Tudo pareceu um borrão.
Logo depois com o encontro com o rei Tormenni, os guardas se posicionaram e Maximus me pegou levando para longe.

- o que você está fazendo?!

Gritei pra vê se ele parava de me levar para qualquer lugar. Ele parecia transtornado e não me ouvia.

- Max!

Segurei o rosto dele e ele parou o cavalo e eu quase caí.

- eu não posso deixar ele levar você.

Ele disse baixinho enfiando a cabeça no meu colo como se fosse uma criança.

- do que você está falando? Eu não vou à lugar nenhum.

Ele choramingou e olhou pra mim seus olhos estavam cheios de dor.

- ele quer você como moeda de troca. Mas você é o que eu tenho de mais valor. Não vê? Eu preciso proteger você!

Eu senti as lágrimas de Maximus enxarcar meu vestido azul.

- Nada vai acontecer. Eu prometo. Eu vou ficar com você.

Eu passei a não no cabelo negro dele e sequei as lágrimas pesadas.

- eu estarei aqui.

Repeti isso mais pra mim do que para Maximus.

***
Estávamos no castelo.
Já era tarde, e todos estavam aflitos. Todos irradiam medo, e Max está me afastando de tudo para que eu não saiba o que está acontecendo, uma forma dele me proteger.

Estávamos no quarto. Ele acabava se chegar de uma reunião importante e ele parecia cansando e eu sabia que ele estava preocupado.

- querido?

Ele olhou pra mim e abriu um sorriso triste.

- eu tenho medo.

Disse caindo na cama.

- medo?

Ele concordou.

- medo de que?

Ele fechou os olhos e disse com a voz rouca:

- de não ser um rei que proteja seu reino. Não quero ser só mais um monarca.

Eu me aproximei e toquei o rosto dele.

- você não é o que ele disse.

Eu disse me aninhando nele.

Ele abriu os olhos e os fixou em mim.

- talvez eu seja só mais um príncipe fanfarrão.

Eu senti dor.

- Não você não é.

Ele se livrou de mim e disse:

- eu não sou Cristóvão!

- Não você não é!

Ele começou a chorar.

- Ele saberia o que fazer. Ele saberia. Agora nesse momento aquele maldito está ameaçando acabar com tudo aquilo que a minha família construiu.

Eu abracei e fiz ele se deitar. Ele se acalmou. Ficamos um bom tempo apenas nos encarando, até que ele dormiu.

Eu não podia deixar aquilo continuar. Eu não podia. Eu tinha o poder de dar o ponto final daquela história.

Troquei meu vestido de rainha, para o vestido mais simples que eu tinha. Era um amarelo velho que não chamava atenção. Era isso que eu queria, eu não queria chamar atenção.
Prendi meu cabelo em um coque baixo, nem se comparava aos penteados que eu costumava usar.
Tirei minhas jóias, minha tiara, tudo que me indetifacava como rainha.
A única coisa que me restou foi a aliança fina que simbolizava o meu casamento com Maximus.

Me olhei no espelho.
Eu não era a rainha, eu era Estela Mason, a que daria a vida pelo seu único bem, pelo seu amor.

Dei um beijo na testa de Max e sai do quarto com o choro preso, indo em direção ao pátio aonde estava os guardas.

- majestade.

Um deles me viram e fez um reverência.

- me leve até Tormenni.

Meu coração batia acelerado.

***

Tudo era arriscado. Mas o que era mais arriscado era uma guerra.

Cristóvão morreu em combate. Eu não deixaria Maximus morrer em outro.
Eu sou rainha. Eu jurei perante Deus e ao povo, que daria a minha vida por Oceânia. Eu jurei que faria de tudo para o bem daquele país. Eu jamais teria que pensar em mim.

E por isso, eu estava indo em direção a Tormenni, para poupar o estouro de uma guerra, poupar o sofrimento de um povo, e poupar a vida de Max.

Eu estava me sacrificando. Eu estava indo.

- eu não a esperava.

Eu ouvi a voz de Tormenni.

- o príncipe a deixou vir?

Ele riu. Phillipe tinha maldade perversa em seu olhar. Tinha sede de vingança na voz. Mas ele não me amedronta.

- quero que tire suas tropas da minha terra.

Falei por vez.

- certamente. Estela Mason. Você será recebida como deve, pois agora será mulher mais poderosa de todas.

Eu o encarei.

- sinto repulsa de você.

Ele se levantou e veio até mim.

- e quem você é Estela Mason? Uma vadia que se aproveitou de dois príncipes indefesos. Você é que é a vilã!

Eu o olhei com raiva.

- eu os amo. E você nunca terá isso.

Ele riu diabolicamente e pois a mão no meu ombro.

- sempre achei você esperta. Você sempre mereceu o melhor, não aquele príncipe fanfarrão. Você é fria e calculista Estela Mason. Você é igual a mim.

Não. Eu não sou.

***

Estou no castelo de Tormenni. Presa. Ele não confia em mim. Mas eu não quero a confiança dele.

Só preciso que Max entenda por que eu estou aqui. Só preciso que ele entenda meu sacrifício.

- olá querida.

A porta foi aberta e Phillipe deslizou pela fresta.

- o que você quer?

Ele sorriu e me estendeu uma caixinha pequena.

- algo para alegrar o dia turbulento da minha futura rainha.

Ele sorriu e se aproximou, tocando meu cabelo. Eu me afastei.

- Porque quer tanto as terras?

Ele se sentou numa cadeira e bufou impaciente.

- você é teimosa, hein!

Eu o encarei com firmeza.

- preciso saber porque estou me sacrificando.

Ele meneou a cabeça em uma atitude que me fez ter mais ódio dele.

- Você não está se sacrificando por Oceânia. Está aqui por Maximus. Você não confia no senso de liderança dele.

Ele sorriu com suas próprias palavras.

- isso é uma completa mentira! Eu não posso arriscar perder ele. Não de novo.

Ele ficou sério.

- de novo?

Ele sorriu.

- Cristóvão.

Respondeu a sua própria pergunta.

Ele gargalhou alto.

- cumpra com a sua promessa. Tire as tropas de Oceânia!

Ele assentiu.

- o que você mais desejar querida.

Suas palavras me dão ânsia de vômito.

- agora... deseja saber porque eu tenho tanto interesse nas terras?

Eu não concordei. Mas mesmo assim ele começou a história.

- elas são minhas por direito, Estela.

Não gosto da forma como ele diz meu nome. Ele puxa o a como se fosse uma cobra maldita que anseia meu sangue.

- elas são minhas por que eu sou o verdadeiro rei de Oceânia!

Ele se levantou com um pulo. Veio até mim e puxou meu cabelo e com a outra mão apertou minha mandíbula com força.

- e você e a minha rainha.

Ele me empurrou e eu cai.
Ele saiu porta a fora e eu me encontrei chorando largada no chão, e com medo do que podia acontecer.

E confusa com as palavras de Philippe.

Com o fato dele ter confessando de ser o verdadeiro rei de Oceânia.