VIII
- O que acha desse majestade ?
Madame Louise me mostrou o tecido vermelho para o meu vestido para a coroação de Maximus na próxima quinzena.
Analisei o tecido e enruguei o nariz.
- Não. Não. Eu gosto mais do dourado.
Falei passando os olhos pelo tecido dourado.
- Eu gosto do azul.
A voz de Maximus soou alta.
- Por Deus!
Arfei e Madame Louise de reverenciou.
- vossa alteza.
Maximus passou os olhos de mim para a criada.
- Faça um vestido azul.
Ele ordenou e se sentou no trono. Olhei de lado para ele, eu nunca me imaginei nesse lugar se não fosse ao lado de Cristóvão. Acabei sentindo leves arrepios. Os olhos dele se encontraram com os meus.
- Eu não quero um vestido azul! Quero um dourado.
Ele me analisou novamente.
- creio que a majestade deve ficar linda no belo dourado sem dúvidas alguma. Mas o vestido azul não é para mi lady.
Ele se voltou a olhar pra frente.
- Ah não?
Ele negou sorrindo. Maximus não sorria muito, isso eu pude perceber ao longo dessas últimas semanas, ele era muito fechado e mal humorado, sempre objetivo e certeiro em suas ações. Raramente eu tinha a dádiva de receber um bom dia.
- Então é pra quem?
Minha curiosidade falou mais alto. Maximus riu e saltou do trono como um gato ligeiro. Ele não parecia se encaixar no trono.
- Tenho certeza que curiosidade aguçada não seja uma virtude de uma rainha, como você.
Então ele sumiu, me deixando novamente aterrorizada com o que ele me faz sentir.
***
A criada prendeu uma forquilha no meu cabelo com um último detalhe do meu penteado.
Quando me avistei no espelho, vi novamente uma rainha.
Durante algum tempo, me vi afogada no luto extremo, ainda sinto dor, muita, mas aos poucos vou conseguindo manusear ela. Simplesmente esqueci que eu era uma bela rainha, e que minha beleza me fazia ser quem eu era.
Agora eu não era mais a pobre viúva de Polús. Eu era a rainha. Não mais claro, logo a minha coroa iria ser passada para outra filha de Oceânia, então eu tinha que aproveitar meus momentos de soberana altíssima.
- Está tão linda, majestade.
Elegiou uma das criadas. E eu estava.
O vestido dourado caiu muitíssimo bem em meu corpo, não havia detalhes espalhafatosos, mas havia delicadas flores de liz, e um bordado lindíssimo, o decote não era muito profundo, e a cauda era propícia.
- Obrigada.
Sorri e saí em direção a catedral aonde seria realizada a cerimônia.
Estavam lá toda a corte, nobres de toda a Oceânia.
Fiquei ao lado de Valentina.
Então tudo começou.
Maximus foi chamado pelo sacerdote, fez seu juramento mais solene em latim, depois foi abençoando.
E por fim, a coroa de ouro branco foi parar na cabeça do novo rei. A coroa de Cristóvão era diferente da de Maximus, era uma tradição familiar sempre usar a mesma coroa, não entendi porque de mudar depois de tantos anos.
Então Maximus se virou e encarou a platéia, todos se levantaram e saudaram o novo rei com louvor.
Então eu vi os olhos do rei, eram de medo, seus olhos tinham uma tristeza profunda e oculta, ele me encontrou e firmou se olhar em mim.
Ele não tinha felicidade alguma em está ali.
Ele desviou o olhar de mim, e virou para seus leais Súditos.
- vida longa ao rei.
***
Tirei os meus sapatos e enfiei meus dedos na grama fresca, e inclinei meus olhos para lua.
- hoje foi um dia difícil.
Murmurei ao vento.
- seu irmão foi coroado, mas ele não parece muito feliz.
O vento levou os meus cabelos que agora estão soltos.
- Bom...Vamos agora nos acostumar. Eu não consigo. Você faz parte de mim.
Era uma loucura falar com vento, principalmente quando você acha que o vento é o seu esposo morto.
- Eu não sou mais a rainha. Mas ainda sou sua...
- falando sozinha, doce Estela ?
A voz me assustou me fazendo pular pra trás e cair do banco de pedra do jardim.
Bati minha Bunda no chão e meus cabelos voaram em todas as direções.
- me perdoe!
Maximus veio correndo em minha direção e me ajudou a me erguer.
- Você me persegue?!
Ele me pôs no banco de pedra novamente e arrumou meu cabelo.
Bati minha mão na dele. Ele se afastou.
- desculpa.
Ele sorriu com a minha inquietação.
- pensei que reis tivessem modos!
Ele levantou as mãos e se sentou na grama cruzando as pernas, em uma imensa simplicidade, como se não fosse rei!
- Não fui criado pra ser rei.
Falou olhando para estrelas.
Eu ainda estava o encarando.
Passamos alguns minutos assim, olhando para o nada.
- Você o amava?
Ele falava de Cristóvão.
- Com todo o meu ser.
Ele concordou.
- e eu também.
Seus olhos azuis se encaixaram nos meus com maestria.
- Estela...
Ele segurou as minhas mãos, mas eu fiz questão de me soltar delas. Que garoto pretensioso!
- tenho uma proposta pra lhe fazer.
Ergui uma sombrancelha.
- e qual seria?
Ele arrumou a coluna e falou:
- quero que se case comigo.
Então eu caí novamente do banco.
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