Capítulo 2


— Como ela é?

Cortando fatias de pão, Rosa se servia, na cozinha das criadas. A jovem, depois de seu encontro com Lady Delilah, havia se tornado o assunto principal do pequeno salão.

— Muito estranha. — Rosa confessou para as colegas, confidenciando os pormenores da conversa com a dama. — Hei de ter arrepios se me lembrar da conversa com milady.

— É como as outras, então? Nos trata como nada?

— O contrário, Jullie. — Para a surpresa das ouvintes, Rosa se aproximava como se lhes tivesse contando um segredo absurdo. — Lady Delilah quis saber a minha história. Isso não é de uma estranheza tamanha!?

🜲🜲🜲

Delilah estava pronta antes das batidas de Rosa. A jovem, abrindo a porta com receio, se pôs à disposição de Delilah, e tão logo a viu devidamente arrumada, levou as mãos aos lábios, estalando a língua em reprovação.

— Disse-lhe que estaria aqui antes que sua presença fosse solicitada, milady.

— E se bem me lembro, lhe respondi que era capaz de me aprontar sozinha.

Delilah sorriu em meio à face surpresa de Rosa, que via a sua presença como dispensável. Percebendo isso, a jovem Westville pegou-a pelas mãos, aumentando o espanto da criada.

—  Não é dispensável, Rosa. Adoraria ter a sua companhia, se aceitar ser a minha contadora de histórias.

Delilah piscou no final, sorrindo para a garota que mal respirava, tamanho o susto. Rosa tratou de afastar as mãos, colocando-as em frente ao avental branco que usava.

— Não poderia ser tão ousada com milady. Sei bem o meu lugar.

Antes que Delilah pudesse rebater, Rosa se afastou, transmitindo o recado de Lady Lefrance antes de fechar a porta atrás de si. Suspirando, Delilah assentiu, não podendo mais adiar a sua apresentação formal às outras jovens damas do instituto.

— Não há como fugir, Delilah. É por isso que está aqui. — Delilah lembrou a si mesma, observando o seu reflexo no espelho. Usava um vestido que combinava com o céu do fim da manhã, de cor azul translúcido. Metade do seu acervo era constituído de vestes daquela tonalidade, prova de seu gosto pela cor azul. Havia ela própria penteado os cabelos e os prendido em um coque no topo da cabeça, deixando alguns fios cacheados propositalmente fora do arranjo, dando-lhe um aspecto apresentável.

Delilah desceu as escadas, sendo acompanhada por Rosa, que a esperava do lado de fora do quarto. Apesar dos passos da dama, que buscavam acompanhar a caminhada da criada, Rosa insistia em deixar entre as duas um espaço considerável de dois degraus, como mandava o decoro. Uma criada nunca deveria estar ao lado de uma milady, tampouco a sua frente. Para Delilah, uma jovem ascendida das camadas baixas da sociedade, aquela era uma das várias regras sacramentadas que deveria seguir.

— Lady Lefrance. — Rosa pediu a palavra à mulher que as esperava no corredor. — A dama Westville já se encontra pronta para ser apresentada.

— Ótimo, Rosa. Fez um bom trabalho, como sempre. — Lady Lefrance, apesar de dialogar com Rosa, não a olhava, mas sim a jovem dama, que mantinha o olhar altivo mesmo diante dos olhos de águia da mulher.

Rosa abriu os lábios, pronta para justificar o engano de Lefrance. Mas Delilah, se pondo a frente da criada, sorriu com genuína certeza.

— Rosa é muito cuidadosa. Agradeço-a por toda a hospitalidade.

Rosa se surpreendeu com a capacidade da dama em mentir tão descaradamente, mas nada disse quando foi dispensada por Lefrance. Quando a criada saiu, a mulher mais velha ofereceu o braço a Delilah, guiando-a pelo corredor reluzente até chegarem na copa.

— Senhoritas. — A voz grave de Lefrance calou os burburinhos entre as donzelas que ali estavam, levando olhares curiosos até a garota que a acompanhava. Pigarreando, a dona do Instituto Lefrance pôs Delilah a sua frente, voltando a falar com entusiasmo. — Apresento-lhes a sua mais nova colega. A partir de hoje, contaremos com a presença de Lady Delilah Westville em nosso Instituto. Espero que todas a recebam de braços abertos.

