Capítulo 5: "Estranho"
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Boa leitura.📖
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Mesmo sabendo que Luke não gostava de Gina, da mesma maneira que ela, eu ainda sentia um pouco de raiva dos dois. Não sei, mas eu não ia com a cara de Gina. E depois de saber que ela era atirada assim, ai que me deu mais raiva ainda.
Estava andando pelo corredor, me preparando psicologicamente para a apresentação do trabalho da senhora Esther. Gina passou ao meu lado e se virou, vendo eu seguir pelo meio dos alunos que andavam pelo corredor.
Ela correu para ficar ao meu lado e então começou a me acompanhar.
-O que você quer? –Perguntei bruscamente.
-Nada. –Respondeu ela me olhando assustada. –Só queria te fazer companhia até a sala.
-Mas agora não dá, porque eu estou tentando me concentrar para a apresentação. –Respondi e apertei o passo.
-Nossa Lian, como você está estranho. –Disse ela.
-Estranho? –Falei parando e me virando para trás, deixando que o livro em minha mão se abaixasse. –Você que fica toda esquisita com os outros e agora eu que estou estranho? Quer saber, eu cansei das pessoas me dizerem isso o tempo todo. Que saco. –Falei dando as costas para ela e andando pelo corredor.
Porque as pessoas decidiram dizer que eu estou estranho ultimamente? Eu sou o mesmo de sempre. Fiquei pensando ate chegar em minha sala.
Alguns alunos estavam sentados em cima da carteira e batendo papo com outros. Jean estava arrumando seu material, para começar a anotar qualquer coisa que ele achasse interessante. Erick estava rodeado pelas garotas, mascando o chiclete de sempre e hoje ele estava com um visual tipo anos 80, com uma jaqueta preta, óculos escuro e calça jeans um pouco desgastada. Ah, e o cabelo coberto de gel, formando um topete grande e imóvel.
Entrei na sala calmamente e percebi alguns me olharem por algum segundo, mas voltando sua atenção em qualquer papo que seja. Olhei para o lugar de Luke e novamente ele não havia chegado.
Desde a semana passada, ele está se atrasando sempre para chegar nas aulas. Alguma coisa deveria estar acontecendo, mas eu não vou força-lo a dizer, se ele quiser me dizer tudo bem, mas se não, eu não posso fazer nada. Ele só vai ter que explicar o porquê de não confiar mais em mim, já que sou o seu melhor amigo e mesmo assim ele me esconde coisas.
Me sentei no lugar de sempre, coloquei o livro em cima da minha carteira e comecei a retirar os materiais da minha mochila. Ao longo que eu iria retirando os meus materiais, mais pessoas chegavam na sala, antes do sinal tocar, mas nada do Luke.
O jeito vai ser eu apresentar o trabalho sozinho, já que a primeira aula é da senhora Esther. Comecei a me preparar e tentar memorizar algumas datas importantes, já que a professora não suporta de que fiquem lendo um papel na apresentação. Pra ela, isso quer dizer que a pessoa não fez nada, que apenas copiou e não estudou. Mas não posso culpar ela, porque é exatamente isso que muitos aqui da minha sala fazem.
A sala estava quase completa com quase todos os alunos, deveria faltar uns cinco ou seis alunos. Erick se levantou e andou até a carteira de Jean, pedindo para que ele fizesse uma de suas tarefas.
Não bastava dar uma de durão, ainda tinha que obrigar com que alguns fizessem o seu dever. E se não tivesse correto, ele atormentava a pessoa sempre Eu sei disso porque um garoto da minha sala tentou fazer isso com ele e agora, quase que sempre, ele atormenta esse garoto. A última vez que fiquei sabendo, foi a uns dias atrás, que ele por maldade, empurrou a cabeça do garoto na privada do banheiro.
A professora entrou na sala apressada e já foi pedindo que todos se sentassem. Ela fez algumas observações em questão a aula anterior e então vi Luke chegar correndo e parando na porta da sala todo ofegante.
-Com licença professora. –Disse ele exausto.
-Entre, entre. –Dizia ela fazendo gestos com a mão.
Ele entrou e se dirigiu para o lugar. Ele estava um pouco suado e com a aparência cansada.
-O que aconteceu? –Perguntei curioso.
-Minha bike furou o pneu e eu tive que vir de apé.
-Mas era só ter pegado o ônibus do colégio, é aquele amarelo lembra? –Brinquei.
-Quando ele furou, ele já tinha passado. –Disse ele abrindo o seu caderno e olhando algumas anotações.
