Capítulo 32
Eu encontrei o amor da minha vida
Espera, quero dizer, os amores da minha vida
Minhas almas gêmeas, meus anjos
Minhas razões pelas quais sou grata
Não preciso de um anel ou uma promessa
Eu tenho as de sempre por perto
Elas são perfeitas, não têm preço
Para sempre como diamantes
Minhas amigas são o mеu namorado
Não há ninguém que me conheça mеlhor
Até que o para sempre nos separe
É, nós vamos festejar juntas
Todas as minhas amigas são o meu namorado
Mas elas não vão manchar minha maquiagem
É, minhas amigas são o meu namorado
Mas nós nunca vamos terminar
(My Girlfriends Are My Boyfriend - Demi Lovato, Saweetie)
*Anastasia Byers*
Era sábado, quase hora do almoço, e minha mãe chegaria do trabalho a qualquer instante, assim poderíamos almoçar todos juntos. Estava em silêncio sentada na cadeira da escrivaninha em meu quarto, com meu velho caderno preto aberto. Eu rabiscava alguns rascunhos de algumas letras para novas músicas. Talvez, todo esse caos de sentimentos que passei durante essa semana acabem sendo um tanto proveitosos, afinal, se essas músicas ficassem melhores que as outras, poderíamos levar uma delas para a competição que aconteceria no começo do ano seguinte.
Terminei de apagar uma frase quando ouvi a campainha tocar. Jonathan estava na sala, então nem me importei em levantar, talvez fosse apenas um comerciante, ou então Nancy, ou até mesmo os amigos de Will, que quando não estavam na casa de Mike, estavam aqui. Porém, tudo ficou muito quieto, e nem tive tempo de achar estranho, já que minha porta foi rapidamente aberta de repente. Busquei quem havia feito isso, com as sobrancelhas franzidas, e me surpreendi um pouco ao ver Genevieve, Nancy e Robin do lado de dentro, com sorrisos cúmplices nos lábios.
— Se arruma, Nas, vamos sair. — Genevieve fez uma pausa. — Só garotas hoje. — concluiu, com um olhar vitorioso e alegre.
— Não sei se eu tô muito no clima... — Eu comecei a dizer, mas Nancy deu um passo à frente.
— Calada. Se arruma. — Ela disse, cruzando os braços. Ergui as sobrancelhas.
— E pra onde vocês vão me levar? — perguntei de novo.
— Não interessa. Se arruma, porra. — Robin, tão delicada, deu a palavra final.
Revirei os olhos, mas segurei um sorriso, as três ali estavam me divertindo. Olhei para elas, como se perguntassem se elas iriam ficar ali enquanto me trocasse, e a desculpa que Genevieve deu foi a de que era para elas ficarem de olho caso eu tentasse fugir de alguma maneira. Eu soltei uma risada sincera com a resposta, mas me convenceu e me arrumei na frente delas. Coloquei uma roupa confortável, porém bem dentro do meu estilo, e mesmo sem saber para onde eu ia, marquei levemente meus olhos com maquiagem, como sempre gostei de fazer, deixava a cor clara deles mais intensa.
— Pronto, pra onde vamos? — perguntei de novo a elas enquanto pegava uma bolsa com documentos.
— Almoço, depois vamos ao karaokê novo que abriu no centro. — Genevieve respondeu, e percebi que ela segurava um sorriso muito maior do que estava no seu rosto.
— Estava louca pra conhecer esse lugar. — comentei, sentindo uma felicidade genuína consumir meu peito. O sorriso de Genevieve se abriu mais.
— Eu sei. — Ela deu pulinhos, animada. — Vamos.
(...)
Almoçamos em um restaurante próximo ao karaokê, que pensei funcionar apenas de noite, mas desde que abriu recebeu tanta demanda que acabou funcionando quase o dia todo.
Estar com elas já estava fazendo meu dia valer muito a pena. Minhas amigas sempre saberiam me deixar mais leve, mesmo quando falávamos sobre assuntos aleatórios, eu poderia agir como uma criança na presença delas, que a reação seria entrar na mesma vibração que a minha e agir da mesma forma.
