IX

- Majestade...

- Não não. Apenas Aurora.

Me apressei em dizer.

- como quiser.

A cigana sorriu mostrando os dentes.

- O que desejam?

Então eu Respirei fundo e deixei aquilo escapar da minha boca:

- Eu sou realmente a reencarnação de uma rainha?

Mulher tocou o meu rosto e sorriu.

- nos perfeitos detalhes.

Ah Deus,  eu não acreditava, ainda não acredito totalmente, aquilo era loucura por cima de loucura.

- Mas por favor, se sente.

Ela apontou pra duas cadeiras.
Eu me sentei e esperei a mulher.

- Como eu me livro disso?

Ela arqueou a sombracelha e sorriu.

- Estela realmente existiu?

Ela sorriu de novo.

- Querida, há tantas perguntas e tão poucas respostas.

Aquilo parece ser a prévia da minha sanidade jogada no lixo.

- Então me ajude.

Supliquei.

- Estela realmente existiu, ela realmente foi uma rainha.

Ela deu uma pausa e prosseguiu.

- Não há motivos para uma reencarnação. Mas, talvez haja uma missão.

- missão? Que missão?

A cigana deu de ombros e falou :

- todos nessa vida têm uma missão, talvez Estela ainda não cumpriu a dela, e você precisa cumprir.

Missões, que diabos é a missão de Estela? Santo Deus, eu não tenho paciência pra isso porque teve de ser eu a reencarnação da rainha Estela ?

- Se isso significa que eu vou me livrar das memórias delas, eu faço qualquer coisa. Qual é a missão de Estela?

A mulher franziu a testa em confusão absoluta. Eu estava em confusão absoluta. Eu estava prestes a cair no chão e clamar por misericórdia de alguém, a idéia de ser ter uma vida passada só faz eu parecer mais doida, daqui a pouco estarei vendo espíritos.

- Você não sabe não é?

A cigana negou. Perdida.
Será que Estela continuaria me atormentando se eu não cumprisse a tal missão? Será que com o tempo ela simplesmente sumisse da minha mente? Será se eu deixar tudo quieto a imagem de Estela iria evaporar da minha mente?

- Bom...Você precisa cumprir a missão dela, Aurora. Ou isso vai continuar em um ciclo sem fim.

Ciclo sem fim? Continuarei tendo os sonhos e os lapsos? Mas uma hora eles terão que acabar, uma hora o outro a temporada e os episódios acabam. Ou eles podem se reprisados. Não, não eu não quero viver novamente o momento da morte de Cristóvão, eu não aguentaria.

- então como eu faço pra descobrir a missão dela?

- Você precisa conhecer Estela, conhecer todos os detalhes dela, e aí encontrar a missão de vida dela.

Ajudou muito, vou ter que sentar e analisar a vida de uma rainha.

- Você vai encontrar, e quando encontrar, vai saber o que fazer.

***

Ralph e Ollie me fitavam. Esperando alguma coisa sair da minha boca, alguma explicação que seja.
Eu fiquei analisando os últimos sonhos e tentei descobrir a tal missão de Estela Mason rainha de Oceânia.
Mas não encontrei nada relevante.

Levantei os olhos e encontrei Olivia e Ralph muito curiosos.

- Ela disse que eu preciso conhecer Estela.

Dei de ombros.

- Fácil, mas você não é a Estela ?

Pela primeira vez me vi não como Aurora, mas como Estela. Eu não tenho cara de rainha.

- Acho que sim. Mas não vou esperar os lapsos virem.

- o que você vai fazer?

Questionou Olivia.

- vou para Oceânia.

***

Saí do aeroporto e entrei no táxi. Enquanto o carro deslizava pelas ruas da ilha, me dei o luxo de conhecer a cidade de Placidus.

Eu não era muito de viajar, e nunca imaginei indo para um  lugar como Oceânia. A ilha era muito turística pelas suas praias, durante os 365 dias do ano estava apinhada de turistas.

Placidus é um lugar aquietante mas ao mesmo tempo muito movimentado.
Eu gostei da forma como a cidade se erguia em prédios grandes e jardins e parques, não era bem assim na época de Estela.

- Aonde fica o palácio?

Perguntei ao taxista.

- qual palácio, senhorita? Tempos o palácio central, e temos o palácio de Polús, aonde foi reinando toda a dinastia até o século 16.

Ergui uma sombrancelha.

- Polús?

Ele assentiu.

- me leve para lá.

E o carro praticamente voou até o bairro histórico da cidade. Era muito bonito, completamente igual aos meus sonhos, as casas ao redor, tudo continuava o mesmo.

Pedi para o taxista me esperar e paguei um bilhete para turistas poder entrar no castelo.
Havia um bocado de turistas loucos para descobrir mais e mais de Oceânia e sua história, e eu sou queria saber qual era a minha história.

Cheguei perto do portão e minha mente me levou até o dia em que eu vi a morte de Cristóvão.
Me arrepiei toda e subi as escadas.

O castelo era o mesmo. Com seu luxo arcaico, tapetes, ouro nas paredes, parecia que ainda vivia ali a família real.

Um guia começou a contar a história do castelo, eu acompanhei o grupo de turistas, eu podia ser mais uma turista, mas eu me sentia muito familiarizada com tudo aquilo.

- então a dinastia Polús.

Entramos em uma saleta.
Durante todo esse tempo eu dizia pra mim mesmo que Estela nunca existiu, que Oceânia era mais uma ilha, e que aquilo não passava de uma peça que meu cérebro estava me pregando.
Mas quando entramos na sala, o guia começou a falar:

- Este aqui é o rei...

Ele contou a história que eu sabia, me perdi em meios aos quadros e pinturas. Estava lá, o retrato da família Polús. O rei Plínio, pai de Cristóvão e Maximus, a rainha Valentina. E em um quadro separado, estava Cristóvão coroado.

Senti lágrimas desapontarem dos meus olhos.  Ele era igual ao meu sonho. Ali estava ele.
E ao lado de seu quadro, estava  Maximus coroado, e minha mente me levou para cada detalhe do rosto de Maximus, e como seus olhos são azuis céu. Então por último, o meu quadro.

O quadro de Estela.
Era como um espelho.
Estela usava um vestido bonito e uma tiara cheia de pedras, ela era uma rainha, tudo aquilo se confirmou. Eu era a reencarnação de Estela.

E abaixo do quadro da minha vida passada, tinha seu nome entalhado:

   Estela Harriet Carter Mason Polús
            Rainha de Oceânia

- e está é a rainha Estela.

Disse o guia apontando para o meu quadro. Para o quadro de Estela.
Me afastei.

- a Rainha Estela era filha de um rico conde. Ela foi casada com Cristóvão Polús herdeiro do trono a após sua morte, com o Rei Maximus.

Meus olhos estavam aturdidos e fixos nos três quadros a minha frente.

Dos dois reis.

- Maximus Naveen I Polús.

Falei em voz baixa.

- Cristóvão Matthew II Polús.

Os esposo e reis de Estela.


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