Capítulo 2 - Deu tudo Errado

Havia sido tão incrível o que acabará de acontecer que a ideia de andar lhe parecia perda de tempo. Por isso encurtou o tempo correndo, mesmo que isso significasse esbarrar em alguma pessoa, ser xingada ou cair e ralar os joelhos, na melhor das hipóteses.

- Vanessa! Vanessa! - bate à porta repetidas vezes. Após alguns segundos Vanessa aparece.

- O que aconteceu?

- A melhor coisa do mundo - fala sorridente - Vamos para Las Vegas!! - abre os braços

- Hãn? como assim? Do que está falando, Joyce?

- Lembra quando eu vivia como uma louca com aquele caixinha para cima e para baixo? Até levei advertência na escola?

- lembro - puxa Joyce para dentro de casa

- Então, eu disse a você que estava concorrendo a viagem para o show de Queen B. E aconteceu... Eu ganhei! - Vanessa fica sem reação. A noticia que acabou de receber era muito irreal.

Quando se vive numa realidade paralela da qual se deseja, parece ser impossível que algo tão extraordinário como viajar para fora do país realmente aconteça, ainda mais quando se tem 16 anos.

- Nossa! Isso parece um sonho. É...

- Inacreditável. Eu sei. Mas é verdade.

A ficha de Vanessa finalmente cai. Elas então se abraçam e gritam no meio da sala.

- Temos que ver com qual roupa vamos - disse Vanessa - não tenho roupa para Las vegas

- Só você? Eu não tenho roupa nem para ir à feira do bairro.

- E agora? - senta desanimada

- E agora o que? Vamos com as roupas que temos, qual o problema? - senta ao lado dela

- Sei lá. E se pensarem que somos mendigas?

- Deixe que pensem, ué! Estaremos lá ver Queen B.

- Tudo bem.

Elas vão para o quarto de Vanessa. Ligam o pequeno aparelho de som com as canções de Queen B, e dançam enquanto procuram as melhores roupas que Vanessa levará na viagem. Janete, mãe dela, chega com três sacolas de verduras. Sem ver a filha na sala vai até o quarto encontrando-a se divertindo com Joyce. Janete sente seu coração aquecido em ver a filha sorrindo, desde que Vanessa tinha entrado na puberdade era como se toda sua alegria e leveza tivesse ido em bora. Não entendia o porquê da filha ter se isolado, porém saber que não é a única, muitos jovens vivem a maior parte do tempo no quarto, respira com um certo alivio. Além disso, depois de conversar com Vanessa sobre isso, fez questão de leva-la num psicólogo e lá descobriu que existe mais de um tipo de personalidade: extrovertidos e introvertidos. E sua filha é introvertida e tímida. Isso explica os poucos amigos e a preferencia em estar com sua própria companhia. Janete bate à porta que já se encontrava semi aberta. As meninas a olham.

- Tudo bem, Joyce? - pergunta cordial

- Sim. E você? - fala sorridente

- Bem. O que estão fazendo? - pergunta a mala empoeirada no chão e as roupas espalhadas.

- Joyce ganhou no sorteio da rádio. E me convidou pra ir à Las vegas ver o show de Queen B.

- estamos bem feliz por isso - conclui Joyce

- Hum.. E Las Vegas não é nos Estados Unidos?

- Sim. - responde vanessa

- O que sua mãe achou, Joyce? Ela autorizou sua ida?

As Jovens desfazem o sorriso pensativas. Ficaram tão eufóricas com a possibilidade de viajar que não pararam para pensar nisso. Vanessa solta a blusa no chão desanimada e senta na cama conhecia os pais o suficiente para saber a resposta; Não. Quanto a Joyce também não tinha certeza se os pais permitiria. O banho de água fria jogado por Janete mudou a expressão facial de Joyce que agora era de preocupação. Ela se despede de Vanessa, Janete e vai embora. Durante o caminho se encosta num poste e leva as mãos ao rosto. Se os pais não deixarem, o que vai fazer? - pensava

- Joyce - chama Wallace parando a moto perto dela - O que esta fazendo? Aconteceu alguma coisa - Moradores da mesma rua, se conhecem desde pequenos. Wallace tem 17 anos, negro, lábios carnudos, braços torneados. É um rapaz bonito e atraente.

- Ainda não sei. Ganhei uma viagem para EUA. Mas... Agora não tenho certeza se meus pais vão deixar. Se não deixarem, o que vou fazer??

- Não sei. - da de ombros - Mas não acha que deve falar logo com eles invés de se preocupar primeiro?

- Tem razão. - começa a andar. Ele a chama entregando o capacete.

- Eu te levo. - Ela sobe na garupa colocando as mãos na cintura dele. Era a primeira vez que andava de moto com o rapaz.

Em pouco tempo a moto para em frente a sua casa. Ela tira o capacete e entrega ao rapaz. Do outro lado da rua, Dona Tereza e Helena, sentadas na calçada, observa-os para fuxicarem entre sí.

- brigada, Wallace!

- Nada. Se precisar de ajuda com seus pais no negocio da viagem pode falar.

- Certo. Tchau.