Delilah sentia-se como um dos pobres leitões que eram escolhidos para o abate, nas fazendas vizinhas. Não gostava de ouvir os momentos finais dos pobres animais, e por uma pequena época de sua vida, teve ânsias apenas ao ouvir falar em alimentos suínos.

Mas nem por isso abaixaria o olhar. Poderia estar se sentindo exposta e triturada até os ossos, mas não recuaria. Olhos distintos a observavam, alguns gentis e outros nem tanto. Havia desdém, zombaria e dúvida em muitos deles, disfarçados de dizeres que desejavam a melhor das estadias para a dama. Delilah assentiu e se dirigiu à cadeira preparada para ela, só então parando para notar o banquete que a esperava.

Partes de ave, sopas, ovos cozidos e saladas eram alguns dos alimentos daquela mesa cheia. Delilah esperou que a servissem, detestando aquele decoro que a impedia de pegar a própria comida. Não possuía duas mãos?

— Ah, Lady Lefrance. — Uma das jovens se levantava, pedindo a palavra para a mulher que se sentava no centro da mesa. — Lady Amelie D'Montfort pediu que lhe avisasse de sua ausência.

— Aconteceu algo com a querida Amelie? — Zoeh arqueou a sobrancelha, erguendo a mão para instruir a criada que lhe servia a sopa. Sem agradecimentos, Delilah observou.

— Nada de grave. Lady Amelie sofre de uma pequena indisposição, mas com as graças da Deusa, há de estar conosco na próxima refeição.

Zoeh assentiu, instruindo a todas que agracedessem pelo alimento que lhes era servido. Juntando as mãos e entoando preces de agradecimento, as jovens do Instituto pareciam perfeitamente adoráveis sob a instrução da influente Lady Zoeh. Agradecer à Deusa também era um costume para os Westville, mas Delilah não deixava de se sentir mal pela brusca diferença entre a mesa que habitava agora, e a mesa que por tantos anos abrigou a si e a sua família em todas as refeições.

Delilah agradeceu à criada que terminava de lhe servir, e por um segundo, o olhar que a mulher lhe dirigia era a prova que agradecimentos era um acontecimento raro por ali. Se limitou a sorrir quando necessário e comer, e por mais que o lugar inicialmente não lhe agradasse, não poderia dizer o mesmo da comida.

Em um dos momentos em que as conversas preenchiam o espaço quase vazio dos pratos, o assunto chegou até Delilah, que degustava a sopa. Erguendo o olhar, Delilah encontrou o meio sorriso da mesma jovem que outrora mencionou o estado de saúde da jovem ausente.

— É realmente uma pena que Lady Amelie não esteja aqui. De certo, entre todas nós, ela é a pessoa que mais queria lhe ver.

Lady Amelie... D'Montfort. Apesar da menção não lhe trazer nenhum rosto, o nome à levava as lembranças dos dias em que o pai chegava exausto, retirando as apertadas vestes que as intermináveis assembleias o obrigavam a comparecer. E todas as vezes que Austina, sua mãe, perguntava-lhe sobre os acontecimentos de tal reunião, essas eram as seguintes palavras que saíam dos lábios de Garon:

As negociações continuam travadas... Aquele pária do Lord D'Montfort. Insiste em dizer que não temos direitos legais aos títulos concedidos pela Coroa. Calhorda! Sacripanta!

— Certamente. — Delilah forçou um sorriso, retendo-se às lembranças das palavras do seu pai. Se o homem era um estorvo... Não podia esperar algo diferente da filha. Mas precisava ver para crer.

— É verdade que você é uma... Nova Rica? — Uma outra garota entrava na conversa, sussurrando a palavra final como se estivesse proferindo uma palavra de baixo calão. Nesse momento, o olhar de todas recaia em cima de Delilah, até o de Lady Lefrance, que esperava com uma rigidez severa pela resposta da dama.

— Se eu disser que sim, significa que estou em um patamar aquém das senhoritas?

— Oh, não! A Deusa sabe que esse pensamento jamais passou pela minha cabeça. Minha pergunta é exclusivamente retida ao posto que a senhorita ocupa agora, já que tramita um projeto que...

