Capítulo 19

Você é tão hipnotizante
Você poderia ser o diabo?
Você poderia ser um anjo?
Seu toque, magnetizante
Parece que estou flutuando
Deixa meu corpo brilhando
Eles dizem: tenha medo
Você não é como os outros
Amante futurista 
DNA diferente
Eles não te entendem 

Você é de um outro mundo
Uma dimensão diferente
Você abre meus olhos
E eu estou pronto para ir, me guie para a luz
(E.T - Katy Perry)

⚠️Capítulo com uso de drogas. Jamais façam o mesmo⚠️

*Billy Hargrove*

   Ainda de olhos fechados, sentia minha cabeça rodar e, além da dor absurda que se fazia presente, como se inúmeras agulhas fossem enfiadas em meu cérebro. Estava insuportável. Quando tomei coragem de abrir os olhos, tudo piorou, a leve claridade vinda da janela me atingiu em cheio, e senti meu estômago revirar com mais uma pontada de dor.

   Passei as mãos pelo cabelo e esfreguei meu rosto tentando me acostumar com o ambiente. Quando finalmente consegui identificar onde estava, vi um quarto que não era meu, com inúmeros posters colados pelas paredes, entre eles Metallica, Twisted Sister, Van Halen, e alguns outros que nem tentei identificar. Olhei mais um pouco e vi um baixo perfeitamente encaixado em um tripé e uma escrivaninha um pouco bagunçada e cheia de canetas.  Franzi o cenho, confuso, mas então me lembrei que já estive naquele quarto antes.

   Olhei mais um pouco ao redor, e quando finalmente coloquei os olhos na cama onde eu estava, vi Anastasia dormindo tranquilamente. Estava tão serena, sem a maquiagem preta que eu via em seus olhos todos os dias. Tão delicada como nunca foi, tão vulnerável como nunca deixava transparecer. Tão linda.

   Espantei o pensamento, me punindo pela distração que ela sempre me causava, e olhei para meu corpo. Eu usava apenas uma calça de moletom, que claramente não era minha. Não fazia ideia de onde minhas roupas estavam e muito menos em como eu fui parar ali. Forcei minha mente para lembrar, e com isso, outras memórias do dia anterior se fizeram presentes.

DIA ANTERIOR

   Era mais um dia de merda comum, naquela casa de bosta comum com aquele filho da puta que eu chamava de pai. Era final de tarde quando o velho pediu para que eu levasse Maxine até a casa da amiga para o ano novo. Recusei de imediato, e logo me puni completamente por isso. Prensado na parede, com Neil Hargrove empurrando o antebraço em meu pescoço, o ouvia dizer tudo o que eu já estava acostumado... Mas que ainda doía tanto.

   — Seu merdinha, não sei nem por que eu fui inventar de fazer você. — Ele disse, muito próximo do meu rosto. — Você não presta pra nada, seu garoto idiota. — Ele apertou mais meu pescoço. Uma lágrima desgraçada escorreu de um dos meus olhos. — Agora vai chorar, seu maricas? Nem homem direito você é.

   Ele me empurrou mais forte, fazendo-me engasgar levemente enquanto ele se afastava. Susan me encarava de longe, apavorada demais para dizer ou fazer alguma coisa. No fundo eu não a culpava, mas lancei um olhar mortal a ela, tentando achar alguém mais fraco que eu que pudesse descontar tudo.

   — Você vai levar Maxine sim, e vai buscá-la. — Meu pai terminou de vociferar. — Se aparecer aqui sem ela amanhã, acabo com a sua raça, está entendido? — Engoli em seco, sem conseguir responder. — Eu não ouvi.

   — Sim, senhor. — respondi, em um fio de voz.

   — FALA QUE NEM HOMEM, PORRA. — Ele gritou em meu rosto. Engoli em seco de novo.

   — Sim, senhor. — respondi com a voz mais alta dessa vez, fingindo a confiança que eu não tinha.

   Neil se afastou, junto de Susan. Lancei mais um olhar a ela, porém minha madrasta desviou, como se nem tivesse notado. Nenhuma delas tinha culpa, nem Susan, nem Maxine, eu sabia disso, mas eram as únicas em quem eu podia descontar. Na verdade, Max era a única, por esse motivo a tratava com desprezo, com raiva, com ódio. O ódio que eu tinha por Neil... E por mim.

