2.A farsa imperfeita
Haizaki sorria enquanto puxava Aiko pela cintura, os flashes das câmeras capturando cada movimento. Para ele, desfilar com ela era um bônus inenarrável—um troféu para exibir ao mundo.
Aiko Tanaka parecia um anjo envolta nos tecidos caros do vestido que escolheram para ela. Tudo era calculado. Tudo era parte do show. E, mesmo odiando aquele homem, o peso do anel em seu dedo deixava claro que Haizaki era bom, muito bom, em conseguir o que queria.
— Querida, sorria mais — ele sussurrou contra sua orelha, apertando sua cintura com um pouco mais de força do que o necessário. — Em breve, será a esposa de um astro da NBA Japão.
Aiko manteve a expressão serena, mas o desprezo escorria de sua voz quando respondeu:
— Se depender de mim, isso nunca vai acontecer.
Haizaki soltou um riso baixo, divertido com a resistência dela. Ele adorava quebrá-la aos poucos.
— Então ainda bem que não depende.
Antes que ela pudesse reagir, ele segurou seu queixo, os dedos pressionando com firmeza. O beijo foi rápido, casto, mas carregado de intenção. Aiko sentiu um arrepio de repulsa percorrer sua espinha. Era um aviso. E era também um espetáculo para os fotógrafos e a mídia. Beijos em público não eram comuns no Japão, o que só tornava aquele momento mais chamativo, mais chocante.
Ela cerrou os punhos, tentando conter a náusea que a assolava. Seu coração pesava no peito, porque sabia que, em algum lugar, Ryouta Kise poderia estar assistindo a transmissão.
Se ele visse...
Se ele visse, sua imagem diante dele se despedaçaria ainda mais.
Aiko se amaldiçoou por ter cedido à pressão. Maldito fosse Haizaki. Malditos fossem os costumes que a acorrentavam a essa farsa. Mas, acima de tudo, maldito fosse aquele inferno onde estava presa ao homem que aprendeu a odiar profundamente.
🏀
A festa estava em seu auge. O salão luxuoso brilhava sob o jogo de luzes cuidadosamente planejado para realçar os convidados mais importantes. Empresários do mundo esportivo, treinadores renomados e jornalistas circulavam entre taças de champanhe e sorrisos falsos. Para Haizaki, aquele era o momento perfeito para exibir sua conquista.
Aiko, ao seu lado, sustentava o papel com perfeição. O vestido impecável, a postura elegante e o sorriso ensaiado. Mas por dentro, sentia-se sufocada.
— Você está deslumbrante, minha querida — a voz grave e satisfeita de seu pai chegou aos seus ouvidos, e ela não precisou virar para saber que ele estava sorrindo. — Finalmente, ao lado de alguém que pode te proporcionar um futuro grandioso.
Ela apertou os lábios, contendo a resposta que queria dar. Seu pai sempre fora movido por status, por poder. Para ele, amor nunca foi um critério relevante. A única coisa que importava era a segurança e o prestígio de sua família.
— Seu noivo é um homem talentoso, Aiko — ele continuou, orgulhoso. — Você fez a escolha certa.
"Escolha certa?" A ironia quase a fez rir. Não havia escolha. Nunca houve.
— Sim, pai — respondeu, a voz fria, mas controlada. — Uma escolha perfeita.
Haizaki, ouvindo a troca de palavras, sorriu satisfeito. Puxou Aiko pela cintura e sussurrou em seu ouvido:
— Viu? Nem precisa fingir tanto. Até seu pai já aceitou.
Ela queria socá-lo. Queria gritar. Mas, em vez disso, virou-se e aceitou a taça de champanhe que um garçom lhe oferecia. Talvez o álcool ajudasse a aliviar a repulsa que sentia por toda a situação.
O salão estava cheio, mas a sensação de vazio dentro dela crescia a cada instante. Até que, em meio à multidão, seus olhos captaram algo—ou melhor, alguém.
Seu corpo enrijeceu.
Porque ali, parado do outro lado do salão, com um copo na mão e uma expressão indecifrável, estava Kise Ryouta.
Ele viu. Ele estava ali.
E o olhar dele, frio e carregado de mágoa, fez o estômago de Aiko afundar.
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