Capítulo 18

E há uma tempestade que você está começando
Sou o desejo de viajar
Sou um caso de uma noite
Não pertenço a cidade nenhuma
Não pertenço a homem nenhum
Eu sou a violência nas gotas da chuva
Eu sou um furacão
(Hurricane - Halsey)

*Anastasia Byers*

   Já eram quase duas horas da manhã e eu sentia meu organismo um pouco mais lento pelas cervejas que eu bebia. Eu sorria sem motivo e isso era um indício claro de embriaguez da minha parte. Dancei junto com meus amigos e com o resto de adolescentes alterados na festa, que estava extremamente animada. Troquei alguns beijos com Robin, um pouco mais afastadas de todos já que infelizmente grande parte das pessoas ainda não conseguia ver duas pessoas do mesmo sexo juntas. Me perguntava por mais quantos anos isso iria durar.

   Não vi Billy durante a festa, e ainda não havia decidido se era uma coisa boa ou ruim. Boa pelo fato de não ter que dar de cara com os amigos babacas dele, e ruim porque não podia me divertir com ele. Tentei não ligar para isso, mas toda hora o olhar que ele tinha em mim durante o show vinha em minha cabeça, mexendo bastante com minhas intimidades e com meus sentidos. Como aquele cara conseguia mexer comigo só de pensar nele? Chegava a ser ridículo.

   — Está procurando o Hargrove né? — Virei minha cabeça ouvindo a voz de Eddie próxima do meu ouvido.

   — Não enche, Munson. — Ele ergueu uma sobrancelha após minha fala. Bufei irritada. — A culpa não é minha que ele sabe me fazer gozar como ninguém... — Fiz uma pausa. — Sem ofensas. — Eddie riu.

   — Vi ele próximo da piscina não faz muito tempo.

   Foi a última coisa que ele disse, lançando-me um sorriso sugestivo e uma piscada com um dos olhos. Beijei sua bochecha em agradecimento e logo caminhei até o local que ele falou. Quando cheguei, o sorriso que começava a brotar em meu rosto havia sumido quase instantaneamente. Billy estava caído próximo a água, quase que inconsciente, enquanto os "amigos" dele apenas riam, e gritavam para que ele tomasse mais um gole da garrafa de whiskey que ele tinha em mãos.

   Eu já tinha uma noção de que Billy era bem forte para bebidas, conforme o observava em outras festas que nos esbarramos, mas ali, eu podia ver claramente. Ele não estava bem, aliás, muito longe disso. Seus olhos reviravam para trás algumas vezes, e percebi seu corpo inteiro tremendo enquanto ele tentava se levantar e se equilibrar. O rosto estava tomado por suor com uma coloração vermelha presente. Em algum momento ele conseguiu se colocar de joelhos, e levou a garrafa de whiskey a boca.

   — Vira. Vira. Vira. — Os amigos gritavam, inclusive Amber que segurava a cabeça dele e sorria enquanto o garoto virava o líquido alcoólico.

   Porém, apenas soube cem por cento que ele estava mal quando ele colocou todo o líquido estômago a fora, derrubando a garrafa no chão, que se quebrou em pedaços. Os amigos reclamaram pelo desperdício do líquido, e Amber soltou a cabeça dele, fazendo com que ele voltasse a cair no chão. Todo o efeito que a bebida começava a fazer em meu corpo se esvaiu imediatamente. Billy precisava desesperadamente de ajuda conforme tremia como o inferno, sem conseguir se levantar do chão dessa vez.

   — Mas que porra estão fazendo? — perguntei com a voz alta, atraindo os olhares de todos para mim.

   — Nasty Byers, o que quer aqui? — Um dos jogadores perguntou, aproximando-se até demais de mim. Empurrei seu corpo para longe.

   — Olha o estado em que ele tá, vocês querem que ele morra? — Apontei para Billy no chão, enquanto ajoelhava ao seu lado.

   — Sua ridícula, eu sei muito bem cuidar dele, cai fora daqui, vadia. — Foi a vez de Amber se ajoelhar ao meu lado, tentando me empurrar assim como fiz com o outro.

   — Claramente você não sabe. Estava rindo enquanto ele fazia essa merda toda. — Nesse momento vi Jonathan se aproximar de mim, provavelmente atraído pela pequena confusão. — Vai pra puta que pariu, Crawford.