   Como mandado, levei Max até a casa de Hopper e logo dirigi até a casa de Amber, onde o resto do time de basquete havia combinado de se encontrar antes da festa. Seria lá onde eu poderia extravasar e relaxar como eu gostaria, depois desse dia de merda.

   Quando cheguei, Amber se jogou em cima de mim, como sempre. Eu estava acostumado, mas confesso que era um verdadeiro porre. Ela não me excitava como uma certa garota fazia. Ela não me dava tesão e nem fazia direito na cama como Anastasia fazia. Outro motivo de ódio, por que eu me sentia tão atraído pela Byers? Garotas como ela não faziam meu tipo, mas ela... Ela era uma pura tentação, para dizer o mínimo. Ainda não sabia descrever e nem conseguia. Anastasia era extrema... Demais.

   Comecei virando uma garrafa de whiskey em menos de dez minutos, precisava sentir algo que não fosse angústia ou raiva. Amber caminhou até mim com um sorriso malicioso no rosto. Me controlei para não revirar os olhos, eu não estava no clima. Porém, ela mostrou em sua mão algo que me interessou. Um saquinho pequeno, com uma quantidade relativamente grande de um pó branco. Não evitei um sorriso, finalmente conseguindo o que eu queria.

   Depois dessa substância, matei umas quatro latas de cerveja e dois cigarros de uma vez, foi aí que todos decidiram seguir até a festa. Mesmo já alterado, não liguei em dirigir... Na verdade, não deixaria nenhum deles no controle do meu carro, mas eles não precisavam saber. Levei Amber, Chrissy e um tal de Jason Carver, novato no time de basquete. Os dois últimos pareciam estar se conhecendo melhor, mas não liguei, só queria chegar logo para poder ficar mais louco do que eu já estava. Ainda não havia sido suficiente para esquecer aquela tarde.

   Porém, todo o ódio que eu queria esquecer, se veio intensamente quando vi Anastasia trocando olhares com Steve Harrington. Um fogo subiu pelo meu peito, mas não o fogo comum que ela me dava, e sim raiva e ansiedade. Acendi mais um cigarro. Quis caminhar até ela e beija-la na frente de todos, para que soubessem quem era o homem que fodia Anastasia de verdade. Mas me controlei.

   Enquanto esperava a virada e o show da banda começar, Amber me chamou mais uma vez, trazendo um novo fardo de cerveja e mais um saquinho... Dessa vez, não era o pó branco, mas sim uns cristais pequenos e meio transparentes. Ela lambeu o próprio dedo, com uma careta maliciosa em minha direção. Entrei no seu jogo e a puxei pela cintura, mas eu só queria a droga, não queria ela.

   Amber enfiou o dedo no saquinho, e alguns cristais grudaram no dedo dela, e assim ela pediu para que eu abrisse a boca. Ela passou o dedo pela minha própria língua quando cedi ao seu pedido, e senti um leve gosto açucarado. Amber, então, puxou meu pescoço para mais perto, colando nossos lábios de forma bruta, fazendo com que compartilhássemos os cristais ainda grudados em minha língua.

   O beijo com ela não tinha nada demais. Não tinha fogo, não tinha sincronia, muito menos tesão. Que merda, Anastasia fodeu completamente com a minha cabeça. Senti ódio de novo, e apertei a cintura de Amber tentando fazer aquele sentimento desaparecer. Mas nem isso eu conseguia, já que nem cinco minutos depois eu ouvi a maldita voz de Anastasia soar pelo microfone.

   Não prestei muita atenção no que ela dizia, já que o efeito das drogas e da bebida começava a bater, mas mesmo assim acendi outro cigarro. Durante a contagem, virei mais uma lata de cerveja, logo aceitando um copo com vodka de um dos meninos. Minha cabeça rodava, mas fiz questão de assistir o show completo... E por que diabos eu fiz isso?