-O que é isso? –Perguntei.
-Ah, isso? São anotações para apresentar o trabalho. –Ele sorriu.
-Pensei que você havia se esquecido e não viria hoje.
-Eu nunca vou abandonar o meu melhor amigo. –Ele sorriu alegremente. –E foi você quem me colocou nessa, então eu preciso ir bem.
"Eu nunca vou abandonar o meu melhor amigo", essa frase ficou cravada na minha mente. Fiquei sem o que dizer, porque senti uma sensação estranha em meu peito, algo diferente de tudo que eu me lembre.
-Está tudo bem? –Perguntou ele ao perceber que eu deveria estar em transe.
-Hum? Ah, sim, sim, está tudo bem. –Falei saindo daquele transe.
-Senhor Miller e senhor Hunt, estão preparados para a apresentação de vocês? –Perguntou a professora.
-Sim senhora. –Respondi me levantando do lugar ao ver que ela nos chamava para frente do quadro.
Nos dois nos levantamos e andamos em direção ao quadro negro. Ao andar, percebi alguns rostos de desgosto com mais apresentações. Acho que todos da sala não aguentava mais ficar só ouvindo e ouvindo. Jean parecia o único empolgado para ouvir o nosso ponto de vista do trabalho.
E lá fomos nós. Ficamos de frente para todos e percebi que houve alguns que se acomodaram debruçados na carteira e deitaram, como se fossem tirar uma soneca ou algo assim.
Começamos então a falar sobre a revolução americana de 1776. O tempo era curto, então falamos o mais breve possível, para que ela ficasse satisfeita. Levei comigo uma colinha com algumas datas, que era chata de se lembrar.
-E foi por isso que o curso da guerra foi dividido em duas fases depois de 1778, onde a primeira foi a captura de Nova York pelos ingleses e a segunda foi quando desviaram a atenção britânica para o sul, fazendo com que os britânicos nãos destruíssem os exércitos de Washington e Greene. –Finalizei.
A professora puxou a salva de palmas e os que estavam cochilando na carteira, acordaram sem entender nada.
-É dessa maneira que eu gostaria que cada um de vocês entendessem a história. Estão vendo como os dois apresentaram? Eles não precisaram ficar lendo aqui na frente, eles apenas disseram o que eles entenderam. –Disse a professora olhando para todos na sala. –Muito bem garotos, podem se sentar. –Disse ela com um sorriso. –Alguém tem alguma dúvida?
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Ao final da aula, estava andando em direção ao meu armário, quando avistei Gina novamente. Revirei os olhos sem que ela percebesse e fingi que não havia visto ela. Mas para a minha surpresa, ela nem se quer olhou em minha direção. O que era bom, porque eu não queria papo com aquela garota assanhada.
Guardei uns livros e coloquei o de matemática em minha mochila, fechei o meu armário e fui empurrado por Erick que passava com o seu fã clube.
-Você não se enxerga garoto. –Falei.
Ele se virou, abaixou os óculos e me encarou.
-Você quer me desafiar tampinha? –Perguntou ele.
-Além de ser cego é surdo coitado. –Disparei.
-Meninas? –Disse ele retirando os óculos e deixando que uma delas segurasse. –Acho que você está louco para apanhar, não é mesmo?
-De você que não né? Porque eu teria medo de você? –Afrontei.
-Você deveria ter. –Disse ele se aproximando mais de mim.
Antes dele conseguir me segurar pela blusa, Luke apareceu correndo e entrando na frente de nós dois.
-Eu não acho que seria bom vocês brigarem agora. –Disse ele.
-Qual o problema de eu dar uns tabefes nesse tampinha? –Perguntou ele.
-Olha para lá. –Apontou Luke para o final do corredor.
O diretor estava saindo de uma das salas e andando em nossa direção para ir até a sua sala.
-Dessa vez vai passar, mas a próxima você está ferrado. –Disse ele estalando o dedo e pegando o seu óculos de volta.
-Te livrei de uma surra agora hein. –Disse Luke.
-Eu não precisava ser salvo, eu tinha tudo sob controle.
-Ah tinha mesmo, com certeza você dava conta daquele garoto maior que você. –Ironizou ele.
-Você acha que eu não conseguiria? –Perguntei.
-Não, você conseguiria sim, você acabaria com a raça dele. –Ironizou novamente, mas com um sorriso no rosto.
-Para de ser chato Luke.
Nós dois rimos e então andamos em direção a saída.
