Capítulo 12: San Francisco
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Boa leitura.📖
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Eu estava no meu quarto encaixotando as coisas enquanto meus pais arrumavam as caixas para colocar no caminhão. Era um pouco triste eu ter que sair daqui, já que eu tenho ótimas lembranças nessa casa, passei minha infância toda aqui, então ela tem uma história comigo. Terminei de colocar as coisas que estavam no meu armário na caixa e a lacrei com uma fita.
-Está pronto querido? –Perguntou minha mãe mostrando apenas a cabeça.
-Estou quase mãe. –Falei colocando uma outra caixa no chão.
-Você não vai embalar aquilo ali? –Disse ela mostrando para um porta-retratos.
-Ah, aquilo? –Fui em direção ao objeto e o segurei. –Acho melhor eu levar comigo mesmo, para garantir.
Olhei para o objeto e lá estava uma foto minha e Luke abraçados com cara de criança arteira. Soltei um leve sorriso, coloquei ele perto da minha mala e voltei a arrumar as outras coisas.
Assim que terminei não demorou muito para o caminhão de mudança chegar. Os funcionários começaram a pegar as caixas e alguns moveis que iriamos levar e foram colocando dentro do caminhão. Dei uma última olhada na casa e entrei no carro com os meus pais.
San Francisco não era tão longe da minha cidade, ficava em torno de quase uma hora de viagem de carro, de ônibus era um pouco mais demorado.
Boa parte do tempo da viagem eu fiquei olhando par fora do carro, vendo a paisagem passarem e as vezes pensando em como minha vida vai ser nessa nova cidade, já que não conheço mais ninguém, fora o Luke. Eu sei que ele ficará feliz com a minha ida para essa cidade, mas ele tem as coisas dele enquanto eu preciso encontrar algo para mim no tempo que eu não estiver com ele. Preciso fazer amizades no colégio.
-O colégio! –Falei assustado.
Meu pai olhou pelo retrovisor enquanto minha mãe que estava no banco do passageiro se virou olhando para mim.
-O que tem o colégio?
-Eu ainda não sei para qual ir.
-Fique tranquilo que nós já resolvemos isso para você. –Disse meu pai falando enquanto prestava atenção na estrada.
-Como assim pai?
-Nós já te matriculamos em um colégio muito bom, você vai gostar e o filho do meu patrão vai estudar lá, então talvez você possa fazer um amigo novo, quem sabe.
Um amigo novo. Isso seria uma boa enquanto Luke estiver ocupado, não posso ficar atormentando ele, então um amigo novo seria ótimo, mas não iria trocar Luke por nada, ele ainda continua sendo o meu melhor amigo, para mim.
Comecei a ficar ansioso conforme passávamos pela imensa ponte Golden Gate. Era quilômetros e mais quilômetros de concreto e cabos de aço que segurava toda aquela estrutura, apesar da vista ser linda, dos dois lados se via o mar. Passamos pelo pedágio no final dela e agora sim, oficialmente estávamos em San Francisco.
Olhei para os lados e observei a cidade mais uma vez. Ela estava movimentada, muitos carros passando para todo lugar, as pessoas andando apressadamente para chegar nos lugares, enquanto algumas andavam mais tranquilamente.
Fiquei pensando se iria me acostumar com essa correria toda, porque de onde venho as coisas são mais tranquilas e isso me apavorava um pouco. Até chegarmos a nova casa, demorou um pouco e eu pensando que seria rápido, então da outra casa até essa levamos cerca de uma hora e meia quase. O bairro se chamava Westwood Highlinds e meu colégio ficava no bairro seguinte. O bom disso era que Luke morava quase perto, pelo que me lembre o bairro dele era o Outer Sunset ou algo assim, sei que meu colégio era bem no meio dos dois, então quando eu quisesse ir para casa dele depois do colégio, seria mais fácil para mim.
Descemos do carro e logo em seguida o caminhão de mudança chegou atrás. Já começamos a tirar as coisas dele e a reorganizar a casa, seria um dia cheio de trabalho, porque teria que desembalar as coisas e reorganizar a casa e tudo mais.
