Eu apenas sentia a dor latejar no meu corpo. Eu tentei gritar mais eu estava sem ar, eu só chorava. Só chorava.

- Aurora? O que houve?!

Michael, Olivia e Ralph estavam ao meu redor. Todos querendo uma resposta e o motivo do meu choro.

- Aurora?

Eu tentei falar mais só saiu um peso de lágrimas.

- Aurora eu estou preocupada.

Ouvi a voz de Ollie.

Eu a abracei.

- Ela está assustada.

Eu estava assustada.
Com tudo aquilo.

***

Eu fechei meus olhos. A dor ainda não fora embora.

- Não finja que está dormindo.

Falou Ralph entrando no quarto.

- quero saber o que deu em você.

Falou e eu vi Olivia atrás dele. Eu confiava nos meus amigos, mas eu sentia tanto medo do que estava acontecendo.

Eu sonhei uma vez com Cristóvão e Estela, mas a segunda já foi demais, e nesse dia, eu não precisei dormir para voltar a sonhar com eles, eu estava muito bem acordada. Eu estava louca.

- lembra do meu sonho, Ralph?

Ele cruzou os braços.

- do gostosão?

Concordei eu vi confusão nos olhos de Olivia.

- Eu tive outro sonho, não o mesmo, mas como a continuação do outro.

Ralph concordou.

- na festa eu tive outro. Mas eu não precisei dormir pra poder tê-lo.

Os dois ficaram confusos e eu expliquei cada detalhe, não os polpando de nada, principalmente das dores que eu senti enquanto a vida de Estela se passava na minha mente e nos meus olhos.

- Nos outros sonhos era bom. Eles estavam se apaixonando e eu sentia cada sintoma da paixão deles! Era bom. Eu sentia tudo, só não imaginei que eu fosse sentir a dor também.

Falei me lembrando de cada detalhe de quando Cristóvão morreu.
Eu realmente gostava de sentir as coisas boas, eu sentia quando Estela vibrava com Cristóvão, ou quando ela ficava nervosa perto dele, eu sentia amor quando ele me tocava, não, quando ele a tocava.

- Então você acredita que sejam memórias ?

Olivia perguntou. Eu Concordei.

- lapsos de memórias que não pertencem a minha pessoa.

Os dois apenas me encararam.

- isso dava um bom filme.

Ralph falou.

- é sério Ralph, não foi legal.

- Mas quando você chorou, foi como se você tivesse compaixão da dor de Estela ?

Eu Neguei com a pergunta de Olivia.

- Não. Não. Eu não me compadecia da dor dela, Eu senti a dor como se fosse eu que houvesse perdido o marido.

Falei pondo a mão no peito.

- como se a Aurora houvesse perdido o seu Cristóvão.

Ninguém falou nada. Os dois apenas me fitaram, estavam tão confusos como eu.

- Isso é loucura demais para uma pessoa só.

Falou Ralph.

- Imagina eu!

Bufei impaciente.
Eles não me entendiam e não ia me entender. Ninguém havia sentindo a minha dor, ninguém viu o amor da sua vida morto em seus braços.

Espera, o amor da vida de Estela.
De Estela.

- Veja bem, Aur. Você está confusa e  stressada, porquê não dorme um pouco e descansa?

Ollie perguntou meiga.

- tá Louca Olivia ?

Falei com a voz estridente.

- se quando eu estava acordada faltei morrer, se eu dormir é capaz de eu nem acordar!

Falei impaciente. Eu tinha medo do que podia acontecer no próximo sonho, e do que ele ia me fazer sentir.

- o drama chegou e parou em você, Hein? Dorme um pouco você tá com cara de velório.

Ralph sorriu e Beijou a minha testa.

- só descanse um pouco.

Ele disse saindo, mas parou no vão da porta.

— à propósito, Michael ficou preocupado ao extremo com você.

Ele deu uma piscadela e saiu.
Olivia me olhou com ternura.

- Eu não sou louca, Ollie.

Falei sentindo lágrimas novamente.

- Eu sei. Mas isso precisa passar. E como você vai saber o que acontece se não ver o próximo capítulo?

Ela deu de ombros e me abraçou com força.

- Como a Estela é?

Ela perguntou do nada.

- igual a mim.

Botei a mão no rosto.
Idêntica.

- então você acha que ela é você?

Quis saber.

- Não sei.

Ollie segurou a minha mão.

- Sendo você Estela ou não, acho que ambas tem algo em comum. A força.

E então com um último Abraço, Olivia fora embora.
Fiquei olhando o teto por uns bons minutos, eu não queria dormir, mas queria muito saber a continuação da história de Estela, talvez o que ocorreu depois, faça essa dor amenizar.

Mas é tão real.
Tudo foi tão real, desde o sol em minha pele como os toques e sensações. E a dor. A dor principalmente.

Será que eu havia me apaixonado por Cristóvão, ele fora tão real ao meu toque naquele momento, e eu quis tanto amar ele, talvez por isso a dor foi tão grande.

Eu só queria que a dor fosse embora.
Essa dor de coração partido e jogando no mar. Então, fechei os olhos, e me deixei viajar por Oceânia.

- isso é tão doloroso.

Mamãe se lamentou. Eu apenas bebi mais um pouco do meu chá.

- então o Príncipe chegará quando, querida?

Quis saber papai.

- Não sei papai. São alguns meses de Londres para cá.

Cristóvão tinha um irmão mais novo do que ele. Como não tivemos tempo de conceber um filho, a coroa de Cristóvão foi passado ao seu irmão mais novo; Maximus.

Maximus vivia na Inglaterra, eu nunca cheguei a vê-lo, ele não compareceu no meu casamento e de Cristóvão e muito menos no funeral do irmão.
Na sala da coroa havia fotos de toda a dinastia Polús, havia um retrato de Maximus,mas ele era uma criança ainda, então isso fazia com que todos estivessem animados com a chegada do novo rei.

O país inteiro estava lamentando a morte do meu esposo, todos clamavam por um rei, talvez Maximus fosse a esperança de luz para Oceânia.

- então você continuará rainha?

Perguntou Adelaide.
Neguei levemente.

- quem será a rainha vigente será a esposa do príncipe Maximus. Eu serei a rainha apenas de Cristóvão.

Todos concordaram.

- então o Príncipe já virá casado?

Eram tantas perguntas.
Desde a morte de Cristóvão o reino pairou no meu colo, eu tive que tratar de tudo, e aquilo era um peso extremo.
E o pior de tudo, eu não tinha mais Cristóvão para me ajudar ou consolar.

- Não. A lei da coroa diz que o rei deve se casar com uma filha de Oceânia.

- Então Adelaide terá chances!

Mamãe explodiu de alegria, e eu apenas rolei meus olhos nas órbitas.

- seríamos tão afortunados! Duas filhas rainhas.

Mamãe sonhou acordada.
E eu me senti cansada.

Ah meu Cristóvão! Como eu preciso de ti.