   Jonathan se assustou levemente quando viu o estado de Billy, mas logo me ajudou a levantá-lo após um pedido com o olhar. Passamos os braços do garoto em nossos ombros, mas ele era pesado demais para mim. Por sorte, Eddie também corria até nós. Segui os dois, que carregavam o corpo de Billy, até o lado de fora da casa, onde existia alguns adolescentes se beijando e quase se comendo. Não liguei.

   — Que porra aconteceu com ele? — Eddie perguntou, arrumando o corpo de Hargrove em seus ombros. Jonathan fez o mesmo.

   — Sei lá, vou levá-lo pra casa. — disse simplesmente, procurando as chaves do carro de Billy em seus bolsos e em seguida procurando seu carro. Óbvio que ele viria dirigindo, mesmo no estado em que ficaria.

   — Pra casa dele? — Jonathan perguntou, um pouco preocupado, eu percebi.

   — Pra nossa. — respondi e parei em frente ao meu irmão, sentindo Genevieve e Nancy se aproximarem. — Não vou dar de cara com aquele merda que ele chama de pai de novo. — Engoli em seco, lembrando-me do episódio com Neil Hargrove e sentindo meu corpo se arrepiar em repulsa. Jonathan percebeu, com certeza.

   — Quer que eu vá com você? — Ele perguntou. Neguei com a cabeça. — Vai dirigir o carro dele?

   — O que está acontecendo? — Nancy perguntou e Genevieve apoiou a pergunta. Não precisei responder, elas logo viram o estado de Billy, que tentava se desvencilhar dos meninos em alguns momentos, mas completamente sem forças para isso.

   — O que vai dizer pra mamãe? Ela vai ver o carro dele lá. — Jonathan voltou a perguntar.

   — A verdade. Billy precisa de ajuda e eu vou ajudá-lo. — Dei de ombros, correndo até o carro de Hargrove e destrancando a porta.

   — Anastasia. — Jonathan me chamou, com dificuldade enquanto caminhava até mim ainda com Billy em seus ombros. — Só não bata o carro, ok?

   Lancei uma careta em sua direção, abrindo a porta do passageiro para que os garotos pudessem colocar Billy lá dentro. Ele reclamou algo, mas estava completamente desconexo, então simplesmente ignoramos. Me despedi de todos, e pedi para que curtissem a festa por mim, logo correndo até o banco do motorista e ligando o carro. Antes que estranhem, eu tenho carta de motorista, e sei dirigir muito bem, mas não tinha dinheiro para um carro próprio, e Jonathan não me deixava dirigir o dele por conta de um pequeno "quase" acidente que causei quando dirigi embriagada. "Quase", porque como eu disse, eu dirijo muito bem.

   Enfim, após colocar o cinto, segui caminho até a minha casa. Ao contrário do normal, não liguei o rádio, então apenas escutava alguns grunhidos de Billy ao meu lado e o motor do veículo na noite escura. Olhei por alguns segundos para ele, que estava largado no banco ao lado, tentando se mover e dizer algo, sem nem ao menos conseguir abrir os olhos. Aquilo não era só bebida, eu sabia muito bem dizer. Quantas vezes precisei apelar para outros caminhos quando meus pesadelos me consumiam diariamente? Não me orgulho disso nem um pouco, mas pelo menos conseguiria ajudá-lo com mais eficiência.

   No meio do caminho, observei com o canto dos olhos, Billy levar uma das mãos a boca. Pisei no freio rapidamente, parando no acostamento. Corri até o outro lado do carro e abri a porta de Billy, ajudando-o a inclinar o corpo para fora. Me posicionei ao seu lado, segurando alguns cabelos da franja para trás, para que ele pudesse finalmente colocar tudo para fora mais uma vez na noite. Billy quase colocou o estômago para fora, de tanta coisa que saiu de seu organismo.

   Quando vi que ele parou, o ajudei a voltar para dentro do carro e voltei até o meu lugar, retomando o trajeto até minha casa.

   — Nas? — Finalmente ouvi a voz dele falando algo que eu entendesse. Virei os olhos para ele por menos de um segundo. Ele se arrumava no banco, mas ainda estava alterado. — É meu... meu carro? — Ele perguntou com a voz arrastada e trêmula.

