Capítulo 3 - Só mais um problema

Wallace entregou o capacete a Joyce, ligou a moto e a garota subiu. Antes que partissem Vanessa os alertou mais uma vez, em vão, não deram ouvidos. Dona Tereza, varrendo a calçada, observou tudo de longe.

A comunidade de baixo era conhecida pelos moradores das outras cidades como perigosa. As pessoas que se metiam em problemas com a justiça corria para se esconder lá. Claro, havia pessoas de bem, mas até essas queriam fugir dalí se pudessem. Os conflitos polícias aconteciam pelo menos duas vezes ao mês, essa constância fez as rondas policiais se tornarem rotineiras e perderem a importância, os bandidos e alguns moradores já não davam a mínima.

Após minutos na estrada, chegam na comunidade. O local era um bairro periférico sem serviços públicos de qualidade. Invés de boas casas, eram casebres, a estrada de barro esburacada, botiquin e mercearia improvisados. E o pior era ver o semblante triste das pessoas enquanto passava na garupa da moto. Crianças pequenas descalças próximo a poças de lama. Num instante o coração de Joyce entristeceu, nunca tinha visto uma realidade tão difícil e diferente sã sua. É claro, que é rica, entretanto, não tinha uma vida miserável.

A moto para em frente o que parecia ser um barraco. O muro de concreto possuía as colunas de ferro a mostra continha Placas de alumínio e telhas brasilit encostadas. Dois caras com o semblante nada amigável, abriram o portão de alumínio cumprimentaram Wallace e em seguida olharam para Joyce com certa malícia. A garota estremeceu e travou no portão. Wallace insistiu para que entrasse, ela recusou e voltou para a moto.

— O que está fazendo?

— Não posso entrar ai. — fala entre os dentes. Seu olhar denunciava o medo.— pensei que poderia fazer isso, mas não posso. Olha para esses caras... São bandidos — fala baixinho

Wallace põe as mãos na cintura, respira fundo e diz está tudo bem. Vai até os caras, fala umas palavras e retorna, sobem na moto e vão embora. Durante o trajeto Joyce fica pensativa, imersa na tristeza de não conseguir o documento e de ver uma realidade tão diferente da sua. De repente sentiu-se agradecida pela vida que tinha.

Nesse momento, seu telefone tocou tirando-a de seus devaneios. Wallace para a moto. O display mostrava um número desconhecido, ela hesita, mas termina por atender, era o pessoal da rádio.

— Bom dia! Sou Leandra da rádio América Brasil, você é Joyce Gonçalves?

— Sim, sou eu mesmo. — fala desanimada

— Então, estou ligando para confirmar sua vinda na rádio precisamos passar as informações e comprar a passagem, tem como vir? — Ela fica em silêncio. Pensava no que deveria fazer ou dizer. por fim confirmar ir na rádio. — desligar o telefone

— Tudo certo? — pergunta ele

— Era a Rádio querem que vá confirma meus dados e entregar os documentos.. — Eles ficam em silencio pensando e admirando a paisagem rural de Bella vista. Joyce apoia a cabeça no ombro do amigo permanecendo assim por alguns segundos. 

******

Por volta das 16:00 horas Raquel vai chegando em casa quando é parada por Dona Tereza que grita seu nome do outro lado da rua pedindo que espere. Raquel aguarda a contragosto. A maioria das pessoas da rua não gostava de Tereza, pois sabem o quanto ela é fofoqueira. A idosa vestindo um vestido roxo com flores amarelas, apressa os passos atravessando a rua. 

— Olá Raquel —  começa a mulher com um sorriso amarelo — eu não ia te dizer nada sobre isso. mas você sabe como as pessoas falam. E outra gosto muito de Joyce e não quero que nada aconteça com ela — Ao ouvir o nome da filha Raquel fica inquieta — Ela está saindo com Wallace de moto. Chegou com ele numa tarde e hoje vi ele saindo de dentro da sua casa com ela. pegaram a moto e foram embora. Estou lhe comunicando porque você é mãe sabe, né. os dois são jovens. Ele é homem sua filha mulher...

— Tá! Ok, Tereza — diz impaciente — obrigada por avisar. Não se preocupe com minha filha, ela não é criança. E se algo acontecer os dois é que vão assumir a responsabilidade...

— Eu sei. é que precisa saber.

— Tudo bem. Irei falar com ela. 

Entrando em casa encontra a filha menor assistindo TV. Pergunta sobre Joyce, a garota responde que não está. Raquel fica desconfiada. 

Entediada de ter passado o dia no quarto, Vanessa senta em frente de casa. Ela mora perto da casa dos avos de Wallace, que possuem um bar no térreo. A moto preta de 150 cilindradas para com ele e Joyce na garupa. Ela tira o capacete sorridente, troca algumas palavras e se despede. Havia pedido para descer ali para evitar interrogações da mãe. Voltando para casa parou onde Vanessa estava, sentou ao lado dela e ficaram um breve momento em silêncio.  

— Conseguiu o documento? — perguntou Vanessa 

— Não. Desistir. 

— Por quê? 

— Não sei ao certo. Me pareceu que estava indo longe demais... Até para mim. 

— Sinto muito. Também gostaria de poder ir.... 

— Tudo bem. faz parte.... Quem sabe futuramente conseguiremos ir? — sorrir esperançosa

— Sim! Quem sabe — sorri de volta — Posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

— Gosta do Wallace? 

Joyce não sabia que Vanessa nutria uma paixonite pelo rapaz. Tímida e reservada, tinha receio de contar a amiga para não ser incentivada a se declarar ou pior Wallace saber e vim até ela. Morreria de vergonha. Preferia esperar e confiar no destino quem sabe um dia acontecesse de maneira natural.

— Como namorado? — pergunta surpresa

— É 

— Não. Ele é só amigo... Por quê? — questiona curiosa

— Nada. — desvia o olhar de Joyce — Besteira. 

— Tem certeza? — instiga

— Sim. 

Depois de tomado banho e jantado, Joyce navegava na internet quando sua mãe entrou no quarto e fechou a porta. A garota virou a cadeira confusa pensando no que tinha feito nas ultimas horas. Raquel senta na cama e olhando para Joyce começa: 

— Só vou perguntar uma vez e quero que diga a verdade... Você está namorando com Wallace? 

— Não! Por que todo mundo esta perguntando isso? 

— Deve ter sido porque viram você com ele de moto. 

— Idai? isso não significa nada. 

— Para você não. Para esse povo fofoqueiro sim. A proposito para onde foi com ele? Dona Tereza falou que saiu duas vezes na garupa da moto. 

— Ai que velha chata! — reclama — Só fui com ele levar... um pendrive para um amigo, só isso. 

— OK! Não vou insistir — vai embora

Retornando a navegar na rede social, Joyce se depara com um poste de Queen B anunciado o dia e a hora do show que acontecerá em Las Vegas. A tristeza lhe invade o peito enchendo seus olhos de lágrimas. Clica no seta ao lado, um vídeo do show anterior é mostrado. A galera cantando, dançando, o sorriso da cantora, a voz...  A onda de energia positiva que o concerto expressa fazendo com que se emocione e chore em frente ao computador lamentando por não poder viver isso. 

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top