Capítulo 24

Um centavo pelos seus pensamentos, eu sei o que você quer
Eu posso ler sua mente mesmo que escondida
E foda-se o que está em seu telefone, deixe-me levá-la para casa, eu quero te levar para casa
Este é um caso especial, melhor agir como você sabe quem eu sou
(Special Affair - The Internet) 

*Anastasia Byers* 

   Algumas semanas se passaram depois daquele dia que ao mesmo tempo que foi o pior, também conseguiu terminar as mil maravilhas. Cheguei em casa um pouco tarde, o que preocupou meu irmão gêmeo e minha mãe, obviamente. Me desculpei com os dois e ficamos até a madrugada assistindo filme. Mamãe deixou que Will acompanhasse e ainda permitiu que faltássemos na aula no dia seguinte se quiséssemos. Eu aceitei obviamente, mas Jonathan acabou me arrastando com ele. Sempre tão certinho.

   Novidades também aconteceram. A construção do novo shopping Starcourt finalizou na cidade, e já havia virado uma verdadeira atração. No início não gostei muito dele, já que atrapalhou os negócios da loja onde minha mãe trabalha, e de outros comerciantes no centro da cidade, porém, não tinha como ficar de fora. Aquele lugar era diferente de tudo o que eu havia visto. Finalmente tínhamos o famoso cinema que havia surgido nas cidades grandes e era uma puta experiência assistir filmes naquela telona, eu ficava fascinada.

   Além disso, os shows da banda no Hideout toda terça-feira enchiam cada vez mais, em consequência, o cachê também aumentava cada vez mais, por isso, finalmente conseguia ajudar mais nas finanças de casa, aliviando um pouco minha mãe e Jonathan, que trabalhava no jornal da cidade.

   — Eu sabia que Corroded Coffin seria um sucesso.

   Era o que minha mãe dizia a cada vez que eu contava sobre uma ou duas pessoas a mais presentes no show. Ainda tínhamos um caminho longo pela frente, caso quiséssemos fazer sucesso, mas suas palavras sempre me animavam e me enchiam de coragem.

   Bom, hoje era sábado, o dia de folga das minhas amigas, e por uma feliz coincidência, estava um dia extremamente quente. Portanto, eu, Genevieve, Robin e Nancy combinamos de ir até a piscina comunitária da cidade. Eu dei a ideia, na verdade, porque além de me refrescar, também poderia observar um certo cara loiro e gostoso, com os olhos mais azuis que já vi na vida, trabalhar.

   Quando chegamos, avistamos algumas espreguiçadeiras disponíveis e já corremos para garantir quatro delas. Nos acomodamos e logo tiramos os shorts e regatas para que pudéssemos aproveitar o sol.

   — Eu sei muito bem por que nos trouxe aqui, Nas. — Genevieve começou a conversa, retirando seu óculos de sol da bolsa e colocando no rosto.

   — Ah, é claro, por conta do "gostoso" do salva vidas. — Nancy disse fazendo aspas com os dedos.

   — Por que as aspas, Nance? Ele é realmente um gostoso. — respondi, encostando a cabeça na espreguiçadeira e sorrindo travesso. Robin fez um barulho com a garganta.

   — Ugh, não sei o que você vê nele. — Ela disse, fazendo uma careta de nojo.

   — Robin, minha querida, é compreensível você não ver, já que ele é um homem. — Procurei seu rosto, um pouco tenso. — Vejo nele o que você vê em mim... — Fiz uma pausa. — E na Vickie.

   Robin arregalou os olhos na minha direção quando ouviu o nome da outra menina. Ela havia me contado sobre sua extrema atração por uma garota que fazia parte da banda da escola junto com ela. Porém, ela não havia contado para mais ninguém.

   — Então esse é o novo amor da Robin. Ela não queria me contar. — Genevieve disse, soltando uma risada adorável em seguida.

   — Vickie da banda da escola? Robin, por que não disse?

