Terceiro; Hinata se enche de coragem

Você pode mudar seu destino, 

mas antes precisa ter coragem para mudar de direção

— Shihan Cicero Melo - Hosho Ryu Ninpo

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VOORPRET - Subst.  fem.
Vem do Holandês e se refere a uma grande emoção que você sente mesmo antes de algo acontecer. Como a ansiedade que sentimos para encontrar a pessoa amada, pois sabemos que será ótimo

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Quando Hinata chega na vila, ela não sente nada fora do comum. Pelo menos, não na superfície.

Os bandidos de que o pergaminho falava não foram encontrados. Quando ela ativou seu byakugan fora da vila para procurá-los, ela não encontrou nenhum rastro. A única evidência de que eles estavam lá já tinha meses, e nada de novo.

Não havia nada de errado com a pousada em que ela ficava. A anfitriã era legal o suficiente e quando usava seu byakugan para verificar o interior dos edifícios, não encontrava nenhuma evidência de uma possível atividade criminosa.

A aldeia estava limpa, não havia nada de estranho nela. Crianças brincando na rua, pessoas conversando em suas varandas ou sacadas. A imagem era suspeitamente calma, na verdade. Hinata começa a suspeitar que mesmo com os olhos, ela não conseguiria ver o que realmente estava acontecendo aqui.

Então continuou procurando. Hinata decide ir ao mercadinho, espreitando pelos becos. A Hyuuga faz perguntas despretensiosas e recebe respostas despretensiosas. Ela mantém os olhos e os ouvidos abertos, ouvindo as conversas de todos da maneira que Kurenai-sensei a ensinou há tantos anos.

Às vezes, a melhor ferramenta de um ninja é permanecer escondido. Ser despretensioso.

Havia uma mulher no mercado com longos cabelos loiros. Ela era tagarela e alegre, e sua voz parece dolorosamente familiar.

Hinata não diz ou faz nada. Ela apenas fica parada na banca de flores e finge admirar um buquê de flores de damasco. Quando a mulher sai, Hinata se vira do feixe de pequenas flores brancas e amarelas bem a tempo de ver seu cabelo loiro antes de ser engolida pela multidão.

Ela estava começando a ter uma ideia, mas agir no que poderia muito bem ser uma coincidência não era sensato. Ela teria que esperar.

E foi o que Hinata fez. Desta vez, ela esperou ao lado de um carrinho de frutas e a mulher voltava ao mercado. Mais uma vez ela estava barulhenta e animada, e as pessoas no mercado pareciam conhecê-la.

Desta vez, Hinata vê mais dela, um pedaço de pano roxo, talvez um yukata? Cabelo loiro, uma cesta no braço. Hinata não quer parecer que está olhando e a mulher se afasta antes que ela possa pensar em uma maneira de dar uma olhada melhor nela.

Mas Hinata tem uma suspeita crescente de que talvez já saiba quem pode ser aquela mulher.

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— Tem uma mulher que mora aqui com longos cabelos loiros? — Hinata pergunta à anfitriã quando ela volta para a pousada.

— Uma mulher com longos cabelos loiros? — A anfitriã repete.

Hinata sentiu impaciência poucas vezes em sua vida. Ela se tornou muito habilidosa em aprender a sentar, observar e esperar quando era uma garotinha e ainda sob a severa tutela de seu pai. No entanto, ela estava agora há quatro dias em sua missão e um palpite que só se tornava mais provável quanto mais ela pensava sobre isso.

— Sim — diz, tentando não parecer aborrecida. Ela mantém a voz suave. Gentil. Como sempre foi. — Ela gosta de usar roxo... 

— Oh! — A mulher solta uma exclamação, com reconhecimento inundando seu rosto, — você quer dizer Tsubaki! Sim, ela se mudou para cá recentemente com o marido! Por que-

— Sou amiga dela, — diz Hinata, lembrando-se de uma aula que ela fez na academia sobre missões secretas.

Sempre mantenha isso o mais próximo possível da verdade, seu chunnin-sensei os aconselhou, parecerá genuíno, ajudará você a manter sua história correta. Mas minta sobre as partes importantes - nomes, locais. Isso o ajudará a manter a ilusão.

— Fomos para a escola juntos, na cidade — ela rapidamente segue — Eu tenho tentado rastreá-la...

— Ah, ela não mora muito longe daqui — a mulher diz a ela — Se você seguir um pouco mais adiante na estrada, poderá encontrar a casa dela. Não tem como se enganar com a casa, há flores por toda parte.

Hinata dá um sorriso rápido para a anfitriã antes de sair correndo.