O meu quarto agora ficava mais longe da escada, mas em compensação a vista dele era incrível. Por se tratar de um sobrado e a casa ficar em um morro, conseguia ver boa parte da cidade ao longe. Era bonito, mas eu não era como o Luke que sempre quis ter uma vista assim.
Ficamos quase dois dias para ajeitar a casa da maneira que queríamos. Estava exausto por ficar arrastando moveis com o meu pai até a vontade da minha mãe estar satisfeita. Me joguei no sofá como se fosse um saco de batatas e ali fiquei deitado descansando. Ainda não tínhamos TV, o cara da companhia disse que iria vir nos próximos dias, mas não tinha dado um prazo exatamente.
Meu celular começou a tocar. Me levantei rapidamente e fui atrás do barulho, com a bagunça que estava, havia colocado ele em algum lugar por ai.
Era Luke me ligando. Atendi rapidamente o celular com um sorriso enorme.
-Fala ai Luke, o que foi?
-Eu só queria ver como você está. –Perguntou ele.
-Eu estou bem, porque?
-Eu não posso me preocupar com o meu amigo?
-Claro que pode, mas você não era disso sabe? –Ri.
-Besta. –Ele riu também. –Você disse que viria essa semana para cá, estou esperando.
-É, teve um probleminha, mas eu estou aqui já.
-E porque você não me avisou?
-É que eu estava um pouco cansado das coisas que eu estava fazendo.
-Eita. –Disse ele. –O que você anda fazendo senhor Lian que está tão cansado assim. –Indagou ele.
-Nada. –Ri. –Quando nos encontrarmos eu contarei para você.
-E quando vai ser isso? Porque como você esta OCUPADO. –Disse ele dando ênfase na palavra ocupado. –Não sei se você vai ter tempo para mim.
-Eu sempre tenho tempo para você Luke, não importa o que eu estiver fazendo, sempre terei tempo para você.
Luke ficou quieto por um instante. Não entendi o motivo, mas acho que ele deveria ter ficado envergonhado.
-Luke? Ainda tá ai?
-Sim, estou aqui. –Disse ele mas com um tom diferente, um pouco rouco.
-Está tudo bem?
-Sim, não se preocupe. –Luke parecia querer mudar de assunto, o que deu a perceber era que ele estava um pouco desconfortável. –Quando podemos nos encontrar então?
-Não sei, vou ver com a minha mãe e te passo o horário, pode ser?
-Beleza então, vou ficar esperando pela sua mensagem. –Disse ele quase finalizando a ligação. –E mais uma coisa. –Ele ficou mudo. –Use camisinha. –Luke começou a rir e em seguida desligou.
-Mas que filho da mãe. –Resmunguei.
O que será que ele pensou que eu estava fazendo? Será que era algo... Não... Não pode ser. Não acredito que ele pensou algo assim, mas que...
Conversei com a minha mãe sobre sair mais tarde só que poderia apenas depois das 18h, porque ela iria precisar da minha ajuda praticamente o dia todo.
As horas iam passando e a cada ambiente que ela decidia arrumar eu parecia mais cansado e quase que me esqueci do horário que havia combinado com Luke. Corri para o banheiro do meu quarto e tomei um banho rapidamente. A água estava tão quente e gostosa que tive que lutar pra sair de lá. Revirei meu guarda roupa a procura de uma roupa decente para sair e eu precisava ir as compras, porque essas já estavam ficando velhas.
Peguei uma longa cinza lisa, uma calça jeans preta e um tênis quase de cano alto e para finalizar uma blusa xadrez amarrada na cintura. Arrumei o meu cabelo e passei um perfume, peguei um pouco de dinheiro que eu ainda tinha e peguei uma das chaves da casa, sem minha mãe saber, caso eu demorasse, poderia chegar sem que ela precisasse ficar acordada me esperando, porque os dois provavelmente iriam dormir cedo por causa do cansaço.
Pedi um táxi e fui para o ponto de encontro que Luke havia me pedido. Luke estava lindo com uma camisa regata com uma estampa de pôr do sol uma calça jeans azul desbotada em alguns lugares e um tênis branco e para fazer parte do Luke, ele usava o pingente que havia ganhado no parque.