   A conversa se estendeu um pouco mais, com Robin tendo que responder inúmeras perguntas enquanto eu apenas ria da situação. Elas continuaram conversando até o momento em que desisti de continuar participando e decidi me refrescar um pouco na piscina. Entrei na água e precisei me acostumar um pouco porque ela estava mais fria do que parecia, mas depois o contato gelado foi a melhor sensação do dia até agora. Mergulhei por alguns segundos para molhar um pouco meu cabelo, — Não muito, porque meu cabelo descolorido não gostava muito do cloro — e em seguida encostei a cabeça na borda, aproveitando o momento.

   Saí depois de alguns minutos, satisfeita. Eu sentia alguns olhares sobre mim enquanto eu saía da água, afinal, minha fama de vadia era conhecida por muitos da cidade, mas por favor, eu também era uma belíssima vista. Não me importei, como sempre fazia, e terminei de sair da água, apertando um pouco meus cabelos. Estava encarando o chão no momento que vi uma sombra se aproximar de mim. Ergui meu rosto apenas para ver os olhos que me desestabilizavam tanto. Billy Hargrove.

   Ele segurava uma toalha em mãos, minha toalha na verdade. Procurei minhas amigas com o olhar, e vi que elas sorriam travesso em minha direção. Controlei eu mesma um sorriso antes de voltar o olhar até Billy enquanto pegava minha toalha de suas mãos. Seus olhos passaram por todo meu corpo, como sempre, mas ele parou na direção dos seios, obviamente olhando o piercing do lado direito marcando em baixo do biquíni preto. Ele passou a língua no lábio inferior, levando-me facilmente a loucura.

   — Não quer dar uma passada no banheiro? — Ele perguntou, aproximando o rosto da minha orelha, do jeito que ele sabia que me arrepiava.

   — Mas assim? Sem nem me pagar um sorvete antes? — Ironizei, mas mantive meu olhar tão intenso quanto o dele, completando com um sorriso sacana.

   Billy pareceu pensar por um momento, e após alguns segundos, vi um dos cantos dos seus lábios se erguer um pouco, deixando-o com uma feição ainda mais sacana que o normal.

   — Tudo bem. Quer ir tomar um sorvete hoje, boneca? — Sua fala me surpreendeu completamente. Franzi as sobrancelhas.

   — Está me convidando pra um encontro? — Billy riu nasalado com a minha pergunta, mas não negou.

   — Te pego hoje às seis. — Ele disse simplesmente.

   Mordi meu lábio inferior enquanto analisava a situação e o rosto perfeito desse garoto. Não controlei mais um sorriso sacana enquanto olhava em volta. Vi Amber, que sempre estava lá, me encarar, seu ódio no olhar era quase palpável. Sorri mais ainda.

   — Sabe que vão ter pessoas que não vão gostar nadinha de nos ver saindo juntos, não sabe? — provoquei, para ver se aquilo tudo era realmente verdade ou não. Billy se aproximou do meu ouvido mais uma vez.

   — Tá na hora de mostrar pra todos quem é o cara que te fode de verdade. — Ele carregou sua voz grossa ao dizer. Meu corpo foi ao delírio enquanto o fogo tomava conta dele todo. Billy se afastou ao perceber o que me causou.

   — Te vejo às seis. — Foi o que consegui dizer antes de me afastar, mas não sem antes trocar um último olhar intenso com ele.

   (...)

   Eram quase seis em ponto e eu corria pela casa terminando de me arrumar. Só faltava calçar um dos meus coturnos pretos para terminar de compor o visual, que consistia em um vestido curto e simples também na cor preta, e uma jaqueta de couro. Como ainda não havíamos chegado no verão em seu auge, as noites ainda eram mais frescas. Marquei meus olhos com a maquiagem um pouco menos que o normal, mas que me deixou satisfeita. Terminei colocando alguns anéis em quase todos os dedos e correntes prateadas no pescoço. Quando fiquei pronta, fui até a sala onde Jonathan estava com Nancy e minha mãe. Will provavelmente estaria na casa de Mike.

   — Uau, tá bonita. — Minha mãe disse. — Vai sair com quem? — Ela ergueu as sobrancelhas e sorriu, interessada na minha resposta.

   — É só um sorvete, mãe, nada demais. — respondi, mas óbvio que meu irmão não ia deixar essa passar.

   — Ela vai sair com o irmão da Maxine. — Nancy soltou uma risadinha cúmplice ao seu lado quando lancei um olhar sério para ele.