— Obrigada!

-

Acontece que a casa de 'Tsubaki' ficava nos arredores da vila, mas a anfitriã estava certa, não havia como se enganar. A casa estava praticamente coberta de flores.

Antes que ela chegasse mais perto, Hinata mais uma vez ativou seu byakugan. Havia chakra naquela casa, muito. E as assinaturas lhe eram familiares.

Quando Hinata notou que suas mãos estavam começando a tremer, ela as fechou em punhos. Então, ela marchou até a casa, subiu a varanda e levantou a mão para bater na porta e...

Uma pausa silenciosa prosseguiu por torturosos segundos que a deixaram angustiada. Suas unhas cravaram na palma da mão com tanta força que ela pensou que poderia estar sangrando.

A Hyuuga respira fundo. Tentando manter a calma. Se fosse quem ela pensava que fosse, havia uma boa chance de que não a machucassem.

Hinata bate na porta.

Ino atende a porta com um sorriso que desaparece de seu rosto quase tão rápido quanto a neve que havia derretido recentemente.

Hinata não conseguia se conter.

— Eu não-

— Hinata. — Ino sibila incrédula, mantendo a voz baixa. Seu olhar poderia transformar as pessoas em pedra. —O que você está fazendo aqui?

—EU-

— Quem está na porta? — Outra voz familiar chama de dentro da casa. Shikamaru.

— É só alguém da aldeia! — Ino responde de volta, passando pela moldura da porta para a varanda. Hinata dá um passo para trás. Dois passos para trás. — Nós vamos sair em apenas um segundo!

Ela fecha a porta atrás dela antes que ela possa receber uma resposta.

— Eu- —Hinata se esforçava para encontrar as palavras certas, sua língua de repente pesada e desajeitada por causa do nervosismo — E-eu não estou aqui por você Ino-san...

— Então por que você está aqui? — Ela rosna.

—Kakashi-sensei estava preocupado. Ele disse que não havia nenhuma missão desta vila por algum tempo e ele ficou preocupado porque ela tinha uma história com bandidos, então-

— Então ele te enviou. — Ino suspira — Eu e Shikamaru eliminamos aqueles caras meses atrás. Deixou claro que esta era a nossa aldeia agora e que iríamos protegê-la.

Nossa aldeia. Hinata estava começando a entender o que se passava ali...

E quanto a Temari? Ou Sai? Eles haviam enganados os dois?

— Mas- mas e quanto a Konoha?

— E daí? — Ino rosna com veneno, repentinamente hostil novamente — a vila cujo sistema iniciou quatro guerras? Quem envia crianças para lutar e morrer por eles? A aldeia que... que não permitiu que eu e Shikamaru ficássemos juntos porque queria preservar sua preciosa formação Ino-Shika-Cho...

— Choji sente sua falta — Hinata interrompe — ele sente tanto sua falta. E Naruto procurou por você... e..

O rosto de Ino cai quando ela ouve o nome de Choji. Um pouco da luta interna a deixa, seus ombros caídos. Ela suspira.

— Olha, Hinata e-eu sei que eu e Shikamaru tomamos uma decisão com a qual muitas pessoas não concordariam. Conversamos muito sobre isso antes de partirmos, foi uma fantasia boba, no começo. E fizemos a diferença, aqui, nesta aldeia. As crianças realmente se tornaram crianças do caralho. — Ino suspira novamente e olha para a porta por um momento — As pessoas que se amam realmente ficam juntas.

Hinata pensa nas crianças que viu brincando na rua. Então ela pensa nas crianças em Konoha, brincando com shuriken de papel enquanto seus irmãos mais velhos perseguem seus senseis. Crianças que frequentemente voltavam de missões de nível C de baixo risco com novas cicatrizes.

E fizeram isso por amor. Eles partiram porque estavam apaixonados e realmente fizeram a diferença nesta pequena vila, esta casa longe de sua origem. De repente, Hinata deseja ter metade da coragem de Ino. Para fazer a mesma coisa que os dois fizeram.

— Oh...

— Então você tem sua resposta agora, eu acho. Não há bandidos e a aldeia está bem. — Ino cruza os braços. — Você não vai... contar a eles sobre nós, vai?"

— Não — Hinata a garante com um sorriso. Se eles estavam felizes, quem era ela para estragar aquela felicidade? —Eu não vou.

Alívio preenche o rosto de Ino.

—Obrigado, Hinata. Não sabe o quanto isso significava para mim... para nós dois...

Hinata sente um sorriso quieto puxando os cantos de seus lábios.

— É claro. Obrigado por falar comigo... Tsubaki.