-Até que enfim você chegou. –Disse ele.
-A culpa não foi minha, não era eu quem estava dirigindo.
-Aposto que você se atrasou porque havia se esquecido. –Ele riu.
-Claro que não. –Mas era claro que sim, eu estava tao cansado que quase havia me esquecido. –Eu só estava um pouco ocupado.
-Mas ainda estava ocupado, que orgulho desse garoto.
-Orgulho porquê? –Perguntei enquanto andávamos.
-Porque você estava ocupado.
-Sim, isso eu entendi, mas não sei o que você quis dizer com isso.
-Nada não Lian, eu só estou te atormentando.
-Não está pensando que eu....
-Não sei, talvez?
-Ah vai se foder Luke. –Dei um soco no braço dele de leve.
-O que foi? –Disse ele rindo.
-Você é muito idiota mesmo. Pensar uma coisa dessas de mim?
-Vai saber né? Tudo é possível.
-Não acho que pra mim.
-Como assim?
-Sabia que essa conversa está um pouco estranha, não é?
-Não tem nada de mais, garotos dessa idade fala esse tipo de coisa. –Disse ele olhando para frente. –Além do mais, você já é grande o suficiente para saber como as coisas funcionam, não é mesmo?
-O que está acontecendo com você?
-Como assim?
-Você anda estranho comigo quando eu falo algo como na nossa infância.
-É que aquela época já foi Lian, eu quero aproveitar o agora.
-Tá, mas precisa ficar estranho comigo por causa disso?
-Eu não estou estranho, apenas estou agindo como eu sou agora.
-Entendi. –Falei ficando quieto.
Eu até iria contar que eu acabei de me mudar, mas a maneira como que ele havia falado comigo, achei que ele iria acabar não gostando da notícia, então preferi esconder.
-E então, onde vamos?
-Vamos comer primeiro. –Disse ele. –Você avisou os seus pais, não é?
-Claro, mas não avisei do horário, porque eu não sei até que horas vou ficar aqui.
-Liga para eles e diz que você vai chegar um pouco tarde do que de costume. –Ele sorriu.
-Tudo bem chefe, ligarei então.
Minha mãe parecia tão cansada que passou o telefone para o meu pai falar, isso que ela não fez tanto esforço como eu e meu pai.
-Luke vai estar com você? –Perguntou ele.
-Sim, na verdade ele quem pediu para eu ligar.
-Só não chegue muito tarde aqui em casa, porque estamos muito cansados para ir abrir a porta.
-Eu peguei uma das chaves pai. Pensei que poderiam estar cansados e quererem ir dormir, então peguei uma delas para eu chegar sem que vocês ficassem acordados.
-Ótimo filho, então aproveite o seu passeio. –Disse ele bocejando. –Apenas se comporte e não se meta em confusão.
-Pode deixar, não irei e obrigado pai. –Agradeci e finalizei a ligação. –Está feliz agora?
-Agora podemos aproveitar sem nos preocuparmos. –Disse ele sorrindo.
Primeiro paramos em um fast food para comermos algo e ficamos conversando sobre muitas coisas. Passei a saber mais sobre o colégio dele e sobre um tal de Brandon e Marcos que tacavam o terror por lá.
-Então você deveria evitar esses dois.
-E é o que eu exatamente faço. Evito ao máximo esses dois. Se bem que Brandon parece ser mais legal, mas mesmo assim, já vi ele dando uma dura em um garoto.
-Uma versão do Erick então. –Ri.
-É, quase isso. –Luke mordeu um pedaço de seu lanche e em seguida tomou um gole do seu refrigerante. –E esses dias Marcos veio me atormentar por coisa besta e eu quase que dei um soco nele.
-Se você tivesse feito isso com certeza iria virar uma guerra naquele lugar.
-Claro que iria, eu não deixaria ele me humilhar na frente das pessoas.
Ficamos conversando por horas, até que estava dando quase 23h.
-Agora sim podemos ir.