   — Ah, sim, o tal de Billy. — Minha mãe fez uma pausa. — Achei ele muito educado mas, querida... Ouvi algumas mães reclamando do comportamento dele com suas filhas... — Ela pareceu pensar, com uma careta preocupada no rosto.

   — Não se preocupe, mãezinha, eu juro que é só um sorvete. — Se ela soubesse o que eu e aquele garoto já fizemos sozinhos em um quarto, pensei enquanto a abraçava.

   — Só tome cuidado, por favor. — Ela completou, deixando um beijo em minha testa.

   Lancei um sorriso ao mesmo tempo que escutava uma buzina do lado de fora. Me despedi de todos na sala antes de caminhar até o carro novo e muito bem cuidado estacionado na frente da minha casa. Billy me esperava no interior com um cigarro na boca. Enquanto me aproximava, recebi um único olhar, de cima a baixo, muito lento. Ele analisava cada canto do meu corpo sem disfarçar e sem se importar se estaria olhando demais ou não. O jeito que ele me olhava sempre mexia comigo e naquela vez não estava sendo diferente. Por um momento esqueci do sorvete e quis levá-lo para o meu próprio quarto.

   — Cuidado pra não babar, baby. — Eu disse assim que entrei no carro. Billy piscou algumas vezes e logo colocou aquela feição relaxada porém sexy no rosto.

   — Se arrumou assim só pra mim, gata? — Ele continuou com a provocação e logo deu uma última tragada no cigarro, jogando-o longe pela janela em seguida.

   — Me arrumo por mim, querido, você é só um bônus. — Dei de ombros e olhei para frente, mas segurava um sorriso que tentava escapar. Billy riu, sexy e divertido.

   — Um bônus que você adora, confesse. — Voltei a olhá-lo.

   — Vai me levar pra tomar sorvete ou não?

   Ele sorriu largo com a minha pergunta, e antes de dar partida no carro, passou de novo seus olhos por todo meu corpo, por um momento senti calor com a jaqueta que eu usava. Abri meu vidro e me permiti aumentar o som. Rock You Like A Hurricane de Scorpions tocava alto, não resisti e cantei junto, com minha melhor voz rouca e afinada. Senti o olhar de Billy um pouco mais tímido em cima de mim, talvez estivesse evitando olhar muito, e os possíveis motivos para isso me intrigavam e me excitavam.

   Não demorou para que Billy finalmente parasse no estacionamento do shopping Starcourt, como sempre chamando atenção pela música alta, e dessa vez, muito provavelmente porque eu estava junto. Nunca havíamos chegado juntos em algum lugar antes, e muito provavelmente esse fato daria muito o que falar em uma cidade pequena como Hawkins. A vadia e o cafajeste da Califórnia, como não chamar a atenção?

   — Estão olhando. — Billy comentou enquanto caminhávamos até a sorveteria.

   — Você gosta, eu sei. — Ele sorriu de novo com o meu comentário. Até o sorriso desse maldito mexia comigo.

   Chegamos na sorveteria Scoops Ahoy, onde Steve e Robin começaram a trabalhar. Logo vi Harrington na recepção com uma careta de tédio e um uniforme extremamente ridículo, o qual eu já fiz muitas e muitas brincadeiras. Robin não estava, afinal, era seu dia de folga. Assim que nos viu, Steve arregalou os olhos e em seguida franziu as sobrancelhas, como eu disse, jamais haviam visto eu e Billy juntos assim.

   — Nas... — Ele cumprimentou, ainda com uma careta confusa. — Hargrove.

   Olhei para Billy, que apenas encarou o atendente com intensidade. Mas não a intensidade de sempre que ele tinha comigo, aquela encarada tinha alguma coisa de diferente. Ergui uma sobrancelha, achando aquele fato curioso, mas não disse nada sobre.

   — O de sempre, Steve. — pedi, cortando o silêncio, que começava a ficar incômodo, enquanto os dois se encaravam.

   — Claro, uma bola de chocolate e uma de mousse de maracujá. — Ele recitou, como um lema enquanto preparava meu sorvete.

