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Me levantei de supetão.

- Quem acha que eu sou?!

Gritei com Maximus.

- uma ótima pretende para um ótimo casamento.

Ele deu de ombros indiferente. Aquele serzinho se tornava cada vez mais desprezível.

Olhei zangada.

- Não vou me casar com você! Você não tem poder sobre mim. Mesmo sendo o rei.

Maximus se levantou e fixou os olhos em seus próprios sapatos. E com uma bufada de ar ele falou:

- Veja bem querida Estela. O casamento entre nós dois será extremamente proveitoso para você.

Ele andou dois passos em direção ao banco e se sentou sem nenhuma postura. Agora eu o observava, ele andava e se movimentava com rapidez e maestria.

- Qual foi a parte de "Não quero me casar com você" que o soberano e perfeitíssimo senhor não entendeu?!

Falei com os dentes trincados e a voz estridente. Maximus apenas riu.

- Cristóvão tinha razão quando disse que você era cabeça dura.

Ele falou olhando para céu e envitando meus olhos.
Parei por um segundo.

- Cristóvão falou de mim para você?

Maximus inclinou os olhos para mim.

- Ah claro. Em algumas cartas ele a mencionou.

Fiquei um pouco boquiaberta. Eu queria tanto vestígios de Cristóvão, coisas dele, memórias deles. Eu gostaria de ver as cartas.

- Não vou me casar com você.

Firmei minhas palavras.
Maximus riu e disse:

- e você vai fazer o que ? Vai voltar pra casa dos seus pais? Vai querer ser pra sempre uma viúva? Você não quer ter filhos Estela?

Olhei com repulsa. Eu não quero me casar com outra pessoa, não quero ter filhos com outra pessoa que não fosse Cristóvão. Como ele ousa me falar disso?

- Não me importo de voltar a morar com meus pais. Ou passar a vida sem filhos. Não é de importância se for de Cristóvão.

Ele grunhiu.

- santo Deus. Mulher, veja bem. Se casar comigo não precisará sair do trono, eu não irei precisar procurar alguma doida pra pôr no trono, não terei que me preocupar com nada por que você já está acostumada com a vida de rainha e suas responsabilidades.

Ele deu uma pausa.

- Não precisamos ter filhos. Ter nenhum tipo de ligação ou relação. Só  preciso que esteja no trono ao meu lado, Estela.

A última parte falou baixo, solene.

- Você não quer herdeiros? Como dará continuidade a linhagem?

Ele deu de ombros em um gesto corriqueiro.

- Não me importo com linhagem e dinastias. Só quero que você fique.

Fiquei um tanto pasma.

- Porquê abriria a mão disso?

Ele levantou os olhos e depois os voltou para mim.

- porque eu quero você bem. E eu abriria à mão de qualquer coisa.

Seu olhar era verdadeiro e sua voz sincera. Eu não entendi, porquê ele me queria tanto no trono porque ele fazia tanta questão? Eu não podia deixar de analisar aquela situação, ele quase me implorava para me casar com ele. Ele podia escolher qualquer pessoa, mas ele queria eu.

Eu não podia trair meu esposo com o próprio irmão dele, não posso me casar com Maximus.

- Eu vou deixar você pensar.

Maximus saiu, me deixando um pouco desnorteada com suas palavras.
E eu me sentei e fiquei analisando, cada mínima coisa.

- Me ajude.

Falei pro céu.

***

Já se passaram três semanas desde do dia em que Maximus me fez a tal proposta. Ele nem veio procurar, nem falou comigo, se manteve longe me dando o espaço e tempo que eu precisava.

Eu já tinha tomado a minha decisão, eu seria a viúva solitária para o resto dos meus dias, mas eu não iria me casar com Maximus.

- Bom dia.

Ele se sentou ao meu lado na mesa do café. Seus olhos se encontram com os seus meus e ele sorriu.

Não havia mais ninguém na mesa além de nós dois.

- Não.

Falei bebendo um pouco de café. Maximus apenas fez uma careta e disse :

- era o que eu já esperava.

Então ele enfiou a mão no bolso e tirou de lá um envelope.

Fiquei atenta.

- talvez isso mude a sua opinião.

Ele deixou o envelope na mesa e saiu.

Fiquei curiosa e logo o abri. E no envelope se revelou uma carta do meu Cristóvão. E sua letra tão familiar me fez sorri de saudades.

Era uma carta de Cristóvão para Maximus, cerca de uns três meses antes dele morrer.

Max,

     Fico feliz que esteja bem. Mamãe sente sua falta. Espero que Londres esteja do seu agrado, espero também que venha um dia a Oceânia, eu também sinto sua falta. E eu queria que você conhecesse Estela, minha rainha. Sei que você e ela seria bons amigos.
      O reino vai bem, fico feliz. Tenho andando muito pensativo.
      Max, você sabe muito bem que reis têm vidas arriscadas não é? Eu tenho medo. Tenho medo de morrer, a morte é algo imprevisível, e eu tenho medo dela. Quando papai morreu éramos grandes, mamãe tinha eu e você, mas se eu morrer? Quem mamãe e Estela terá? Eu me preocupo muito com o futuro de Estela. Ainda não temos um herdeiro, e quero lhe confessar algo.
    Há alguns meses que alguns bárbaros têm invadido os reinos mais próximos, não tenho medo de enfrenta-los, mas tenho medo de morrer e deixar Estela.
     Então, se caso eu morrer hoje, ou daqui a cinco anos, se eu não tiver filhos até , você será rei, e como rei quero que me prometa uma coisa, cuide de Estela. Cuide dela com sua própria vida, faça o que tiver que ser feito, eu confio em você. Me prometa Maximus, que você se casará com ela, e manterá bem ? Eu confio em você.
       E aviso que minha esposa é um tanto teimosa e cabeça dura, você terá problemas com ela no início, mas não desista dela, eu confio em você. Por favor faça isso por mim.

Cristóvão.

Ao terminar de ler a carta, eu chorei. Chorei por que eu amava Cristóvão, e saber que ele faz tudo por mim me deixa tonta, e além do mais, eu sinto tanto a falta dele, dói, há um vazio aqui dentro.
Olhei a carta e a li novamente. Então levantei decidida e fui atrás de Maximus.

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