-O que? Ir para onde? –Perguntei assustado vendo ele se levantar.
-Apenas vem comigo, você vai adorar.
-Não pode me falar para onde vamos? Hey Luke, Luke.
Ele já estava do lado de fora do estabelecimento me esperando. Olhei para ele que parecia animado.
-Esse lugar é o que?
-Você vai ver quando chegar lá.
-Ah, pra que tanto mistério?
-Posso dizer que é algo que você nunca viu ou presenciou. –Disse ele sorrindo.
-Eu estou começando a ficar assustando. –Falei.
-Não precisa, você vai adorar o lugar. Pelo menos eu acredito que vá. –Ele colocou as mãos nos bolsos da calça e continuou caminhando.
Andamos mais ou menos uns dez ou quinze minutos até chegarmos no local que ele queria. Havia uma fila na porta com um cara grande como se fosse um segurança. As pessoas aqui eram da nossa idade ou um pouco mais velha. Ouvia barulho de música saindo da porta dupla do local.
-Que lugar é esse? –Perguntei.
-Um lugar muito bacana, onde você pode dançar e conhecer pessoas legais. –Ele fez uma pausa. –Tá, algumas não tão legais.
-Isso aqui é tipo uma balada?
-Isso mesmo.
-Não acredito que você me trouxe para um lugar desse. –Ri.
-O que tem de mais nisso?
-Nada, mas eu não sei dançar, só isso. –Falei envergonhado e querendo me esconder.
-Mas não precisa saber, apenas curti a música que o resto você faz automaticamente.
-Não sei não. –Fiquei um pouco inseguro.
-Vamos logo. –Ele pegou na minha mão e então entramos.
Passamos por um corredor até chegar na pista de dança. Havia muita gente se mexendo e as mais velhas bebendo alguma bebida que vendia no bar ao lado, mas pelo que percebi, o barman conferia todas a identidades para não vender nada alcoólico para menores. Havia uma parte mais alta que a pista, onde tinha algumas mesas e cadeiras e outro com um um sofá e algumas pessoas se agarrando em um deles. Era estranho.
Luke já estava entrando no ritmo da música, começava a se mexer levemente. O DJ então disse que iria fazer uma pausa. Eu estava totalmente perdido naquele lugar. Não sabia o que fazer, para onde ir, como dançar. E a cada esbarrão que dava em uma pessoa, por ela estar dançando que nem louca, eu pedia desculpas, não sei porque.
Chegamos até uma das mesas e então ficamos observando a pista, enquanto o DJ não voltava, nisso tocava uma música mais tranquila, sem tanta batida assim. Luke olhava para todos os lados, reparando nas pessoas e sorrindo para alguma delas, não dava para saber para quem ele sorria, pelo tanto de gente que passava por ali.
-E então, o que está achando? –Perguntou ele quase que gritando.
-O que? Eu não entendi o que você disse.
-Você está gostando?
-É diferente né? –Respondi. Como disse antes, eu estava totalmente perdido naquele lugar. Sem orientação do que fazer ou como agir, eu nunca frequentei lugar assim, então não sei como agir. –Eu preciso ir no banheiro, sabe onde fica?
-Segue até o final, antes de chegar na parede você vai ver dois corredores eles são lá, só presta atenção para não errar. –Ele riu.
-Vai se foder. –Falei me levantando.
Passei esbarrando em algumas pessoas que pareciam estarem bêbadas e outras apenas curtindo a música. Havia até casais por aqui. É não, eles acabaram de se conhecer, então não são um casal. Continuei indo em direção ao lugar que Luke havia dito até chegar no bendito lugar. Olhei atentamente para ver se não entrava no lugar errado e uma placa de neon com o boneco masculino dizia que ali era o banheiro que precisava.
Empurrei a porta e ele era um pouco pequeno, tinha três cabines e três mictórios que estavam ocupados e duas das cabines também. A música chegava com menor frequência aqui, então era mais calmo. Tranquei a cabine que tinha várias anotações, desde números a xingamentos. Abri a minha calça e comecei a mijar, mas parei no instante que ouvi uma batida na parede da cabine. Parecia que alguém estava se matando ali.