Ino sorri de volta para ela, agradecida. Antes que Hinata pudesse se virar, no entanto, ela se lançou para frente e agarrou seu pulso.

— Espere, deixe-me apenas...

Ela volta para dentro de casa por um momento. Ouve-se o som de vozes abafadas e vasculhadas, e então Ino reaparece com um pequeno pedaço de papel.

— Você pode dar isso para Choji?

Hinata pega o pedaço de papel dela.

— É claro.

¨¨

Ela está de volta a Konoha antes de sua data de preocupação. Izumo a cumprimenta no portão.

—Hinata! Bom dia! — Ele a cumprimenta com um aceno — Teve uma boa missão?

Hinata retribui o aceno com um sorriso

— Sim! Foi uma grande missão, na verdade! Você sabe se o Hokage está?

— O Hokage está sempre em seu escritório hoje em dia — diz Izumo — Mas não se esqueça de bater, ele teve muitas reuniões esta semana e não gosta de ser abordado.

Hinata acena com a cabeça

— Entendido!

E então ela sai, indo não para a Torre Hokage, mas para o Complexo Akimichi.

¨¨

O Complexo Akimichi era um pequeno agrupamento de edifícios, todos com portas circulares, telhados vermelhos e detalhes em laranja. Eles estavam incrivelmente perto dos Compostos Nara e Yamanaka, quase roçando um no outro. Os clãs trabalhavam tão próximos que até mesmo seus prédios se agrupavam.

Ela bate na porta da casa principal e é convidada a entrar por um nervoso Akimichi Kanna, de repente perturbado pela aparição não anunciada da ex-herdeira Hyuuga.

A mãe de Choji não precisava ficar tão nervosa perto dela. Ela era uma Hyuuga apenas agora, desde os doze anos.

—Choji está aqui? — Ela pergunta.

Kanna a direciona para a cozinha, onde Choji, seu pai Choza e um homem muito parecido com Nara Shikaku estavam tendo uma discussão acalorada.

— Choji... — Kanna interrompe, em voz alta. Três cabeças apontam para Hinata e a matriarca Akimichi. — Hyuuga-sama gostaria de falar com você.

Hinata abre a boca para dizer a Kanna que ela não precisa se dirigir a ela com tanto respeito, mas ela já estava sendo conduzida para fora da sala, com Choji logo atrás. Choza e o membro do clã Nara voltam à discussão, embora com vozes mais baixas.

— E aí, Hinata. O que houve? — Choji pergunta, uma vez que eles estão guardados em segurança em outra sala.

Hinata olha para a porta. Sua mãe havia desaparecido.

Ela puxa o pedaço de papel do bolso e agarra a mão de Choji. Ela pressiona o pedacinho de papel na mão grande dele e rapidamente o fecha em um punho. As sobrancelhas de Choji franziram em confusão.

— Huh-

— De Ino — ela sussurra, como precaução para que ninguém os escutasse — Não conte a ninguém.

Os olhos de Choji se arregalam. Ele olha para seu punho, então de volta para Hinata.

— Obrigado — ele sussurra de volta emocionado.

A suposta mensagem de Ino foi entregue com segurança para Choji, Hinata parte para a Torre Hokage.

¨¨

Atendendo ao aviso de Izumo, Hinata bate na porta do escritório do Hokage. Ela espera do lado de fora por vários momentos antes de finalmente receber um curto 'entre!'.

Lá dentro, ela encontra Kakashi, Naruto, Sasuke, Capitão Yamato e Shizune, todos agrupados em torno da mesa do Hokage. Assim que ela entra, todos saem rapidamente. O olhar de Naruto permanece nela, mas apenas por um momento.

E então ela e o Hokage estão sozinhos.

—¨Vejo que você voltou de sua missão — Kakashi comenta, caloroso em seu tom.

— Sim. — Hinata diz com um aceno de cabeça. — Depois de observar a aldeia por vários dias, não encontrei nada fora do comum. Os bandidos simplesmente desapareceram.

Kakashi fica em silêncio, e por um momento Hinata teme que sua resposta não tenha sido o suficiente. Ele enviaria outras pessoas para explorar a aldeia? O que aconteceria com Ino e Shikamaru então?

— Bem, suponho que eles provavelmente se cansaram de nós aparecermos e expulsá-los de volta — Kakashi ri. — Você fez um bom trabalho, Hinata. Obrigado por me atender.

Hinata acena com a cabeça

— Claro, Kakashi-sensei.

— Seu pagamento por esta missão será depositado em sua conta no final do dia. Como se juntar à lista de chunnins ativos soa para você?