Após o almoço, Nancy estacionou seu carro próximo ao karaokê, e ao entrar, encarei o lugar com um sorriso no rosto. Era iluminado por luzes coloridas e tinha as janelas pintadas de tinta escura, dando a impressão de uma boate em plena luz do dia. Algumas mesas com cadeiras estavam dispostas no meio, e nos cantos as mesas com bancos acolchoados e em forma de meio círculo, e foi em uma dessas que escolhemos sentar, bem próxima do palco.
Estava mais cheio do que eu esperava por conta do horário e algum garoto cantava uma música animada no microfone. Eu amava a ideia de karaokê por isso, não era necessário talento para cantar e se divertir, e é isso que a música realmente significa; diversão.
Ao nos aconchegarmos, uma garçonete veio em nossa direção e eu precisei parar para prestar a atenção nela. Tinha os cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo alto, com alguns fios da franja soltos pelo rosto de forma sexy. Nos lábios ela usava um batom vermelho que combinava com seu cabelo e o uniforme... Tão decotado, quase me perdi ao olhar. Ela era linda, com certeza, e gostosa, não podia deixar de dizer. Coloquei minha melhor expressão maliciosa no rosto enquanto a encarava de cima a baixo.
— Bem-vindas, meu nome é Aurora. O cardápio, quando precisarem de mim é só chamar. — Ela disse entregando o cardápio com um sorriso simpático no rosto.
— Pode apostar que chamamos. — Eu disse.
Sorri em sua direção enquanto passava os olhos mais uma vez por todo seu corpo. Aurora colocou uma das mechas ruivas atrás da orelha e sorriu de volta, mas olhava em meus olhos e só por isso percebi que ela gostou da minha investida.
— Você não dá um tempo? — Genevieve perguntou, segurando a risada.
— Gen B, você viu aquela mulher? Preciso fazer meu papel. — respondi e ri junto com minhas amigas.
— E que papel seria esse? — Nancy tomou a palavra.
— De uma rockstar, querida. — Pisquei em sua direção fazendo graça.
— Preciso de umas aulas. — Robin disse dessa vez e me arrancou mais uma risada sincera.
Após alguns segundos depois de decidirmos os drinks que iríamos pedir, fiz questão de chamar Aurora de volta, que caminhou até a mesa rebolando um pouco mais que antes e com mais um sorriso no rosto. Passei a língua pelos lábios, trocando um longo olhar com ela antes de pedir. Estava me sentindo tão bem naquele momento, era assim que eu era, não alguém que chorava por conta de um garoto idiota. Finalmente sentia mais a minha essência.
Depois de alguns drinks, Genevieve subiu ao palco e escolheu a música Jolene, de Dolly Parton, para cantar. Ela tinha um sorriso no rosto enquanto cantava, mesmo que a letra não fosse tão alegre assim. Como ótimas amigas, eu, Robin e Nancy batíamos palmas e cantávamos com ela como se estivéssemos em um show. Felicidade era o que eu estava sentindo, e jamais conseguiria agradecê-las tanto por isso.
— Nas, você precisa cantar. — Gen disse ao descer do palco, me puxando pelos pulsos.
É óbvio que eu não negaria. Cantar era minha paixão, e ser o centro das atenções era meu hobby predileto, então eu subi ao palco, peguei o microfone e com certeza daria tudo de mim. Escolhi Separate Ways, de Journey, e ao ouvir os primeiros acordes, comecei a dançar no mesmo ritmo.
— Here we stand. — Comecei, carregando minha voz e o talento que eu sabia que tinha. — Worlds apart, hearts broken in two, two, two... — Olhei para minhas amigas. — Sleepless nights. Losing ground, I'm reaching for you, you, you... — Apontei para cada uma delas, sentindo suas energias me contagiarem.
As meninas gritaram e se aproximaram mais do palco, percebi as pessoas das outras mesas, quase todas ocupadas, virarem a cabeça para mim e sorrirem, logo se deixando levar pela música. Quando cheguei ao refrão, dancei junto, observando algumas pessoas se levantarem de onde estavam e se colocarem ao lado de Nancy, Robin e Genevieve na frente do palco.
— Someday, love will find you. Break those chains that bind you. — Cantei para cada um ali, como se estivesse em um show. — One night will remind you, how we touched and went our separate ways.
