá sozinha com quem andar e esses dois foram ordenados pela diretora para mostrar a escola para ela. — A Ciara falou enquanto sentava de pernas cruzadas sobre uma mesa, muitos tinham medo da Chloe mas para Ciara ela não passava duma vadia rica. —Então peço que não se meta com ela.

—Ciara o que é teu ainda virá. —Chloe falou entre os dentes, num tom inaudível antes de dar um última olhando para o grupo do Solo e ir em direção a sua auto-proclamada mesa.

—Não sabia que você era protetora desse jeito, deixar a sua prima com a Chloe seria algo desastroso. —Falou Susan a melhor amiga da Ciara, ela não entendia o que estava acontecendo com a sua amiga a tão aclamada "rainha do gelo".

—Minha mãe me tornou babá dela, se ela se for para merda eu não estarei em melhores condições. —Ciara falou de forma indiferente olhando para o teto do refeitório.

—E porquê que você protegeu o esquisito, o brinquedinho da Júlia?— Susan estava se roendo para saber o que estava acontecendo, e assim que ela falou isso todos do grupo olharam para Ciara esperando uma resposta especialmente o seu namorado que tinha a mão coçando por não ter dado um soco no Solomon.

—Porque ele é o melhor amiguinho da Princesa e da minha prima, então decidi deixar ele feliz por hoje. —Ciara falou olhando levemente para Solo que já estava sentado com o seu grupo, antes de dar um gole no seu batido diet.

A Susan e o Mike trocaram de olhares por um instante, claramente perceberam que havia mais na estória do que aquilo que a Ciara contou. Mas o Mike não se importava com a mudança na atitude da Ciara, mas sim pelo fato dela ter defendido o Solo pois sabia que ela só parou de humilhar o coitado quando estava numa relação com a Júlia.

Sem saber o que estava acontecendo a sua volta, Solo respondia as perguntas da Beka que ficou mais interessada na escola após ver o grafite na parede.

—Quando é que ocorreu o tiroteio? —Beka falou tomando o seu sumo de laranja, enquanto alternava o seu olhar entre Solo e Fed.

—Foi a dois anos, daqui a três semana para ser mais preciso. —Fed falou ainda com a boca cheia, ele mastigava o seu bolo de chocolate.

—Daqui a três semanas faremos uma homenagem para as vítimas daquele evento. —Solo falou olhando para os dois, ele tinha uma sandes de atum e refrigerante mas ainda não tinha tocado em nada. —Sei que queres saber se o irmão do atirador também estará lá.

Beka olhou desvio do olhar de Solo e assentiu assentiu quanto olhava para o sumo de laranja, ela se sentia culpada pois já havia notado que o assunto era delicado para ambos  Solo e Fed.

—Sim, ele geralmente costuma aparecer. —Solo falou finalmente dando uma mordida no seu hambúrguer.

—E vocês também participam da cerimônia?—Ela perguntou pois visto que Fed sobreviveu por um triz, ele também foi uma vítima desse atirador então faria sentido ele estar lá.

—Eu vou, a escola faz questão que eu e o resto dos sobreviventes estejamos lá. —Fed assentiu.

—E você Solo?—Beka notou que Solo continuou comendo sem reagir a sua pergunta anterior.

—Eu não vou, estava numa viagem na semana que aconteceu o atentado. — Solo falou de maneira indiferente, para as pessoas que o conheciam esse era o seu estado normal mas para a Beka era diferente pois só viu o lado sorridente e engraçado do Solo.

—Certo, e nesse ano você continuará não indo?—Ela percebeu que esse evento foi mais traumatizante para Solo do que para o Fed que quase foi alvejado, ela também sabia que era um assunto delicado e sensível mas a sua curiosidade tomava conta do seu juízo.

—Não irei, ficarei preparando para os testes. —Solo falou olhando calmamente para Beka que estava surpreendida com a calmaria no seu tom. —E devido ao incidente, todos estudantes devem ir a uma consultoria com a psicóloga da escola ao menos uma vez em cada duas semanas.

—Está certo, então uma última pergunta. —Beka afirmou, porém esperou a permissão dos dois antes de prosseguir. —O atirador deixou alguma carta, lembrete ou algo do gênero?— Essa pergunta fez com que Solo e Fed respirassem fundo, pois o atirador havia feito duas cartas uma despedindo a família e outra direcionada aos colegas.

—Ele deixou uma para família mas nós não sabemos o conteúdo, aliás ninguém sabe. —Solo falou e Fed assentiu de prontidão, pois todos colegas fizeram um pacto para não espalhar o conteúdo da segunda carta.

— Certo, então já sei qual será a primeira matéria para o meu blogue de jornalismo. —Fed e Solo simplesmente trocaram de olhares, antes de forçar um leve sorriso.

Não tardou muito para o sinal tocar, e retomar as aulas. O tempo passou lento para Solo, pois algumas pessoas o lembravam dos eventos desagradáveis com a Júlia mas como sempre ele mostrava indiferente e compostura.

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