   — Fique tranquilo, gato, não vou destruí-lo. — comentei, com um sorriso no rosto.

   Billy ficou em silêncio por alguns segundos, mas logo soltou uma gargalhada gostosa e audível. Franzi o cenho, mas ainda tinha um sorriso no rosto, preocupada, porém achando graça.

   — Eu tô feliz. — Ele disse, e imediatamente meu sorriso se desmanchou.

   — Não, Billy... Você não tá. — respondi, sabendo que ele não se lembraria de nada do que eu falasse. — Pessoas felizes não se alcoolizam ou se drogam. — Fiz uma pausa. — Pessoas tristes sim... Mas vão perceber que não durou o tempo que queriam.

   Senti o olhar dele queimar sobre mim, mas não desviei o meu da rua, porque com certeza eu me perderia nele todo, e acabaria batendo o carro, justamente como meu irmão havia dito para eu não fazer. Suspirei pesado e engoli seco, tentando desmanchar as lembranças que se faziam presentes em minha cabeça.

   — Você é tão linda. — Ele disse, me arrancando mais uma careta confusa e mais um sorriso divertido no rosto.

   — Não se preocupe, baby. — disse dando leves tapinhas em sua coxa, mas sem desviar o olhar para ele. — Não vai se lembrar de nada amanhã.

   Finalmente cheguei em casa, e percebi que minha mãe ainda não havia chegado... Estranho, talvez dormiria na casa de Hopper com as crianças... E com Hopper. Sorri maliciosamente com o pensamento, mas logo voltei meu foco a Billy. Abri a porta do carro e tive que envolver seu corpo para que ele não caísse quando saiu do veículo. Ele não estava mais à beira da inconsciência como antes, mas ainda estava mais que alterado. Procurei a chave que escondíamos em baixo de um vaso grande de rosas que minha mãe cuidava na varanda e abri a porta.

   Olhei para Billy, que mesmo bêbado, drogado e fora de si, ainda me encarava de cima a baixo a todo momento, sem desviar a atenção por nada. Estendi uma das mãos e o chamei para entrar. Ele o fez em silêncio e parou na sala enquanto eu fechava a porta e ligava as luzes.

   — Definitivamente não. — disse quase em desespero ao vê-lo se deitar no sofá, fechando os olhos por dois segundos.

   Puxei seu braço com brutalidade, e só assim ele se levantou, reclamando e quase não parando em pé. Entrelacei os dedos nos seus e o guiei até o banheiro. Ele estava o puro álcool, precisava urgentemente de um banho. Tirei a jaqueta que ele usava e desabotoei sua camisa, jogando ambas no chão. Em qualquer outro momento eu estaria tomada pelo desejo e tesão, mas ali, por algum motivo, só queria cuida-lo.

   — Vai tomar banho comigo? — Ele perguntou, ainda com a voz trêmula e arrastada, porém com aquele maldito sorriso no rosto. Com certeza, já estava bem melhor que antes.

   — Você vai tomar banho, baby.

   Lancei uma toalha limpa a ele e logo saí do banheiro para procurar algo que ele pudesse vestir. Peguei uma calça de moletom e uma camiseta lisa do quarto de Jonathan, esperando demais que meu irmão não ligasse para isso, antes de voltar até onde Billy estava. Quando entrei novamente, o vi de costas para mim, completamente nu dentro do chuveiro, estático enquanto a água caía por sua cabeça. Não consegui evitar e passei os olhos por todo seu corpo. Realmente, era uma belíssima bunda, pensei enquanto mordia o lábio inferior, logo espantando os pensamentos e me concentrando no que eu fazia.

   — Billy. — chamei, mais para saber se ele ainda estava ali. Ele apenas virou a cabeça, sem me olhar. — Trouxe roupas pra você, vou deixar em cima da pia.

   Esperei novamente fora do banheiro, mas escorada na parede de frente para o cômodo, esperando. Não demorou para que o chuveiro fosse desligado e para que Billy saísse, mas apenas com a calça que eu havia dado. Uma visão tentadora, eu deveria dizer. Ele caminhou até mim em passos lentos, seus olhos voltaram a brilhar e tinha uma aparência muito melhor que antes. Ele passou os olhos por todo meu corpo, sem pudor e sem disfarce e abriu um sorriso sugestivo.