— Refere-se ao desejo de alguns Nobres Reais para que "voltemos ao nosso lugar?" — Delilah fechou o punho, mantendo uma calma forçada. — Meu pai lutará para que isso não aconteça. Nós, Novos Nobres, carregamos tanta justiça ao ostentar nossos títulos quanto as senhoritas e suas famílias. Diferente do pensamento de parte deste grupo, alçamos uma nova posição pelo resultado do esforço de anos de trabalho exaustivo, focado unicamente no fornecimento e mantimento das boas condições em que as senhoritas estão aqui. Se podemos compartilhar uma refeição como essa, é por que há na base, pessoas que estão abdicando de tal privilégio para prover os seus. É mais do que justo que sejam recompensados por tal contribuição.

O silêncio se alastrava na mesa tal qual abelhas se amontoavam em compotas açucaradas. As jovens entreolharam-se, seguindo o olhar para Lady Lefrance, que nada dizia, apesar de algumas veias em sua testa indicarem a sua preocupação com o assunto atual e a posição de Delilah frente à discussão. A donzela enfrentaria bailes com opiniões muito mais ferrenhas que o pouco conhecimento das jovens presentes, e estaria perdida se a resposta acompanhasse o seu rápido pensamento. Uma donzela não deve ter respostas tão agressivas.

— Estão liberadas. — Zoeh se levantou, fazendo o seu longo vestido cair como cascata pelo tapete aveludado. — E mais uma vez, Delilah... Espero que a sua estadia a ajude a aprender os pormenores de sua nova posição social.

Todas se levantaram, mantendo a cabeça abaixada até que a mulher de maior posição se retirasse do cômodo. Em tese, estavam livres a partir daquele momento, e Delilah não podia desejar mais para voltar ao seu quarto, fugindo dos olhares que ainda permaneciam e os cochichos que sabia ser sobre ela. No entanto, seus planos de voltar ao único lugar que ainda lhe dava algum prazer foram derrubados pela apresentação de uma jovem de boa aparência.

— Lady Delilah? — A jovem iniciou. — Sou Cedritte Tremunt, da Casa Tremunt. Peço desculpas pela intromissão das minhas colegas.

— Não precisa se desculpar, Lady Cedritte. — Delilah sorriu, observando os traços da jovem. Cedritte usava um vestido vermelho, que bem constratava com a sua pele clara e o tom avermelhado de suas bochechas. — Não se sinta culpada por algo que não fez.

— Eu queria dizer que a senhorita terá uma boa estadia aqui, mas... Creio já ter visto um pouco de como os dias são por aqui. Ainda fingimos entrosamento quando estamos com Lady Zoeh, mas a verdade é que todas apenas se importam com os objetivos próprios.

— E a senhorita tem alguma dica do que devo fazer para ter o mínimo de harmonia nesse Instituto?

— Se a senhorita aceitar me acompanhar em uma caminhada... Conto-lhe tudo o que precisa saber.

Delilah e Cedritte se entreolharam, cúmplices. Deixando a copa, as damas percorriam os corredores que as levariam até o exterior da residência, arbóreo e de aparência calma, constratando com as cores vibrantes do lado de dentro.

— Primeiro, devo-lhe alertar sobre Lady Amelie D'Montfort.

— A senhorita indisposta?

— A própria. Conhecendo-a, tenho certeza que arma algo para a senhorita... Lady Amelie é imprevisível.

— Qual motivo ela teria para me pregar uma peça? Não nos conhecemos para que Lady Amelie tenha tal vontade.

— Ah, a Lady Amelie não precisa de motivos. Quando sente que algo atrapalhará a sua hegemonia, ela ataca. É a pior das damas de Terithia, e a mais perigosa de se ter como inimiga.

Delilah anotou mentalmente os alertas da nova amiga, enquanto as duas caminhavam pelas alamedas bem cuidadas.

— E a jovem que me importunou há pouco?

— Lady Jollie Braulliet. — Cedritte confidenciou. — Uma das melhores amigas de Lady Amelie. É outra dama que eu não desejaria que fosse a minha inimiga.