Ao terminar a música, fui recebida por aplausos de todos os presentes no recinto, inclusive da garçonete Aurora, que me encarou de cima a baixo, do mesmo jeito que eu fiz com ela momentos antes. Sorri largo e agradeci, enquanto pedidos para que eu cantasse mais uma chegavam até mim.
Cantei mais algumas músicas, convenci as meninas para que me acompanhassem em outras, e assim passamos uma deliciosa tarde, nos divertindo e nos apreciando. Antes que eu fosse embora, Aurora me informou rapidamente seus horários, e combinei de encontrá-la no fim de seu expediente algum dia, inclusive a chamei para assistir a um show no Hideout, e ela disse que iria.
Entre risadas, Nancy dirigiu até a casa de Genevieve, e foi quando percebi que elas tinham um ótimo cronograma. Angeline e George não estavam em casa, saíram para comemorar o aniversário de casamento, então estávamos sozinhas. Sentamos em alguns bancos confortáveis que existiam no jardim dentro da casa, no mesmo lugar onde aconteceu a festa do meu aniversário. Gen e Nancy foram até a cozinha rapidamente e quando voltaram, traziam duas garrafas abertas de vinho e quatro taças.
— Agora é a hora que tomamos vinho e abrimos nossos corações. — Genevieve disse enquanto servia as taças e nos estendia cada uma. Franzi as sobrancelhas.
— Por que não começa, Nas? — Nancy perguntou.
Dei um longo gole no vinho encarando intensamente cada uma delas. As três se entreolharam um pouco receosas, mas com o mesmo olhar cúmplice que tinham quando foram me buscar. Finalmente entendi o que estava acontecendo, e mais uma vez, tudo voltava a Billy Hargrove. Meu irmão ou Eddie deveriam ter comentado alguma coisa, já que eu contava quase tudo a Jonathan, e estava particularmente aérea nos ensaios da banda essa semana. Ou então, Genevieve apenas me conhecia muito bem.
— Já entendi por que fizeram isso tudo. — comentei, ainda encarando cada uma delas. — Mas está tudo bem, é sério. — O silêncio prevaleceu durante alguns segundos.
— Não está tudo bem. Nós todas vimos aquela cena ridícula de pedido de namoro. — Genevieve comentou, e me olhava nos olhos.
— Eles estão apaixonados, é o que acontece quando existe um pedido de namoro. — O sarcasmo em minha voz só servia para esconder a leve dor que se fez presente por conta das minhas próprias palavras.
— Ah, sem essa, Byers. — Robin disse, enquanto revirava os olhos. — Aquilo foi patético. Billy sempre deixou Amber de lado, principalmente quando você estava no mesmo lugar que eles. — Ela tomou um gole do vinho após terminar a frase.
— Sempre foi nítida a química entre vocês, Nas, só estamos preocupadas com o quanto isso tudo te afetou. — Nancy tomou a palavra.
— Não me afetou, por que acham que me afetou? — Ainda fiz de tudo para fingir desinteresse no assunto. — Era só sexo...
— Anastasia. — Genevieve me cortou, e me encarava séria. — Como está realmente se sentindo? — Sua pergunta me atingiu em cheio. — Podemos apenas escutar, se quiser. Aliás, finja que nem estamos aqui. — Seu olhar era profundo, e mais uma vez senti vontade de chorar. Porém mais do que isso, me senti confortável o suficiente para dizer a verdade, o que quase nunca acontecia longe do meu irmão gêmeo.
— Estou confusa. — Eu disse finalmente. — Na verdade estou com raiva... — Fiz uma pausa, e não olhei para elas enquanto falava. — Não pelo namoro ou o pedido, mas sim por isso tudo me atingir de formas que não consigo explicar.
Suspirei pesado, tomei um longo gole de vinho e encarei as estrelas no céu. Por um momento lembrei do dia em que fumei um baseado com Billy, após meu pai aparecer de surpresa em casa. Me lembro de encarar o céu e me perder nas estrelas, e mais do que isso, me sentia confortável porque ele estava lá.
— De todo mundo que já transei... Por que ele? — perguntei, mais para mim mesma do que para elas. — O que esse idiota tem de diferente? O que eu sinto exatamente por ele? — Fiz uma pausa, e finalmente olhei para elas de novo. — Estou confusa. — repeti o que havia dito antes.