   Anastasia cantava e dançava provocativa, sensual, obscena e maravilhosa. Ela olhava para mim quase o show inteiro, o que apenas dificultava a minha situação. Já sentia meu amiguinho entre as pernas reagir, porque esse era o efeito que ela tinha em mim. Não precisava nem me tocar para que eu reagisse. E quando chegaram na última música, foi o momento do meu colapso.

   Eu já havia ouvido uma parte da música quando vi o ensaio deles outro dia, mas agora, com ela pronta, ouvindo cada palavra enquanto aquela desgraçada olhava diretamente para mim, foi demais. Virei mais um gole de vodka pura e tive que me controlar muito quando a vi descendo até o chão, se esfregando inteira naquele tripé enquanto cantava com a alma dela. Precisei tirar a jaqueta que usava, porque o calor que ela emanava era absurdo. Porra, eu iria morrer em qualquer momento. Aquela mulher não era desse mundo, não podia ser. Como ela tinha esse efeito todo em mim, e por quê?

   — Caralho, que gostosa. — Um dos jogadores comentou, nem me importei em lembrar seu nome, encarando Anastasia de cima a baixo. — Sabia que já quase transei com ela uma vez? Ela é bem experiente.

   Ódio. De novo o mais puro ódio subiu pela minha espinha. Quis virar na direção dele e soca-lo até que perdesse a consciência. Queria fazer o olhar dele se distanciar de Anastasia a qualquer custo. Mas não o fiz. Talvez o efeito forte das bebidas e das drogas tenham me segurado, mas com certeza, se eu estivesse um pouquinho melhor, viraria um soco na cara do filho da puta. Mais uma vez fiquei sem entender tudo o que aquela garota causava em mim.

   Voltei a procurá-la no palco, mas a banda já havia descido. Perdi ela de vista de novo, que merda. Acendi mais um cigarro, aquele dia era com certeza o dia que eu mais fumei na vida. Fui encontrar Anastasia de novo se divertindo com os amiguinhos patéticos dela... Patéticos porém fiéis, protetores e cuidadosos com ela. Depois de virar mais um copo de whiskey e de me perder no sorriso incrível que ela tinha, não lembrei de quase nada.

   Apenas flashes de um carro em andamento, de um chuveiro ligado e de um conforto imenso em algum momento da noite. Naquele flash, do conforto, com certeza foi o momento que mais consegui relaxar do dia, e infelizmente não sabia dizer se eu ainda usava alguma substância, ou se não, como eu conseguira aquilo.

   Voltando ao momento em que acordei, estava prestes a procurar minhas roupas pelo quarto, sem saber se havíamos transado ou não, e sem saber como diabos eu havia parado ali. Mas, depois de me mexer um pouco, quando olhei para ela de novo, dormindo tão tranquilamente, me perdi mais uma vez. Ela respirava leve, como se não existissem problemas.

   — Não está me encarando, está? — Sua voz saiu rouca, grave, senti meu corpo arrepiar com a surpresa.

   Não consegui responder, mas continuei olhando para ela, sem conseguir desviar, como se ela fosse magnética. Ela abriu os olhos lentamente, revelando as íris azuladas penetrantes que ela tinha. Ela esfregou uma das mãos no rosto e se alongou, soltando um grunhido fino ao se espreguiçar. Tão ridiculamente adorável.

   — Bom dia. — Ela disse, lançando uma careta em minha direção, esperando que eu dissesse alguma coisa.

   — Oi. — Só consegui dizer isso, antes de finalmente me desprender da figura dela e voltar a procurar minhas roupas no chão. Sem achá-las. Minha cabeça gritou com o movimento, ainda em dor extrema.

   — Bom, você não deve se lembrar de nada, então... — Ela fez uma pausa, sentando-se na cama e arrumando os cabelos descoloridos. — Não transamos, e pode ficar tranquilo, seu segredo tá seguro comigo. — Ela abriu um sorriso sem mostrar os dentes. Franzi o cenho.

   — Que segredo? — perguntei, confuso e um pouco sem noção por conta da dor.

   — Que você dormiu na minha casa sem ter transado comigo. Seus contatos não vão ficar sabendo. — Ela concluiu, e agora sorriu. Que porra, sorriso lindo dessa filha da puta.