— Interessante. — Delilah riu, encarando momentaneamente o céu. Quer dizer que seus próximos dias se resumiriam a fugir de nobres esnobes, se preparar para bailes e recusar cavalheiros de péssimas intenções? Talvez fosse divertido.

— Digo com certeza que não é bom criar problemas com a família de tais garotas. Por favor, não se esqueça disso.

Delilah assentiu e em seguida, terminado os avisos, as duas prosseguiram em conversas sobre o dia a dia no Instituto. A jovem Westville fez uma careta ao ouvir que as senhoritas da casa desfrutavam de dias agradáveis bordando, tocando piano e imersas em planos casamenteiros. Resumindo: ficavam presas naquela casa.

🜲🜲🜲

Quando foram solicitadas para o chá das 5, Delilah e Cedritte entraram juntas no salão, aumentando os cochichos que já pairavam nas paredes do Instituto quando duas das jovens a viram no jardim. Sentaram-se juntas, compartilhando sorrisos e comentários sobre o bolo de banana que lhes era servido.

Nas escadas, os degraus pareciam tremular diante dos pés que os pisavam. Atrás da garota, a criada de busto estufado para frente limpava a voz, apresentando a jovem que olhava para frente, como uma perfeita rainha.

— Lady Lefrance. Minha milady já se encontra em perfeita disposição para partilhar desta refeição com suas adoráveis colegas.

Lady Lefrance assentiu, dispensando a criada que se retirou com um sorriso no rosto. Amelie caminhava de maneira impecável, fazendo todos os olhares se voltarem à sua movimentação. Até os olhos castanhos de Delilah, que estudava a filha do Lord D'Montfort. Um pária, segundo o seu pai.

— Peço licença a todas para me ausentar, pois o dever me chama. Desejo a todas uma ótima refeição.

Lady Lefrance deixava as jovens, que terminavam de se acomodar nos assentos preparados. Algumas, antes de se sentar, abriam espaço para a jovem de mechas ruivas, que olhava para os lados, mas sem encarar um rosto específico de fato.

— Lady Amelie! Ficamos extremamente felizes com a volta da senhorita. Ah, a Deusa sabe como torcemos... — Amelie levantava a palma, calando Lady Braulliet, que tagarelava atrás de si com entusiasmo. Os olhos convencidos da jovem, que outrora expressavam tédio, pareciam ter encontrado diversão.

— Esse lugar é meu. — As garotas se entreolharam, com um fino risco de suor descendo-lhes pela testa. Mas nenhuma delas era o alvo do olhar petrificante, mas sim aquela que mais pensava não ser referente a ela. — Ei, plebeia. Saia.

Os rostos empalideceram. Cedritte apertava a mão de Delilah, mas sem sucesso. Erguendo o olhar e encontrando o azul das pupilas de Amelie, a jovem demonstrava, de uma maneira irônica, não ter entendido a expressão.

— Está falando comigo?

— Há de ter outra plebeia nesse recinto!?

— Lady Amelie. — Cedritte intercedeu. — Há vários outros lugares que a senhorita pode se sentar. Ou se quiser, podemos eu e Lady Delilah...

— Calada, Tremunt. — Amelie a cortava sem nem mesmo olhar para os olhos arregalados de Cedritte. — A senhorita é uma decepção. Esquece de tudo o que o meu pai fez por sua família? Como os ajudamos quando estiveram na lama?

Cedritte se encolheu, negando com a cabeça, e as outras, nem ousavam se meter. Percebendo a hegemonia a qual a nova amiga tinha se referido, Delilah se recusava a ser parte dela.

— Obrigada, Cedritte, mas você não precisa se prejudicar por minha causa. — Delilah se levantou, ficando de igual para igual com Amelie. — E respondendo-lhe, Lady Amelie, não há plebeia alguma aqui. Mas, se estiver se referindo a minha posição antes de residir aqui, então não negarei. O que para a senhorita é motivo de escárnio, para mim, é o maior orgulho que poderia ter.

— Ascender de uma camada baixa? — Amelie riu, negando com a cabeça. – O que ganha tendo conhecido o lixo?

— A garantia que eu nunca vou ser como a senhorita, ou como alguém da sua família. Por ter vindo do lixo, como a senhorita bem diz, sei e tenho princípios que uma pessoa da sua posição nunca poderia ter.