   — E agora? — Ele perguntou. Jamais o vi tão submisso, o que fez meu íntimo queimar mais uma vez.

   Ele deu um último passo, mas ainda estando sem condições, tropeçou no próprio pé e precisou apoiar as mãos na parede onde eu estava, colocando-se completamente próximo de mim. Eu sentia sua respiração, seu cheiro, agora de sabonete, me entorpecia, e não consegui controlar um olhar direto para sua boca.

   — Posso te foder agora?

   A simples pergunta terminou de me queimar por inteira. Estava a um passo de puxa-lo para minha cama, mas meu belíssimo autocontrole e bom senso falaram mais alto daquela vez, se é que era possível. Arfei uma vez, sem conseguir controlar, mas logo o empurrei para trás, engolindo em seco e mordendo o lábio inferior.

   — Você vai até a minha cama agora, e vai dormir. — ditei, com a voz calma, porém o caos e desejo dentro de mim eram um contraste enorme.

   — Tão mandona. — A voz arrastada era o charme a mais, porém me controlei mais uma vez.

   — Vai. — Empurrei levemente seu braço, seguindo-o até meu quarto.

   Ele deitou na cama, que graças a Deus era de casal, enquanto eu pegava minha camiseta grande do Scorpions, que servia de pijama, e uma calcinha nova. Minha vez de tomar banho, tirar a maquiagem e escovar os dentes, logo voltando até meu quarto e trancando a porta atrás de mim. Billy estava virado para o lado de dentro, com os olhos fechados. Eu até iria oferecer uma água, ou algo para comer para que ele melhorasse, mas parecia tão pacífico que desisti.

   Deitei na cama ao seu lado, virada para ele, tentando não fazer muito barulho. Estava puxando a coberta para colocar em cima de nós dois quando ouvi a voz dele, grossa e um pouco falha.

   — Posso te beijar? — Ele perguntou, com os olhos azuis penetrantes em minha direção.

   — Billy... — Tentei contestar, mas ele levou uma das mãos até minha nuca e me puxou para mais perto.

   — Quero sentir seu gosto. — Ele disse, alternando olhares entre meus olhos e minha boca.

   Dessa vez não consegui controlar, não me afastei e não neguei quando ele puxou mais meu rosto, finalmente encostando seus lábios nos meus. Quando ele abriu a boca para aprofundar mais o momento, senti que ele também havia higienizado os dentes, mesmo estando alterado e sem condições, o que tornou tudo melhor. O tanto que nos encaixávamos era absurdo. A sincronia que tínhamos, o fogo que exalava em apenas um toque. Sem contar no gosto e no cheiro que aquele garoto tinha. Me deixava ao extremo só com a porra de um beijo.

   Ele mordiscou meu lábio inferior antes de se afastar e suspirou profundamente. Finalmente deitei a cabeça no travesseiro ao seu lado, mas ele não tirou sua mão do meu pescoço. Ele a levou até meu rosto, e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, em seguida deixou uma carícia leve em minha bochecha. Tudo isso, sem parar de me encarar, e dessa vez apenas em meus olhos, de um jeito que ele nunca tinha feito antes.

   Mergulhei naqueles oceanos por alguns segundos, levando minha mão até a sua, também deixando uma carícia na pele quente. Ainda sem quebrar o contato visual, Billy desceu a mesma mão até minha cintura e me puxou até que conseguisse me colocar deitada em seu peito. Ele envolveu meu corpo, enquanto eu apoiava meu braço em seu tronco, sentindo o cheiro dele me invadir de forma prazerosa e calma. Ele fez um carinho a mais em meu braço, antes de ficar imóvel e dormir. Fiz o mesmo, sentindo a maior paz que já tinha sentido em toda minha vida.





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OIEEE! primeiramente feliz ano novoooo (atrasadinho pq só agr tive tempo kkkk)

gente antes de tudo, queria mto mto mto exaltar minha lindíssima amiga que fez essa capa nova maravilhosa pra fanfic! muuuito obrigada dearmaryparker vc é maravilhosa e mto talentosa, te amo!

é isso genteee, capítulo fofinho mas sem deixar a essência q esses dois tem juntos de lado! espero mto que estejam gostando! não esqueçam da estrelinha e sintam-se livres pra comentar, me ajuda mto

Bjin procêis💙

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