Wallace liga a moto e vai embora. Joyce olha para porta da casa, respira fundo e entra. Seus pais estão na sala sentados no sofá assistindo Teve, sua irmã brincando no chão com as barbies. Assim, que a vêem chegar, Desligam o aparelho e voltam a atenção para ela, que estranha a recepção.

- Sua mãe me contou da viagem para Las Vegas - Seu Pai levantou, envolveu o braço nos ombros dela conduziando-a para sentar de frente para mãe - De qualquer forma, meus parabéns!

A este ponto Joyce já sabia que as coisas não estavam bem, e, infelizmente, como terminaria. Seu olhar ja demonstrava apreensão.

- Eu e seu pai conversamos e... não podemos permitir a viagem.

Se fosse desenho animado o coração de Joyce se quebraria em mil pedaços literalmente.

- Não acredito nisso. - seus olhos enchem de lágrimas - Não acredito que vão fazer isso comigo. - lágrimas percorrem o rosto dela - Pai você não pode fazer isso - levanta aumentando o tom da voz - É meu sonho! É minha vida! - fala alterada. Sua mãe pede para que tenha calma - Eu não vou ter calma quando querem ACABAR COM MEUS SONHOS!

- Não queremos acabar com seus sonhos - fala seu pai em tom mais elevado e firme - Só não é de acordo mandarmos você para fora do país.

- E por que não? Qual o problema? Tanta gente viaja com a minha idade.

- Não importa, Joyce! Você é nossa filha

- NÃO ME IMPORTO! Se era pra ser assim preferia ser filha dos outros... - esbraveja - Odeio vocês! - vai para o quarto batendo a porta e se trancando.

Se fosse em outro momento, Ronaldo e Raquel iriam atrás e a repreenderia, mas desta vez optaram por relevar, pois sabem como adolescentes possuem a mania de potencializam tudo quando recebem um não, portanto, amanhã estando mais calma conversaria.

No dia seguinte, às 8:00 horas Joyce aparece na sala descabelada e rosto inchado de ter passado boa parte da noite chorando. Raquel terminava de arrumar a bolsa quando parou para falar com a filha.

-- Se colocar compressa de gelo nos olhos talvez diminuía o inchaço.

-- Vou fazer isso -- fala sem da importância dirigindo-se para a cozinha

-- Espera, Joyce. -- A garota para e olha para a mãe -- Eu sinto muito que esteja chateada com a gente... -- A vontade de Joyce era de revirar os olhos, porém sabia que deveria se conter ou levaria um tapa. -- Mas futuramente irá agradecer por isso...

-- Eu nunca vou agradecer vocês por isso -- cruza os braços

-- Tudo bem. Então saiba que não quero ver você se comportando da forma que se comportou ontem. Não grite. Não bata a porta e muito menos nos desrespeite, se acontecer de novo, quebro a vassoura nas suas costas. -- pega a bolsa e vai embora.

Após pegar a bolsa de compressa e sentar no sofá, Joyce respira fundo tentando administrar toda onda de raiva, frustração e injustiça que sentia e o pior não podia fazer para mudar a situação. A campainha toca, vai até a porta e abre, era Vanessa.

- Oi! - Sorri sem entusiasmo

- Oi! - responde voltando para o sofá

- Aconteceu alguma coisa? - pergunta Vanessa preocupada

- Tirando o fato dos meus pais acabarem com meus sonhos, não.

- Ah, - fecha a porta - É sobre isso que vim falar - Joyce passa a olhar para ela - Meus pais também não deixaram eu ir. - senta no sofá - Disseram que é perigoso. E, no fundo, concordo com eles. -- Da de ombros

-- Não acredito que veio aqui dizer que meus pais estão certos -- interrompe

-- Não. Só to dizendo que entendo...

-- Ah, por favor, Vanessa. -- levanta -- Você não cansa de ser sempre a certinha? De ser a garota perfeita? Quando vai viver sua vida?

-- Como assim? Só não compartilho da mesma opinião que você significa que não vivo minha vida?

-- você é o sonho de todos os pais. Não trabalho, é obediente e entende tudo.

-- O oposto de você, né?

-- Exato! Eu vivo para mim! Para né agradar e não agradar os outros.

-- Eu não agrado ninguém!

Wallace, amigo delas, bate na porta encerrando a discussão que estava cada vez mais ficando acalorada.

- E aí, bom dia! - Sua mãe pediu para trazer essa bolsa de verdura, minha avó deu para ela. - As meninas nada falam. Ele depositar as sacolas no chão e entra  - O que aconteceu? Estavam brigando?

-- Não é da sua conta -- diz Joyce sentando no sofá emburrada

- Íamos viajar para os Estados Unidos ver o show de Queen B... mas nossos pais não deixaram. - disse Vanessa

- Poxa! É foda! - diz o garoto - Se fosse eu, ficaria puto com isso. O que vão fazer agora?

- E o que quer que a gente faça? - pergunta Joyce sem paciência - Que falsifiquemos os documentos e voemos para os estados unidos!?

- Se quiser conheço um cara que faz isso

- Fala sério! - fala Joyce desacreditada

- É sério! Diógenes, meu amigo, tem um primo que faz essas paradas. mora na comunidade de baixo.

-- Tem como irmos lá?

-- Você ta brincando,né Joyce?

-- Não. Enquanto houver um porcento de chance não vou desistir. Quero falar com ele Wallace.


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