Ouvi vários estalos como se saíssem dos lábios, depois um alvoroço naquela cabine do lado e um leves gemidos. Meu rosto estava começando a queimar de vergonha. As duas pessoas pareciam que iriam matar uma a outra, pelo tanto de barulho que estavam fazendo. Fiz a minha necessidade enquanto tinha que ficar ouvindo aquele tipo de coisa.
-Vai, tira isso. –Sussurrou um para o outro e pelo que parecia eram dois homens.
Ouvi o zíper se abrir e um leve gemido vindo do lado. Olhei assustado para a parede divisória da cabine e então percebi duas sombras no chão e um certo tipo de movimento vindo de uma delas. Sai o quanto antes dali e lavei as minhas mãos às pressas e sai o quanto antes dali.
-Conseguiu encontrar? –Perguntou Luke reparando no meu rosto todo vermelho. –Aconteceu algo?
-Não vá naquele banheiro. Eu acho que presenciei algo que não vai sair da minha cabeça tão cedo assim. –Respondi colocando as mãos no rosto e mexendo ele tentando esquecer.
-Mas o que você viu?
-Ver? Eu não vi nada, graças a Deus, mas eu ouvi e meu Deus.... –Fiquei envergonhado novamente.
-Está tudo bem, isso é normal por aqui.
-Pelo amor de Deus. –Falei rindo.
Pedimos uma bebida para uma mulher que usava uma blusa curta branca e um short jeans bem curto também. Ela deixou as duas bebidas na mesa e saiu para atender outras pessoas.
-O que é isso?
-Toma que você vai gostar. –Disse ele pegando o copo e tomando um gole.
-Eu não posso beber nada alcoólico.
-Mas quem disse que isso é alcoólico? –Ele sorriu de leve.
Peguei o copo um pouco soado do gelo dentro, ele era todo colorido, um pouco de verde com azul e roxo, acho que era isso, mas com essas luzes coloridas piscando não dava para saber qual era a cor certa. Tinha um cheiro gostoso, mas não conseguia identificar, um medo tomou conta de mim, porque ainda estava com a ideia de que aquilo era alcoólico. Coloquei o copo na boca e encostei na boca. O gosto era adocicado com um leve amargo, era gostoso, mas ainda não sabia o que era.
-Isso é feito de frutas com hortelã e leite condensado. –Disse Luke olhando para mim.
A música estava legal e bem agitada, as pessoas dançavam loucamente na pista de dança e algumas não largavam a bebida por nada, que estava lá no meio com um copo na mão tomando um gole de cada vez.
Uma garota morena parou do nosso lado e começou a encarar Luke. Olhei para ela e depois para ele e pareciam estarem se entendendo apenas com o olhar. Um calafrio passou pelo meu corpo e um sentimento estranho começou a aparecer, era como se eu estivesse ficando com raiva dela estar ali parada olhando para ele.
-E então gato, vamos dançar quando? –Disse ela colocando um dedo no canto da sua boca.
Na hora eu queria era dar uns tapas nela e empurrar daqui para a pista de dança e ver as pessoas pisoteando ela toda, mas mantive a calma e sacudi a cabeça para Luke, como se estivesse dando permissão para ele ir. Eu via a vontade em seus olhos e seria muito ruim da minha parte prender ele ali comigo.
-A hora que você quiser. –Disse ele se levantando e segurando a mão dela e indo para a pista de dança.
Os dois começaram a dançar e em alguns momentos ela se esfregava nele o que me deixava com mais raiva ainda. Pedi mais uma daquela bebida para a garçonete, demorou um pouco pra ela saber de qual delas eu estava pedindo, mas entendeu e trouxe um outro copo para mim.
Tomava um gole de cada vez e evitava ficar olhando para a direção de Luke com aquela baranga. Eu precisava manter a calma, queria muito ir no banheiro jogar uma água no rosto, porque eu sentia que o meu rosto estava queimando de raiva, mas o medo de entrar e presenciar algo que não deveria era tanta que acabei ficando na mesa aproveitando a minha bebida.
