XIX

Herinch segurou o meu braço.

- Não podemos confiar nele. É um estranho.

Eu olhei pra ele e retruquei.

- Você também é um estranho.

Ele ficou sem fala e eu comecei a andar.

- Sou Alastor.

O homem magro sorriu.

- Aurora.

Falei. O homem sorriu novamente e apontou para frente.

- Devemos conversar em um lugar mais apropriado, majestade.

Eu estava prestes a dizer aquele que eu não era majestade nenhuma, mas antes Herinch apareceu atrás de mim e sussurrou.

- Devemos voltar.

Eu o olhei e disse:

- se eu preciso me arriscar para ter minhas respostas, eu irei.

Ele não disse mais nada.
Seguimos o homem magro então.
Estávamos calado. Eu só ouvi os passos de Herinch atrás de mim.

Então paramos em frente um casa no subúrbio de Oceânia.

Alastor fez uma enorme reverência e abriu a porta de madeira lascada.

Entramos, eu sabia que tudo aquilo era estranho, e muito esquisito e eu sabia muito bem que só podia confiar em poucas pessoas, mas eu tinha que me arriscar, por mim, pela minha sanidade mental, por Estela.

A casa era minúscula, mas muito bem limpa. Então uma mulher, ou garota já que ela era jovem demais, surgiu.

- Ai. Meu. Deus.

Ela falou tão pasma que eu achei que ela fosse desmaiar.

- Sim querida Eleanor. Esses são nossos soberanos.

Falou Alastor sorridente a garota loira.

- Não somos soberanos. Só queremos respostas. E quem são vocês?

A garota Loira sorriu mostrando os dentes perfeitos e alinhados, suas bochechas eram rodadas e sua pele bronzeada, enquanto seu cabelo dourado era tão perfeito que fazia cachos perfeitos nas pontas.

- Somos os seus guardiões.

Ela disse sorrindo como uma criança que acabara de ganhar sua primeira bicicleta.

- Estivemos a vida inteira esperando por vocês.

***

Eu bebi todo o conteúdo do copo de vidro que Alastor me serviu um pouco de água. Eu precisa raciocinar.

- A história só vai ficando mais doida.

Eu murmurei.
Eleanor sorriu.

- O que você quer saber?

Ela perguntou se sentando e Alastor se posicionou a esquerda dela.

- tudo. Desde o início.

Ela assentiu e limpou a garganta.

- Estela amou ambos os reis, mas acredito que ela mais apaixonada pelo segundo. Quando a guerra estourou, Rei Phillipe exigiu como moeda de troca Estela Mason. Ele a queria como um acordo de paz.

Ela deu uma pausa e nos olhou.

- Mas rei Maximus não iria entregar a paixão de sua vida assim. Então ele lutou, mas não foi o bastante. Estela temia a morte de mais uma marido seu, ela não podia suportar a ideia de perder Maximus.

Ela firmou o olhar em mim.

- Então, como uma rainha, ela se entregou para o bem do seu povo. Mas não foi o bastante, Rei Phillipe não queria apenas Estela, ele queria poder. A guerra foi ficando mais e mais ardente, até a tragédia acontecer. Não cabe à mim contar o término da história de vocês, mas saiba, quando Estela morreu nos braços de Maximus, os céus e os mares tiveram piedade de vocês, e vos deram mais uma chance. Uma não, várias.

Várias. Então quer dizer que há mais de um de nós?

- houve.

Falou Elanor como se lesse a minha mente.

- Houve cinco reencarnações de Maximus e Estela, vocês são o sextos.

Cinco. Cinco Auroras espalhadas pelo mundo.

- Mas como isso aconteceu?

Eu perguntei.

- Algo predestinado, é algo marcado, fixando, destinado e designado, desde o momento que você chegou a este mundo, você pertence a ele.

Ela apontou para Herinch.

- Foram feitos assim. Sempre foi assim. A cada século, uma nova reencarnação surge.

A cada cem anos, uma nova de mim nasce. Uma nova eu, que não é eu.

- como vocês sabem disso?

Perguntei. Eleanor sorriu e disse:

- Minha família, desde o princípio estava lá, e nós sempre acreditamos nisso, no amor predestinado. E quando vocês fora designados para toda a vida e infinito, nós também fomos.

Ela sorriu.

- Então vocês são imortais?

Ela gargalhou alto.

- quem dera. A cada geração é passada o cargo de guardião dos verdadeiros reis de Oceânia, não aqueles babacas que roubaram o trono.

Ela xingou alto em um idioma que eu não reconheci.

- quem está no trono?

Perguntei.

- É a dinastia Luxorft. Está lá desde o reinado de Phillipe quando ele tomou posse de Oceânia. Mas sabem eles não tem um pingo de sangue nobre. Todos são tão ralé quanto eu.

Eu sorri. Mas eu ainda estava curiosa.

- Você pode me ajudar então?

Perguntei. Ela sorriu, mas então seus olhos voaram em direção a Herinch, ela ficou estática.

- Você sempre soube. Sempre.

Eu estava prestes a questionar, mas então Herinch me puxou pra fora da casa com força me levando pra longe dali. Eu gritei com ele e o chutei, mas ele estava cego. Eu não o consegui parar.

Ele parou um táxi e me enfiou dentro, depois ele entrou e me abraçou forte.
Então eu senti suas lágrimas salgadas molharem minha camisa.

- Me perdoa, Aurora. Por favor.

Eu estava assustada,  mas ele mais ainda, então ele ergueu os olhos e disse:

- eu amo você. Amo amo.

Ele repetiu isso até chegarmos no apartamento dele.

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