-Mais tarde eu passo na sua casa, tudo bem? –Perguntou ele.
-Claro, só me diga a hora para eu pedir para minha mãe preparar algo gostoso pra gente comer depois. Você quer uma carona? –Perguntei.
-Na sua bicicleta? –Ele riu.
-O que que tem? Da pra nós dois irmos nela de boa.
-Lian, ela não tem acento para outra pessoa. –Ele riu.
-Mas a gente dá um jeito, sei lá.
-Obrigado, mas eu vou de ônibus mesmo, é mais seguro. –Ele riu novamente.
-Você quem sabe, vai perder toda a emoção. –Brinquei.
Nós fizemos o mesmo toque que fazíamos e nos despedimos, cada um indo para um lado do colégio. Eu fui até a minha bicicleta e a retirei do bicicletário, logo montei nela e comecei a pedalar em direção a minha casa.
Durante o caminho, fiquei pensando na sensação que havia sentido mais cedo, era algo que nunca havia acontecido comigo. Eu não poderia estar ficando doente ou paranoico com tal coisa. Sei lá, era melhor eu me apressar logo e avisar minha mãe de que Luke iria em casa.
Chegando em casa, o carro estava na rua em frente de casa, provavelmente minha mãe iria sair, de novo. Passei pela porta e lá estava ela correndo de um lado para o outro procurando algumas coisas.
-Oi querido, desculpa mas a mamãe está com pressa, então não deu para eu ligar para Anna para você ficar lá.
-Eu já falei que não preciso de alguém pra cuidar de mim, mãe. –Falei um pouco emburrado.
-Precisa sim, porque você ainda é criança e não posso te deixar sozinho. –Disse ela colocando um dos brincos em sua orelha. –Então você vai ter que ficar na casa da senhora Menezes.
-É sério que vou precisar ir para a casa dela? –Falei chateado. –Lá não tem ninguém da minha idade e nem posso assistir TV.
-Desculpa querido, mas não posso deixar você sozinho não, vai ter que ser lá.
-Mas o Luke.... –Falei. –E se o Luke vier aqui em casa? Eu não vou estar sozinho e ele é mais responsável que eu. –Falei com alguma esperança de que ela deixaria.
-Eu não sei, vocês dois aqui sem um adulto?
-Vai mãe, deixa. É melhor do que ficar na casa da senhora Menezes. Por favor, por favor. –Falei implorando.
-Tudo bem, tudo bem, mas não quero que façam bagunça. –Ordenou ela. –E não quero ver nada destruído aqui dentro de casa. –Brincou ela.
-Eu prometo. –Sorri.
-Agora tenho que ir porque já estou quase atrasada, vem cá me dar um beijo. –Ela sorriu.
Fui em sua direção e dei um beijo em sua bochecha e ela retribuiu. Andei até a porta, acompanhando ela e fiquei observando-a enquanto ela entrava no carro e saia.
Não demorou muito e então ouvi a campainha tocar. Desci as escadas correndo, olhei pelo olho magico e abri a porta.
-Entra. –Falei.
Luke olhou ao redor e deve ter percebido que eu estava sozinho em casa e claro que pela alegria que eu estava Claro, dava para ver muito bem isso em minha cara.
-Sua mãe não está em casa? –Perguntou ele me olhando por completo.
-Não, ela saiu para uma entrevista em uma empresa importante por ai. –Sorri e percebi que Luke havia ficado sem graça. –O que foi?
-Não é nada. –Disse ele olhando para outro lado. –Podemos jogar um pouco de vídeo game?
-Claro, vamos lá pro meu quarto. –Falei indo em direção as escadas quando fui interrompido por ele segurando o meu braço e soltando imediatamente.
-Não, vamos jogar aqui na sala mesmo.
-Ué, mas porquê? Ele já está instalado lá, sabe a função que vai ser instalar ele aqui? –Perguntei estanhando as reações dele.
-Tudo bem então, desculpa.
-Está tudo bem mesmo Luke? Você parece estar, sei lá, estranho?
-Esquece que não foi nada, só que eu estou um pouco preocupado lá em casa, mas relaxa. Vamos subir então. –Disse ele correndo em minha frente.
Sentei no puff do meu quarto e Luke preferiu se sentar no carpete mesmo. Começamos a jogar um jogo cooperativo durante uma ou uma hora e meia de jogo. Depois troquei para um jogo que ele adorava e deixei ele lá jogando.
-Tem certeza de que você não quer jogar? –Perguntou ele.
-Não, fique à vontade. –Falei.