Sem perceber um rapaz se sentou no lugar onde Luke estava antes. Ele ficou me encarando por um tempo e eu tentei não olhar para ele, a raiva que sentia acabara de se transformar numa vergonha tremenda.
-Porque está sozinho aqui e não lá embaixo? –Perguntou ele.
-Eu não sou o tipo que dança. –Falei envergonhado.
-Entendo, os meus amigos também são mais dançarinos do que eu. –Disse ele. Acabamos ficando em silencio por alguns segundos. –Você está sozinho?
-Não, vim com o meu amigo. –Apontei com o rosto para o lado que Luke estava.
-E mesmo assim ele te deixa sozinho, que amigo é esse. –Tentou fazer uma brincadeira.
-Ele é meu melhor amigo ou era, não sei mais. –Falei tomando mais um gole.
-Entendi, desculpa se eu...
-Não, tudo bem, não se preocupe com isso. –Falei soltando um sorriso tímido.
-Você é bonito sabia. –Disse ele soltando um sorriso.
Minhas mãos estavam geladas e soando um pouco, nunca alguém havia me dito algo assim. Fora que meu rosto deveria estar vermelho que nem um tomate, ainda bem que a iluminação não deixava isso aparecer.
-O-obrigado.
-Não precisa ficar com vergonha, eu apenas disse a verdade. –Ele olhou para o meu copo. –Você não toma nada alcoólico então?
-Eu nem posso, por causa da minha idade. –Falei para ver se despistava ele.
-Sério? E quantos anos você tem?
-Logo farei 17.
-Eu também. –Ele sorriu. –De que mês você é?
-Setembro.
-Eu sou de fevereiro. O que me faz ser mais velho que você por alguns meses.
-Isso é verdade. –Falei soltando um sorriso tímido e olhando novamente para Luke que agora segurava a cintura da garota enquanto ela rebolava. Peguei o meu copo novamente e tomei mais um gole.
-E você tem namorada ou namorado? –Indagou ele.
-Não. –Soltei um sorriso. –Eu nem sei o que é isso para ser sincero. Novamente olhei para Luke.
-Mas você é gay também?
Quase cuspi a bebida para fora da boca quando ele perguntou.
-Me desculpe, não queria ter te assustado. Poxa eu sou um pouco desastrado. –Disse ele com um sorriso.
-Tudo bem, não foi nada. –Falei pegando um guardanapo e limpando minha boca.
-Deixa eu começar novamente. Eu sou Ethan. –Ele estendeu a mão para mim.
-Lian. –Segurei sua mão firmemente. –Prazer em conhece-lo.
-Lian o garoto novo. –Ele sorriu. –Do colégio Abraham Lincoln?
-Como você sabe? –Perguntei surpreso. Ele se ajeitou na cadeira e sorriu para mim.
-Uma amiga disse que um Lian iria entrar para a sala dela na próxima segunda.
Agora a música havia trocado e era uma com um pouco menos de batida, o que fez Luke e a garota a ficarem colada um com o outro. Isso me deu um pouco de raiva e parecia que eu acabara de expressar isso com a batida na mesa que eu dei. Ethan se assustou um pouco e então entendeu o motivo.
-Você gosta dele não é?
-O que? Não... Claro que não. Pff. –Bebi mais um gole da bebida e tentei disfarçar. –Capaz que isso aconteceria comigo, não.
-Vou fingir que eu acreditei nisso. –Ele se curvou para cima da mesa. –Um conselho, não deixe que outras pessoas tomem o seu lugar, porque isso pode acabar te machucando.
-O-obrigado. –Falei tímido.
-Agora vai lá e tira ela dele. –Disse ele sacudindo a cabeça.
Tomei o ultimo gole da bebida e estava pronto para me levantar, quando presenciei aquela cena nojenta. Ela estava com as mãos no rosto de Luke e o beijando intensamente, como se esse fosse o ultimo dia dela. De longe conseguia ver suas línguas se tocando em alguns momentos, ela pegou a mão dele e levou para a sua bunda e segurando firmemente, como se estivesse pedindo para ele fazer isso.