   Ele me entregou a casquinha com uma quantidade considerável de sorvete nela e encarou Billy. Novamente, um pequeno silêncio se fez presente, revirei os olhos e quase interferi mais uma vez.

   — Duas bolas de caramelo, com calda de chocolate, por favor. — Billy abriu a boca. Percebi uma leve raiva misturada com ironia em sua voz.

   Steve atendeu o pedido, e após entregar o sorvete, Hargrove insistiu em pagar tanto o meu quanto o dele. Eu não fazia ideia do que estaria acontecendo com Billy aquele dia. Primeiro me chamou para sair, depois pagou meu sorvete, não era ele que não queria nada sério no começo? Não estou reclamando, ainda me sinto relaxada e incrivelmente bem com ele do lado, mas era um pouco inesperado.

   Sentamos em uma das mesas da sorveteria, Billy escolheu uma das mais afastadas, muito provavelmente para ficar longe de Steve, eu imaginava, mas não liguei. De início, um silêncio se instalou entre nós enquanto tomávamos o sorvete, mas não era ruim, na verdade era bem cômodo. Gostávamos de apreciar nossa própria companhia e isso já estava de ótimo tamanho para mim.

   — Chocolate e maracujá? Estranho. — Ele comentou, encarando o sorvete em sua mão.

   — Falou o que gosta de caramelo. — Fiz uma pausa. — E não é qualquer chocolate, tem que ser ao leite. — completei e o encarei orgulhosa de minha decisão.

   — E o meu tem que ser com calda de chocolate, caso não tenha prestado atenção.

   Ele sorriu e devolveu meu olhar finalmente. Ali não tinha a malícia e a sedução que sempre existiu. Naquele momento, havia um Billy diferente em minha frente. O brilho em seus olhos era puro, e o sorriso era genuíno, de um jeito que eu nunca havia visto antes. E surpreendentemente, aquele Billy também conseguiu mexer comigo de uma forma diferente. Suspirei enquanto sentia um frio na barriga, ainda trocando olhares com ele.

   Só desviei o olhar quando senti meu sorvete escorrer, e em um movimento involuntário passei meu dedo indicador pela boca, limpando qualquer resquício de sorvete que havia caído ali. Ouvi Billy respirar profundamente ao meu lado e o encarei de novo, dessa vez com meu dedo ainda nos meus lábios.

   — O que foi? — perguntei.

   Billy riu nasalado enquanto negava com a cabeça e desviava o olhar para seu próprio sorvete. Semicerrei os olhos em sua direção, ainda esperando por uma resposta. Hargrove me olhou de canto, e dessa vez olhou direto para a minha boca, que ainda fazia o trabalho de tirar o sorvete do meu dedo. Entendi o que tinha acontecido, mas fingi que ainda estava alheia a tudo. Controlando um sorriso sacana no rosto, lambi os outros dedos e em seguida o próprio sorvete, ainda com os olhos fixos no rosto dele.

   — Vou precisar te deixar no seu quarto hoje. — Ele disse, se aproximando. — Quem sabe não fico por lá?

   Nessa frase, o olhar e o sorriso que eu já estava acostumada voltaram. Também não reclamei, porque ver Billy me devorando com os olhos era incrivelmente satisfatório, além de fazer o meio de minhas pernas queimar drasticamente.

   — Sempre com alguma desculpa pra me foder, não é, baby? — Sussurrei dessa vez.

   Talvez quem estivesse do lado acharia que o jeito que nos encarávamos era quase que obsceno, mas eu não discutiria porque era mesmo. O fogo entre nós era sempre quase palpável, pelo menos para mim, e aquilo apenas me animava ainda mais. Eu não sabia descrever o que exatamente Billy me fazia sentir, mas com toda certeza era não apenas bom, mas como viciante.





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OIEEE! gente demorei, eu sei, tô meio atolada com o trabalho e agora que começou a faculdade, MAS, prometo tentar atualizar o mais rápido possível!!

próximo cap tem música nova que nossa Anastasia vai compor hihiiii espero que gostem e espero demais que estejam gostando

se puderem me dar o feedback aqui nos comentários, agradeceria mtooo... e não esqueçam a estrelinha

Bjin procêis♥️

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