XXVI

Aurora.

Estou no apartamento de Herinch.
Mas ainda estou em choque. Não consigo pensar em mais nada.

No momento em que Herinch me beijou, uma espécie de filme se passou pela a minha mente. Um filme com protagonistas diferentes.

Ivo e Ísis.

Eu estava tremendo.
Apavorada.
Tudo era tão confuso e louco.

Abri meus olhos e vejo Henrich próximo de mim.
Ele está tão assustado quanto eu.

- Quem eu sou?

Ele toca meu rosto com delicadeza.

- é Estela meu anjo. Aurora.

Ele fala baixo.
Mas eu sei no mais fundo do meu âmago que eu não sou Estela nenhuma. Eu soube que dentro de mim.

- Quem é Ivo?

Eu pergunto.

As imagens entram e saem da minha mente, as imagens de Ivo e Ísis. De Ivo e eu.

Como pode? Como isso pode chegar a este ponto.

- porque dentro de mim eu tenho a certeza que não sou a Estela?

Herinch se prosta diante de mim. Ele chora e pede clemência.

- eu não posso perder você.

Ele fala em meio ao choro.

Eu me abaixo próximo dele.

- Quem é Ísis?

Eu olho em seus olhos profundos.
Então ele respira fundo.

- Você.

E por um momento tudo faz algum tipo de sentido.

- é você.

Ele sussurra.

Vejo o seu rosto, ele está chorando.

- Você não é a reencarnação de Estela! Mas sim de Ísis.

Ele está quase gritando.
Está chorando.

Ele anda pra lá e pra cá desesperado.

- Herinch.

Eu o chamo várias vezes. E ele não me atende, não me ouve.

Está transtornado.

- Max?

Eu o chamo pelo nome de sua reencarnação. E enfim ele para, seus olhos estão vidrados, e ele me encara.

E em uma voz baixa diz:

- Quando eu vi você naquele dia. Eu soube que você não era Estela. Os seus olhos, são azuis, os de Estela não. Eu não quis contar, você tinha os mesmos sonhos de Estela, mas não era Estela. Como ?

Ele passou as mãos nos cabelos.

- Depois percebi que era Ísis. Mas eu não podia contar isso, você iria embora, iria embora porque eu não sou a sua alma gêmea. A alma de gêmea de Ísis é Ivo. Não eu.

Ele volta a chorar. Chora como um bebê.

- eu não posso perder de novo. Não de novo.

Eu fico sem entender. Na verdade nunca Entendi. Achei que era Estela, tenho os sonhos dela, mas na realidade sou Ísis? Isso não faz nenhum sentindo.

Mas na minha mente aos poucos as lembranças de Ísis se alojam, como se estivessem ali o tempo todo, só precisavam de um estalo, de algo que as fizessem surgir.

Foi o beijo. O beijo de Herinch, que despertou.

- Ísis?

Eu falou em voz alta. Henrich me olha e seca as lágrimas.

- eu nunca Entendi, mas sei que existiu alguém tão parecida com Estela nas redondezas de Traverllis. O príncipe Ivo era apainoxado por ela, mas Phillipe matou Ivo e Ísis na noite do casamento deles.

Com a narrativa de Herinch as imagens foram se arrumando em minha mente.

Ísis e Ivo, dois jovens apaixonados, fugindo, se aventurando. Mortos.

- eu não entendo.

Eu digo em um murmúrio.

- nem eu. Eu achei que você poderia ser Estela, afinal você tinha as memórias dela, mas depois tudo ressurge. Você não tem idéia de como isso é um pesadelo.

Ele respira fundo.

- eu passei anos da minha vida procurando você. Todas as mulheres que pudessem ser Estela, algo em mim nunca vai descansar, sempre vai me impulsionar a procurar ela. Eu nunca vou parar, e isso é horrível, porque eu nunca estou no lugar certo. E você não é Estela!

Ele volta a chorar. E eu sinto pena. O que eu posso mas sentir? Raiva por ele ter mentido pra mim?

Eu não sei o que eu faria pra encontrar a pessoa que me tira o sono.

- Onde está Ivo? A reencarnação dele eu digo.

Deve ter uma não é?
Se existe uma Ísis, deve haver um Ivo.
E dentro de mim há algo que me diz que devo encontrar Ivo. Talvez o mesmo sentimento que Henrich sente, essa vontade de encontrar a outra pessoa, pois se encontramos, talvez finalmente isso pare.

As reencarnações.
Nós.
Essas lembranças.

- ele existe. Ele existe e está em algum lugar esperando você.

Ele diz isso com a voz baixa, já não chora mais. Apenas tenta se recompor.

E dentro de mim invade o desejo de encontrar Ivo. De acaba E com tudo isso.

Com todo esse sofrimento.

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