   Não consegui responder, já que senti mais uma pontada na cabeça. Levei uma das mãos até ela e fechei os olhos com força, como se isso fosse fazer a dor passar. Anastasia pareceu perceber, porque logo se levantou da cama e procurou alguma coisa em seu armário. Ela me entregou um comprimido e disse que iria buscar água na cozinha.

   Quando ela abriu a porta, senti cheiro de bacon, e só então fui perceber que meu estômago estava tão horrível quanto minha cabeça. Segurei a ânsia que se formava em minha garganta, sentindo-me um lixo por estar tão vulnerável assim. E pior, na frente dela.

   Ouvi alguma conversa na cozinha, e quando Anastasia voltou, ela segurava um copo cheio de água e uma muda de roupa. As minhas roupas. Ela me estendeu ambas com uma feição relaxada no rosto.

   — Desculpe, esqueci de pega-las ontem no banheiro. Minha mãe achou e lavou. — Ela disse em relação as roupas.

   — Que horas são? — perguntei após engolir o comprimido e o copo inteiro de água. Não sabia que estava com tanta sede.

   — Cedo ainda, fica tranquilo. — Ela sorriu de novo. Ela precisa parar de fazer isso, ou então não respondo por mim. — Bom, Jonathan não dormiu aqui então preciso ir buscar Will na casa de Hopper... Será que rola uma carona? — Quando ela disse, fechei os olhos de novo e soltei um suspiro pesado. Precisava buscar Maxine também, ou estaria encrencado.

   — Preciso buscar minha irmã. Te levo. — Foi a única coisa que consegui dizer.

   Troquei de roupa no banheiro e escovei os dentes com uma escova nova que Anastasia havia me dado. O gosto de o que quer que eu tenha misturado ontem ainda estava no fundo da minha garganta, bagunçando meu estômago mais ainda. Escovei os dentes duas vezes e pareceu melhorar um pouco. Quando abri a porta do banheiro, dei de cara com Anastasia, que parecia pronta para bater na madeira.

   Não me afastei, e ela também não. Me perdi de novo nos olhos dela. Sentia minha dor de cabeça passar aos poucos, o que me deu um pouco mais de confiança para conseguir tirar algum proveito daquela aproximação. Eu não conseguia me controlar, ela estava tão perto, mas tão perto. Sorri sugestivamente, pronto para agarrar sua cintura, colocá-la em cima da pia e foder com ela o dia inteiro.

   — Está pronto?

   Foi a única coisa que ela perguntou, sem se afastar nem um centímetro e fazendo ainda pior; devolvendo o sorriso para mim, do mesmo exato jeito. Passei a língua pelo lábio inferior, e quase desmontei quando ela segurou minha cintura com firmeza. Já estava pronto para me inclinar em sua direção, mas ela me puxou para o lado e caminhou até a pia, pegando a própria escova de dentes e cuidando de sua higiene. Ela olhou para mim pelo espelho enquanto o fazia, com aquele olhar matador que eu mais conhecia dela.

   Quando ela terminou, me guiou até a cozinha, onde sua mãe terminava de tomar o café da manhã. Agradeci e me desculpei pela vinda repentina, mas tudo o que recebi foi um sorriso de Joyce e palavras de preocupação. "Vá com cuidado", ela disse. Porra, aquela família inteira devia ser um sonho.

   O caminho até a casa de Hopper foi calmo, sem conversa e com o rádio ligado no talo. Observei Anastasia em alguns momentos, que apenas encarava a rua pelo vidro aberto, com o vento bagunçando um pouco seus cabelos, mas ela nem ligava. Quando chegamos, Max entrou no carro e os dois Byers insistiram em ir a pé para casa, já que não ficava tão longe, queriam curtir a companhia um do outro. Foi quando percebi que eu precisava voltar a realidade. A rotina merda que eu tinha em casa.





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OI LINDOS! mais um capítulo aqui pra vcs com o ponto de vista do nosso gostoso que já tá todo arriado pela Nas kkkkkk

gente, espero mto que tenham gostado, não esqueçam da estrelinha e sintam-se livres pra comentar, me ajuda bastante!!!

Bjin procêis💙

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