— O que sabe sobre a minha família!? — Amelie ria, transparecendo a raiva que sentia em estar no mesmo ambiente que Delilah. Sabia do sangue Westville que corria em suas veias, e das batalhas que os pais de ambas as jovens travavam. Por isso, quando descobriu que a filha de Garon Westville residiria no mesmo lugar que ela, jurou destruí-la desde o primeiro dia em que a jovem colocasse seus pés ali.

— Graças a Deusa, nada que possa aumentar o meu asco por gente como vocês. Mas se quer saber o que acho da sua família, vejo-os como usurpadores, e o seu pai, o Lord D'Montfort, é um homem perverso que...

Delilah continuaria a despejar toda a raiva que sentia não só pelos D'Montfort, influenciada por seu pai, mas pelos Nobres Reais em geral. Aquela camada da sociedade que a odiava por existir era mais suja que os rios de esgoto a céu aberto que encontrava no caminho de sua antiga casa.

No entanto, a jovem se calou quando a surpresa daquela xícara a acertou, respingando em seu rosto e vestes. As jovens levaram as mãos aos lábios, algumas prenderam a respiração, outras pediam a Deusa que toda a agitação tivesse fim. Sentindo a temperatura do líquido, Delilah olhava para baixo, onde uma mancha repousava em seu busto. Amelie a encarava de maneira vitoriosa, quase rindo de sua situação.

Delilah se lembrou das vezes que estava ao lado do seu pai na feira livre. Na praça central, via aquelas senhoras com chapéus pomposos e suas filhas protegidas do sol pelas criadas que suavam para acompanhá-las. Para eles, os Nobres, eram assim que as coisas eram. Amelie foi ensinada dessa forma a tratar quem era inferior à ela, e Delilah não podia imaginar quantas pobres criadas já haviam passado por situações parecidas. Mas aquela garota mimada teria a sua lição.

Delilah pediu licença a Cedritte para pegar a sua xícara, e em um ato de extrema raiva, a jovem devolveu a "gentileza". Amelie piscava os olhos, paralisada, sentindo os pingos do líquido escorrerem pelo cabelo recém encaracolado. Além dos fios ruivos, seu pescoço criava um pequeno rastro molhado, molhando o colo.

— A senhorita não fez isso.

Oh, além de abusada, não é tão inteligente? Ou está tão acostumada a tratar as pessoas como nada, que achou mesmo que nada lhe aconteceria? No "lixo", é assim que resolvemos as coisas.

As garotas acompanhavam a discussão com ambas as mãos ao peito, sendo aquela a primeira vez que viam Lady Amelie de uma maneira tão vulnerável. Delilah sorriu, parecendo saber exatamente qual os pensamentos das presentes. Amelie também sabia, pois passado o intervalo de um minuto em que ambas apenas se encaravam, a jovem avançou, segurando os cabelos castanhos de Delilah.

As jovens brigavam, batiam e revidavam enquanto as outras jovens tentavam separar. Duas delas correram ao encontro de Lady Lefrance, e todas se perguntaram por que ninguém havia feito isso antes. Nem mesmo as criadas, que chegavam antes da dona do Instituto, foram capazes de afastá-las. Delilah levava a melhor, desgrenhando a outra, e preenchendo de vermelho a parte dos braços que estavam desnudas.

— Por acaso, alguma das senhoritas é capaz de me explicar o que está acontecendo!?

Lady Lefrance batia as mãos, criando um som capaz de apaziguar a confusão criada no salão. As jovens presentes se afastaram, empalidecidas, e as criadas se curvaram, se colocando à disposição. Todas deixaram um espaço onde a verdadeira confusão acontecia, e bastou que o som da voz rígida de Zoeh chegasse até as damas atracadas, Amelie e Delilah se soltaram, evidenciando os resultados da briga que partilharam. Cabelos desgrenhados, vestidos amassados e totalmente fora do estado apropriado para damas de requinte. Entreolhando-se, ofegantes, e em seguida olhando para Zoeh, que as observava com os olhos semicerrados, elas partilhavam o mesmo pensamento: Estavam muito, muito encrencadas.

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