— Hum...

Kakashi inclina a cabeça para o lado.

— Ah, eu exagerei. Peço desculpas-

— Não, não. — Hinata balança as mãos no ar como se estivesse dispensando seu pedido de desculpas — Eu só... eu não esperava isso.

— Bem, se você quiser, sinta-se à vontade para passar no meu escritório e podemos marcar tudo mais tarde — diz Kakashi, embaralhando alguns papéis soltos em sua mesa.

— Uh-claro. Vou pensar sobre isso.

¨¨

Talvez ela devesse aceitar a oferta de Kakashi. Depois de tudo isso, Hinata sentia que precisava de algo para ocupar sua mente, algo diferente para ocupar sua mente. Ela teve muitas coisas em mente por um tempo significante agora. Ela queria algo diferente para pensar.

E é clara que a herdeira Hyuuga não havia esquecido que precisava falar com Sakura.

Tudo o que fez foi lembrá-la do frio na barriga que passou a residir em seu estômago diariamente todo vez que a imagem da rosada passava por seus pensamentos.

Ela tentou caminhar pelo parque recém-construído para tentar acalmar seus nervos, mas estava tendo um sucesso limitado.

E se isso a assustasse? E se isso a enojasse? E se ela não quisesse mais ser amiga? Hinata tinha se tornado um pouco pensativa demais recentemente, ela realmente precisava sair mais, mas Sakura sempre era a única a arrastar para os lugares, e se ela não queria ser amiga por causa dos sentimentos de Hinata...

— Hinata! Ei!

Porra! Lá estava ela!

Hinata respira fundo enquanto Sakura se aproximava, tentando fazer com que suas pernas fiquem sólidas novamente depois que elas aparentemente viraram gelatina quando ela se virou e viu o rosto sorridente da Haruno.

— Oi Sakura-san — ela cumprimenta. Suave. Gentil.

— E aí! — Sakura a cumprimenta com um abraço rápido — Ouvi dizer que você acabou de voltar de sua missão - tudo correu bem?

— Foi-foi ótimo, m-mas Sakura-san... — Hinata se afasta do abraço — Tinha algo que eu precisava te dizer, lembra?

— Ah... sim, claro. Você quer pegar alguma coisa?

— Não. — Ela nega rapidamente, precisava fazer isso agora, enquanto ainda tinha coragem. Ela precisava dizer isso antes de desmaiar. —Não, hum - aqui está bom.

Sakura não diz nada em resposta. Ela apenas olha para Hinata, com expectativa.

— Eu... — Hinata olha para Sakura, para aqueles lindos olhos verdes. Os olhos que olhavam para ela, e que realmente a olhavam nos olhos. Ela olhou para baixo, para onde a mão de Sakura ainda segurava seu braço. As mãos que sempre a ajudaram quando ela mais precisou. — ... Sakura eu... eu gosto de você. Do jeito que você gosta de Sasuke, do jeito que eu gosto de Naruto, eu... — chamar isso de paixão parecia muito infantil, e chamar isso de amor poderia assustá-la.

— Oh! Hina... — O coração de Hinata apertou-se imediatamente com o tom de Sakura. Ela estava prestes a rejeitá-la.

Ela só espera que ela a deixasse escapar dali facilmente.

— Isso é... —Ela olha para cima, e Sakura está sorrindo — M-me desculpe, eu não sei o que dizer.

—Eu...e-está tudo bem.

Sakura ri

— Me desculpe! Isso me pegou de surpresa é tudo. Aqui... por que não descemos até aquele café onde levei você no inverno passado?

Hinata sorri.

— C-claro.

¨¨¨¨

Acontece que Sakura tinha acabado de terminar com Sasuke. Aparentemente, ele decidiu que não estava pronto para um relacionamento e se precipitou quando a convidou para sair.

— Experimentando uma paixão no pátio da escola, ele disse — explicou Sakura — Nós simplesmente não ficamos do jeito que eu pensei que ficaríamos, ou do jeito que ele pensou que seria.

Ela estende o braço sobre a mesa e aperta a mão de Hinata.

— Você gostaria de ir a um encontro ainda esta semana, talvez? Ouvi dizer que está abrindo um novo restaurante do outro lado da cidade, a comida deve ser muito boa.

Hinata pisca, surpresa com sua ousadia. Ela se atrapalha com as palavras, com sua língua desajeitada.

— E-eu... claro! Eu a-adoraria!"

Hinata sente-se corar. Sakura ri. E aquele som parece um pouco como música para seus ouvidos.

— É um encontro então!

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