Me deitei em minha cama e fiquei observando o jogo que ele estava jogando. Em alguns momentos eu dava algumas dicas para ele não morrer em algumas das missões. Observei a felicidade dele em estar jogando aquele jogo e novamente senti aquela mesma sensação estranha vindo do meu peito. Até que fui tirado daquele transe novamente, mas dessa vez foi pelo barulho da barriga dele e então comecei a rir.
-O que foi? –Perguntou ele sem entender.
-Sua barriga está roncando. –Ri.
-Ah, me desculpe. –Disse ele sem graça.
-Relaxa Luke. –Continuei rindo.
-Ah qual é, nem foi tão engraçado assim. –Disse ele pausando o jogo e se virando para mim.
-Claro que foi e muito engraçado. –Falei rindo.
-Você é muito idiota Lian. –Ele soltou um sorriso.
-Não se preocupe, eu vou ver o que tem pra gente comer. –Falei e vi ele ficar envergonhado.
-Não precisa se preocupar Lian, tudo bem. –Ele sorriu.
-Que isso, eu não vou deixar você ir embora sem comer nada. –Falei. –Então espera um pouco que vou lá dar uma olhada.
Desci as escadas e fui até a cozinha. Andei em direção a geladeira e vi um pouco de torta que minha mãe havia guardado. Retirei ela da geladeira, peguei uma faca e cortei alguns pedaços e coloquei em um prato. Em seguida, abri o armário e peguei um pacote de doritos e deixei em cima do balcão, ao lado do prato de torta.
Abri a geladeira novamente e peguei a jarra de suco que minha mãe provavelmente havia feito para o almoço e então chamei Luke.
Luke novamente me encarou e me olhou de cima para baixo e em seguida desviou o olhara para a comida em cima do balcão.
Está tudo bem com você? –Perguntei olhando estranho para ele.
-Sim, porque?
-Você fica me olhando de um jeito estranho as vezes.
-É só que... Você poderia ter colocado uma outra roupa não é? –Brincou ele.
-Como assim? Esse é o meu pijama de ficar em casa. –Falei.
-Desse tamanho?
-Sim, você nunca reparou nele? –Falei pegando o copo.
-Na verdade não. –Ele riu.
Luke parecia diferente hoje. Não parecia ser ele mesmo. Em algumas vezes ele me olhava de maneira estranha, o que me deixava sem graça.
Quando a noite se aproximava, minha mãe e meu pai chegaram em casa, quase que ao mesmo tempo. Minha mãe ao ver Luke agradeceu ele por ter ficado comigo durante o dia e perguntou se nos comportamos, fazendo com que eu reclamasse com a pergunta.
-Está bem querido. –Ela sorriu para mim. –Você vai querer jantar com a gente Luke?
-Eu agradeço senhora, mas acho que já tá tarde, então tenho que ir para casa. –Disse ele educadamente.
-Certeza de que não quer ficar? –Perguntou ela.
-É Luke, fica mais um pouco. –Falei para ele.
-Sinto muito, mas eu não posso, não hoje. –Desculpou ele indo em direção a porta.
-Tudo bem querido, mas antes... –Disse minha mãe indo em direção a geladeira. –Leve isto para a sua mãe por favor.
-O que é isso mãe?
-Ah, é uma geleia que ela adora, diz a ela que foi eu mesma quem fiz. –Disse ela entregando o pote para ele.
-Claro, eu falo sim. Boa noite senhora Lisa. –Disse ele.
-Ah querido, já disse que pode me chamar de tia. –Ela sorriu e passou a mão em seus cabelos.
-Até mais Lian, nos vemos no colégio amanhã. –Disse ele fazendo o cumprimento que sempre fazíamos.
Luke saiu em direção a sua bicicleta que estava jogada ao lado da garagem. Fiquei em cima do sofá, olhando pela janela ele pega-la e sair dentre a penumbra da rua.
-Mãe, está acontecendo alguma coisa na família do Luke? –Perguntei.
-Até onde eu sei não, porque?
-Não sei, ele ultimamente está estranho e sempre chegando atrasado. –Falei me sentando no sofá.
-Porque não sai mais cedo amanhã e passa na casa dele? Com você por lá, talvez ele não chegue atrasado amanhã.
-Eu não sei se ele gostaria que eu fosse lá de manhã.
-Pff, que besteira. É claro que ele iria gostar. –Disse ela pegando algumas panelas.
-Eu não sei, talvez eu passe por lá.
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Beijos no coração do Mr. Fox. 😚🦊
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