Ao mesmo tempo que estava bravo, estava triste. Agora era uma mistura de sentimentos que não dava para saber. Eles cessaram o beijo e então Luke olhou para minha direção e viu como eu estava. Ele tentou se afastar dela o mais discreto possível, mas ela o agarrava a todo instante e queria mais dele.
-Quer saber? –Falei olhando para Ethan. –Vamos para a pista também. –Peguei em sua mão, desci a escada e fui para a pista.
Comecei a me mexer conforme a batida da música e sempre acompanhava os passos de Ethan. Luke parecia se aproximar com a garota, mas eu não estava nem ai para os dois, no momento eu estava muito bravo com ele por me trazer para um lugar para ver ele pegando uma garota. Novamente quando olhei para os dois estavam eles lá se beijando no meio da pista.
Luke segurou ela pelos braços, impedindo que ela continuasse e então vi ele andando em minha direção. Como eu estava com raiva dele a primeira coisa que fiz foi puxar Ethan para mais perto de mim e o beijei por impulso, na frente de Luke.
Tanto Luke quanto Ethan ficaram surpresos ao mesmo tempo. Pedi desculpas para Ethan e sai correndo dali até a saída mais próxima.
Luke veio atrás de mim tentando falar comigo, mas eu não parava e continuava andando em direção a um ponto de táxi.
-Lian, Lian espere! –Dizia ele.
-O que foi Luke?
-Está tudo bem com você?
-É claro que não Luke, não está vendo? Eu preciso ir para casa, me desculpe mas a gente conversa outro dia.
-Então é assim? Pensei que você fosse o meu melhor amigo. –Disse ele.
-Eu também pensei isso Luke. –Falei voltando alguns passos para trás. –Pensei que essa noite seria para nós dois nos acertarmos e sermos como antigamente.
-Mas eu não sou o mesmo de antes Lian.
-E é ai que tá. Você mudou muito e parece não me querer por perto.
-Mas é claro que não. Eu sempre quero você por perto e você sabe disso, melhor do que qualquer um.
-Quer tanto que me deixou sozinho na mesa para dançar com aquela garota e não foi suficiente isso ainda ficou de agarração com ela na minha frente.
-Não era para isso ter acontecido, eu não imaginava que ela iria fazer algo daquele tipo.
-Me poupe Luke, você sabia muito bem da intenção dela quando ela te chamou para dançar.
-Fica calmo Lian, você esta sendo paranoico.
-Claro, porque eu sou o idiota que pensou que as coisas poderiam ser como antes, mas eu acho que me enganei. –Falei dando as costas para ele.
-Foi por isso que você beijou aquele garoto?
-Não, eu beijei ele para ver se você percebesse algo logo, porque eu ainda sou o mesmo de antes e continuo gostando de garotos. –Falei voltando alguns passos novamente. –E acho que isso não aconteceu com você não é mesmo?
Ele ficou em silencio.
-Eu sabia. –Cerrei os dentes e me virei dando as costas para ele e depois voltando a olhar para a cara dele. –E pensar que eu estava guardando uma surpresa para você.
-Que surpresa era essa?
-Não importa mais não é mesmo? –Me virei novamente mas fui parado com a mão dele segurando o meu braço.
-Não vá.
-Me solta Luke. Eu preciso ir para a minha casa.
-Sua casa? –Perguntou surpreso.
-Essa era a surpresa. Feliz? Agora me solta, porque eu acho que não deveria ter saído com você hoje.
Vi uma pequena lagrima escorrer pela sua bochecha. Ele me abraçou fortemente por trás e encostou seu rosto no meu ombro, já que era um pouco mais baixo que ele.
-Por favor, não vá embora, de novo. –Ele me apertou levemente.
-Eu... –Soltei um suspiro. –Preciso ficar....
Antes de terminar de falar ele me virou e me calou com um beijo no meio da calçada me pegando de surpresa. Ele colocou as duas mãos no meu rosto e após cessar o beijo ele colou a sua testa junto com a minha. Sentia a sua respiração e o ar quente tocar a pele do meu rosto e suas mãos descerem até encontrar a minha e se entrelaçar com ela.
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