Como Gen havia dito, elas não responderam uma palavra, mas me lançaram olhares e energias reconfortantes. Mesmo em silêncio, elas conseguiam dizer: "Estamos aqui, vai ficar tudo bem", e isso fez meu coração perder um peso imenso que eu nem sequer sabia que carregava. Eu amava aquelas garotas e tinha certeza que poderia contar com elas, assim como elas poderiam contar comigo. Para tudo.
(...)
Quase duas horas se passaram, e a segunda garrafa de vinho já tinha acabado. Nós quatro estávamos já alteradas, o que nos fazia rir cada vez mais e conversar sobre qualquer assunto que fosse. Dessa vez, Genevieve falava, mais abertamente, sobre seus momentos com Eddie, sem parecer sentir vergonha nenhuma.
— Ele usou as algemas. — Sua frase fez com que arregalássemos os olhos todas juntas, em choque.
— E então? — perguntei, me sentindo estranhamente ansiosa pelo mistério que minha melhor amiga fazia.
— E eu amei. — Ela disse. — Nunca gozei tão rápido. — Ela concluiu com a voz arrastada.
Soltei uma gargalhada alta, com certeza ela não diria nada parecido se estivesse sóbria e esse fato apenas deixava tudo mais engraçado para mim. Robin fez uma careta enquanto Nancy colocou a mão na boca, mas ambas riam sem parar também, enquanto Genevieve tinha um olhar satisfeito.
— Ele já usou com você, Nas? — Ela perguntou, o que me assustou um pouco de início, mas lembrei que ela já estava extremamente tranquila sobre eu e Eddie já termos transado antes.
— Se ele se atrevesse a tentar, eu o socava. — respondi, arrancando mais risadas divertidas e genuínas de cada uma delas.
A noite continuou com inúmeros assuntos. Em algum momento, Nancy se sentiu confortável para falar sobre seus momentos íntimos com meu irmão. Fiz uma careta e pedi para que ela não continuasse, mas ela não ligou e deu alguns detalhes que eu gostaria de esquecer. E com isso, lá se ia a terceira garrafa de vinho.
— E o lance com a Vickie? Como está? — perguntei a Robin em algum momento.
— Ah, nós quase nos beijamos outro dia. — Ela suspirou, parecia apaixonada. — O cheiro dela é muito bom. — Ela bebeu o vinho e encarou algum ponto aleatório, com um sorriso fraco no rosto.
— Cara, você é muito gay. — Meu comentário arrancou mais gargalhadas.
— Olha quem fala, não podia olhar pra aquela garçonete hoje que já a comia com os olhos. — Robin rebateu.
Dei de ombros, mas sorri largo enquanto tomava um último gole de vinho. Após mais uma garrafa, vimos já ser um pouco tarde, então ajudamos Genevieve a limpar tudo e a arrumar alguns colchões pela sala grande de estar. Na verdade tentamos, porque mais tropeçávamos e ríamos do que realmente fazíamos alguma coisa. Estando tão bêbadas assim, óbvio que não voltaríamos para nossas casas e Gen disse que os pais já sabiam que nós dormiríamos lá.
Brooks nos emprestou pijamas, que ela tinha aos montes. Fiz uma careta ao observar os ursos sorrindo no meu pijama rosa, mas Genevieve apenas deu de ombros e sorriu. Quando já estávamos prontas, deitamos cada uma em um colchão.
— Boa noite a todas, amo vocês. — Genevieve disse e deu um beijinho na testa de cada uma, quase caindo em cima de mim quando veio ao meu lado.
Ajudei minha amiga a se deitar e logo me acomodei de novo, não demorando para dormir feito uma pedra, mais uma vez agradecendo de coração por ter aquelas meninas comigo.
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OIIII, mais um capítulo procêis, e vou confessar q tá sendo um dos meus favs, quero fazer um cap assim há meses, e saiu esse! espero que tenham gostado
é issuuuu, não esqueçam da estrelinha e de comentarem bastanteeee, não precisa de timidez, me ajuda mto a saber o q estão achando!!
Bjin procêis💙
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