1.Ecos do Passado

Os fios castanhos balançavam junto ao vento.

Como ele poderia explicar, os lábios grudados daquela forma, desbravando a boca um do outro como se nada ao redor existisse?

Como ela poderia explicar que não queria deixá-lo nunca mais? 

Essa era a sensação da paixão fulminante que acometia a ambos os jovens corações no momento. As mãos suaves adentrando os cabelos macios dele, sentindo o perfume e a maciez dos fios e arfando com cada toque mínimo no processo.

Kise sabia que estava apaixonado chegava a se sentir idiota por nutrir tanto no primeiro beijo, talvez seja o fato de que era ela, a garota que despertou sua atenção desde a puberdade.

Aiko Tanaka e Kise Ryouta pareciam almas gêmeas, pena que o destino não concordava com isso.

🏀

Nem sempre uma boa história começa com acertos. As roupas largadas no chão, misturadas com as de Haizaki, eram um lembrete cruel de quão longe Aiko Tanaka havia chegado para proteger algo que já parecia perdido. Seu corpo tremia, o ofego bruto escapando de seus lábios, enquanto tentava recuperar o controle. Mas a dor dentro dela era mais intensa do que qualquer marca física que pudesse carregar.

Haizaki Shougo, com seu sorriso arrogante, era o arquétipo de tudo que ela desprezava. Ele havia usado a verdade que descobrira como uma arma, forçando-a a ceder à sua vontade. 

— Você faria qualquer coisa para manter esse segredo guardado, certo? — ele dizia, as palavras venenosas ainda ecoando na mente dela.

Ela odiava cada segundo que passava ao lado dele, mas o ódio maior era reservado para si mesma. Cada toque, cada olhar que fingia ser voluntário, era uma traição ao que ela realmente sentia. Kise Ryouta. O nome dele ainda era uma ferida aberta em seu coração. Ele nunca entenderia. Como poderia? Tudo que ele sabia era que ela havia o traído sem explicação, entregando-se ao homem que ele mais desprezava.

Aiko se levantou, sentindo o peso do quarto ao seu redor. Haizaki já estava distraído, como sempre, mexendo no celular com desinteresse. Ele não precisava dizer nada. O olhar que ele lhe lançava, aquele misto de controle, posse e ela ousava até mesmo dizer desprezo, era o suficiente para lembrá-la de que ela não passava de uma peça em seu jogo.

Enquanto se vestia, Aiko tentou afastar os pensamentos sobre o passado. Mas era impossível. As memórias de Kise vinham como um turbilhão: o brilho nos olhos dourados dele, a maneira como ele sorria para ela como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. E o beijo... O primeiro beijo que compartilharam sob as cerejeiras da Teiko. Tudo aquilo parecia pertencer a outra vida, uma vida destruída com uma chantagem calculada e cruel.

Ela não sabia se algum dia Ryouta poderia perdoá-la. Na verdade, não tinha certeza se deveria pedir perdão. Afinal, que valor tinha a verdade quando tudo o que ele via era traição? Ainda assim, a única certeza que tinha era que, mesmo depois de todo esse tempo, ela nunca deixou de amá-lo.

Com um último olhar para Haizaki, agora totalmente alheio à tempestade que causava dentro dela, Aiko saiu do quarto. Cada passo parecia mais pesado que o último, mas ela sabia que não podia parar. Não enquanto ainda restasse um fio de esperança de consertar o que havia sido quebrado.

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